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O CASTELO DESENCANTADO
REI – (espreguiçando-se) Ah...! Mais um dia de rei e de reinado! É... Ter sangue azul é
muito bom, mas nem tudo é um mar de rosas, não. Muito pelo contrário! Tenho que
estar sempre de olhos abertos para que não me puxem o tapete e o trono. Pensam que
não? Ora, enquanto durmo, vigio! Tá certo que sou muito respeitado em toda a realeza;
que como e bebo tudo do bom e do melhor; que conheço os melhores lugares do
mundo... Sim! Mas tudo isso tem um preço! Se reino existe é porque existe um rei e se
muralhas existem é porque existem inimigos (desolado) Bem, apesar de que pra cá da
fortaleza eu tenho tanta gente incompetente e atrapalhada que às vezes eu me pergunto
de que lado estão mesmo os inimigos. Oh! E como tenho! E como ainda se não
bastasse, tenho minha linda filha Romena que bem já poderia estar casada com algum
príncipe rico e poderoso a exemplo do que fez sua irmã mais velha, mas não; Romena
quer se casar quando e com quem bem entender. E sabe-se lá Deus com quem! Bem,
mas não posso começar o meu dia já juntando preocupações. Deixa eu tratar de tomar o
meu café da manhã que é o melhor que eu faço. Mas antes... cadê o meu Primeiro
Ministro? Ô Atauuulfo!!!
REI – Ataulfo, que negócio é esse d´eu chegar aqui no meu trono e já não te encontrar
ao meu lado com a agenda organizada sobre os meus compromissos de hoje?
ATAULFO – Ora! Mas ontem vossa Majestade não me ordenou que eu viesse pra cá
logo ao cantar do galo?
ATAULFO – Pois então Majestade, eu acordei mais cedo do que nos outros dias.
Acontece que fiquei até agora esperando o galo cantar, mas ele nada!
REI – Ai meu Deus do Céu, não é possível! Isso é força de expressão, seu tapado. Eu
queria que você chegasse mais cedo do que de costume independente do galo cantar ou
não, será possível!?
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REI – Francamente! É por isso que eu não tenho bobo da Corte! (toca um sininho) É
melhor eu ir direto ao café da manhã.
REI – (furioso) Ô Matilde!!! É claro que eu te chamei! Afinal de contas pra que serve
esse sino?
REI – Eu quero tomar aqui mesmo a minha refeição da manhã. Não estou com a
mínima vontade de ver a cara da Filomena que a cada dia fica mais atrevida.
MATILDE – Claro, claro. Só um minutinho que eu já irei trazê-lo. Com licença. (sai).
REI – Enquanto isso vamos lá, Ataulfo. Eu ainda não sei quais são os meus afazeres de
hoje. Conta pra mim; como está o dia?
ATAULFO – Ah, sim, o dia está lindo Majestade! O sol já está de fora desde que eu
acordei. Parece que vai fazer um calorão incrível!
REI – Mas será possível, Ataulfo!? Eu estou me referindo ao meu dia de trabalho!
REI – Eu tenho certeza que se um dia eu mandar você plantar batatas, você vai querer ir
mesmo de verdade, não é?
ATAULFO – É claro que não, Majestade. Também não sou tão imbecil assim, né!
ATAULFO – Eu sei muito bem que aqui no castelo não tem terra boa pra se plantar.
MATILDE – Pronto Majestade. Está tudo aqui direitinho com tudo o que o senhor mais
gosta. Cuidado com o mingau que está quente.
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REI – Como eu posso saber se eu ainda não provei, toupeira!?
REI – Eu só perguntei pra me certificar se foi você porque aquela praga daquela
Filomena é bem capaz de pôr veneno no lugar do açúcar.
FILOMENA – Ih!!! Mas que história é essa de querer tomar café no trono? Tá pensando
o que? Que aqui tem empregada toda hora, é? Vamos já parar com muita mordomia
agora mesmo, está me ouvindo!? Se quiser café é lá dentro, senão não toma!
REI – O que é isso? Isso são modos de uma empregada falar com o rei?
FILOMENA – Não estou falando; estou mandando! Sabe muito bem que comigo você
não bota as manguinhas de fora, não é!? Pula já daí! Vamos!
REI – Pois fique você sabendo que eu acho melhor tomar a minha refeição lá dentro
porque eu quero, tá bom? Aliás, eu nunca fui mesmo de comer nada no trono.
ATAULFO – Não é possível, meu Deus! Eu nunca vi um rei tão sem moral como esse.
Por que será que ele tem tanto medo assim dessa empregada, heim!? Sei não, mas aí
tem coisa! Ora se não tem!
ATAULFO – Não, eu já acordei seu pai logo de manhã cedo. Agora ele está lá dentro
fazendo a sua refeição matinal.
ATAULFO – Bem... ele estava um pouco chateado porque não tinha batatas na refeição
dele, mas já me pediu pra eu dar um jeito de plantar algumas aí pelo castelo.
ROMENA – O que? Papai te pediu isso? Eu hem, cada dia ele fica mais estranho!
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ROMENA – Sei, claro, mas não é só por isso. Papai vem mudando muito a cada dia que
passa. Entre a gente já não existe mais diálogo. Em tudo ele quer tomar a frente e
decidir por mim. Sinto-me vigiada, Ataulfo!
ATAULFO – Devem ser as preocupações, princesa. Olha, eu não sei o que seria do seu
pai se eu não estivesse aqui para auxiliá-lo.
ROMENA – Bem, vamos ver se as coisas melhoram. Com licença que eu também vou
me alimentar. Você está servido?
ATAULFO – Não, muito obrigado! Seu pai também me convidou mas eu disse que iria
depois.
ATAULFO – Ah, princesa Romena...! Quem sabe eu ainda serei o seu príncipe
encantado? Já imaginou um dia toda a Corte Real reunida e nós dois entrando, um ao
lado do outro, frente a frente ao rei, para recebermos as alianças que irão nos unir para
sempre...? Oh! E nem mesmo a morte irá nos separar!
ATAULFO – Hã...! Heim? O que..? Ora, eu sentei aqui porque o rei permite que assim
eu faça. E vocês? Como se atrevem a entrar assim no aposento real sem pedir licença?
ALFREDO – Foi o rei que nos mandou vir aqui pela manhã porque deseja falar
conosco. Além do mais, nós temos que pedir licença é ao rei, não a você.
ATAULFO – Pois fiquem vocês sabendo que eu sou o Primeiro Ministro do rei e
quando ele não está quem responde pelo castelo sou eu.
ALFREDO – Você é o 1º ministro porque o rei só tem você. Se o rei tivesse dois
ministros, eu tenho certeza que você seria o segundo.
