Vaidade, no faz meu jeito, Erro, sim, mas sem malcia Que nasceu morto o perfeito S uma vaidade eu aceito: Dar certo medo polcia. Mas no dito no se veja Orgulho certo ou pretenso. No medo do homem que eu seja, E, sim, daquilo que penso.
No horizonte finquei seta E pra este norte caminho Nem sempre uma linha reta Nem sempre h vez pra carinho Quem escolhe estrada de espinho No tem caminhada quieta. S vivo pra uma verdade, Da qual me orgulho sem pejo: Nunca trocar por vaidade O que pretendo ou desejo.
No tenho orgulho de bero Nem local de nascimento. Meu cu onde converso Meu cho onde me sento. Busco, sim, entendimento Em samba, fuzil ou tero. Pra mim, o tempo no acaba Nem a recusa me ofende. Palavra puxa palavra... Um dia, a gente se entende.
Santo, no sou, nem pensando, Santidade castrao Se a vida vive se dando No sou eu que digo no Mas minha ser a opo Quanto ao onde, como e quando. Penso assim e no assado Quero assado e no assim E o rumo, uma vez traado, Vai nesse rumo at o fim.
Muito deixei do vivido Muito perdi sem ter ganho Mas sem chorar de sentido De achar injusto ou estranho Pois o mundo sem tamanho Pra quem d passo escolhido. Ao afastar me habituo Mas gente me acusa e pensa Que a tristeza do recuo orgulho de indiferena
Jamais escolho o que digo Se pros do peito que falo Eu, por mim, s escuto amigo No que alegria ou regalo Se falam mal, no me abalo De irmo no me vem castigo Amigo, j diz o velho ditado aquele diante de quem Se dorme sem ter cuidado.
Da vida escolho o que presta Se erro na escolha, pacincia, No mudo em luto uma festa Por um erro em s conscincia. Nada me amarga a existncia Que o pouco mais que me resta Se a erva-doce era amarga, Mas por doce foi tomada, O corao ponho larga, E me rio da mancada.
No o mundo que eu queria Nem a vida que sonhei. Vida de paz e alegria Num mundo de uma s lei. Mas me ensinaram, e guardei, Que aps um dia, h outro dia. E rindo como poeta Que o riso minha sade Fiz da alegria, meta Fiz da esperana, virtude.