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Celeste Duque

2004-2005
Margaret Mahler:
Nascimento Psicológico do Ser humano

• Nascimento Psicológico do Ser


humano
– O momento do nascimento biológico de recém-
nascido e o momento do nascimento psicológico do
indivíduo não coincidem.
– O primeiro é um acontecimento dramático, observável
e bem circunscrito.
– O segundo é um processo intrapsíquico que se
desenvolve lentamente.
Nascimento Psicológico do Ser humano
[cont.]

• Para o ser humano adulto, a experiência de


si como um ser ao mesmo tempo em relação
e bem separado do ‘mundo exterior’ é
natural e um dom inato:
– ele oscila facilmente e com ritmos diferenciados entre
a consciência de si e
– a receptividade sem tomada de consciência de si.
• Este é um processo que se desenvolve
lentamente.
Nascimento Psicológico do Ser humano
[cont.]

• Ao nascimento psicológico do
indivíduo designamos por processo de
separação-individuação.
• Este processo, face a um mundo de
realidade, é a aquisição do sentimento,
em simultâneo, de
– estar separado e
– em relação.
Processo de Separação-Individuação

• Separado e em relação sobretudo no que diz


respeito ao seu próprio corpo e ao objecto de
amor primário
– principal representante do universo.
• Como todos os processos intrapsíquicos,
possui repercussões ao longo de toda a vida:
– não tem fim e está sempre activo.
• Processa-se entre o 4º-5º mês e vai até ao 35º-
36º mês de vida.
Processo de Separação-Individuação [cont.]

• Desde o início, a criança forma-se e


desenvolve-se na matriz da unidade mãe-
bebé.
• A capacidade de adaptação da criança e a sua
necessidade de adaptação (para obter
satisfação) ultrapassam largamente as
capacidades da mãe.
• A personalidade da mãe está finalizada e
muitas vezes é rígida.
Processo de Separação-Individuação
[cont.]

• O bebé modula-se em harmonia e em contraponto à


maneira e ao estilo da mãe
– quer ela represente um objecto são ou patológico.
• A tensão, a angústia traumática, a fome biológica, o
aparelho do ego e a homeostasia são conceitos
quase biológicos, pertinentes nos primeiros meses, e
percursores, respectivamente,
– da angústia de conteúdo psicológico,
– do sinal de angústia,
– das pulsões orais,
– das funções do ego e
– dos mecanismos de regulação interna.
Processo de Separação-Individuação [cont.]

• A teoria de Margaret Mahler coloca a tónica


na adaptação.
– As exigências de adaptação encontram no bebé uma
capacidade
• de se deixar modelar pelo ambiente,
• em conformar-se ao seu ambiente,
– que já se encontra presente na primeira infância.
Processo de Separação-Individuação [cont.]

• O trabalho desenvolvido por Margaret


Mahler trata essencialmente:
• Da realização cognitivo-afectiva da consciência de ser
separado
• necessária a uma verdadeira relação de objecto;
• Do papel dos aparelhos do ego
• motilidade, memória e percepção, p.e.; e
• de funções do ego mais complexas
• a prova da realidade, p.e.
• no acesso a um tal consciente.
Processo de Separação-Individuação [cont.]

• Os principais conceitos nesta teoria da


separação-individuação são:
– Separação – realização intrapsíquica de um
sentimento de estar separado da mãe
• universo;
– Identidade – primeira consciência de um
sentimento de ser, de entidade
• energia libidinal dirigida para o corpo.
Fases do Processo de
Separação-Individuação

– Fases anteriores ao processo


• autismo normal
• narcisismo primário da fase simbiótica nascente
• simbiose normal
• 1ª Subfase: diferenciação e desenvolvimento do
esquema corporal
• 2ª Subfase: ensaios
• 3ª Subfase: reaproximação
• 4ª Subfase: consolidação da individualidade
Fases Anteriores ao Processo de
Separação-Individuação

• Antes da evolução para a simbiose, o bebé dorme


mais tempo do que aquele em que está de vigília.
• Na fase autística normal, há uma ausência relativa
de investimento dos estímulos exteriores
– não há, p.e., percepção à distância:
• Há uma barreira de protecção contra os estímulos - o bebé não
responde aos estímulos exteriores.
• Predominam os fenómenos fisiológicos sobre os psicológicos:
– o bebé acorda quando está com fome ou outras tensões o levam a gritar, para
cair novamente no sono quando está saciado
Autismo normal

