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VINHETAS DE TELEVISÃO
Rogério Abreu
Resumo:
Neste artigo discorremos acerca da idéia das janelas, que constam na maioria das
artes da imagem - como a fotografia, pintura, desenho e outras manifestações
imagéticas, e que acaba, não só fragmentando, como também delimitando nossa
visão. Assim como no vídeo, o processo é análogo, e as imagens videográficas ou
design na televisão, que têm maiores possibilidades de explorar estes recursos
pictóricos, aparecem nas vinhetas de abertura de programas na televisão.
Abstract:
In this article we not only discourse concerning the idea of the windows, that
consist in the majority of the arts of the image - as the photograph, painting,
drawing and other images manifestations, and that it finishes, breaking up, as also
delimiting our vision. As well as in the video, the process is analogous, and the
videographics images or design in the television, that have more possibilities to
explore these resources pictorial, appear in the vignettes of opening of programs in
the television.
Introdução
Segundo Barthes no livro A Câmara Clara, a fotografia pode ser objeto de três
práticas: fazer - fotógrafo/ operator; suportar - spectrum/ espetáculo/ espectro -
olhar - spectator. "Diante da objetiva sou ao mesmo tempo: aquele que me julgo,
aquele que eu gostaria que me julgassem, aquele que o fotógrafo me julga e
aquele de que ele se serve para exibir sua arte." (p. 27). Partindo dessa
afirmação, dentro do campo da fotografia, procuramos no presente texto relacionar
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Destacamos a idéia das janelas, que constam na maioria das artes da imagem -
como a fotografia, pinturas, desenhos e outros, e que acaba, não só
fragmentando, como também delimitando nossa visão. Esta delimitação é o
chamado campo, que é a imagem propriamente dita, e o fora de campo. Barthes
aponta esses elementos como respectivamente, studium e punctun, este último
podendo ser uma imagem que não se pode constatar visualmente, mas que é
complementada pelo imaginário ou repertório do observador. Essa ocorrência de
campo/fora de campo, que aparece na fotografia e na linguagem televisual, já foi
há mais de um século, explorada por pintores impressionistas, entre eles Degas e
Toulouse Lautrec. Sua técnica consistia em fazer uso da imagem fotográfica para
reproduzir, na pintura, o instante do movimento. Essa maneira de captar a
imagem de forma inusitada, muito explorada pela arte fotográfica, acabou também
por influenciar o cinema na exploração da perspectiva ou na composição da cena
e, mais especificamente, na utilização das cores. Apesar de Barthes ter decretado
que gostava da foto contra o cinema, do qual, todavia, não chegava a separá-la.
A produção dos pintores impressionistas confere aos corpos das bailarinas uma
mobilidade que se multiplica como em facetas plenas de vida e de sonho, numa
celebração da agilidade e da espontaneidade do jogo plástico, bastante
semelhante às propostas das vinhetas de abertura de novelas e de programas na
Televisão
(...) para que se possa tirar dele todas as conseqüências é preciso que as
pessoas que o praticam se mostrem dispostas a colocar entre parênteses
os esquemas adquiridos e se ponham a explorá-lo com sensibilidade
renovada e decisão crítica. É essa e apenas essa a geração de
realizadores que nos deve interessar. (MACHADO, 1987 : 41)
Acerca do surgimento da vinheta na Idade Antiga, Aznar (1997: 20) deixa evidente
que, através da oralidade como forma da videira, a vinheta era utilizada para
expressar todo o simbolismo do Antigo Testamento, considerada um dos bens
mais preciosos do homem primitivo, que tendenciava naturalmente para uma visão
simbólico-alegórica do universo. Na antiguidade a vinheta era oral, sagrada e
simbólica.
Imagem extraída da Coleção Abril Cultural – A Bíblia, vl, p.33. Anônimo (Séc. XV)
A iluminura descrita por Aznar (1997: 28), foi durante a Idade Média uma
expressão gráfica do texto sagrado; contribuiu na difusão das escrituras sagradas
como traço entre homens unidos pela mesma crença e separados pela distância,
com o objetivo de chamar a atenção do leitor para o conteúdo do texto sagrado.
Tais representações visuais alegóricas, que ornamentavam as iluminuras, eram
vinhetas.
Uma curiosidade nesta época é a distinção entre vinheta e ilustração. Aznar (1997:
32) diz que ao desenhar uma vinheta, o vinhetista está realizando uma ação
gráfica que não se caracteriza em ato ilustrado. Portanto está realizando uma
ação gráfica decorativa (ornare). Desse modo, vinheta exerce uma função
decorativa, estando indiretamente ligada ao texto, ao passo que a ilustração está
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Nas artes gráficas, chama-se vinheta, por extensão, a todo motivo ornamental ou
figurado, cada um lembrando estilos como bizantino, gótico, barroco, rococó etc,
conforme pode ser observado na imagem abaixo
Imagem extraída da Coleção Artes no Brasil,v.1, p.434 – Pintura de Manuel da Costa Ataíde. São
Simão Stock com Nossa Senhora do Carmo. Museu da Inconfidência, Ouro.
Para Aznar (1997: 33), a vinheta vai ser uma das primeiras manifestações da
programação visual, que, tendo suas raízes nas iluminuras, mostra que uma forma
estilística é o reflexo de outras formas anteriores de arte já utilizadas.