ATAULFO – Pois é justamente por eu ser eficiente que o rei não precisa de mais
ninguém. Eu sozinho dou conta de tudo! Agora olha só pra vocês! Vocês são quatro e
nenhum dos quatro presta pra nada. São quatro pamonhas que estão aí! E nem sequer
recebem o título de 1º guarda, 2º guarda, 3º guarda... Também, se fossem receber, seria
de 10º, 11º, 12º ... mesmo sem existir ninguém antes de vocês.
ALFREDO – Ah é? Pois com toda essa sua eficiência, nos responda onde está o rei?
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ATAULFO – Está fazendo a sua refeição matinal e me delegou a ordem durante a sua
ausência. Portanto eu posso atender a vocês e a quem mais vier.
ATAULFO – O que ele quer com vocês...? Bem... Ora, tratem vocês de perguntar a ele
porque eu não sou moleque de recado.
ALFREDO – Tá vendo só? Você não sabe é de nada e fica querendo tomar o lugar do
rei Gregório. Nós voltaremos mais tarde para falarmos diretamente com ele. Tomara que
quando ele voltar te pegue sentado aí no trono. (saem)
CAMILO – Puxa, isso aqui então vai virar um zoológico! Daqui eu já vi um jumento!
BARTOLOMEU – É.
ATAULFO – E vão falando logo o que querem porque o lugar de vocês é lá no jardim.
BARTOLOMEU – É.
ATAULFO – Bem... calma... também não é assim. Podem falar qual é o problema
porque eu estou aqui pra isso mesmo. O que vocês querem? Digam! (advertindo) Epa!
Só tem uma coisa: se for alguma gratificação vai ser meio difícil eu permitir porque
vocês já tiveram gratificação há sete anos e não é permitido ficar toda hora aumentando
a...
CAMILO – Ataulfo! Nós só estamos aqui porque o rei quer falar conosco...
BARTOLOMEU – É.
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BARTOLOMEU – É.
BARTOLOMEU – É.
CAMILO - ...como aliás nunca lhe foi comunicado! Você só fica sabendo depois
porque é abelhudo.
BARTOLOMEU – É.
ATAULFO – Ora, querem saber de uma coisa? Vão cuidar dos seus jardinzinhos, vão
seus florzinhas!
ATAULFO – (ordenando) E fiquem sabendo que o rei Gregório quer que espalhe
plantação de batatas por todo castelo, ouviram bem!? (consigo) Ah! Comigo é assim!
Boto logo é ordem nesse castelo. Vê lá se eu vou ficar aturando desaforo de serviçal de
espécie alguma! Onde já se viu? E além do mais o meu santo não cruza nem um pouco
com esse tal de Camilo. Anda muito às voltas com segredinhos com a Romena e eu não
gosto nada disso. (pausa) Pronto! Meu dia hoje já começou agitado logo de manhã
cedo. E vou logo dizendo uma coisa: esse rei que não venha me amolar muito o juízo
não, senão vai sobrar pra ele também!
REI – Ô Atauuuuulfo!
REI – Bem, eu pretendi reunir todos vocês pela manhã, mas não foi possível. Por isso
resolvi convocá-los agora enquanto a princesa Romena está recolhida.
FILOMENA – (com atrevimento) E por que a princesa Romena não pode participar?
REI – Deixe-me ver por onde... (caminhando ao redor do trono) Queridos súditos!
Devo confessar a vocês que tem uma coisa que vem me preocupando um pouco
ultimamente. Nada lá que seja grave, mas algo que me vem despertando curiosidade.
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Sabem... eu me refiro à Romena. Não que ela seja uma menina rebelde ou ingrata,
muito pelo contrário, ela é uma ótima menina...
FILOMENA – Ah bom! Não admito que ninguém fale mal de Romena perto de mim.
REI – Nem tão pouco eu! Pois antes de tudo ela é minha filha!
ATAULFO – Atenção! Eu gostaria que todos na Corte fizessem silêncio a fim de que
Nossa Excelentíssima Majestade Soberana prosseguisse!
REI – Então, como eu estava dizendo... Romena, além de bela, é também muito
inteligente, amável, generosa... enfim, possui inúmeras virtudes. No entanto, o que me
preocupa nela é a sua vida sentimental. Como vocês sabem, a princesa Cintya, minha
filha mais velha, na idade de Romena, já estava com tudo preparado para o seu
casamento com o príncipe Eurico. Cintya, desde pequenina, já sonhava em se casar e
governar o seu próprio castelo. Hoje está casada e vive feliz ao lado de Eurico. Já
Romena, eu nunca vi se manifestar no que diga respeito ao casamento. Antigamente ela
andava de namoro com aquele plebeuzinho sem futuro que eu tive até que intervir para
que a coisa não fosse mais adiante. De lá pra cá, parece que ela não quis saber de mais
ninguém e sempre procura um pretexto pra se retirar quando eu toco no assunto.
Confesso-lhes que às vezes eu fico sem saber o que fazer.
MATILDE – Por que então o senhor não pede para princesa Cíntya vir aqui no castelo
acompanhada do príncipe Eurico? Quem sabe se Romena vendo a felicidade dos dois se
entusiasme em relação ao casamento?
REI – Bravo, Matilde! Não havia pensado nisso! Aí está! Também acho que a presença
de minha filha Cíntya com o príncipe Eurico aqui no castelo poderá influenciar, e muito,
o pensamento de Romena.
ATAULFO – Sabe Majestade, pensando bem foi uma ótima idéia que o senhor teve.
Além do mais já faz tanto tempo que a princesa Cíntya não vem nos dar o ar da graça,
não é mesmo? Vai ser muito emocionante vê-la novamente.
FILOMENA – Xi!!! Não gostei nem um pouco da idéia! Romena é uma moça
inteligente e sabe muito bem o que faz. Além do mais eu não estou nem um pouco
interessada em me deparar com aquela antipatia novamente. Está pra nascer criatura
mais seca!
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REI – (furioso) Filomena! Eu não admito que falem mal de Cíntya aqui dentro! Não se
esqueça que antes de tudo ela também é minha filha!
FILOMENA – Eu sei. E é por isso que eu digo que ela puxou o pai.
FILOMENA – E se me chamaram aqui somente pra isso o meu recado já está dado.
Agora queiram ou não me dar licença porque eu ainda tenho muito mais o que fazer ao
invés de ficar perdendo o meu precioso tempo ouvindo baboseiras.
REI – Se fosse você, você não iria fazer nada, Ataulfo! Porque um dia você deixou cair
uma pequena gota de café no chão e ela lhe ordenou que lavasse toda a cozinha até o
teto e você lavou! Eu só não boto ela pra fora daqui porque ela não tem onde cair morta!
