Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
FATEC.
Bibliografia: f.85.
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________
Prof. M.Sc.Sérgio Ricardo Borges
_________________________________
Profª. M.Sc. Maria Sueli Ribeiro da Silva
_________________________________
Profª. Maria de Fátima dos Santos
À minha família, por todo apoio, carinho e afeto que me deram no decorrer de minha vida;
Às pessoas que participaram dos testes e das entrevistas: Doraídes, Guilherme e Nei, pelo
A Rosy, Maíra e todos os colegas de minha classe, meus companheiros nesta jornada;
PLATÃO
RESUMO
A exclusão digital é um dos maiores problemas que assolam o país. O fato se agrava mais
quando se trata do acesso de tecnologias voltadas para deficientes visuais. O presente
trabalho consiste em fazer uma análise das ferramentas tecnológicas existentes no mercado
para auxiliar o deficiente visual a interagir com um sistema computacional, assim como
apresentar estas ferramentas de acessibilidade em meio à sociedade para garantir a inclusão
destas pessoas dentro do mundo digital. Estes softwares foram selecionados por meio de
pesquisa bibliográfica e foram submetidos a testes de laboratório com usuários, onde foram
analisados diversos aspectos durante o seu funcionamento, como qualidade, facilidade,
operabilidade, com base no Teste de usabilidade, dentro da Engenharia de Software. A
principal motivação deste projeto se deu pelo fato da grande exclusão digital do deficiente
visual existente no país, dificultando o acesso à informação e aos meios digitais de
aprendizado.
The digital exclusion is one of the largest problems that devastate the country. The fact
becomes worse more when it is the access of technologies returned for deficient visual. The
present work consists of doing an analysis of the existent technological tools in the market
to aid the deficient visual to interact with a computational system, as well as presenting
these accessibility tools amid society to guarantee these people's inclusion inside of the
digital world. These programs were selected through bibliographical research and they were
submitted to laboratory tests with users, where several aspects were analyzed during her
operation, as quality, easiness, operability, with base in the usability test, inside of the
Engineering of Software. The main motivation of this project felt for the fact of the great
digital exclusion of the deficient visual existent in the country, hindering the access the
information and to the digital means of learning.
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................... 15
1.1 A Deficiência.............................................................................................................. 15
1.2 Histórias e Conquistas ................................................................................................ 28
1.3 Definições importantes sobre Tecnologia da Informação .......................................... 39
CAPÍTULO II – METODOLOGIA ................................................................................. 50
2.1 Problema e Hipóteses ................................................................................................. 50
2.2 Objetivos..................................................................................................................... 50
2.3 Tipo de Pesquisa......................................................................................................... 51
2.4 Material e Métodos..................................................................................................... 51
CAPÍTULO III – APLICAÇÃO ....................................................................................... 63
3.1 Sobre a pesquisa ......................................................................................................... 63
3.2 Sobre o perfil dos usuários ......................................................................................... 64
3.3 Sobre os Testes ........................................................................................................... 64
3.4 Apresentação dos Dados............................................................................................. 65
3.5 Discussão dos Resultados........................................................................................... 67
CONCLUSÃO..................................................................................................................... 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 75
ANEXO 1............................................................................................................................. 79
ANEXO 2............................................................................................................................. 82
13
INTRODUÇÃO
1.1 A Deficiência
(1)
O termo deficiência, segundo o Dicionário Aurélio significa “falta, carência,
insuficiência”. Já a deficiência dentro do universo da saúde significa alguma restrição ou
perda, resultante do impedimento físico ou mental, para desenvolver habilidades
consideradas normais para o ser humano. (CONCEITO, 2006)
De acordo com a OMS - Organização Mundial da Saúde - estima–se que existam
cerca de 610 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no mundo, sendo que
aproximadamente 386 milhões destas pessoas participam da população ativa mundial e
80% vivem em países em desenvolvimento. (GIL, 2002)
O último censo do IBGE (apud Gil, 2002), realizado no ano de 2000, revelou que
existem no Brasil cerca de 24,6 milhões de portadores de deficiência, correspondendo a
14,5% da população brasileira. Um número bastante significativo e preocupante pelo fato
de que nem todas estas pessoas possuem acesso à escola e encontram dificuldades na hora
(1)
Cf. FERREIRA, 2004, p.289.
16
de arrumar um emprego. Mesmo com leis que garantam educação e trabalho para os
portadores de deficiência, isto se torna difícil por causa da falta de informação da
população e de condições para que estas pessoas tenham uma vida digna e independente.
Também foi divulgado, neste censo, o percentual de pessoas que possuem algum tipo de
deficiência, apresentando a seguinte distribuição:
• 8,3% possuem deficiência mental;
• 4,1% deficiência física;
• 22,9% deficiência motora;
• 48,1% visual, sendo que, entre 16,5 milhões de deficientes visuais, 159.824 são
incapazes de enxergar;
• 16,7% auditiva, sendo que, entre 5,7 milhões portadores deficiência auditiva,
176.067 não ouvem.
Existem diversos fatores que aumentam os riscos de uma pessoa adquirir uma
deficiência física ou mental. Segundo Gil (2002) e Souza (apud Deficiência Física, 2006),
os principais agentes causadores dessas deficiências são:
• Problemas congênitos e predisposição genética;
• Uso exagerado e drogas lícitas (cigarros, álcool e medicamentos
psiquiátricos) e ilícitas;
• Acidentes no trânsito e no trabalho;
• Violência urbana;
• Falta de saneamento básico e desnutrição;
• Agentes tóxicos, poluição;
• Sedentarismo;
• Doenças como câncer, sífilis, meningite, etc.
Quando uma pessoa que adquire algum tipo de deficiência, começa a enfrentar uma
nova vida, cheia de limitações e preconceitos, um fator agravante que o portador de
deficiência encontra no decorrer de sua vida são os obstáculos que dificultam sua inclusão
em meio à sociedade, como a falta de acesso à informação e adaptações nas vias públicas
para facilitar a sua locomoção.
