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Florbela Espanca

1894 // 1930 Poetisa

O Meu Soneto
Em atitudes e em ritmos fleumticos, Erguendo as mos em gestos recolhidos, Todos brocados flgidos, hierticos, Em ti andam bailando os meus sentidos... E os meus olhos serenos, enigmticos Meninos que na estrada andam perdidos, Dolorosos, tristssimos, extticos, So letras de poemas nunca lidos... As magnlias abertas dos meus dedos So mistrios, so filtros, so enredos Que pecados damor trazem de rastros... E a minha boca, a rtila manh, Na Via Lctea, lrica, pag, A rir desfolha as ptalas dos astros!.. Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

Noite TrgicaO pavor e a angstia andam danando...


Um sino grita endechas de poentes... Na meia-noite dhoje, soluando, Que pressgios sinistros e dolentes!... Tenho medo da noite!... Padre nosso Que estais no cu... O que minhalma teme! Tenho medo da noite!... Que alvoroo Anda nesta alma enquanto o sino geme! Jesus! Jesus, que noite imensa e triste! A quanta dor a nossa dor resiste Em noite assim que a prpria dor parece... noite imensa, noite do Calvrio, Leva contigo envolto no sudrio Da tua dor a dor que me no squece! Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

Alma a SangrarQuem fez ao sapo o leito carmesim


De rosas desfolhadas noitinha? E quem vestiu de monja a andorinha, E perfumou as sombras do jardim? Quem cinzelou estrelas no jasmim? Quem deu esses cabelos de rainha

Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha Alma a sangrar? Quem me criou a mim? Quem fez os homens e deu vida aos lobos? Santa Teresa em msticos arroubos? Os monstros? E os profetas? E o luar? Quem nos deu asas para andar de rastros? Quem nos deu olhos para ver os astros - Sem nos dar braos para os alcanar?!... Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

Ser Poeta
Ser Poeta ser mais alto, ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aqum e de Alm Dor! ter de mil desejos o esplendor E no saber sequer que se deseja! ter c dentro um astro que flameja, ter garras e asas de condor! ter fome, ter sede de Infinito! Por elmo, as manhs de oiro e de cetim... condensar o mundo num s grito! E amar-te, assim, perdidamente... seres alma e sangue e vida em mim E diz-lo cantando a toda gente! Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

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