• As primeiras semanas são designadas por


autismo normal:
– são os cuidados maternais que fazem com que o bebé
efectue gradualmente a passagem
• de uma tendência inata à regressão vegetativa
• para uma consciência sensorial acrescida do meio envolvente e
• um melhor contacto com ele
– há um deslocamento da libido desde o interior do corpo para a sua periferia.
Narcisismo primário

•Ao autismo segue-se a etapa em que o bebé fica consciente de


que não pode satisfazer as suas próprias necessidades.
•A satisfação vem de alguma parte exterior a si:
– narcisismo primário da fase simbiótica nascente.
• O objectivo do bebé é a homeostasia:
– o bebé não consegue isolar os efeitos dos cuidados maternos
» que lhe reduz a fome,
– diferenciando-os dos seus esforços para reduzir a tensão pelos seus próprios
meios
» chorar, tossir, arrotar, vomitar
– na tentativa de se desfazer de uma tensão desagradável.
•Inicia-se a diferenciação entre experiências boas/agradáveis e
experiências más/dolorosas.
Simbiose normal

• Uma consciência difusa do objecto de satisfação das


necessidades (2º mês) marca o início da fase de simbiose
normal, na qual o bebé se comporta e funciona como se ele
e a sua mãe formassem um sistema omnipotente:
– uma unidade dual no interior de um só limite.
• É neste momento que começam a existir falhas na barreira
quase sólida de protecção contra os estímulos:
– forma-se um pára-excitações, pois há um investimento na periferia
sensório-perceptiva.
Simbiose

• Mas a simbiose é diferente para os dois parceiros:


– a necessidade que o bebé tem da sua mãe é absoluta,
– a necessidade que a mãe tem do seu bebé é relativa.
• O termo simbiose é uma metáfora:
– descreve um estado de indiferenciação, de fusão com a mãe, no
qual o “eu” não se diferencia do “não eu”, onde o dentro e o
fora só vêm gradualmente a ser sentidos como diferentes.
Simbiose [cont]

• Toda a percepção desagradável (interna ou externa) é


projectada para lá do limite comum do meio interior
simbiótico:
– a esfera simbiótica substitui a barreira inata de protecção contra os estímulos
e protege o ego rudimentar de todo a tensão prematura e não-adaptada.
• A fusão somato-psíquica omnipotente da simbiose é
alucinatória, pois resulta na ideia delirante de um limite
comum entre dois indivíduos fisicamente separados.
Simbiose [cont]

• É a este mecanismo que regride o ego nos casos mais


graves de individuação e de desorganização psicótica
– psicose simbiótica da criação.

• A necessidade dos cuidados dos adultos por parte dos


bebés humanos faz com que este esteja dependente
fisiologicamente e psicologicamente da mãe, e
– é no seio desta dependência que opera a diferenciação
estrutural fundamental para o desenvolvimento do ego no seu
conjunto de funções.
Estádios de não-indiferenciação

• O autismo normal e a simbiose normal são os


dois primeiros estádios de não indiferenciação,
– O primeiro é an-objectal,
– O segundo pré-objectal.
• Ambos surgem antes que se produzam a
separação e a individuação e a emergência do
ego rudimentar como estrutura funcional.
Núcleo do Eu

• Os cuidados maternos e o jogo com o bebé


– segurá-lo, apoiá-lo, pegar ao colo, sustentá-lo, limpá-lo...
• são essenciais para a demarcação do eu corporal no
interior da matriz simbiótica
– esquema corporal.
– As sensações internas do bebé constituem o núcleo do eu.
• O órgão sensório-perceptivo contribui para delimitar o
eu do mundo objectal.
Subfases do Processo
de separação-individuação

• 1ª Subfase: diferenciação e desenvolvimento do


esquema corporal
– Por altura do 4º ou 5º mês, no momento culminante da
simbiose, os fenómenos do comportamento parecem indicar o
começo da primeira subfase da separação-individuação, isto é,
a diferenciação.
• Ao longo dos meses de simbiose, o bebé familiarizou-se
com a metade materna do seu eu simbiótico,
– tal como indica o sorriso não específico e social.
– Esse sorriso torna-se gradualmente o suporte específico
preferencial ao sorriso da mãe, sinal decisivo que um laço
específico se estabeleceu entre o bebé e a mãe.
1ª Subfase: Diferenciação
e desenvolvimento do Esquema corporal