É importante que mais ações governamentais e privadas sejam feitas para que, não
só as pessoas deficientes sejam amparadas, mas para que as causas sejam combatidas,
17
reduzindo os números alarmantes de pessoas que adquiriam algum tipo de deficiência por
razões externas, como agressões, acidentes de trânsito e violência urbana.
A seguir serão apresentados os diversos tipos de deficiências e suas principais
características.
A deficiência motora pode ocorrer por diversas causas, como lesões cerebrais ou
espinhais, paralisia cerebral, lesões ósseas e/ou musculares graves causadas por doenças
degenerativas ou acidentes, etc.
A dificuldade de se locomover muda completamente a vida doe quem adquire
deficiência motora. O fato de encontrar obstáculos, sejam eles físicos ou sociais, perante a
sua vida, pode causar depressão nas pessoas com dificuldades de locomoção. Por isso, é
necessário não só um apoio clínico, mas também psicológico, moral e ações
governamentais e privadas para uma melhoria da vida do deficiente físico.
A seguir, será apresentada a definição de deficiência mental e quais são os seus
principais tipos.
a) Síndrome de Down:
23. Os indivíduos que nascem com Síndrome de Down, além de apresentarem diversos
graus de deficiência mental, possuem características físicas, como cabeça pequena,
mandíbula proeminente, mãos pequenas e largas e nariz curto e achatado. Este tipo de
deficiência ocorre, na maioria dos casos, em filhos de mulheres acima de 40 anos, porém,
podem ocorrer casos em gestações de mulheres mais novas devido a predisposição
genética. (ENCICLOPÉDIA ILUSTRADA..., 1996).
b) Autismo:
c) Paralisia Cerebral:
Doença que surge a partir de danos no cérebro, que pode ter diversas causas, como:
• Falta de oxigênio antes ou depois do nascimento;
• Traumas durante o parto;
• Hemorragia cerebral;
• Deformações congênitas;
• Doenças como a meningite;
• Convulsões ou coma.
Segundo o artigo Conceito (2006), conhece–se por deficiência auditiva toda perda
parcial ou total das possibilidades auditivas e sonoras, variando em grau e nível na forma
seguinte:
• De 25 a 40 db (decibéis) – surdez leve;
• De 41 a 55 db – surdez moderada;
• De 56 a 70 db – surdez acentuada;
• De 71 a 90 db – surdez severa;
• Acima de 91 db – surdez profunda;
• Anacusia – perda total da audição.
Ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células
ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução
aérea, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células
ciliadas da cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita por meio de métodos especiais de
avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva não tem cura.
21
Ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial
associado à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma (exame de
avaliação de audição) mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis
normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução
aérea.
Segundo Masini e Isaac (apud Deficiência Visual, 2006), a deficiência visual refere
– se “a uma situação irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas
congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ ou cirúrgico e uso de óculos
convencionais.”
A diminuição da resposta visual pode ser leve, moderada, severa, profunda (que
compõem o grupo de visão subnormal ou baixa visão) e ausência total da resposta visual
(cegueira).
22
a) Cegos: têm somente a percepção da luz ou que não têm nenhuma visão, precisam
aprender através do método Braille e de meios de comunicação que não estejam
relacionados com o uso da visão.
b) Portadores de visão parcial: têm limitações da visão à distância, mas são capazes
de ver objetos e materiais quando estão a poucos centímetros ou, no máximo, a meio metro
de distância.
23
a) Catarata congênita:
É uma doença que, na maioria dos casos, é adquirida por herança genética, porém,
há casos onde o uso de medicamentos, desnutrição ou infecção causada pelo vírus da
Rubéola durante a gestação pode ocasionar este tipo de doença. A catarata congênita ocorre
quando as lentes do cristalino existentes no globo ocular se tornam opacas,
impossibilitando o indivíduo de enxergar normalmente. Em alguns casos, este problema
pode ser resolvido com uma cirurgia, mas em casos especiais, ele pode se tornar
irreversível.
b) Nistagmus:
c) Retinopatia:
d) Glaucoma Congênito:
e) Atrofia óptica:
f) Miopia:
causada com alterações no fundo do olho, quando esta deformidade causa estrago ou
deslocamento da retina.
g) Estrabismo:
Normalmente, quando olhamos para alguma coisa, a imagem desse objeto cai
simultaneamente nas fóveas (a fóvea é o centro da mácula). Quando os dois olhos não estão
alinhados, só um está realmente a olhar para o objeto e o outro está a olhar para outra
direção. Dá-se o nome de estrabismo a qualquer desvio de um perfeito alinhamento ocular.
Este desvio pode ser para dentro, para fora, para cima , para baixo ou uma combinação
destes. O estrabismo leva a que cada fóvea receba uma imagem diferente. Assim, diferentes
coisas serão vistas no mesmo lugar, o que provoca "confusão visual" ou vistas a dobrar em
diferentes localizações, o que é chamado "diplopia". As crianças pequenas que usam
sempre o mesmo olho quando olham, enquanto o outro está constantemente numa posição
de desvio, sofrem diminuição de capacidade visual ou ambliopia (diminuição da percepção
visual de um ou dos dois olhos, que geralmente não é diagnosticada por exame
oftalmológico, e tem como seqüela a má formação visual) no olho não usado, que fica
"preguiçoso". Para prevenir o desenvolvimento de desta anomalia visual nas crianças, é-
lhes vendado o olho melhor. O objetivo deste tratamento é permitir o desenvolvimento da
visão normal no olho afetado através do estabelecimento das ligações funcionais entre o
olho e o cérebro.
h) Aniridia:
1.1.5 Surdocegueira
(...) apresenta a perda da audição e visão de tal forma que a combinação das duas
deficiências impossibilita o uso dos sentidos de distância, cria necessidades
especiais de comunicação, causa extrema dificuldade na conquista de metas
educacionais, vocacionais, recreativas, sociais, para acessar informações e
compreender o mundo que o cerca. (2)
(2)
Cf. Informações Básicas sobre Surdocegueira e Múltipla Deficiência,2006.