Se eu não tivesse... pena dela, ela não duraria aqui nem mais um dia. (refaz-se) Bem,
pessoal, então ficou assim decidido: eu vou mandar um mensageiro ao castelo de Cíntya
e Eurico convidando-os a nos visitar já no final desta semana. O que eu peço a vocês é
que se comportem com posturas dignas de uma Corte imponente, entendido? Muito
bem, podem se retirar!
CAMILO – Calma Thiago, ela não deve demorar. Você bem sabe que ela evita que você
fique aqui por muito tempo se arriscando.
THIAGO – É, eu sei, acontece que dois minutos que ela demore me dá a impressão de
que se passaram duas horas.
THIAGO – Obrigado por me confortar, Camilo... Sabe, você é um cara muito legal. Eu
não sei como faria para ver Romena se não fosse você.
CAMILO – Viu só? Eu não disse que ela não iria demorar?
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ROMENA SE APROXIMA COM VOZ E OLHAR ENTERNECIDOS.
ROMENA – Oh, Thiago, quanta saudade. Parece fazer mais de um ano que a gente não
se vê!
THIAGO – Romena, eu não sei como suportar o tempo que fico longe de você.
CAMILO SE RETIRA.
ROMENA – Thiago, eu não gosto que você corra esse risco. Mas se não for assim,
como faremos pra nos ver?
THIAGO – Pra ficar perto de ti, vale a pena arriscar a própria vida.
ROMENA – Como é bom saber que a pessoa amada também corresponde ao mesmo
amor!
THIAGO – Sim, Romena, é muito bom... mas até quando vai durar esta situação?
THIAGO – Como que situação? Eu estou falando de nós dois. Até quando iremos nos
encontrar desse jeito, escondidos da vista de tudo e de todos?
ROMENA – Calma, isso não vai demorar por muito tempo. Tão logo estaremos juntos,
quer o mundo aceite ou não.
THIAGO – Você nem imagina como eu sonho feito um desatinado pra esse dia chegar.
Saiba que é um desejo tão forte e vivo dentro de mim que às vezes eu temo ser uma
infinita fantasia... Não. Não adianta falar disso pra você. Por mais que eu busque as
palavras, você não pode imaginar.
ROMENA – Sim, é claro que eu imagino. E você sabe por que eu imagino, Thiago?
Sabe? É porque eu carrego comigo dois sonhos; ainda que um deles eu jamais poderei
realizar, que é o de ter a minha mãe perto de mim novamente. Este, Deus já o levou.
Porém o segundo eu ainda o alimento e lutarei por ele enquanto forças eu tiver, porque
esse mesmo desejo que você diz possuir eu também possuo. E acredito, meu amado, ser
ainda maior do que o seu.
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ROMENA – Não. Apenas quero que saiba da existência do meu. Se é que eu precise
prová-lo.
ROMENA – Ora, só o fato d´eu estar disposta a abrir mão das riquezas de papai pra
assumir e enfrentar todas as dificuldades que a minha união com você possa vir a nos
proporcionar... já não seria esta a prova do meu amor?
THIAGO – Sim, é claro. Não precisa mesmo provar nada. Aliás, entre nós não há
necessidade de um provar nada ao outro. Você bem sabe do meu exílio e das
perseguições que eu sofri por ordem do seu pai. E sabe que passarei por piores
dificuldades ainda caso ele me descubra por aqui novamente.
TRIAGO – Romena, é tão pouco o tempo que temos pra nós dois... não vale a pena
discutirmos à toa.
ROMENA – Você tem razão... Então fale um pouco sobre lindo sentimento que o traz
aqui.
THIAGO – Ora...
ROMENA – E então...?
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Quando olho em teu olhar fico esquecida
dos tormentos e problemas desta vida
e me vem a impressão que desfaleço
pois nem sei se tanto amor assim mereço
ROMENA – Aqui estou como quero ficar por toda a minha vida; sempre perto de ti.
ROMENA E desejo agora que me beije com o beijo tão apaixonado que jamais se viu
sobre a face da terra.
ROMENA – Oh, não! Thiago, corra por esses arbustos antes que alguém nos veja!!!
ROMENA – Ué, assim que você espirrou ele se foi. Não foi esse o combinado?
CAMILO – Eu sei, princesa... mas não era pra ele ter ido. Ninguém se aproximou daqui.
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ROMENA – (desolada) Oh, não! Essa não, Camilo!!!
REI – Pois é, Ataulfo. É hoje que minha filha Cintya vem nos visitar. Tomara que ela e
o príncipe Eurico consigam mudar o pensamento de Romena.
ATAULFO – Tomara, Majestade. O senhor teve realmente uma ótima idéia ao convidá-
la.
REI – Deixe de tolices! Vamos nos preparar porque já está quase na hora.
REI – Oh sim, Alfredo. Mande que a Corte real entre para recebê-los.
REI – Matilde, Filomena... Olha, minha filha já chegou. Aguardem que ela e o príncipe
entrem para recebermos cordialmente, sim?
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A CORTE ACOMODA-SE PRÓXIMO AO TRONO. POUCO TEMPO DEPOIS
ENTRA ALFREDO CONDUZINDO O CASAL.
REI – Príncipe Eurico! Minha filha! Como é bom ter vocês aqui novamente! Há quanto
tempo não apareciam...! Fiquem à vontade!
REI – Matilde... Filomena! Sirvam um chá do nosso castelo real para o príncipe Eurico
e minha filha Cíntya. Matilde, aproveite e avise à Romena que sua irmã já chegou.
REI – E então, filha? Está achando muito diferente o seu antigo castelo?
CÍNTYA – Não, papai. Até que não mudou muita coisa. Por fora ainda está como antes
e por dentro apenas uma coisa aqui, outra acolá... nada de tão diferente. Seus
empregados também são os mesmos. Aliás, atrapalhados como sempre.
EURICO – Não Majestade, não houve nada demais... Eles são bons funcionários.
Correu tudo muito bem.
CÍNTYA – Ah sim, correu tudo muito bem papai. Nós apenas não pudemos entrar pelo
portão principal.
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CÍNTYA – Por nada. Apenas porque os seus queridos jardineiros foram cuidar do
jardim da entrada justamente hoje e encheram o portão de terra, lama e galhos; daí seus
eficientes guardas praticamente nos obrigaram a entrar pelo portão dos fundos, só que
não houve lugar para estacionar a nossa carruagem porque a carruagem do senhor está
atravessada, ocupando três vagas, e com as duas rodas emperradas. Sem contar que o
corneteiro da torre deixou a corneta cair na cabeça do nosso cocheiro que está lá fora
agonizando. Mas como esse pamonha disse, quero dizer, como disse o príncipe Eurico;
correu tudo muito bem. Até porque largaram o portão aberto e os seus cavalos fugiram.
Correram todos muito bem!
REI – (olhar fuzilante) Sinceramente, eu não sei o que faço com essa corja!