• As percepções interiores são mais fundamentais e


elementares que as percepções exteriores.
– As percepções são respostas do corpo a si mesmo e aos órgãos
internos, os estados de troca entre a tensão e a relaxação parecem
constituir uma espécie de núcleo de uma consciência difusão do
corpo.
• Os padrões do que constitui o núcleo não são acessíveis
através da observação, mas estes permite estudar os
comportamentos que servem para a demarcação do eu e
do outro:
– a capacidade de distinguir os objectos desenvolve-se mais
rapidamente que a capacidade de distinguir entre o “eu” e os
objectos.
1ª Subfase: Diferenciação
e desenvolvimento do Esquema corporal [cont]

• Podemos ver o bebé moldar-se ao corpo da mãe ou


distanciando-se dele.
– Sentir o seu corpo e o da mãe e manipular os objectos
transicionais.
• Tocar e mexer são importantes no processo de formação dos
limites.
• O corpo da mãe possui uma diferença relativamente
pequena na temperatura, textura e odor.
– Estas diferenças relativamente pequenas podem
provavelmente ser facilmente assimiladas pelos esquemas
sensório-motores do bebé.
1ª Subfase: Diferenciação
e desenvolvimento do Esquema corporal [cont]

• Quando o prazer originado numa fixação segura na


esfera simbiótica continua e o prazer ligado à percepção
sensorial exterior estimula o investimento da atenção
dirigida para o exterior, então estas duas formas de
investimento da atenção podem oscilar livremente.
• O resultado deveria ser um estado simbiótico óptimo, de
onde pode nascer uma diferenciação sem dor:
– uma expansão fora da esfera simbiotica
• O processo de eclosão é uma evolução ontogenética
gradual do sensório, do sistema percepção-consciência –
que favorece no bebé, desde que esteja acordado, um
sensório mais constantemente alerta.
1ª Subfase [cont.]

Noutros termos, a atenção do bebé expande-se


progressivamente para o exterior ao longo dos
períodos de vigília cada vez maiores do bebé.
Esta atenção combina-se com um stock crescente
de traços mnésicos das idas e vindas da mãe,
das experiências boas e más:
– estas últimas não podem ser aliviadas pelo Eu, mas
o bebé pode antecipar com confiança o alívio
trazido pela mãe.
1ª Subfase [cont.]

A partir dos 6 meses começa, a titulo de tentativa,


a experimentação da separação-individuação:
puxa os cabelos, as orelhas e o nariz da mãe, mete
os alimentos na boca da mãe, tenta afastar o seu
corpo do da mãe, explora visualmente a sua mãe e
o ambiente.
Entre os 6 e os 7 meses dá-se o ponto culminante
da exploração táctil e visual do rosto da mãe e das
suas partes, tanto cobertas como descobertas.
1ª Subfase [cont.]

Ao longo destas semanas o bebé vai descobrir,


com fascínio, um colar, um par de óculos ou
outro adorno usado pela mãe.
Podem existir jogos de esconde-esconde, nos
quais o bebé joga um papel passivo (mais tarde:
funções cognitiva de verificação do não familiar
oposto ao já conhecido).
1ª Subfase [cont.]

É ao longo desta subfase que todos os bebés


normais efectuam as suas primeiras tentativas de
ruptura, no sentido corporal, com o seu estado
(passivo) de “bebé ainda ao colo”, o estado de
unidade dual com a mãe.
Todas as crianças gostam de se deixar deslizar
pelos joelhos da mãe (aventura), mas a uma
distância segura – tendencialmente ficam o mais
perto possível da mãe ou a ela retomam para
brincar.
1ª Subfase [cont.]

Aos 7-8 meses, o padrão visual de reverificação


junto da mãe é o sinal relativamente mais estável
e importante do começo da diferenciação somato-
psíquica.
O bebé inicia uma exploração comparativa:
– interessa-se pela ‘mãe’ e compara-a com o ‘outro’ (o
familiar e não familiar)
1ª Subfase [cont.]

Os primeiros padrões de diferenciação parecem


não ser de uma grande racionalidade em termos
da relação mãe-criança e do talento particular
de cada criança, mas parecem igualmente
desencadear os padrões de organização da
personalidade que, aparentemente, persistem
no desenvolvimento futuro do processo de
separação-individuação.
1ª Subfase [cont.]

A necessidade inconsciente da mãe vai, a partir


das potencialidades infinitas do bebé, despertar
as suas próprias necessidades únicas e
individuais, que reflectem em particular ‘a
criança’ de cada mãe.
Este processo desenvolve-se nos limites dos
talentos inatos da criança.
1ª Subfase [cont.]