27
A deficiência múltipla pode ter diversas causas, como uso indevido de medicação,
doenças infecciosas, prematuridade ou mesmo síndromes congênitas. Fatores de risco que
devem ser observados com muita atenção e controlados são:
• Gravidez de risco;
• Falta de saneamento básico;
• Epidemias de doenças como sarampo, meningite e rubéola;
• Infecções hospitalares;
• Doenças sexualmente transmissíveis.
Como todo tipo de deficiência, é necessário que sejam feitos exames clínicos e
laboratoriais para que sejam diagnosticados quais membros do corpo e sentidos foram
afetados, podendo, assim, diagnosticar o tipo de deficiência múltipla que a indivíduo
possui.
Os tipos de deficiência múltipla são:
• Surdez com deficiência mental leve ou severa;
• Surdez com distúrbios neurológicos, de conduta e emocionais.
• Surdez com distúrbios neurológicos, de conduta e emocionais;
• Baixa visão com deficiência mental leve ou severa;
• Baixa visão com distúrbios neurológicos, emocionais e de linguagem e conduta;
• Baixa visão com deficiência física (leve ou severa);
• Cegueira com deficiência física (leve ou severa);
• Cegueira com deficiência mental (leve ou severa);
• Cegueira com distúrbios emocionais, neurológicos, conduta e linguagem.
Neste tópico, foi abordado o conceito de deficiência e seus tipos, assim como suas
principais causas e impactos sobre o individuo que a adquire.
A seguir serão apresentadas as histórias e conquistas dos deficientes físicos.
(3)
Cf. idem, 2006.
28
A história das conquistas dos deficientes físicos foi construída em cima de árduas
lutas contra o preconceito e discriminação das sociedades dos séculos passados. Até nos
dias atuais, a discriminação e o preconceito assombram essas pessoas e, muitas vezes,
fazem com que elas sintam-se inferiores perante as pessoas que se consideram normais.
A discriminação e a falta de apoio por parte do governo e da sociedade nos séculos
passados, faziam com que as pessoas com deficiência fossem totalmente excluídas da
sociedade, sendo obrigadas a mendigar nas ruas para não morrerem de fome, por não serem
consideradas como seres humanos capazes.
Após muito sofrimento e exclusão social, a questão da deficiência acabou ganhando
adeptos pelo mundo com a intenção de acabar com a discriminação existente em meio à
sociedade. Escolas começaram a ser criadas para dar educação às crianças e as pessoas com
deficiência auditiva ou visual.
Muitas conquistas foram possíveis graças à persistência e ao espírito empreendedor
de pessoas que lutaram não só pelos seus direitos, mas também geraram benefícios a várias
pessoas com necessidades especiais e, por isso, são lembrados até hoje. Um destes
exemplos é Louis Braille (1809-1852), criador do Sistema BRAILLE de escrita e leitura
para cegos, o qual será relatada uma breve biografia sua no tópico seguinte.
b) O Sistema Braille:
O Sistema Braille, criado por Louis Braille em 1825, é o método universal e natural
de leitura e escrita para as pessoas cegas. A célula Braille é composta por 6 pontos
agrupados em duas colunas verticais de três pontos cada. Os pontos da 1ª coluna são os
pontos 1, 2 e 3 e os da 2ª coluna são os pontos 4, 5 e 6. Com esta célula básica, cujo
tamanho é perfeitamente abrangível pela área da polpa de um dedo, e reconhecível pelos
milhares de receptores ali localizados, podem-se construir 63 diferentes combinações. Com
estas combinações, facilmente identificáveis pelo tato, podem ser representadas (os) letras,
números, sinais de pontuação, sinais matemáticos, etc.
Uma página Braille típica contém de 26 a 28 linhas e 30 a 32 caracteres por linha.
Hoje em dia, existem livros impressos em Braille para facilitar o acesso dos portadores de
deficiência visual. Também existem livros gravados em fitas ou CDs, onde a pessoa pode
escutar o conteúdo de cada capítulo, mas ainda predominam as obras impressas transcritas
para o Braille. (ALEGRE, 2006)
As figuras abaixo mostram como é a grafia de letras, números e a pontuação em
Braille:
1784, Haüy fundou, na cidade de Paris, a primeira escola destinada à educação dos cegos e
à sua preparação profissional.
Ao ver uma cena chocante na Feira de Santo Ovídio, realizada em Paris, onde um
empresário montara um estrado e apresentava, de forma ridícula e desumana, dez cegos
sendo exibidos como fantoches para uma platéia, Haüy compadeceu – se daquela situação e
teve a idéia de criar um instituto para a instrução de pessoas portadoras de deficiência
visual.
Haüy adaptou o alfabeto tradicional para letras bordadas em alto relevo, para uma
melhor compreensão de seus alunos para a leitura, e fazia uso de letras móveis, (iguais às
usadas em jogos educativos de tabuleiro), para a montagem de palavras ou frases. Também
eram feitas leituras em voz alta para os alunos e estes repetiam as informações passadas
pelos professores. Apesar de seus esforços, seu método possuía algumas falhas que
dificultavam o aprendizado. Estas dificuldades só foram dribladas no ano de 1825, graças a
Louis Braille (1809-1852), responsável pela criação do Sistema Braille, um homem que,
desde a infância, sentiu na pele a vida difícil de quem carrega o fardo do preconceito e da
dificuldade por causa de sua deficiência.
