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MLD APRESENTA: Prosa

Jardim de Infncia. de Ana Idris

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Era de manh, saiu pra fora no jardim, com os ps descalos, amassando a terra, tatubolas de jardim. A doura da brisa das manhs bagunando os cabelos, e a certeza de um amor distante que a observava. Cantou com lbios quase fechados, uma cano que a emocionava, e uma lgrima escorreu, molhou a terra, onde sementes de flores amarelas que ela plantava todos os dias dormiam esperando a hora certa para germinarem. Todos os dias ela pega um regador e molha a beleza com olhos de devoo. Corao quebrado, cabelos cortados, uma Fora despretensiosa, sincera, no peito um corao de vitral, colorido intenso. Queria ela dizer que o ama todos os dias, mas sua timidez desajeitada a faz emudecer, por isso ela canta baixinho, e cr ela, que o seu sussurro chegue aos ouvidos dele, o seu Amor, como anjos zombeteiros numa capela abandonada no deserto. E corre, pelo jardim, com seu vestido branco manchado de amarelo, lbios de caf, para combater a insnia que tanto a enlouqueceu. E numa multido de palavras ditas e no ditas, a falta de coragem no a impele de acreditar em dias que ainda nascero sendo eles chuvosos ou iluminados por infernais raios de sol. E ela continuou agachada no jardim, sujando as mos de terra, vendo pssaros brincar nas poas que se formavam ao cho. Sujou os ps de barro, e isso era bom, era puro, era ela voltando s origens, desprotegida de sapatos que a protegem de viver. Sujar-se viver, sentir, no mais ntimo das verdades, quem vive sempre no que limpo, no conheceu toda a intensidade de viver. Quando ela tiver filhos, permitir que eles construam castelos, brinquem descalos no jardim, deitem na grama, pulem nas poas. As crianas andam limpas demais, aquela falsa convico que saudvel viver longe da sujeira, aquelas crianas com roupas e sapatos impecveis, olhos tristes ao verem as crianas sujas com as mos de terra, crianas de apartamento, criadas a brinquedos eletrnicos e bonecos de roupas lavadas toda a semana. Sorrisos eletrnicos, falsos, por dentro uma certeza, uma vazio. Sim, crianas sentem tanto o vazio quanto ns os adultos, e naquele jardim, enquanto plantava uma flor, ela agradeceu por ter sido uma criana imunda, e no ter tido apenas um sorriso eletrnico estampado no rosto.

Baixado originalmente em: http://mldquadrinhos.wordpress.com Divulgue :]

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