Os bebés e as mães que tiveram prazer numa


fase simbiótica sem demasiados conflitos (ou
que não ficaram super-saturados) começam no
momento normal a mostrar os sinais de
diferenciação activa:
os bebés afastam-se ligeiramente do corpo da
mãe.
1ª Subfase [cont.]

Nos outros casos, em que havia ambivalência e


parasitismo, intrusão e ‘sufocamento’ por parte
da mãe, provocam perturbações em diversos
graus e sob diferentes formas, ou quando a mãe
agia segundo as suas próprias necessidades
simbiótico-parasitárias do que em função do
bebé, a diferenciação instala-se de modo quase
veemente.
1ª Subfase [cont.]

No fim do 1º ano de vida, existem no processo


intrapsíquico de separação-individuação duas
linhas de desenvolvimento, interligadas mas
possuindo amplitudes ou progressões não
necessariamente proporcionais:
1. individualização: evolução da autonomia, da percepção, da
cognição, da prova da realidade;
2. separação: que conduz à diferenciação, à distância, à formação dos
limites e ao afastamento da mãe.
1ª Subfase [cont.]

Estes processos de estruturação culminarão em


representações interiorizadas do “eu” que são
distintas das representações interiores do
objecto.
Há um acompanhamento dos fenómenos
comportamentais do processo de separação-
individuação em relação ao desenvolvimento
psíquico.
1ª Subfase [cont.]

As situações óptimas parecem ser aquelas em


que a consciência da separação corporal em
termos da diferenciação da mãe seguem
paralelamente ao desenvolvimento do
funcionamento autónomo do bebé – cognição,
percepção, memória, prova da realidade, etc.,
isto é, as funções do ego que servem à
individuação.
Processo de separação-individuação
[cont.]

2ª Subfase: ensaios
Os ensaios podem dividir-se em 2 partes:
1 – primeiro período, que se caracteriza pela capacidade do
bebé em afastar-se fisicamente da mãe (rastejando,
gatinhando, trepando e pondo-se em pé), demorando-
se sempre;
2 – período dos ensaios propriamente dito, caracterizado
pela locomoção livre em posição vertical.
2ª Subfase: ensaios

Há 3 desenvolvimentos interligados mas


identificáveis que contribuem para os primeiros
progressos da criança para a consciência de
estar separada e de possuir uma identidade
própria.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

1- a diferenciação corporal face à mãe;


2- o estabelecimento de uma ligação específica
com ela;
3- o crescimento e o funcionamento dos
aparelhos autónomos do ego em relação
estreita com a mãe.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

O bebé tem, assim, a possibilidade de extender o seu


interesse pela mãe para objectos inanimados
apresentados por ela – cobertor, almofada,
brinquedos, biberão antes da separação para a noite.
É característico desta primeira etapa de ensaios que
o interesse pela mãe parece tomar decisivamente a
prioridade, apesar do interesse e da absorção dessas
actividades.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

A manutenção da locomoção e das outras


funções ao longo do primeiro período de
ensaios tem um efeito dos mais salutares nas
crianças que conheceram uma relação
simbiótica intensa mas desconfortável.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Há um desprendimento satisfatório por parte


das mães, pois não conseguiam acalmar a
aflição dos seus bebés ao longo das fases de
simbiose e de diferenciação, agora ficam
aliviadas por verem os seus filhos tornarem-se
menos frágeis.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Estas mães e os seus filhos não conseguiram ter


prazer no contacto físico estreito, mas podem
ambos ter agora prazer a uma distância
ligeiramente maior.
As crianças tornam-se mais calmas e mais
capazes de recorrerem às mães para
encontrarem conforto e segurança.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Existe um outro padrão de interacção mãe-


criança nas crianças que procuram mais
activamente a proximidade física da mãe, mas
cujas mães têm a maior dificuldade em entrar em
relação com elas ao longo do processo de
diferenciação activo
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Este tipo de mães gostava da proximidade da


fase simbiótica, mas passada esta fase elas
gostariam de ver os seus filhos tornarem-se
“grandes de uma só vez”
Estes bebés acham difícil crescer.
Não têm prazer na sua capacidade nascente de
se distanciarem e reclamam muito activamente a
proximidade.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