Louis Braille nasceu no dia 4 de janeiro de 1809, na pequena cidade francesa de
Coupvray, pertencente ao distrito de Seine-Marne, situado a 45 km de Paris. Quando tinha
três anos de idade, sofreu um acidente enquanto brincava na oficina de selas e laços de seu
pai, ferindo o olho esquerdo. Devido à infecção, que se alastrou para o olho direito, Louis
Braille perdeu a visão dos dois olhos aos cinco anos de idade. Mesmo vivendo nesta
condição, o jovem Braille demonstrou ser um estudante brilhante e dedicado, conseguindo
uma bolsa de estudos na Instituição Real para Jovens Cegos, a primeira escola para cegos
de Paris, aos 10 anos de idade.
O sistema de ensino da escola onde Louis Braille estudava consistia na leitura de
livros com letras em alto relevo (sistema desenvolvido por Valentin Haüy) – método oficial
de leitura para cegos na época – e na repetição de tudo aquilo de que os professores
falavam. No instituto, Braille demonstrou grande desenvoltura e inteligência, e se tornou
um ótimo pianista.
Com a visita de Capitão da Artilharia de Louis XIII - Charles Barbier de la Serre,
Braille teve a inspiração de criar um sistema de leitura baseado nos códigos escritos em alto
relevo utilizados pelo exército francês, que consistia em um sistema de pontos que
simbolizavam sons e avisos de alerta em noites escuras e dias chuvosos. Braille teve a ajuda
34
de um amigo para aprender o sistema e o adaptou para a leitura para cegos, incluindo letras,
números, símbolos matemáticos e outros tipos de sinais ortográficos e de acentuação, em
uma combinação de 63 símbolos, sendo que o sistema original continha apenas fonemas e
sons.
Mesmo com a relutância dos professores da época, que preferiam o método de Haüy
para alfabetizar os portadores de deficiência visual, o primeiro livro em Braille foi
publicado e, aos poucos, o sistema foi se difundindo em segredo.
Em 1840, o Ministro Francês do Interior tomou a decisão final de que os estudos em
Braille deveriam ser encorajados, mas que eles não estavam prontos para a mudança do
sistema. Só em 1843, quando o Instituto Real para Jovens Cegos foi transferido para um
novo prédio, que o diretor passou a aceitar o sistema de Braille.
Braille tornou-se professor no instituto onde estudara, mas em 1850, terminou por
demitir-se de seu cargo e passou a dar apenas algumas aulas de piano. Um ano depois,
devido a uma forte crise de tuberculose, Braille falece em 1852, sem ver sua invenção
largamente adotada. Em 1952, seu corpo foi transferido a Paris, onde repousa no Panthéon.
(PIMENTEL, 2006)
No Brasil, a educação para cegos teve seu início em 1854, sendo também um ponto
de partida para a difusão do Sistema Braille fora da França. Nesse ano, na Instituição Real
dos Jovens Cegos, foi realizada a primeira impressão de um método de leitura em língua
portuguesa, registrado no Museu Valentin Haüy com o nG 1439.
A necessidade de se ter uma metodologia de ensino voltada para jovens e adultos
cegos no Brasil surgiu quando José Álvares de Azevedo, um jovem cego que retornou ao
35
Brasil depois de ter estudado durante seis anos em Paris, entrou em contato com o senhor
Xavier Sigaud, médico francês que esteve ao serviço da corte imperial brasileira e pai de
uma filha cega, Adélia Sigaud.
Dr.Sigaud apresentou Azevedo ao Imperador D. Pedro II, que ficou admirado ao ver
a força de vontade dos dois, despertando seu interesse para a educação dos cegos no Brasil.
O Dr. Sigaud não só incentivou o ensino para cegos no Brasil, como também foi o primeiro
diretor do Instituto Imperial dos Meninos Cegos, hoje Instituto Benjamin Constant,
inaugurado no Rio de Janeiro em 17 de Setembro de 1854.
Em Portugal, a adoção brasileira do Sistema Braille e a perseverança de Adélia
Sigaud (conhecida em Portugal como Madame Sigaud Couto) e Léon Janet, organista da
Igreja São Luis dos Franceses, também formado no Instituto Real para Jovens Cegos, em
Paris motivaram um grupo de pessoas da sociedade portuguesa a fundar, em 1887, a APEC
(Associação Promotora do Ensino dos Cegos).
Foram fundados mais dois institutos voltados para a educação de cegos em
Portugal: o Instituto de Cegos Branco Rodrigues, em S. João do Estoril, no ano de 1897, e o
Instituto São Manuel, na cidade do Porto, também fundado no mesmo ano.
Além disso, com a colaboração de um habilidoso funcionário da Imprensa Nacional
Portuguesa, foi confeccionada a primeira impressão em Braille, no ano de 1898, de um
número especial do Jornal dos Cegos, comemorando o 4º Centenário do descobrimento do
caminho marítimo para a Índia.
Nos países germânicos (Alemanha, Inglaterra, Bélgica, etc.), apesar de já existirem
impressos em Braille circulando desde 1837, houve muita relutância quanto à adoção do
método Braille para o ensino de cegos, pois muitas correntes pedagógicas se posicionavam
contra o método por acreditarem que isto distanciava os cegos das pessoas com visão
normal.
Este impasse só teve fim com a realização do Congresso Internacional de Paris, em
1878, que acabou com estas diferenças por aprovação da grande maioria, inclinando a
balança para o sistema francês. Entre os participantes, havia representantes da Inglaterra,
França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Suécia, Suíça, Estados Unidos, entre outros
países interessados no assunto.
Os Estados Unidos, por causa de sua desconfiança quanto à eficácia do Sistema
Braille, levou muitos anos para a adoção completa do Braille em suas escolas. Na maior
parte das instituições norte- americanas utilizavam – se dos algarismos romanos juntamente
36
com o New York Point ou Wait System. Neste sistema, o retângulo Braille tinha três pontos
de largura por dois de altura. O acordo apenas surgiu no Congresso de Little Rock, em
1910. (A INVENÇÃO BRAILLE, 2005)
Nos dias atuais, apesar da dificuldade de acesso a informação em países
subdesenvolvidos, o sistema Braille continua sendo o principal meio de ensino de leitura e
escrita para alunos cegos em diversas partes do mundo. Os avanços tecnológicos também
asseguraram a sua disseminação pelo mundo, com a edição de obras literárias em Braille
por meio de gráficas com equipamentos específicos para este tipo de impressão, e
dispositivos eletrônicos construídos especialmente para a escrita e leitura em Braille no
computador, que serão descritos mais para frente deste capítulo.