O Satânico Dr. No” e Robert Freeman para “Os reis do iê-iê-iê”e “Socorro!”.
(Arlindo Machado, 1988:201).
Décio Pignatari (1984:14) afirma que nos anos 50, particularmente no cinema
americano, o espírito inovador nessa área começou a ser observado já que a
forma rotineira costumava irritar o público.
A natureza eletrônica da televisão por si só a aproximava de tendências
avançadas das artes gráficas contemporâneas, que pesquisavam a sintetizarão de
imagens no vídeo. Com o passar do tempo foram se transformando e adaptando
todos os materiais encontrados, procurando novas formas de expressar tal mundo
mágico e sedutor.
Assim vinhetas são fantasias visuais que estão presentes no vídeo, levando aos
telespectadores emoção, ação e criações artísticas, e na busca de compreender a
trajetória da vinheta na TV, começamos com a inauguração da PRF-3 TV Difusora,
mais tarde a TV Tupi de São Paulo, em 18 de setembro de 1950.
Como pode ser observado na imagem abaixo, Mário Fanucchi foi o criador das
primeiras vinhetas sem animação (Aznar, 1997:53). Trata-se de um momento
histórico para a cultura brasileira, sendo tais vinhetas de grande importância não
só como documento para a história do design na televisão, mas também para
conhecimento das novas gerações.
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Vinhetas criadas por Mário Fanucchi TV Tupi 1950– Arquivo prof. Mário Fanucchi
A vinheta e o repertório
John Berger (1999: 10) afirma que a maneira como vemos as coisas é afetada
pelo que sabemos ou pelo que acreditamos. Apresenta o olhar como um ato de
escolha e o resultado dessa escolha e aquilo que vemos é traduzido para o âmbito
do nosso alcance. Dessa forma o entendimento de uma vinheta, considerando ser
uma imagem ou conjunto de imagens, não é o mesmo para todas a pessoas, seu
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significado está aliado ao repertório, ao modo de ver do seu receptor. Como diz
Roland Barthes, “A minha fenomenologia aceitava comprometer-se com uma
força, o afeto. O afeto era o que eu não queria reduzir. ” “Como espectator, eu só
me interessava pela fotografia por sentimento, eu queria aprofundá-la, não como
uma questão (um tema), mas como uma ferida. Vejo, sinto, portanto noto, olho e
penso. ”
Para Décio Pignatari (1971: 83) estamos no terceiro nível da linguagem que é
aquele que diz respeito ao repertório do receptor da imagem. E que o repertório
não varia por acaso, a modos de ver de pessoas para pessoa; ele depende da
vivência e da cultura de cada um, e a cultura depende da faixa sócio-econômica
em que se situa o receptor.
Portanto, para o entendimento de uma forma, é necessário que ela faça parte do
repertório de cada indivíduo, e dessa forma nos remete a outra mais abstrata,
através da analogia, da metáfora e da alegoria que ela expressa no vídeo, sendo
então compreendida e decodificada pelo receptor. As viagens de Barthes ao
imaginário fotográfico é a forma adotada para comunicar o conteúdo da imagem,
assim é a vinheta ao telespectador, pois tais viagens estão ligadas à ação e
emoção que despertam no indivíduo.
Considerações finais
Diz Peixoto: “Todos esses movimentos têm seu espaço no vídeo, na imagem
eletrônica. O vídeo assimila todas as outras imagens, permite a passagem entre
os suportes, a transição entre pintura, fotografia e cinema.” (PEIXOTO apud.
PARENTE, 1996 : 243) Completando a assertiva acima poderíamos dizer que a
referida transição envolve também a linguagem poética, hoje assimilada pelo
vídeo e pelos sites na Internet, como por exemplo, na poesia multimídia, que
integra palavras em movimento aos gestos, imagens, sons, cores e ritmos, num
processo intersemiótico de efeitos surpreendentes.
Esses textos poéticos em novos suportes – os clipoemas - falam simultaneamente
com diferentes sistemas de signos digitais e analógicos, tal como as vinhetas
televisivas. Para apreciá-los artisticamente, o importante é perceber seus
mecanismos expressivos ou suas estratégias discursivas, no entre-lugar das
imagens da cibercultura, com suas múltiplas identidades que redimensionam os
conceitos estéticos.
Referencias bibliográficas
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AZNAR, Sidney Carlos. Vinheta: do Pergaminho ao Vídeo. São Paulo: Arete &
Ciência/ UNIMAR, 1997.
BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980
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Antunes. Anais do XV Encontro Nacional da ANPOLL. Niterói: UFF, 2.000. (CD-
Rom)
_____. O papel mediador da atividade poética entre a Arte e a Tecnologia. Anais
do Seminário XIV Nacional da ANPOLL. Campinas: Ed. UNICAMP, 1998 (CD-
Rom)
MACHADO, Arlindo. Máquina e imaginário. O desafio das poéticas
tecnológicas. São Paulo: EDUSP, 2001.
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PARENTE, André. Org. Imagem-máquina. A era das tecnologias do virtual. Rio
de Janeiro: Ed. 34, 1993.
(PEIXOTO apud PARENTE 1993: 246- 247).
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_____. Informação. Linguagem. Comunicação. São Paulo : Perspectiva, 1971.