A capacidade de locomoção crescente na primeira subfase dos


ensaios alarga o universo da criança.
Ela determina a proximidade e a distância em relação à mãe,
tendo a criança acesso a um maior segmento da realidade a
explorar:
há mais para ver, mais para ouvir, mais para tocar.
O modo de experimentar este universo novo parece
subtilmente ligado à mãe (centro do universo), donde ela sai
gradualmente em círculos cada vez mais largos.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

As primeiras explorações servem para:


1) estabelecer a familiaridade com um segmento
maior do universo;
2) percepcionar e reconhecer a mãe, ter prazer
com ela a uma distância maior.
São as crianças que têm um melhor contacto à
distância com a mãe que se aventuram mais
longe dela.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

O bebé explora o ambiente físico – regressa à


mãe para efectuar uma recarga emocional –, a
mãe aceita este desprendimento gradual do bebé
e encoraja-o.
A mãe está emocionalmente disponível, atenta às
necessidades da criança, que é necessário ao
desenvolvimento óptimo das funções autónomas
do ego.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Por vezes até parece que o bebé esquece


aparentemente a presença da mãe.
Mas volta a ela regularmente.
Ao longo desta sub-fase a mãe continua a ser
necessária como ponto fixo, como porto de
abrigo, para preencher a necessidade de recarga
por contacto físico.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Exemplo: bebés de 7-10 meses gatinham ou


arrastam-se rapidamente em direcção à sua
mãe, tocando-a, ou simplesmente apoiando-
se nela:
– recarga emocional.
É fácil de constatar a rapidez com que o bebé
abatido e cansado se revigora após o
contacto com a mãe.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Com o desenvolvimento das funções autónomas


(cognição, locomoção vertical), começa a
história de amor com o mundo.
O bebé passa o maior degrau da individuação
humana.
Caminha livremente em posição vertical: o
plano da visão muda, há novas perspectivas,
descobre prazeres e frustrações inesperados e
novos.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Nestes 6 a 8 meses (dos 10-12 aos 16-18 meses),


o mundo é a ostra do bebé.
O investimento libidinal coloca-se ao serviço do
ego autónomo e das suas funções.
O bebé está intoxicado pelas suas próprias
faculdades e pela imensidão do seu universo.
O narcisismo encontra-se no ponto auge!
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Os primeiros passos independentes da criança


em posição vertical marcam o início dos ensaios
por excelência, com um alargamento
substancial do seu universo e da sua prova da
realidade.
Há um investimento libidinal, crescendo de
maneira estável, dos talentos motores para os
ensaios, da exploração do ambiente que se
expande, tanto humano como inanimado.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

A principal característica deste período dos


ensaios é, na criança, o grande investimento
narcísico das suas próprias funções, do seu
próprio corpo enquanto objecto e objectivos da
sua ‘realidade’ em crescimento.
Paralelamente, constatasse uma
impermeabilidade relativamente grande aos
golpes, quedas e frustrações (o facto de outra
criança agarrar um brinquedo, por exemplo).
2ª Subfase: ensaios [cont.]

A criança fica maravilhada com os seus


próprios talentos, continuamente
orgulhosa das descobertas que faz no seu
universo em vias de expansão e quase
apaixonada pelo universo e pela sua
própria grandeza e omnipotência.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

O bebé tem mais possibilidade de descobrir a


realidade e de fazer a prova do universo, sob o
seu próprio controlo e poder mágico.
Ao longo do mês que se segue imediatamente à
aquisição da locomoção livre e activa o bebé faz
sérios progressos na afirmação da sua
individualidade.
2ª Subfase: ensaios [cont.]

Parece ser o primeiro grande passo para a


formação da identidade.
Para as mães, a locomoção livre na posição
vertical é a prova suprema de que os seus bebés
conseguiram.
Significado da locomoção:
Bebé –acesso ao mundo dos seres humanos
independentes
Mãe – o seu filho pode conseguir
2ª Subfase: ensaios [cont.]

No culminar desta fase podem-se gerar


sentimentos de segurança no bebé – e o
encorajamento para que troque uma parte da
sua magia omnipotente pelo prazer ligado à sua
própria autonomia e à crescente estima de si.
Processo de separação-
individuação [cont.]