EURICO – (mudando o tom) Hum, hum! Mas e a Vossa Majestade... como tem
passado?
REI – Vou indo bem, Alteza! Apesar de alguns pesares, vou indo bem. Continuo
ampliando o meu território.
CÍNTYA – Ah, sim! Então deve ser por isso que eu vi boa parte da muralha do castelo
no chão. O senhor deve mandar erguê-lo mais à frente, não?
FILOMENA – Faz muito bem! Poderia ter caído pra trás em dois minutos. (retira-se)
GUARDAS – Aaaaiiiii!!!
CÍNTYA – Papai! Eu não sei por que o senhor ainda não mandou essa gentinha pra rua.
O senhor sabe muito bem que eu sempre detestei essa empregada! Aliás, não só ela, mas
praticamente todos aqui. Só quem eu ainda tolero é o Ataulfo porque nunca foi de dar
confiança a essa corja.
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ATAULFO – (lisonjeado) Ora, princesa! Bondade sua, bondade sua...!
EURICO – Meu bem, não seja tão ingrata! Não está vendo que todos estão aqui
reunidos só pra receberem a nossa visita?
CÍNTYA – Sim, porque assim como você, eles estão apenas cumprindo ordens, mas na
verdade não têm um pingo de Cortesia. Não percebe que estão sempre com a mesma
indumentária? Apenas Ataulfo se preocupou em usar um traje mais indicado pra
ocasião.
REI – Ótimo! (fazendo suspense) Ataulfo, enquanto isso vá lá dentro e pegue aquela
surpresa que eu encomendei para minha filha Cíntya.
REI – Na verdade são dois colores de pedras raríssimas que eu adquiri em minha última
viagem. Um seria pra Romena e o outro pra você, mas como Romena não liga pra jóias,
leve você os dois.
ROMENA – Que bom que vocês vieram nos visitar. Estava com saudades.
(cumprimenta-os)
CÍNTYA – Pois é, fica um pouco difícil. Desde o nosso casamento tem ido tanta visita
em nosso castelo e são tantos os convites pra bailes e cerimônias, que mal nos sobra
tempo pra respirar.
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ROMENA – Imagino! Que bom vê-la feliz, minha irmã!
REI – (enfadado, dirige-se à Corte) Membros da Corte Real, queiram se retirar a fim
de que a família fique mais à vontade.
REI – (admirado) Bravo! Não sabia que vocês haviam ensaiado uma cadência tão
nobre. Parabéns! Têm a minha permissão, Alfredo.
ATAULFO – (para os demais) Ei, e vocês aí? Não ouviram o rei falar que gostaria que
a família ficasse mais à vontade? O que ainda estão fazendo aí parados?
ATAULFO – Oh, sim, claro... Só estou observando se todos já se foram mesmo. Fiquem
à vontade, com licença, fiquem à vontade! (retira-se)
CÍNTYA DÁ O TOM.
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ROMENA – Estou bem, minha irmã. A mesma vida de antes. Estudo, escrevo versos,
leio romances...
CÍNTYA – Pois é... um dia desses eu estava lá no meu castelo recordando a minha
antiga vida de solteira. Até que era agradável viver sob o teto e proteção de papai,
usufruindo todo o conforto que ele me oferecia... mas o tempo foi passando, eu fui
crescendo... Até que um dia eu percebi que já devia escrever a minha própria história.
Por fim realizei o grande sonho da minha vida que nem eu mesmo imaginava ser tão
bom assim: o casamento.
REI – Aliás, o seu casamento foi uma das mais belas cerimônias que já se viu na
nobreza. Não é mesmo, príncipe Eurico?
EURICO – Isso é lá verdade! Pra se ter uma idéia, eu passei a lua de mel toda, sozinho,
recebendo os cumprimentos.
ROMENA – Por crer que um dia eu serei mais feliz, eu me sinto feliz desde já.
CÍNTYA – Aliás, papai, eu tinha a idade de Romena quando me casei, não é mesmo?
ROMENA – Tudo tem a sua hora e o seu momento. O momento certo há de chegar.
CÍNTYA – Ora Romena, deixe de ser sonhadora. Não perca tempo à toa! Veja só eu:
casei-me com um dos príncipes mais conhecidos do Ocidente; gozo de privilégios ainda
maiores que os daqui e vivo feliz dentro de um castelo administrado e adornado por
mim. Papai conhece muita gente importante, minha querida irmã!
ROMENA – Repito que me sinto feliz por ver a sua felicidade, Cíntya, mas não anseio
o casamento por uma posição social.
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CÍNTYA – Oh! Percebe-se mesmo que continua a ler romances. Cheguei a me
emocionar.
ROMENA – Que bom! Quem pouco se emociona com o casamento é porque pouco o
desejou. Ou antes, que tenha desejado mais com os olhos do que com o coração.
REI – Bem... que tal nós já irmos pra outros aposentos? Até porque as paredes deste
castelo têm ouvidos e creio que só ali atrás daquela parede tenha pra mais de uma dúzia.
CAMILA – Mas Romena, você também não precisa ficar tão preocupada assim!
ROMENA – Como não, Camilo? Como não ficar preocupada se ontem o assunto não
foi outro senão casamento!? Era tudo o que papai e Cíntya falavam! Eu estava ali me
sentindo praticamente obrigada a pôr a aliança no dedo e a esperar quem quer que fosse
indicado por eles e você me diz que eu não preciso ficar preocupada? Então você não
conhece os meus sonhos desde a infância? Então ignora o amor que eu nutro por
Thiago?
CAMILO – Sabe Romena... tem uma coisa que eu não sei se é certo te contar...
CAMILO – É que eu me sinto como que traindo a confiança de seu pai, mas se eu não
lhe contar é a sua confiança que irei trair.
CAMILO – Sabe o que é...? A visita de sua irmã foi proposital. Seu pai convidou a
princesa Cíntya já com a intenção de fazer você pensar melhor a respeito de casamento.
Numa reunião com a Corte ele nos revelou isso.
ROMENA – Ora, Camilo! Pra que tanto suspense? Depois da visita de ontem não foi
nada difícil deduzir isso. De mais a mais a Filomena já andou me alertando a respeito de
papai e Cíntya. Eu só temo o que possa vir depois disso. Conheço papai. Ou melhor, o
rei Gregório.
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FILOMENA – Do que você está falando aí, Romena? Ainda é sobre aquele assunto?
Ora, eu já disse pra você ficar sossegada porque qualquer coisa que vier a surgir eu
saberei muito bem como resolver. Pare de botar minhocas na cabeça.
ROMENA – Está bem Filomena. Eu não sei em que você se baseia em tudo o que diz,
mas eu confio em você.
FILOMENA – Melhor assim. Agora vá se ocupar com os seus estudos, vá. (para
Camilo) E você também, Camilo! Vá cuidar do jardim que é o melhor que você faz!
