Os Lusadas - Conslio dos Deuses (C.

I, 2020-41)
A reunio dos deuses do Olimpo a primeira interveno do maravilhoso pago n'Os Lusadas. A introduo de um episdio deste tipo ser motivada, antes de mais, pelo seu desejo de corresponder ao gnero pico clssico. No entanto, simbolicamente, trata-se do enaltecimento da imagem dos portugueses, realando a importncia da sua viagem para a ndia. Nas primeiras estncias a frota lusa obriga a uma reunio de todos os deuses supremos, convocados pelo prprio Jpiter, que chegam de todas a regies do cu, e ocupam os seus assentos sumptuosos na assembleia do Olimpo, segundo as suas hierarquias. necessrio decidir o futuro do Oriente, para onde Vasco da Gama e os seus marinheiros se dirigem. O Pai dos deuses, Jpiter, ser o primeiro a falar. Confirma a coragem e o valor dos Portugueses, de todos os outros deuses j conhecida, comparando os Portugueses aos heris antigos, cuja fama ser superada. Os Fados j determinaram a posse dos mares da ndia, portanto, Jpiter v mltiplas razes para que sejam auxiliados na sua aventura. Gera-se uma discusso entre os deuses, motivada principalmente pela posio do deus Baco, que revela ser o mais feroz opositor da frota portuguesa, temendo que o seu prestgio nas terras do Oriente seja apagado por estes homens ousados. Ainda que Baco conhea as deliberaes irrevogveis do Destino, tenta conquistar deuses para o seu lado. A terceira interveno divina da bela deusa do Amor, Vnus, que se declara inteiramente a favor dos portugueses: acha-os parecidos com os seus

amados Romanos, pela semelhana da sua coragem e da lngua; sabe que onde estiverem os lusos, de sangue quente e fogoso, ela ser sempre celebrada, bem como o Amor. Cus e Terra tremem com as discusses dos grandes deuses. As suas opinies contraditrias tero de ser desempatadas. Surge, nessa altura, o deus da guerra, Marte, que parece ter as suas razes para apoiar a causa portuguesa: o amor antigo que sentia por Vnus e o reconhecimento da bravura dos homens que sempre apoiara nas batalhas. Marte v nas razes de Baco injustia e inveja que lhe obscurecem o julgamento, tanto mais que Baco foi pai ou companheiro de Luso, possvel antepassado dos Lusitanos. Jpiter no devia, portanto, voltar atrs na sua soberana deciso. O discurso de Marte convence Jpiter, que d por terminado o Conslio. Os deuses regressam s suas moradas. Ficou decidido que os marinheiros iriam navegar num mar sereno.

Lngua Portuguesa Professora Micaela Teixeira