3ª Subfase: reaproximação
Graças à aquisição da locomoção livre em posição
vertical e á realização do início da inteligência
representativa (que culminará no jogo simbólico e no
discurso), o bebé emerge como pessoa separada e
autónoma.
Estas duas forças organizadas são as parteiras do
nascimento psicológico.
Neste estádio final do processo de eclosão, o bebé
atinge o primeiro nível de identidade – ser uma
entidade individual separada.
3ª Subfase: reaproximação

Durante o 2º. ano de vida, o bebé torna-se cada vez


mais consciente do facto de estar fisicamente
separado e utiliza esse facto cada vez mais
extensivamente.
Paralelamente ao crescimento das suas faculdades
cognitivas e à diferenciação crescente da sua vida
emocional, há uma diminuição assinalável da sua
anterior imperturbabilidade à frustração e,
igualmente, uma diminuição do que foi uma
relativa tendência a esquecer a presença da sua
mãe.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Observa-se um aumento de angústia da


separação: no início consiste essencialmente no
medo de perder o objecto.
A ausência relativa de preocupação relacionada
com a presença da mãe, característica da sub-fase
dos ensaios, encontra-se agora substituída por
uma preocupação aparentemente constante
relacionada com as idas e vindas da mãe e por
um comportamento activo de aproximação.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Em simultâneo com a consciência de ser


separado, o bebé possui um desejo maior de ver
a mãe partilhar com ele cada um dos seus
talentos e das suas novas experiências e um
desejo muito grande do amor do objecto.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

O género de aproximação corporal ‘de recarga’


que caracterizou a criação durante o período
dos ensaios é substituído (a partir do 15-24
meses) pela procura deliberada (ou evitamento)
do contacto corporal estreito e das suas novas
experiências.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

A intenção processa-se a um nível mais elevado:


a linguagem simbólica (verbal ou não verbal) e
o jogo tornam-se cada vez mais predominantes.
Reacções à separação: existem dois padrões
característicos do comportamento do bebé
nestas idades (seguir a mãe e partir
rapidamente para longe dela).
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

1. seguimento da mãe (a criação vigia e segue cada um


dos movimentos da mãe).
2. partida precipitada para longe dela (com a
expectativa de ser perseguida e pegada nos seus
braços)
Que indicam o seu desejo de reunião com o
objecto de amor e o seu desejo de ser
reincorporado.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Observa-se no bebé um padrão de afastamento


dirigido contra todo o impedimento sobre a sua
autonomia recentemente adquirida.
A autonomia é definida pelo ‘não’, pela
agressividade acrescida e o negativismo da fase
anal.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Durante o período dos ensaios produziu-se


uma diferenciação cada vez mais clara, uma
separação entre a representação intrapsíquica
do objecto e a representação do eu.
No final do período dos ensaios, o bebé
começou a perceber que o universo não era uma
ostra, que tinha de o enfrentar mais ou menos
por ele mesmo.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

A qualidade e o grau do comportamento de solicitação


do bebé face à sua mãe ao longo desta subfase fornece
indicadores importantes relacionados com a
normalidade do processo de individuação.
O medo da perda do amor do objecto (mais do que o
medo da perda do objecto) torna-se cada vez mais
evidente.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

É normal a existência de incompatibilidades e


incompreensões entre a mãe e o filho nesta
subfase:
– para a mãe é contraditória a exigência do bebé de
ela estar constantemente implicada, agora que ele já
não é tão dependente e não está tão desarmado em
comparação com 6 meses atrás, pois o bebé deseja
ser cada vez menos dependente mas manifesta, com
cada vez maior insistência, o desejo de ver a sua
mãe partilhar com ele todos os aspectos da sua vida.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Nesta subfase, a criança torna-se igualmente


cada vez mais consciente de estar e de ser
separada em relação à mãe.
Mas é um facto que, seja qual for a influência
exercida pelo bebé sobre a mãe, os dois não
podem funcionar mais como uma unidade dual,
já não pode sustentar o delírio da força
omnipotente parental que vai restaurar o status
quo simbiótico.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

A comunicação verbal torna-se cada vez mais


necessária.
Os gestos e a linguagem pré-verbal entre a
mãe e o bebé já não são suficientes para
atingirem o objectivo comunicacional.
O bebé apercebe-se pouco a pouco que os seus
objectos de amor (os seus pais) são indivíduos
separados, possuindo os seus próprios
interesses pessoais.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