Com as suas trapalhadas só vai fazer confundir ainda mais a cabeça da menina.
CAMILO – Calma Filomena, deixa que eu também sei o que faço. E você antes de me
tocar pra fora daqui tinha mais que me agradecer porque eu vim lhe entregar uma
correspondência que acabou de chegar.
FILOMENA – São amigas que eu tenho aí fora! São amigas! Anda Camilo! Cadê a
correspondência?
FILOMENA – Já entregou?
FILOMENA – Que calma o que!? Aqui não se tem calma não. Se quiser conversar que
vá conversar com as minhocas!
REI – Eia!!! O que está acontecendo aqui!? O aposento real virou o que agora? Salão de
reunião!?
ATAULFO - É...
ROMENA – Calma, papai. Fui eu que precisei falar com o Camilo e com a Filomena e
pedi que ambos viessem aqui.
REI – Isso não justifica, Romena. Da próxima vez vá você até o jardim ou até a cozinha
pra falar com quem você quiser.
ATAULFO – É.
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REI - Senão esse homem me fedendo à terra e essa mulher me fedendo à fumaça irão
me sujar todo o aposento!
ATAULFO – É...
REI – Sabe Ataulfo, é uma notícia tão boa que eu não sei se primeiro faço suspense ou
se vou direto ao assunto.
ATAULFO – Por favor, Majestade! Primeiro vá direto ao assunto e depois sim, faça
suspense.
REI – Deixe-me ver por onde começar... Sabe, devo-lhe dizer que vou receber aqui, em
meu castelo, uma visita importantíssima e que certamente deverá fazer Romena pensar
definitivamente a respeito do casamento...
REI - ...pois essa mesma pessoa poderá vir a ser o seu esposo!
ATAULFO – Como???
REI – Eu disse que essa visita poderá vir a ser o futuro esposo de minha filha Romena!
Não é uma notícia maravilhosa?!
REI – Eu sabia que você também iria ficar radiante! E eu mal posso esperar por isso!
REI – Trata-se de um príncipe muito rico, muito inteligente e muito almejado também
entre princesas. Chama-se Leôncio.
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REI – Como parabéns se você nem conhece o príncipe? Aliás, ele nunca esteve por
essas terras. O seu castelo fica muito distante daqui.
REI – Realmente é um ótimo partido. Um príncipe que todas as filhas de rei desejam e,
no entanto, Romena poderá tê-lo em mãos sem fazer o menor esforço.
REI – Na semana passada eu estive com o pai dele tratando sobre expansão territorial e,
na oportunidade, ele me disse que seu filho viajaria por nossas terras e que gostaria de
conhecer Romena por já ter ouvido falar de sua beleza.
REI – Não. Prefiro fazer surpresa. Além de Romena eu não quero que nenhum outro
membro da Corte saiba. Vou esconder de Romena para fazer surpresa e da Corte para
evitar desgraça. Você já imaginou se aquela guarda desalmada resolve criar uma nova
cadência pra me fazer o vexame que fez aqui na presença de Cíntya e do príncipe
Eurico? É por esse motivo que eu não convoquei uma reunião. Prefiro que todos só
saibam no dia.
ALFREDO – Majestade, tem uma mulher lá fora que deseja falar com o senhor. Ela se
identificou como Feiticeira da Alvorada.
ATAULFO – Ora, então ela está pra lá de atrasada porque já passam de quatro horas da
tarde. Mande-a embora e diga-lhe pra retornar amanhã de manhã. E bem cedo, viu!?
REI – Deixe de asneiras, Ataulfo! Esse é apenas o nome dela. Eu é que mandei buscar
essa feiticeira porque preciso falar com ela urgentemente.
ATAULFO – (para Alfredo) Ô seu soldadinho de chumbo chumbado! Por que então
não mandou que ela entrasse de uma vez?
REI – Ataulfo, peça que a visita aguarde um instante enquanto eu vou lá em cima buscar
uma encomenda e já volto.
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ATAULFO – Esteja à vontade. Tem a minha permissão.
ATAULFO – Esse rei também já está precisando é levar umas boas chicotadas no
lombo.
ATAULFO – Ah, sim! Então foi por isso que o rei Gregório te chamou...? Olha, eu já sei
do que se trata. O que o rei deseja é que você faça com que o castelo tenha terra boa
para plantações de batatas, entendeu?
FEITICEIRA – Plantações de batatas??? Ué, mas me parece que o problema dele era
sobre o casamento de sua filha caçula.
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ATAULFO – Não! Pra daqui a três dias!... Sei lá! Pra mim quanto antes melhor.
ATAULFO – Claro. (ansioso) Sabe o que é, dona Manhãzinha? Você vai ter que
preparar logo esse negócio porque eu tenho uma audiência marcada pra daqui a dois
minutos e já estou de saída.
ATAULFO – Sei... Mas faça o mais rápido que puder. Eu não posso me atrasar nem
mais um minuto!
FEITICEIRA – Já estou terminando. Assim que você tomar isso as coisas já começarão
a se realizar.
FEITICEIRA – Não posso. Espere só mais alguns segundos. (pequena pausa) Pronto!
FEITICEIRA – Ué, rei Gregório! O senhor por aqui? Eu já estou começando a realizar o
seu desejo.
REI – Não! Nem precisa repetir o que ele disse porque daí só sai tolice! O feitiço que eu
quero que você faça depois é transformar essa praga em urubu!
REI – Querida Feiticeira da Alvorada, o que eu desejo é casar a minha filha caçula com
um príncipe bem rico e famoso assim como casei a minha primeira filha. Aqui estão
duas lindas alianças que eu encomendei.
REI – Ótimo!
FEITICEIRA – Agora, rei Gregório, coloque a sua mão direita no meio desta fumaça e
me responda a verdade. Somente a verdade.
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O REI ESTENDE A MÃO.
REI – Bem, dona Feiticeira... minha filha ainda é muito criança em certas atitudes... o
certo é que eu, como bom pai que sou, sei muito bem o que é bom para ela e com
certeza ela aprovará a minha escolha.
REI – Bem... (simula um copioso choro) Oh!!! Eu não gosto nem de falar sobre isso!
Mas a rainha, que eu tanto amava, morreu meses depois do nascimento de Romena. Oh!
Que dor cruel e irreparável! Encerre a consulta. Eu não quero remoer esse sofrimento!
FEITICEIRA – Está bem, rei Gregório. Pode tirar as mãos. O feitiço já está lançado.
REI – Magnífico! Magnífico! Ah, Feiticeira, só mais uma coisinha... (baixo tom de
voz) Seria possível eu tirar de uma vez por todas uma cozinheira da minha vida?
