Este texto desenvolve uma das particularidades da linguagem
humana: o dilogo a possibilidade de formar uma mensagem a partir de outra, o que significa que as unidades podem ser compostas de maneira diferente.
Uma diferena capital aparece tambm na situao em que se d a comunicao. A mensagem das abelhas no provoca nenhuma resposta do ambiente mas apenas uma certa conduta, que no uma resposta. Isso significa que as abelhas no conhecem o dilogo, que a condio da linguagem humana. Falamos com outros que falam, essa a realidade humana. Isso revela um novo contraste. Porque no h dilogo para as abelhas, a comunicao se refere apenas a um certo dado objetivo. No pode haver comunicao relativa a um dado "lingustico"; no s por haver resposta, sendo a resposta uma reao lingustica a outra manifestao lingustica; mas tambm no sentido de que a mensagem de uma abelha no pode ser reproduzida por outra que no tenha visto ela mesma os fatos que a primeira anuncia. No se comprovou que uma abelha v, por exemplo, levar a outra colmeia a mensagem que recebeu na sua, o que seria uma forma de transmisso ou de retransmisso. V-se a diferena da linguagem humana, em que, no dilogo, a referncia experincia objetiva e a reao manifestao lingustica se misturam livremente, ao infinito. A abelha no constri uma mensagem a partir de outra mensagem. Cada uma das que, alertadas pela dana da primeira, saem e vo alimentar-se no ponto indicado, reproduz quando volta a mesma informao, no a partir da primeira mensagem, mas a partir da realidade que acaba de comprovar. Ora, o carter da linguagem o de propiciar um substituto da experincia que seja adequado para ser transmitido sem fim no tempo e no espao, o que tpico do nosso simbolismo e o fundamento da tradio lingustica.