O bebé deve, pouco a pouco e sem sofrimento,


abandonar o seu delírio sobre a sua própria
grandeza, muitas vezes através de lutas
dramáticas com a mãe – e em menor grau com o
pai:
– é a este cruzamento que se designa por crise de
reaproximação.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Se a mãe está ‘discretamente disponível’,com uma


provisão acessível de líbido objectal, se ela partilha as
explorações aventureiras do seu bebé, se ela interage
com ele nos jogos e nas brincadeiras e facilita deste
modo os seus esforços salutares para imitar e se
identificar então a interiorização da relação entre a mãe
e o bebé pode progredir até ao ponto onde, no momento
previsto, a comunicação verbal se torna relevante,
mesmo se há ainda predominância de um
comportamento gestual bem saliente.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

No final do 2º ano e início do 3º, a implicação


emocional previsível por parte da mãe parece
facilitar o desenvolvimento florescente dos
processos mentais do bebé, a prova da
realidade e os comportamentos para os realizar.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Por outro lado, o crescimento emocional da mãe


na sua função materna, a sua vontade
emocional de deixar ir o bebé - de lhe dar, como
a mãe-pássaro, um ligeiro empurrão, um
encorajamento para a independência - ajuda
grandemente.
Pode mesmo ser uma condição sine qua non da
individuação normal e sã.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Seguir a mãe (ou a partida precipitada) é


necessário ao bebé.
Nos casos normais, seguir faz parte (na 2ª
metade do 3º ano) de um certo grau de
permanência do objecto.
Quanto menos a mãe se mostra disponível no
momento da reaproximação, mais o bebé
tentará solicitá-la intensa e desesperadamente.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Em certos casos, este processo canaliza de tal


modo a energia disponível da criança para o
desenvolvimento, que não restará energia
suficiente (nem de líbido, nem de agressividade
construtiva – ambas neutralizadas) para a
evolução das numerosas funções ascendentes
do ego.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Aos 15 meses, a mãe representa o porto de


abrigo, mas não parece ser reconhecida como
pessoa separada de pleno direito.
Para algumas coisas, perto dos 15 meses, a mãe
não é só esse porto.
Parece transformar-se numa pessoa com quem
o bebé deseja partilhar as suas descobertas de
um mundo cada vez mais alargado.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

O bebé traz incessantemente à mãe, cobrindo


os seus joelhos, objectos que ele encontra no
seu universo em vias de expansão.
Todos eles têm interesse para o bebé, mas o
investimento emocional principal repousa na
necessidade do bebé os partilhar com a sua
mãe (desejo de a ver interessada nas
descobertas, e em partilhar o seu prazer).
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Ao mesmo tempo começa a ter consciência de


ser separada: os desejos da sua mãe parecem
sempre idênticos aos seus; os seus desejos não
coincidem sempre com os da mãe.
Esta constatação representa um desafio imenso
ao seu sentimento de grandeza e de
omnipotência do período dos ensaios.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

É dado um grande golpe na crença da sua


omnipotência e é perturbada a beatitude da
unidade dual!
A fonte de prazer da criança desloca-se da
locomoção independente e da exploração do
universo inanimado em vias de expansão para
a interacção social.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Os jogos tornam-se nos passatempos favoritos.


Reconhecimento da mãe como pessoa
separada do grande universo e tomada de
consciência da existência separada de outras
crianças (parecidas e diferentes do seu próprio
eu) – as crianças manifestam o desejo de ter e
fazer o que outra criança tem ou faz
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

A criança possui o desejo de reflectir em


espelho, de imitar e de se identificar, até certo
ponto, com outra criança.
Novas características: ira específica dirigida a
um objectivo, a agressividade se o objectivo
não poder ser alcançado.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Nesta subfase, o bebé parece experimentar o seu


corpo como sua possessão.
Deixa de gostar de ser manipulado, resiste a ser
segurado numa posição passiva quando o vestem,
não gosta de ser acarinhado e abraçado (a não ser
que esteja preparado).
Há uma extensão activa do universo mãe-criança,
através da inclusão do pai (que é um objecto de
amor diferente da mãe).
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Se bem que ele não o esteja completamente


fora da união simbiótica, também não faz
completamente parte dela.
Mais, o bebé percebe provavelmente cedo uma
relação especial do pai com a mãe.
Na reaproximação, o bebé desenvolve relações
com outras pessoas que não o pai e a mãe.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Reacções das crianças face à presença/ausência da


sua mãe: mais conscientes da ausência da mãe e
perguntam onde ela está, são capazes de se
manterem cada vez mais absorvidos nas suas
actividades e não gostam de ser interrompidos,
querem ir ver a mãe, mas sem a intenção de se
demorarem perto dela, só um momento, para de
seguida continuar com as suas ocupações.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