• 1990 - a Lei nº. 8.112, de 11 de dezembro do mesmo ano dispõe sobre o Regime
Jurídico dos Servidores Públicos, estabeleceu no artigo 5º, § 2º, que seriam
destinadas até 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos aos portadores de
deficiência, abrindo mais oportunidades no mercado de trabalho público para
essas pessoas;
• 1991 - é criada a Lei nº. 8.213, que estabeleceu cotas de contratação para
empresas do setor privado com mais de cem funcionários, dispondo também
sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social;
• 1995 - a Lei nº. 9.045, datada de 19 de Maio do mesmo ano, autorizou o
Ministério da Educação e do Desporto e o Ministério da Cultura a incentivarem a
obrigatoriedade de reprodução, pelas editoras de todo o País, de obras em
caracteres Braille, e a permitir a reprodução, sem fins lucrativos, de obras já
divulgadas, para uso exclusivo de cegos;
• 1999 - é feita a Edição do Decreto 3.298, regulamentando a Lei nº 7.853, fixando
uma Política Nacional para a Integração de Pessoas Portadoras de Deficiência no
mercado de trabalho e na sociedade. Além disso, conceitua o termo deficiência e
define os parâmetros de avaliação da deficiência física, visual, auditiva, mental e
múltipla;
•
2000 - é sancionada a Lei nº. 10.098, que estabelece normas e critérios básicos
para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida;
• 2001 - no dia 12 de fevereiro, é criada a Lei nº.10.182, que isenta os portadores de
deficiência física da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados na
aquisição de veículos nacionais e reduz o valor do imposto cobrado sobre os
automóveis importados adquiridos por essas pessoas.no mesmo ano, no dia 15 de
maio, surgiu a Lei nº10.226, que obriga aos Tribunais Eleitorais a expedir
instruções aos juízes eleitorais para a escolha de locais de fácil acesso para os
portadores de deficiência;
• 2002 - no dia 24 de abril, é criada a Lei nº 10.436, que reconhece a linguagem
brasileira de sinais (LIBRAS) como meio legal de comunicação, assim como
integra este tipo de linguagem ao currículo de educação especial e no treinamento
de profissionais das áreas da saúde e da educação;
39
Após várias conquistas e desafios, ainda há muito que se fazer pelos deficientes
físicos. Muitos órgãos governamentais e do poder judiciário estão acordando agora para a
questão do deficiente, tomando decisões e aprovando leis que deveriam ter sido colocadas
em prática há muito tempo. Em questão ao acesso aos meios informatizados, muito pouco
foi feito para que todos sejam incluídos no universo digital.
Para uma melhor compreensão do objeto pesquisado, serão tratadas, a seguir, as
principais terminologias que irão aparecer no presente trabalho.
(4)
Segundo a definição da Enciclopédia Livre Wikipédia , “ferramenta” é um
utensílio, que pode ser também um dispositivo, um mecanismo físico ou um instrumento
intelectual utilizado por trabalhadores das mais diversas áreas. Uma ferramenta pode ser
resultado ou instrumento de trabalho de um ou diversas áreas do conhecimento
pertencentes a tecnologia.
Quanto à tecnologia, em um sentido mais amplo, segundo (Goldemberg apud
Aguiar, 2006), consiste em um “conjunto de conhecimentos de que uma sociedade dispõe
sobre ciências e artes industriais, incluindo os fenômenos sociais e físicos, e a aplicação
destes princípios à produção de bens e serviços”.
Em outras palavras, “tecnologia” é um termo que envolve diversas áreas de
conhecimento técnico e científico e, as ferramentas, processos e materiais criados e/ou
utilizados a partir de tal conhecimento.
Partindo destas duas definições, constata-se que, desde os primórdios da história, a
tecnologia e as ferramentas utilizadas ou criadas a partir dela são objetos essenciais para a
vida do ser humano, tendo as mais diversas finalidades e usos, facilitando a execução de
tarefas que antes demandavam tempo e esforço árduo.
Graças aos avanços tecnológicos da humanidade, as ferramentas foram evoluindo e
tornando-se mais elaboradas, práticas e eficazes para a relização de tarefas dificeis, até a
criação das ferramentes tecnológicas.
Podem ser considerados como ferramentas tecnológicas todos os recursos
mecânicos, elétricos, eletrônicos e lógicos criados pelo homem para otimizar tarefas de
grande complexidade. Por exemplo, como cortar comprecisão uma chapa metálica ou
receber e processar grande quantidade de informações para realização de uma determinada
instrução.
Um outro exemplo de ferramenta tecnológica muito utilizada na atualidade é o
computador. Ele executa tarefas complexas, que exigiriam grande esforço mental e tempo
para sua relização, em questão de minutos ou segundos. Um computador é qualquer
equipamento ou dispositivo capaz de armazenar e manipular de forma lógica e
(4)
Cf. FERRAMENTA, 2006.
41
a) Hardware
b) Software
Para que o software execute suas funções, é necessário que haja uma entrada de
dados. Compreende-se por dados toda a matéria-prima que forma a informação. Pode-se
encontrá-los em diversas formas: dados alfanuméricos (números e caracteres alfabéticos),
dados em forma de texto (orações e parágrafos utilizados em comunicação escrita), dados
de imagem (formas e cifras gráficas) e dados auditivos, como a voz humana e demais tipos
de sons. Estes dados podem ser armazenados, de forma organizada, em bancos de dados e
bases de conhecimento.
