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Camila Michelini
1 GIL, p:11
2 Idem
3 Gil, p:12-13
Os ‘fenômenos de fronteira’ são assim denominados por Gil por se
manifestarem entre a consciência e o inconsciente, exatamente na
fronteira, na passagem entre um e outro. Isto porque quase sempre se
percebe suas manifestações, mas esta percepção acontece
posteriormente ao seu acontecimento. Sendo assim, se estes fenômenos
são percebidos, é porque, de alguma forma, eles tiveram contato com
o consciente. No entanto, essa macro-percepção (que seria a
percepção consciente) se manifesta primeiramente no inconsciente,
em forma de micro-percepção, sendo esta a percepção que não pode
ser detectada. Por estar localizada nessa ‘fronteira’, ela consegue fazer
esta ‘ponte’ entre o micro e o macro. Pode-se pensar também que
talvez esta micro-percepção não sofra essa transformação crescente
(de micro para macro), mas sim que uma macro-percepção seja
ativada de acordo com as mudanças sofridas a partir de micro-
percepções vivenciadas anteriormente.
4 GIL, p:11
qualquer carga inconsciente de sentido”5. Estas imagens despojadas
de toda e qualquer significação verbal seriam as responsáveis por
‘entrar’ em nosso inconsciente e constituir as pequenas percepções a
partir do contato com as artes, por “conterem informações muito mais
ricas do que as mensagens verbais”6.
5 GIL, p:15
6 GIL, p:15
7 GIL, p:13
8 GIL, p:14
conversa anódina, o nosso interlocutor está a exercer sobre nós.”9 As
artes plásticas conseguem, através desta ‘força’ apresentada pelas
suas imagens-nuas, ativar essa sensibilidade. Na arte contemporânea,
esta sensibilidade é expandida para outros sentidos além do visual.
Buscando referências em Merleau-Ponty, Gil trabalha em cima da
questão do visível e do invisível que são capazes detonar estas
percepções.
9 GIL, p:13
10 GIL, p:16
11 GIL, p:17
experiências ‘não-conscientes’12. Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia
Pape podem ser citados aqui por suas atitudes de vanguarda - assim
como vários outros artistas de sua geração – ao quebrarem barreiras
envolvendo experiências sensoriais e artes plásticas. Estruturas
penetráveis, onde o que importa é o que o tato e a audição absorvem,
e não a visão; líquidos coloridos que podem ser degustados,
primeiramente convidando à associação entre cor e paladar, mas que
depois de provados propõem uma total dissociação entre o que se vê e
o que se ingere.
A inscrição de forças nas formas, nas cores e nos sons, eis o mistério maior do
esquematismo estético: aí reside todo o engenho do artista, aí se joga o sucesso ou o
falhaço da obra13.
12 Assim como Gil, usaremos o termo não-consciente ao invés de inconsciente, pois não interessa, neste
momento, a problematização conceitual entre termos psicanalíticos absorvidos pela filosofia da arte.
13
GIL, p:18