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MURMÚRIO

DA ALMA
O ritmo cadenciado das
águas por entre os seixos
macios fez-me perder a

noção do tempo.
Fiquei ali mesmo, imóvel,
sentado numa pedra
almofadada pelo verde musgo
que a água foi fecundando na

rocha.
Contemplava aquela pequena
maravilha
do curso da água que,
saltitando de pedra em pedra,
vai percorrendo o seu caminho
murmurando baixinho

a musicalidade do tempo.
São lamentos dum percurso
apertado pela violência das

margens;
são segredos balbuciados em
silêncio
aos peixes que encontra pelo

caminho;
são gemidos duma passagem
sofrida

por entre jogas e rochedos;


são poemas cantados aos
pescadores
sobre a beleza das paisagens

que cruzaram pelo caminho;


são sinfonias ritmadas
pelo encanto das histórias
percorridas
em dias de céu azul

e em noites de luar.
É a água do meu rio
que cativa o meu
olhar.
Escutando os seus
segredos
nesta canção de embalar
meus olhos se fecharam

e o rio tornou-se mar.


segui-o no seu percurso
e senti-o serenar
mergulhando seus
segredos
na vasta imensidão do

mar.
É mesmo assim...

Eu sou este rio que corre para o Mar.


Levo na bagagem a
violência
dos dias vividos em roda
viva
ao sabor da escassez do

tempo;
levo também os lamentos
dos desencontros que a vida
traz
neste caminho de vidas

cruzadas;
mas, levo sobretudo a
beleza
dos encontros e da

amizade,
dos encantos e da alegria,
dos segredos e da
candura,
da musicalidade da vida
sob a abóbada do céu azul ou
estrelado,
ladeado pelo verde que acalenta a
esperança
e mergulhado na vida que repassa
em sorrisos e gestos de ternura.
A meta é o
Mar...
lá espero mergulhar
profundamente,
espraiar toda esta vida
e perder-me silenciosamente
numa entrega oferecida
de quem sente que viveu,

para lá das aparências,


uma vida ao ritmo do
serviço
tudo transformando em
dom

que volta à sua origem.


É este o Murmúrio da minha
alma!

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