O presente trabalho é voltado aos softwares destinados aos deficientes visuais.
Dessa forma, a seguir serão apresentados os conceitos e aplicações dos sistemas baseados
44
em reconhecimento de voz e síntese de fala, devido ao fato de que boas partes destes
softwares utilizam – se deste tipo de sistema.
relacionadas em seu banco de dados. Isso é necessário para que haja uma melhor interação
entre usuário, software e máquina. Mesmo assim, há uma pequena margem de erro, que
varia de 1% a 5%, até nos softwares mais conceituados do mercado. A interpretação
perfeita da voz humana, sem nenhuma margem de erro, ainda é um grande desafio para os
desenvolvedores de sistemas de reconhecimento de voz.(O’BRIEN, 2006)
A interpretação perfeita da voz humana, sem nenhuma margem de erro, ainda é um
grande desafio para os desenvolvedores de sistemas de reconhecimento de voz.
Do mesmo modo que existem sistemas de reconhecimento de voz, também são
encontrados no mercado os sintetizadores de voz, ou seja, softwares que convertem os
dados armazenados no computador em sons de fácil compreensão para os seres humanos.
Estes sistemas são muito utilizados em terminais de aeroportos ou rodoviários, em bancos,
corretoras de valores e até mesmo em alguns automóveis.
Exemplos do uso comercial da síntese de voz são os menus reproduzidos nos
sistemas de atendimento a clientes, que são ouvidos logo que uma pessoa liga solicitando
uma informação sobre um saldo bancário ou apenas desejando saber qual é o próximo
horário de vôo. Nestes casos, pode haver também a captura de informações faladas pelo
cliente ou digitadas pelo teclado do telefone.
Segundo Capron e Johnson (2004), existem duas abordagens básicas para que um
computador possa sintetizar a fala humana:
a) Síntese pela análise, em que o dispositivo analisa a fala de uma pessoa real, grava
o som falado e o reproduz quando necessário;
Alguns softwares utilizam-se da síntese de fala para facilitar a vida de pessoas com
deficiência visual, com o objetivo tornar mais simples o uso do computador por elas.
A seguir serão descritas as principais tecnologias utilizadas, na atualidade, para
auxiliar na interação entre o usuário portador de deficiência visual e o computador.
f) NoteTaker Braille - dispositivo portátil que permite escrever com teclas Braille,
ouvir e/ou ler o que se escreveu, armazenar informação, descarregar a informação
para o computador e ser ligado a uma impressora a tinta ou Braille para imprimir
o que se deseja. Ligado ao computador, pode ser usado como sistema de saída de
voz ou de Braille, caso seja um NoteTaker equipado com voz ou com um terminal
Braille ou com ambas as possibilidades. Pode ter calculadora, relógio, etc. O
48
CAPÍTULO II – METODOLOGIA
2.2 Objetivos
Para a relização da pesquisa deste projeto serão utilizadas dois tipos de abordagens:
testes de campo realizado em laboratório com usuários portadores de diferentes graus de
deficiência visual; e entrevista, onde todas as informações foram anotadas em um
questionário de avaliação,cujo modelo está, em anexo, no presente trabalho. (Anexo 2)
52
Para a realização dos testes, foi utilizado o laboratório da Fatec de São José do Rio
Preto, onde, em três computadores, foram instalados os softwares utlizados para os testes.
Foram convidados usuários, que executaram tarefas simples no computador como digitar
um texto, acessar a Internet, abrir ou fechar um arquivo, calcular, dentre outras rotinas
comuns.
Todos estes procedimentos foram elaborados com base no teste de usabilidade, que
avalia a qualidade da interface homem-máquina existente dentro de um software por meio
da “verfificação e homologação individual do uso por um conjunto de usuários”. (INDG,
2006)
Durante os testes, serão avaliados:
• O grau de sonoridade das vozes sintetizadas oferecidas pelos softwares;
• Facilidade de compreensão das palavral lidas pelo software;
• Suporte para outros idiomas;
• Facilidade e operabilidade;
• Familiaridade como software;
• Qualidade dos recursos oferecidos pelos softwares;
• Interface com o usuário (se o ambiente oferecido pelo software é amigável ou não
para o usuário);
• Resolução de ampliação (se ela ajuda ou atrapalha a visualização dos componentes
dos demais aplicativos presentes no sistema);
• Quais softwares oferecem mais recursos e funcionalidades;
• Quais já são conhecidos pelo usuário;
• Quais obteram melhor desempenho;
• Quais obteram pior desempenho;
• Quais são os mais acessíveis para o usuário (avaliando principalmente as questões
financeiras e de disponibilidade do software pelo fabricante).
• Leitores de telas:
– DOSVOX;
– Jaws;
• Navegadores (browsers):
– AudioBrowser;
– IBM Home Page Reader(também com a função de leitura de
telas para os demais aplicativos).
• Ampliadores de Telas
– Lente de Aumento do Windows (somente ampliação);
– Lunar Plus( conjuga as funções de leitura e ampliação);
– Supernova. (conjuga as funções de leitura e ampliação);
– MAGIC (conjuga as funções de leitura e ampliação).
a) O DOSVOX
b) O JAWS
(5)
Cf. JAWS FOR WINDOWS, 2006.
(6)
Cf. ADEVIPAR, 2006.
57
Segundo Sonza e Santarosa (2003), o JAWS ainda precisa amadurecer muito no que
se refere à tradução na língua portuguesa. No entanto, ele vem demonstrando ser um leitor
de telas com mais recursos do que os existentes no mercado, como compatibilidade com
versões de aplicativos como o Acrobat Reader® eo Winap®, por exemplo.
