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Colegas,

Escrevo para todos os endereços do corpo docente da ESM de que disponho.

Grande parte são endereços de colegas que não conheço, da forma que entendo ser conhecer.
Alguns não me conhecem a mim, nem de vista, com a esmagadora maioria não tenho qualquer
intimidade que me permita entrar-lhes pela casa dentro desta forma e sem bater à porta. Encaminho
também para uma ex-colega, ex na Moita, é valente e não precisa desta conversa para nada, é só
para saber que a recordamos, para saber a falta que nos faz e ficar ao corrente do que se passa na
sua antiga casa.

O que me traz aqui não é nenhuma deambulação pela escrita, a minha visita é a propósito da
segunda moção da nossa escola e é um apelo a que não inventem medos nem inventem desculpas.

Desde já, faço questão de deixar bem claro que não faço a mínima tentativa de demover quem
acredite na bondade e nas virtualidades da política educativa dos últimos anos. Poupo da recepção
desta mensagem quem, eu tenha conhecimento, acredita na justeza do modelo de avaliação vigente.
Quem se encontre nesta situação, e, mesmo assim, a receba, perdoe-me a arrogância, atire-me já
com a porta à cara, ou às trombas se preferir.

A reunião de dia 15 foi reivindicada, foi realizada e pecou por falta de organização e preparo,
penitenciemo-nos por isso. Da reunião resultou um texto frustrante, que depois de redigido
evidenciou ainda mais a inocuidade. Vários foram os colegas que tiveram esta opinião e resolveu-se
reescrever, alterando a forma, acrescentando conteúdo e repescando propostas. Não é um truque. A
várias mãos, desenhou-se a moção em anexo. Assim, poderão ler tranquilamente, reflectir em
sossego e sem pressa, quando vos surgir em hardware terão a vossa decisão tomada. Poderão ter
reservas quanto à forma ou ao conteúdo mas não vejo razões para que alguém invente desculpas
para fintar a própria consciência e se furte à coerência individual.

Foram, até agora, apresentadas várias objecções à assinatura:

- que contém uma contradição, que se recusa o que se exige


- não assino pq vou mudar de escalão
- não recuso pq a palavra recuso é ilegal
- não assino pq arrisco perder tempo de serviço
- não assino pq preciso continuar a concorrer
- não assino pq a culpa disto é dos titulares
- não assino pq o CP é que deve suspender
- não assino pq a PCE que tenha coragem
- não assino pq tenho receio
- não assino pq os sindicatos que resolvam
- não assino pq há falta de informação
- não assino pq isto ainda não é a Coreia do Norte
- não assino pq aguardo o que se vai passar no Parlamento, sexta-feira 23 de Dezembro (esta data
coincide com o limite do prazo para nos pormos em bicos de pés com uma candidatura a menções
de excelência na filosofia de avaliação que, justamente, contestamos)

Para estas objecções, tenho outras tantas respostas, poupo-vos a conhecê-las. Apenas reforço o
apelo a que pensem bem no valor que dão à vossa coerência, pensem bem se a dignidade é um valor
que mereça por ele nortearmos as nossas vidas. Pensem bem como estão a tratar a vossa
consciência, com ela terão de viver toda a vida, não apenas enquanto MLR massacra as nossas vidas
com futilidades (reparem como consigo ser simpático), arrasa a escola pública e compromete o
futuro da nossa terra. Terra que precisa de água para se tornar verde. Choro à beira Tejo, não tem
problema, porque os rios correm para o mar, que é salgado, não é crime ecológico. No nosso corpo
corre sangue, feito, também, de água. Choro para que a nossa terra não gangrene. Só em referência
a uma das objecções, garanto que a minha cabeça é o meu comité central. Na acusação de que os
sindicatos estão a incendiar o país, eu, na qualidade de não sindicalizado, observo desonestidade. Os
sindicatos estão tão ou mais atrapalhados que o ministério com a situação criada. Há insinuações
que chegam com o carimbo dos caminhos percorridos pelos ventos que as trazem.

Anexo a moção da Secundária Camões. Estou de acordo, com o que e o como, se afirmam e
expressam, aplaudo a forma como, publicamente, denunciam um retrato intolerável da
concretização da política educativa. Estou certo que muitos dirão: eh pá, eu também concordo,
mas… Mas nada! Quem concorde com aquela moção não tem razão alguma para não assinar a
nossa. Se concorda mas não assina, porreiro pá, cá vamos continuando com a cabeça entre as
orelhas. Somos professores no deserto, um deserto fértil em tempestades de areia atrás do e no
olhar.

Já são alguns milhares os professores que assumiram posições tão ou mais veementes e mais
contundentes. Se houver união não há imolação. A minha decisão não depende da incógnita.
Isolado, já decidi em consciência, não de agora, é verdade que serve para nada, só para dormir
descansado. O medo não pode elevar-se acima da minha consciência, e, francamente: medo do
quê? Há pouco li um conselho de Rosário Gama. Ela é PCE da escola pública melhor posicionada
nos rankings de suspeito efeito intencional, não pode ser uma perigosa subversiva. É militante de
longa data do partido do governo e não se inibe de recomendar publicamente aos professores que
não entreguem os OIs, explica porquê e eu sintonizo. Já na anterior RGP não intervim porque se o
fizesse seria para apelar a esta forma de recusa activa, assumida com compromisso, naquela altura
poderia tornar-se contraproducente.

Para já, tomamos posição, o que vem a seguir passa-se depois. Neste momento, creio eu, a nossa
afirmação colectiva é a resultante de tomadas de posição conscientes, coerentes e individuais.

O que me move, do ponto de vista pessoal, é apenas a reconquista do sorriso e utilidade no


trabalho. A minha carreira condenei-a à estagnação, deveria ter mudado de escalão faz tempo.
Estive nas manifestações gigantescas, fiz as greves que me pediram, dedico fins-de-semana a
debates, participo em fóruns em que se discutem estes assuntos, já quebrei o porquinho e
desembolsei dinheiro para acções em que acredito. Participo de um grupo que acredita na via
jurídica para desmascarar esta fantochada, que não designo palhaçada para não ofender o circo. Vai
custar dinheiro também, muito, contaremos todos com o contributo de algumas e alguns de nós.
Nada disto é por mim, é pelos colegas mais jovens, alguns formatados em Universidades(?) onde se
rasgam páginas para que os colegas não tenham acesso a informação mais valiosa. O famoso
pragmatismo, são estes os pragmáticos por quem o ME anseia, se são os desejados pela nossa
evolução tenho dúvidas. A quem tenha o fito e a esperança de aproveitar a fraca concorrência para a
obtenção de menções de excelência e, assim, ultrapassar meia dúzia de colegas, bom proveito.
Poderão contar comigo para evitar que esta bizarria, mais uma, seja viável. Faço-o sem esquecer os
contratados, muitos são menos jovens que eu. Mexo-me como posso, porque acredito que a nossa
acção é imperativo e urgência. Faço-o também por uma escola pública promotora de ascensão
social e cultural, pelos filhos e netos que não tenho.

Participo nas greves e nas manifestações, embora, no fundo, não as deseje e considere
desnecessárias. A haver quem lucre com greves mornas não somos nós. Esta modorra só pode
interessar ao ministério e aos sindicatos. Há mais gente a querer falar, eu cederia o palco. Como
disse na RGP, a optar por greve para encontrar uma solução, teria de ser por tempo indeterminado.
Quem se perfila? Em França, o presidente pouco depois da tomada de posse, anunciou medidas que
pareciam inspiradas no nosso desgoverno. Imediatamente e de forma inequívoca, professores, pais e
alunos mostraram-lhe que não permitiriam. O resultado foi a nomeação de um conselheiro, com
credibilidade em matéria de educação, para negociações entre ministério e sindicatos. Negociações
para uma reforma educativa a lançar em 2010, com o compromisso solene do presidente de não
sacrificar um cêntimo nos salários nem pôr em causa um único posto de trabalho. Há aqui uma
diferença notável. Não é por acaso que Salazar era português e sabemos o nome dele completo.

Ontem tomou posse um presidente, de um país onde não poderia ainda hoje comer em alguns
restaurantes, se não tivesse havido sangue derramado pelos pais e avós do seu país. Sem coerência
convicções e honradez, não se teriam travado as batalhas que fizeram com que ele, que tem avós de
outro país, fosse eleito. Percebo e tenho afinidade zero pela interpretação de leis, só me atrevo a
pensar que combater a injustiça é um princípio de justiça, e que o combate se faz com rosto e com
nome. Expurgo o nosso discurso, o mais possível, da terminologia guerreira, sou da paz, todavia
não me choca nem repugna afirmar que o momento é de lutarmos pelas nossas vidas, e pelas vidas
do nosso país. Cito o Paulo Guinote: “... ninguém pode ir para a guerra apenas depois de ter a
garantia de que ninguém dispara contra si ou que se o fizer é de mansinho e na direcção do dedo
mindinho.”

Um dia destes acordei à noite. Com arrepios e suores, o pesadelo era que o pesadelo que nos sufoca
as escolas tinha acabado, sem eu ter contribuído. Talvez pudesse fazer mais, faço o que posso e
tento ultrapassar o que consigo. Sábado, vou dar uma volta a Belém, levarei alguém pelo braço,
espero ver-vos por lá. Até falo em público, perante desconhecidos, e é uma violência para a minha
timidez. No início só gritava, muito muito, feria os tímpanos de quem me estivesse mais próximo.
Quando não aguentava mais, resolvi experimentar reunir umas letras e umas palavras e declará-las,
até por escrito, uma actividade de que me sinto desmerecedor activo e nunca tinha ousado.
Encontrei algum poder nisso, mas não tenho a menor ambição, nem perfil, para ser luz de alguém,
espero que não se cale quem tenha algo para dizer.

Desculpem-me as palavras, não se trata de diatribe.

Eu trabalho para e pelo sorriso, embora haja quem o faça de forma brilhante. Humor é seiva que não
podemos dispensar. Não faço concorrência, só precisei de dizer qualquer coisa. Sejam felizes, por
favor. Perdão pela invasão.

Teodoro Manuel
20Jan2009

Deixo-vos com duas citações

O 5º funcionário:

ERA UMA VEZ... 4 funcionários chamados Toda-a-Gente, Alguém, Qualquer-Um e Ninguém.

Havia um trabalho importante para fazer e Toda-a-Gente tinha a certeza que Alguém o faria.
Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez. Alguém se zangou porque era um trabalho para
Toda-a-Gente. Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou
que Toda-a-Gente não o faria. No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que
Qualquer-Um poderia ter feito.

Foi assim que apareceu o Deixa-Andar, um 5º funcionário para evitar todos estes problemas.

«Quando a desordem se torna ordem uma atitude se impõe: afrontamento» (E. Mounier)

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