As crianças encontram novas maneiras activas


de enfrentarem a ausência da mãe:
relacionam-se com substitutos adultos e
absorvem-se nos jogos simbólicos (forma de
segurar bonecos ou ursos).
Instala-se o início da interiorização da
representação do objecto.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Para a maioria das crianças, o primeiro período da


reaproximação conhece o seu apogeu perto dos
17/18 meses, onde há uma consolidação e
aceitação temporária da consciência de ser
separada:
prazer em partilhar objectos e actividades com a
mãe, com o pai e com o universo social em vias de
expansão.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Ao longo do período dos ensaios a palavra


‘adeus’ era a mais importante.
A palavra mais importante neste período de
reaproximação é ‘olá’!
Aos 18 meses, as crianças parecem impacientes
por exercerem em toda a extensão a sua
autonomia rapidamente crescente.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Preferem não ser lembradas que em determinados


momentos não se conseguem desembaraçar
sozinhas.
Seguem-se conflitos que se parecem articular, por
um lado, no desejo de ser separado, grande e
omnipotente e, por outro, de ver a sua mãe
concretizar magicamente os seus desejos, sem ter de
reconhecer que a ajuda vem do exterior, do outro.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

As crianças recorrem à mãe como extensão do seu


eu –processo pelo qual negam a consciência
dolorosa de estarem separadas (pegar a mão da mãe
e usá-la como instrumento).
Aos 21 meses observa-se uma atenuação dos
esforços de reaproximação. Cada criança procura
encontrar a distância óptima à sua mãe: a distância
a partir da qual a criança pode funcionar melhor.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Elementos de individuação crescente


(capacidade de funcionar melhor a uma
distância maior):
1) desenvolvimento da linguagem (sentimento
de controlo do seu ambiente)
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

2) Processo de interiorização – identificação


com a ‘boa’ mãe ou o ‘bom’ pai e interiorização
de regras e exigências;
3) Um progresso na capacidade de exprimir os
seus desejos e os seus fantasmas pelo jogo
simbólico e a utilização do jogo com fins de
domínio da realidade.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Quando as crianças atingem os 21 meses,


constata-se que já não é possível reagrupá-las
segundo os critérios gerais anteriores:
os processos de individuação são tão
diferentes e produzem-se com tal rapidez que
não são específicos de uma fase, mas muito
distintas individualmente e diferentes de
criança para criança.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Por exemplo, existem grandes diferenças entre


rapazes e raparigas: os primeiros manifestam
uma maior tendência para se separarem da
mãe e tem prazer no seu funcionamento no
universo em expansão, as raparigas exigem
mais proximidade e fixam-se nos aspectos
ambivalentes da relação.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Ao 23º mês parece que a capacidade das


crianças enfrentarem a consciência da
separação, tanto quanto ao facto físico da
separação, depende, em cada caso, da história
da relação mãe-criança e do seu estado actual.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Sejam quais forem as diferenças sexuais que pré-


existem no domínio dos aparelhos do ego e dos
primeiros modos do ego, elas são certamente
complexas e marcadas geralmente pelos efeitos da
descoberta pela criança das diferenças entre os
sexos. Isto produz-se ao 20º-21º meses, por vezes
antes (16-17 meses).
A descoberta pelo rapaz do seu próprio pénis dá-se
muito cedo.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

A componente sensório–táctil desta descoberta


pode dar-se no 1º ano de vida, mas subsistem
dúvidas quanto ao seu impacto emocional.
Aos 12-14 meses, a posição vertical facilita a
exploração visual e sensório-motriz do pénis.
3ª Subfase: reaproximação [cont.]

Quando as raparigas descobrem o pénis, são


confrontadas com algo que lhes falta.
Esta descoberta origina alguns
comportamentos que indicam claramente a
angústia, a cólera e a desconfiança das
raparigas. Elas desejam desfazer a diferença
sexual.
Processo de separação-
individuação [cont.]

4ª Subfase: consolidação da individualidade e início da


permanência do objecto emocional
Dois elementos fundamentais:
1. Aquisição de uma individualidade bem definida (para toda a
vida)
2. Realização de um certo grau de permanência de objecto
Formação dos percursores do super ego
Permanência de objecto: um objecto de amor não será rejeitado ou
trocado por outro quando já não dá satisfação
Vygotsky

• Vygotsky
– Investigador russo
– Trabalho paralelo ao
de Piaget
– Focalizou no que as
crianças devem fazer
para negociar com o
mundo

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