Uma outra desvantagem que o JAWS apresenta é em relação ao preço. O software
comercial custa em média cerca de R$ 4.770,00, o que dificulta sua aquisição para pessoas
cegas com baixo poder aquisitivo. Porém, no site da Freedom Scientifc, o usuário pode
fazer um download das versões demo, optando por usar a versão grátis de 40 minutos para
teste ou, por um baixo custo, adquirir a versão demo para uso durante 60 dias.
c) O MAGIC
(1)
(2)
e) O Supernova
O IBM Home Page Reader ® é um software oferecido pela empresa IBM ® para
auxiliar pessoas com deficiência visual no acesso ao conteúdo das páginas de Internet. Sua
principal função é ler, por meio de um sintetizador de voz, as informações presentes na
página acessada pelo usuário.
O IBM Home Page Reader oferece suporte a sete idiomas, incluindo o português do
Brasil. Também oferece distinção entre o idioma inglês de origem britânica e o de origem
norte-americana. O usuário pode alterar a velocidade de leitura e o tipo da voz (masculina,
feminina e infantil) quando desejado. Para diferenciar o texto normal do que aparece na
página dos links de hipertexto, que direcionam o usuário para outras páginas quando
clicados, o programa emprega duas vozes diferentes: uma feminina e outra masculina.
60
g) Audiobrowser
i) O Lunar Plus
(7)
O Lunar Plus®, da Dolphin Access Computer , é um programa de ampliação de
telas, compatível com as versões do Windows 9x, ME, NT, 2000 e XP. Possui fácil
instalação e configuração, com suporte de voz para o usuário seguir as tarefas de instalação.
A capacidade de ampliação de imagem do Lunar Plus é 16 vezes em qualquer
aplicação do Windows. O Lunar pode utilizar todas as funcionalidades do Windows,
(7)
Cf. LUNAR PLUS, 2006.
62
Foi solicitado a cada usuário que digitasse trechos de um texto, salvar o mesmo em
uma pasta e ler as informações contidas nas telas do editor. Também foi pedido que cada
64
usuário visitasse uma página qualquer da Internet e ler o conteúdo por meio dos leitores de
telas.Também foi pedido que os voluntários abrissem outros aplicativos para leitura, como
o Adobe Reader.
Cinco pessoas foram convidadas para os testes, porém, apenas três voluntários
participaram dos testes, sendo que um deles foi indicado por uma pessoa da faculdade.
Quanto ao perfil de cada usuário, todos são freqüentadores do Instituto Riopretense
dos Cegos Trabalhadores, sendo:
a) Uma mulher com perda total de visão, com ensino superior, casada e aposentada;
b) Um estudante de 17 anos, esportista, com perda total de visão;
c) Um músico, com perda parcial de visão.
Durante os testes, os programas foram analisados por meio de uma lista de critérios,
com base nas funcionalidades de cada um, para diversos fins. Estes critérios foram
escolhidos tendo como referência as atividades de rotina realizadas pelos usuários, durante
o dia a dia, como ler e digitar textos, por exemplo.
Os critérios analisados durante a pesquisa foram:
Foram escolhidas, para esta avaliação, perguntas de opinião pessoal, para fins de
comparação entre os softwares. Estas perguntas foram escolhidas com base no nível de
familiarização dos voluntários com os programas estudados, bem como suas opiniões sobre
cada um deles.
Com base nos itens acima mencionados, o usuário teria que dar notas para cada uma
das questões, seguindo um critério de pontuação definido com os valores: 0 – não possui, 1
– ruim, 2 - regular, 3 – bom e 4 – ótimo. As questões com opções sim/não foram
consideradas com valor 1, quando afirmativo, e valor 0, quando negativo ou falta de
manifestação do usuário em relação ao software.
Quanto às opiniões do usuário que, em sua grande maioria, eram abertas e
dissertativas, tinham como principal objetivo coletar sugestões, críticas e elogios para fins
de comparação entre os softwares estudados.
A seguir, serão apresentados os resultados obtidos nos testes realizados no
laboratório e a discussão do que foi analisado.
Após os testes realizados no laboratório, foi realizada uma entrevista com cada um
dos usuários, em que foram anotados o grau de satisfação do usuário e as opiniões
referentes a cada software. Os valores das questões 1 e 3 (a questão dois não foi
66
considerada na avaliação por causa da falta de usuários que pudessem utilizar os recursos
de ampliação de alguns dos softwares) foram calculados e, a partir da soma dos resultados,
foi obtida uma média geral para cada software, para fins de comparação do desempenho de
cada um.
Avaliação Geral dos Softwares
Média Geral de
Softwares Questão 1 Questão 3 Total cada software
DOSVOX 52 13 65 32,5
JAWS 55 16 75 35,5
IBM Home Page 38 8 46 23
Reader
MAGIC 36 8 44 22
Audiobrowser 20 0 20 10
Lunar Plus 20 0 20 10
Supernova 17 0 17 8,5
Tabela 3.1 – Avaliação Geral dos Softwares
Fonte: Elaboração da autora deste trabalho, 2006.
O gráfico abaixo ilustra as médias finais alcançadas pelas ferramentas, com base nas
respostas fornecidas pelos usuários, para fins de comparação.
40
35 DOSVOX
30 JAWS
25 Supernova
Média
Dos resultados obtidos nos testes, observando cada item avaliado e as opiniões dos
envolvidos nos testes, pode – se notar que foram apresentadas diversas opiniões dos
usuários, que serão apresentadas na seqüência:
a) JAWS
- Facilidade de uso;
- Ótima ferramenta para ser usada dia-a-dia.
b) DOSVOX
O navegador web IBM Home Page Reader ocupou o terceiro lugar na pesquisa, com
23 pontos de média.
As principais potencialidades apontadas pelos usuários durante os testes foram:
- Nível de compreensão das palavras lidas;
- Auxílio na localização de componentes dentro de uma página Web.
Como fragilidades, a principal crítica feita pelos usuários foi em relação à qualidade
da voz, que dificulta a leitura dos textos contidos nas páginas de Internet. Quanto às
sugestões de melhorias, nenhum dos convidados se manifestou sobre a questão.
d) MAGIC
O software para leitura e ampliação MAGIC ficou em quarto lugar, com 22 pontos
na média.