FEITICEIRA – O meu feitiço não é voltado para o mal, rei Gregório, somente para o
bem. Portanto, só se for também para o bem dela.
REI – Sei, sei... Mas quanto ao casamento de minha filha Romena tudo se realizará
direitinho, não?
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FEITICEIRA – Se Vossa Majestade respondeu a verdade, somente a verdade, o feitiço
será realizado em espaço curto de tempo. Caso contrário, tudo poderá sair às avessas.
REI – Querida Corte real, é com muito entusiasmo e com muita expectativa que lhes
anuncio que dentro de alguns instantes, receberemos aqui no castelo a visita de uma
pessoa que muito nos honrará; chama-se Leôncio. É um príncipe que vem do outro lado
do Hemisfério, especialmente para nos conhecer. Ou mais precisamente:
exclusivamente para conhecer Romena. O que eu peço e ordeno a vocês - e agora mais
do que nunca - é que se comportem como uma Corte digna. Se possível deixe até que
ele pense que vocês são estátuas. O que eu não admito é que ocorra aqui qualquer
distúrbio que venha a prejudicar a cerimônia, pois essa visita há de ser o primeiro
encontro de Romena com o seu futuro esposo.
REI – No momento, nada mais a acrescentar. Vamos apenas aguardar a sua chegada.
REI – Alfredo, vá correndo lá fora e mande esse infeliz parar de soprar essa porcaria
senão ele me manda a visita de volta! Matilde, vá lá em cima e chame Romena.
ALFREDO – (em off) Atenção! Quem estiver soprando a corneta pare e dê um passo à
frente!
OUVE-SE UM BAQUE
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REI – Insanos! Trate de colocar um outro corneteiro no lugar dele pra visita não
perceber.
REI – Minha filha, você chegou na hora certa. Por favor, permaneça aqui.
ROMENA – Por que tanta cerimônia? Por que todos aqui presentes?
REI – Corte Real! Este é o bravo príncipe Leôncio que veio exclusivamente de terras
distantes para nos visitar.
MATILDE – Nossa! Então ele veio mesmo de fora!? Será que ele fala a nossa língua?
Escuta, príncipe: se você estiver entendendo o que eu estou falando responda “sim”; se
não estiver entendendo responda “não”, está bem?
REI – Saia já daí, sua tresloucada! Onde já se viu faxineira recepcionar visita no
castelo?
REI – Pois então vá pra cozinha! (recompondo-se) Príncipe Leôncio: é com muita
honra, satisfação e orgulho que eu recebo em meu castelo uma visita tão nobre e
admirável como a sua.
LEÔNCIO – A honra é toda minha, Realeza, pois mesmo vivendo distante, admiro
muito o reinado de Vossa Majestade.
REI – Muito obrigado! Quanta gentileza! (para a Corte) Corte real, o príncipe Leôncio
é o príncipe mais rico e influente das terras onde habita. Dotado também de uma
singular inteligência, ele vem a ser um dos príncipes mais cobiçados das filhas de reis
dos quatro cantos do mundo. Sendo assim, é com imensa satisfação e infinita emoção
que eu lhe apresento minha filha Romena, uma vez em que ele veio aqui especialmente
para conhecê-la. (para Romena) Por favor, minha filha, tenha a bondade.
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ROMENA – (aproximando-se) Pois não, papai. É de muita satisfação por minha parte
também ter a sua visita aqui no castelo, príncipe Leôncio.
REI – A princípio é melhor que entremos diretamente no assunto, não? Até mesmo pra
não abusarmos do precioso tempo do príncipe. (persuasivo) Bem, Corte real... o
príncipe Leôncio é uma pessoa que, apesar de jovem, já traçou todas as diretrizes de
uma vida estável e bem sucedida no seio da nobreza. Assim sendo, ele se prepara agora
para a única coisa que por ora lhe falta que é a união matrimonial. E, com esse
propósito, ele viaja por palácios e castelos d´além mar até que encontre alguma dama,
filha de rei, que venha a corresponder ao seu exigente e refinado gosto. Portanto, o
motivo de sua vinda aqui hoje é exclusivamente para conhecer a princesa Romena.
REI – Aguarde um momento, minha filha. Ouça agora o príncipe. Tenha a bondade,
Alteza.
REI – Sim, entendo...! Mas e quanto ao meu convite? O que Vossa Alteza diz?
LEÔNCIO – ... Como eu dizia, nos tantos castelo em que já visitei, sempre fui muito
bem aceito e muito bem querido. E isso não só pelos reis e rainhas, como também pelos
príncipes, Corte, bispos e – é claro - pelas princesas. Porém, por mais que elas
buscassem me agradar, jamais conseguiram despertar em mim a faísca que incendeia o
coração...
REI – Entendo, príncipe... Mas e quanto a minha filha Romena? O que você está
achando?
LEÔNCIO – ... Pois então, Majestade. Como eu estava dizendo, as outras princesas a
que fui apresentado, eram também muito encantadoras, amáveis e inteligentes. Contudo
não foi o suficiente para que eu sentisse algo que...
REI – Sei, sei... Essa parte eu já entendi e o público também. Mas diga, pelo amor de
Deus, o que você...
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LEÔNCIO – Quanto à princesa Romena, parece possuir uma candura, um não sei o quê
de muito atrativo e inebriante. Tão suave como o cantar dos pássaros e tão fascinante
como o romper da aurora. Apesar de desconhecê-la e do pouco contato que aqui
tivemos, Romena é com certeza, uma princesa muito mais encantadora que as demais.
Quando soube que Vossa Magnificência...
LEÔNCIO – Magnificência.
4o GUARDA – Caramba!
LEÔNCIO – Quando eu soube que Vossa Magnificência tinha uma filha ainda solteira,
fiquei curioso por conhecê-la e asseguro-lhe que minha surpresa foi, e está sendo,
agradabilíssima.
REI – Entendo, príncipe, entendo. Mas em nome de tudo que é santo e sacrossanto, seja
mais objetivo e responda: Quanto à Romena, o que Vossa Alteza acha para os seus
planos?
LEÔNCIO – Majestade, devo, por fim, vos dizer que muito me encantei com a princesa
Romena. Portanto, pode festejar desde já, Romena, porque você conseguiu realizar o
desejo de tantas e inúmeras pretendentes. Eu gostei de você e pretendo fazer de você a
minha esposa.
3o GUARDA – Morreu!
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ROMENA – Nobre príncipe Leôncio, estou extremamente agradecida com a sua visita e
com todas as palavras que me foram dirigidas. Porém, quero colocar algo que acredito
não colaborar tanto com a alegria de papai e nem com as suas pretensões.
FILOMENA – É agora!
ROMENA – Por favor, papai, soube respeitar o momento de ouvir. Gostaria que agora o
senhor respeitasse o momento de eu ser ouvida. (para o príncipe) Como eu dizia,
príncipe Leôncio, me é de muito agrado e de muita lisonja receber não só a sua visita e
as palavras a que me atribuiu, como também saber que encantei um príncipe tão
ambicionado por tantas e diversas princesas. Contudo, acredito que nós dois fomos
iludidos em toda essa história, pois o convite para a sua visita não partiu de mim. Não
partiu de mim, príncipe Leôncio, porque eu não estou interessada em ser sua esposa.
Aliás, não só sua como também de nenhum outro príncipe que exista em qualquer que
seja o reino. Lamento desapontá-lo.
ROMENA – Louco talvez esteja tu, rei Gregório, que insistes em tornar vulgar o que há
de mais nobre sobre a face da terra. Louco talvez esteja tu que maquinas em violar o
coração alheio e a oferecê-lo como objeto de capricho. Deverias tu amar primeiro para
que pudesses entender o que é o amor.
O PRÍNCIPE SAI.
REI – (transtornado) Está vendo só o que você fez, Romena!? Está satisfeita com a
desfeita? Como pode? Um príncipe de tão fina estampa, tão nobre, tão compromissado,
vir ao castelo para conhecê-la, se interessar por você e ser rejeitado dessa maneira? O
que pretende? Arruinar com a minha vida? Ridicularizar o meu reino? Como pode ser
tão indiferente assim ao casamento?
ROMENA – No que tange ao casamento pode despreocupar-se, rei, porque não tardarei
em me casar.
ROMENA – É alguém que de rico e poderoso possui apenas o sentimento. Aguarde que
no prazo de cinco dias eu irei apresentá-lo. Agora com licença que eu preciso me retirar,
rei Gregório.
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A PEÇA RECOMEÇA JÁ NO DIA DA REVELAÇÃO DE ROMENA.
ATAULFO ENCONTRA-SE SÓ EM CENA.
ATAULFO – Meu Deus do Céu! É hoje o dia tão esperado! É exatamente hoje que a
princesa Romena vai revelar o seu grande amor por alguém. E quem não será esse
alguém senão eu? Claro! A princesa quando sai do castelo ou é acompanhada do pai ou
vigiada dos pés a cabeça para que nenhum mal lhe aconteça. Portanto só pode estar
mesmo aqui o seu amor secreto. E dentre essa meia dúzia de incompetentes e
atrapalhados, não fica difícil de se chegar à conclusão. E olha que eu bem que já vinha
notando há algum tempo o jeito dela me olhar. Eu tinha certeza! Eu sabia que não
poderia estar errado ao pretendê-la como esposa. Ah, eu só quero ver a cara do rei
Gregório na hora em que ela anunciar. Ele jamais iria imaginar que o seu braço direito
viria a se tornar também o seu genro. Ora, ora! Acho bom até já ensaiar algumas
expressões pra me fingir surpreso.
ATAULFO – Ora! Vá pentear macaco, vá! E vou logo avisando uma coisa! Agora, mais
do que nunca, eu vou botar ordem nesta joça. Não vou mais querer saber de nenhum
tipo de algazarra aqui dentro, estão entendendo bem?
BARTOLOMEU – É.
ALFREDO – Deixa estar que esse brejeiro está com os dias contados. Hoje muita coisa
vai mudar aqui neste castelo. É só aguardar até a hora da princesa revelar o seu amor.
2º GUARDA – O que você quer dizer com isso? Que é você o grande amor da princesa?
ALFREDO – E vocês têm alguma dúvida? Será que ainda não perceberam que a
princesa admira homens com iniciativa e liderança como eu?
4º GUARDA – Deixe de se iludir, Alfredo! Você ainda não notou o jeito que a princesa
me olha desde o primeiro dia em que eu vim pra cá?
3º GUARDA IV – Ora, não me façam rir! No dia em que a princesa recusou a proposta
do príncipe Leôncio e disse ao rei Gregório que o homem que ela ama possui de rico e
poderoso apenas o sentimento, ela disse isso olhando pra mim, usando um olhar sereno
e insinuante.
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2º GUARDA – Você só pode estar delirando! Ela estava de costas pra você na hora em
que disse isso! Depois sim ela me deu um discreto sorriso quando se retirou, dando a
entender que era de mim que ela falava.
ALFREDO – Ora, até você acha que será o escolhido? Só se for pra regar plantinhas. Se
eu disse que sou eu é porque estou certo disso.
BARTOLOMEU – Eu!
BARTOLOMEU – É.
FILOMENA – Bem pessoal, já está quase na hora. Romena não demora a descer.
Ninguém aqui desejou mais este dia do que eu.
ALFREDO – (cochicha) Também? Ih, sei não! Sempre achei essa Filomena meio
esquisitona.
REI – Não tenho nada a declarar ou a ordenar. Vamos apenas esperar que Romena
chegue.
ROMENA – Que bom que já estão todos a minha espera. Creio que já posso começar.
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REI – Pois já era pra ter começado há muito tempo. Saiba que vida real não é
brincadeira, está bem? Você ficou de me trazer aqui uma pessoa que seria apresentada
como o seu futuro esposo. Eu deixei a guarnição de prontidão desde cedo, já passa do
horário previsto e, no entanto, essa pessoa não chegou.
ROMENA – Não era preciso se dar a todo esse trabalho, papai. A pessoa que eu fiquei
de apresentar já se encontra aqui no castelo.
REI – (furioso) Que falta de respeito é essa? Vocês enlouqueceram? Romena, que
história é essa? Como “já está aqui dentro?”
ROMENA – Exatamente, papai. Eu não quis que o senhor tomasse conhecimento antes
que eu o apresentasse.
ATAULFO – Antes que Romena revele o seu futuro esposo, eu gostaria de lhe dizer
uma coisa, Gregório! Não fique preocupado em me perder como Primeiro Ministro, está
bem? Esteja certo de que, apesar das minhas novas incumbências, eu continuarei o
assessorando com a mesma habilidade e eficiência de sempre.
REI – Cale essa matraca, estupor! E então, Romena? Onde está essa pessoa tão cheia de
mistério e de suspense?
ROMENA – Creio que irei matar a sua curiosidade de forma desagradável, papai. No
entanto, não posso amesquinhar o meu sentimento pelos seus caprichos. O homem que
eu sempre amei e que pretendo entregar não só o meu coração como também as
vindouras páginas da minha vida, está ali!
ROMENA – Eis aqui Thiago, papai. O meu amor proibido até o dia de hoje.
REI – O que??? Esse plebeuzinho de novo? Que loucura é essa, Romena? Quer dizer
que você ainda mantém contato com esse tipo? Como você se atreve a tamanha afronta
de trazê-lo aqui no meu castelo e apresentá-lo como seu futuro esposo?
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ROMENA – É a verdade nua e crua, papai. Eu o trouxe aqui para que o senhor fique
bastante ciente disso.
REI – (para Thiago) Como ousaste contrariar as minhas ordens e abandonar o exílio?
Quem te deu autorização pra retornar para essas terras?
THIAGO – A saudade, rei Gregório. A saudade que eu senti de sua filha foi quem me
autorizou por tempo indeterminado. Saiba ainda que não fiquei por lá nem três semanas
sequer e creia que o meu amor por Romena é mais forte do que qualquer ameaça de
morte.
ROMENA – Romena! Você não pode estar em seu perfeito juízo! Já mediu exatamente
a gravidade do seu ato?
ROMENA – Sim, meu pai. Estou ajuizada e não abro mão desse ato por nada do
mundo.
REI – (encolerizado) Pois bem! Já que você sabe bem o que faz e por nada abrirá mão
de tamanha leviandade, fique sabendo que uma vez assumida essa decisão, você irá se
retirar deste castelo sem levar a menor quantia ou qualquer outro tipo de bem das
minhas mãos. Sairá somente, e tão somente, com a roupa do corpo.
ROMENA – Sim senhor, rei Gregório. Não venderei o que tenho de mais limpo e puro
por suas imundas riquezas. A situação está mesmo assumida. Dispenso os seus bens.
REI – (sentencia) Pois então, palavra de rei! Retire-se imediatamente do meu castelo
com esse moleque e não pense jamais em regressar por qualquer que seja o motivo ou a
ocasião!
CORTE – Ohhh!
FILOMENA – Agora chegou a hora d’eu botar pra fora tudo o que eu trago engasgado
desde os seus primeiros meses de vida, Romena.
FILOMENA – Talvez a coisa mais difícil para Vossa Canalhíssima Realeza é fazer com
que eu me cale agora.
FILOMENA – Eles que não se atrevam! Mesmo porque o que eu tenho a dizer vai
matar não só a curiosidade deles como também de todos aqui a meu respeito.
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ALFREDO TENTA DISFARÇAR A CURIOSIDADE.
ALFREDO – Majestade, nós sempre respeitamos as suas ordens... mas Filomena parece
nervosa demais. Deixe que ela fale o que quiser que logo em seguida nós daremos um
jeito nela.
REI – Seus panacas incompetentes! Fiquem sabendo que estão demitidos desde já!
FILOMENA – Romena, saiba que esse homem, atrás dessa negra riqueza, esconde de
você, de sua irmã e de todos os demais uma verdade que somente eu sei porque trabalho
aqui desde antes de você nascer e que somente agora será revelada.
FILOMENA – Saiba, minha filha, para sua imensa felicidade que sua mãe... não
morreu!
CORTE – Ohhhh!!!!
FILOMENA – Ele a expulsou dessas terras poucos meses após o seu nascimento. Tudo
isso pela ambição e pela ganância que embriaga esse faminto.
CORTE - Ohhh!!!
ROMENA – Eu jamais menti pra você, Romena, e não mentiria agora com coisa tão
séria. Por que motivo então ele não se atreve comigo? Ora, ele sempre soube que se me
eliminasse eu teria lá fora quem o denunciasse por mim. E também, medroso e fracote
como todo covarde, ele teme as batidas do meu atabaque nas noites de lua cheia.
REI – Eu sempre tive foi pena de você que não tem onde cair morta!
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REI – Não seja ingênua, Romena!
FILOMENA – Ele fez isso porque a maior parte das riquezas pertencia a sua mãe. Então
ele a expulsou dessas terras sob a ameaça de pôr em risco a sua vida e a vida de sua
irmã.
CORTE - Ohhhhh!
ROMENA – Eu não posso acreditar em tudo isso...! Seja-me franco, rei Gregório! Onde
está a minha mãe?
REI – Acalme-se, minha filha... O ocorrido não foi bem da forma como essa mulher está
falando, não. Sua mãe está viva sim, mas está vivendo bem distante daqui. Por outro
lado ela nunca foi de ligar muito pra vocês, senão teria aparecido uma vez ou outra sem
que eu soubesse, como fez o seu futuro esposo que eu até tanto admiro.
FILOMENA – Pois saiba, Imundíssima Majestade, que até no casamento de Cíntya ela
esteve presente, mas sempre disfarçada porque temia alguma investida sua contra as
filhas. Mas agora, para liquidar todo e qualquer contra-argumento, eu convidei para
estar aqui também uma pessoa que prova tudo o que eu falei.
ABRAÇAM-SE.
ALFREDO – Essa é uma ordem que jamais iríamos cumprir mesmo que ainda fôssemos
seus funcionários, rei farsante!
RAINHA – Creio que de agora em diante tu não conseguirás acabar com mais ninguém,
rei Gregório. Estejas certo de que o teu império acaba de ruir! Não mais te vejo com o
mesmo poder e soberania que tiveste até o dia de hoje, permitindo-te pisar nos mais
fracos e aniquilar os mais humildes. Não, rei Gregório. Tu não imaginas as negras
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nuvens por que passei enquanto tu te vestias de ouro e regalava-te nos melhores
banquetes. Não imaginas o meu desatino enquanto viajavas, baixavas decretos e fazias
alianças. Não imaginas a dor que causaste ao afastar a mãe das tuas próprias filhas.
Saiba, no entanto, que agora a Justiça se anuncia e que ainda assim eu não sinto ódio ou
rancor de ti. Antes disso, sinto pena.
THIAGO – Rainha, não imaginas a felicidade que me duplica por saber que estás viva!
FILOMENA – Por favor, vocês terão muito tempo para conversar com a rainha. Agora é
melhor irmos andando para nos livrarmos disto aqui de uma vez por todas.
ATAULFO – É isso mesmo! Tratem já de ir embora porque eu não quero saber de mais
nenhum de vocês aqui dentro, ouviram bem!? (voltando-se) Pronto, Majestade! Já pus
todos pra rua!
REI – Que ordens, Ataulfo? Então você não percebeu o que se deu aqui dentro? Estou
arruinado! Aniquilado! Falido! O que será de mim quando todos souberem que eu forjei
a morte da rainha pra me apossar das suas riquezas? Quem mais da nobreza se
relacionará comigo depois de tudo isso? Perdi minha filha, meus empregados, a imensa
parte das riquezas... e tudo isso sem saber o que virá adiante. Estou mesmo é arruinado!
Oh! O que poderá consolar a minha pobre alma?
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ATAULFO – Sabe aquele dia em que o senhor me mandou plantar batatas?
REI – “Plantar batatas?” Não sei bem, mas acho que estou lembrado... O que tem?
ATAULFO – (eufórico) Eu consegui uma terra ótima pra se plantar e muito em breve
teremos batatas aqui no castelo!!!
CAI O PANO
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