Como potencialidades, segundo as opiniões dos usuários, foram apontadas:
- Bom nível de compreensão das palavras por parte dos usuários;
- Qualidade da sonoridade da voz emitida pelo sintetizador;
- Fácil compreensão do que é lido pelo programa;
e) Audiobrowser
f) Lunar Plus
Por causa do alto grau de deficiência visual apresentada pelos usuários, não foi
possível testar as funções de ampliação do software, ficando para futuras avaliações. Os
usuários não apresentaram sugestões de melhorias para o Lunar Plus.
g) Supernova
Na última posição, em sétimo lugar, ficou o Supernova, que obteve uma média de
8,5 pontos. O software se apresentou regular em todos os quesitos, sendo de difícil
operação para o usuário. Vale lembrar que não foram testadas suas funções de ampliação
devido a restrições dos usuários, pois estes possuíam níveis altos de deficiência visual.
Porém, em uma outra avaliação futura, seria aconselhável explorar mais essa
funcionalidade do software.
71
Apesar das limitações dos usuários, estes se saíram bem na avaliação, opinando
sobre diversos aspectos sobre cada item dos softwares. Infelizmente, por causa da falta de
dois voluntários que não puderam comparecer por motivos maiores aos testes, o Lente de
aumento do Windows e algumas funcionalidades dos demais softwares não puderam ser
avaliadas, ficando para projetos futuros uma maior investigação das mesmas. Por isso,
cada resultado apresentado neste trabalho deve ser observado com atenção, para fins de
futuras comparações.
Com base em todas as informações apresentadas e discutidas neste tópico, bem
como a observação dos softwares desde sua instalação até os testes, obtém – se o quadro
comparativo, como mostra a tabela a seguir:
Qualidade do S B B B R R R
Sintetizador
Facilidade de S S B R B B R
Navegação
Facilidade de S R B R R B R
Localização de Ícones
Facilidade de Uso da B S S B B I I
Internet
Facilidade na B S B B R R I
digitação e leitura
Quantidade recursos B S R R R R R
Compatibilidade com S R R R R R R
outros aplicativos
Interface amigável B B B B R R R
Familiarida S S B I I I I
de com o software
Material de apoio S S B B I R R
(manual, arquivo de
ajuda, etc.)
Site da S B S B R B B
empresa/instituição
que distribui o
software
72
Leitura de arquivos R R R R R R R
gráficos (como
figuras, por exemplo)
Instalação com apoio S R S B R B B
de voz
Independência B B R R R R R
proporcionada pelo
seu uso
Legenda:
S – Satisfatória
B – Boa
R – Regular
I – Insatisfatória
CONCLUSÃO
Para que sejam explorados mais recursos dos softwares, aconselha-se que sejam
realizados maiores estudos e avaliações de todas as funcionalidades existentes em cada um,
bem como sua utilização em ocasiões mais específicas , como em meios profissionais.
75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, Renato. O que as empresas podem fazer pela inclusão digital. 1. ed. São Paulo:
Instituto Ethos, 2004. Disponível em: <http://www.uniethos.com.br/Desktop.
aspx?TabID=3700&Alias=Uniethos&Lang=pt-BR>.Acesso em: 10 out. 2006.
GIL, Marta et al. O que as empresas podem fazer pela Inclusão das Pessoas com
deficiência. 1.ed. São Paulo: Instituto Ethos, 2002.Disponível em:
<http://www.fiesp.com.br/download/responsabilidade_social/MnPortDeficiencia.pdf>.Aces
so em: 13 março 2006.
ANEXO 1
Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e
D E C R E T A:
CAPÍTULO I
conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e
Art. 2 - Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de
deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao
decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado
tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de
novos tratamentos; e
III - incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com
necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora
Art. 4 - É considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:
72
II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando
b) de 41 a 55 db - surdez moderada;
c) de 56 a 70 db - surdez acentuada;
d) de 71 a 90 db - surdez severa;
f) anacusia;
III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a
melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de
ambas as situações;
manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
d) utilização da comunidade;
e) saúde e segurança;
f) habilidades acadêmicas;
g) lazer; e
h) trabalho;
81
ANEXO 2
Software:__________________________
Facilidade de ampliação
das janelas
3.Quanto aos recursos Sim Não
oferecidos pelo
software:
Atende a suas
necessidades:
Facilita a operação do
computador:
Ajudou no
aprimoramento de seus
conhecimentos em
informática
Permite uma maior
independência na
operação do computador:
83
4. Dos softwares apresentados no teste, qual ou quais você teve contato pela primeira vez:
a) DOSVOX
b) LUNAR PLUS
c) SUPERNOVA
d) JAWS
e) MAGIC
f) LENTE DE AUMENTO DO WINDOWS
g) IBM HOME PAGE READER
h) AUDIOBROWSER
5. Dos softwares apresentados no teste, qual (is) você já teve contato ou ouviu falar:
a) DOSVOX.
b) LUNAR PLUS
c) SUPERNOVA
d) JAWS
e) MAGIC
f) LENTE DE AUMENTO DO WINDOWS
g) IBM HOME PAGE READER
h) AUDIOBROWSER
a) DOSVOX.:
b) LUNAR PLUS:
c) SUPERNOVA:
d) JAWS:
84
e) MAGIC:
h) AUDIOBROWSER:
a) DOSVOX.:
b) LUNAR PLUS:
c) SUPERNOVA:
d) JAWS:
e) MAGIC:
h) AUDIOBROWSER:
5.Quais melhorias você sugeriria para serem feitas no programas analisados nesta pesquisa:
a) DOSVOX.:
b) LUNAR PLUS:
c) SUPERNOVA:
d) JAWS:
e) MAGIC:
h) AUDIOBROWSER: