Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
14/04/2008
Central Destino de Produção Cap. 31
Inspirada no original de
Janete Clair
Colaboração de
Eduardo Secco
Escrita por
Walter de Azevedo
Likem Queiróz
Direção
Claudio Boeckel e Marco Rodrigo
Direção Geral
Luiz Fernando Carvalho
Núcleo
Luiz Fernando Carvalho
Personagens deste capítulo
Atenção
“ Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA e por conter informações confidenciais, não
poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso
consentimento da mesma.No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em
lei e/ou contrato.”
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 2
HILDA — Heitor?
HILDA — Bastante.
HILDA — Eu sabia que você estava pra vir, mas pensei que fosse avisar. Se
tivesse, eu poderia ter preparado/
HEITOR — Mamãe.
HILDA — O quê?
HEITOR — A senhora vai ou não me contar porque estava tão brava quando
entrou? Quem é que o tal capanga vai ter coragem de matar?
CORTA PARA
DONANA — Daí que foi aquilo memo que dona Frida, falô.
IVONE — Que judiação! Mas ela era uma menina nova! Forte! Quantos anos
havera de tê?
DONANA — Vinte e dois. Eu que coloquei ela no mundo. Mas num é só isso não.
FRIDA — Não?
FRIDA — Meu Deus! Isso não pode continuar acontecendo, Donana. Nós
precisamos fazer alguma coisa!
DONANA — Se vai adiantá, eu num sei, mas que nóis vai falá, nóis vai.
CORTA PARA
HEITOR — E então, mamãe? Vai falar ou não? Quem é que o tal capanga vai ter
de...eliminar.
HILDA — Ouviu mal! Meu filho, você está ficando velho. Velho e surdo!
HEITOR — A senhora sabe que eu faria. (p) Como vai ser? A senhora vai me
contar ou eu vou ter de descobrir?
HEITOR — Mamãe, eu voltei pra Divinéia por um motivo muito importante. Não
posso deixar que nada me atrapalhe...muito menos uma suposta ligação
de alguém da minha família com um crime.
HILDA — Ta bem! Eu vou contar. Mas tenho certeza de que você vai me dar
razão!
CORTA PARA
CHICA ESTÁ DEITADA NA CAMA, COM CARA DE POUCOS AMIGOS. BRISA ENTRA.
CHICA — Não! Ocê abilolô de vez e tá vendo coisa. Num tô aqui não.
BRISA — Credo em cruz! E precisa me respondê desse jeito? Que bicho foi que
lhe mordeu?
CHICA — Brisa.
AS DUAS SE ABRAÇAM.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 5
CHICA — Quero. Já contei pro pai, mais ainda tô com isso entalado aqui na
garganta!
BRISA — Mas isso num pode sê. Pedro lhe adora, Chica. Ocê num deve de tê
visto direito.
CHICA — Pedro me adora. Sei. Ele tava é adorano os peito daquela loira. Peito
que num deve nem de sê dela. Deve sê que nem aqueles de plástico que
as muié da televisão coloca.
CHICA — Num sei, uai! Só sei que tava com ele lá na fazenda de Heitor
Gonzaga.
BRISA — Chica, antes de pensá bestêra, conversa com o Pedro. Ele deve de tê
uma explicação.
CHICA — Eu num quero nem vê ele na minha frente, quanto mais conversá. Eu
sô memo uma jumenta. Acredita que eu inté pensei de verdade em ficá
enterrada aqui nesse fim de mundo que é Divinéia só pra ficá do lado
dele?
CHICA — Gosto, mas pra disgostá é dois palito. Gosto muito mais de mim. Ele
que me aguarde. Se Pedro Azulão acha que pode me fazê de boba e ficá
tudo por isso memo, ele tá é enganado.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 6
CHICA — Bestêra eu tava fazeno inté agora. Mas as coisa vai mudá, Brisa. Vai
mudá.
CORTA PARA
DONANA — Num tá. Parece que foi num sei onde mais dona Lourdes e a filha.
FRIDA — E vai adiantar de quê? O coitado do Padre está na mesma situação que
nós. Não pode fazer absolutamente nada.
DONANA — Padre Luís é muito bão, mas, que Deus me perdôe, um poste é capaz
de resorve mais do que ele.
DONANA — E por acaso eu tô mentindo? Bão, num adianta nóis fica aqui parada.
Vamo vortá pro hospital e tenta ajuda lá.
FRIDA — Eu preciso voltar pro hotel. Tenho medo quando o Lino fica tomando
conta.
CORTA PARA
HILDA — E foi isso o que aconteceu! Exatamente desse jeito. (p) Você concorda
comigo que eu não posso deixar isso barato, não concorda?
HEITOR — Concordo. Dessa vez a Donana extrapolou. Quem ela pensa que é pra
bater na senhora?
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 7
HILDA — Que bom que você me dá razão! Mas ela não perde por esperar! Eu
vou/
HILDA — Como é?
HEITOR — Isso mesmo que a senhora ouviu, Dona Hilda. A senhora não vai fazer
nada.
HILDA — Você só pode estar ficando louco! Eu não posso permitir que/
HEITOR — Mamãe, eu sei que a senhora não é a pessoa mais paciente, mas eu
vou lhe pedir calma. Pelo menos por enquanto. Eu quero que a senhora
escute o que eu vou lhe falar.
HILDA — Alguma coisa me diz que eu não vou gostar do que você tem pra me
dizer.
HEITOR — Não vai. Mamãe, eu estou aqui em Divinéia por causa de um grande
projeto. Uma coisa que vai trazer muito dinheiro pra todos nós. Talvez
esse seja o negócio da minha vida.
HEITOR — É. Aqui nesse fim de mundo. Mamãe, nós vamos ganhar muito
dinheiro. Vamos, talvez, duplicar o que nós temos hoje.
HEITOR — É ótimo. Por isso que eu não quero que a senhora se envolva em
nada...suspeito.
HEITOR — O fato é que nenhum de nós pode se envolver em nada que cheire a
algo ilegal, ou pouco ortodoxo.
HILDA — E eu vou ter que ficar com a parteira maltrapilha entalada na minha
garganta?
HEITOR — Pelo menos por enquanto. Mas eu lhe dou a minha palavra de que isso
não vai ficar assim. Ela vai pagar por ter feito o que fez com a senhora.
HEITOR — Garanto, dona Hilda. Donana vai se arrepender de ter lhe dado um
tapa. Eu vou cuidar disso pessoalmente.
CORTA PARA
CORTA PARA
ARTHUR — (Ao telefone) Não sei, Isabel. Acho que lá pro meio da semana eu
devo voltar pra Divinéia, resolve algumas coisas e depois retorno aqui
pra Cuiabá. Você vai cuidando das coisas aí. (p) Tá bem. Tchau.
ARTHUR — Não. Coisa de rotina. Isabel não gosta de resolver as coisas sem falar
comigo. (p) Vinícius tá dormindo?
ARTHUR — Leonor, eu vou precisar dar uma saída. Tenho que resolver um
negócio.
LEONOR — Tá bem. Mas não demora porque eu preciso ir trabalhar. Não quero
deixar o Vinícius sozinho.
ARTHUR SAI.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 9
CORTA PARA
ATENDENTE — Um momento.
GILBERTO — Bom dia. Meu nome é Gilberto, eu sou o gerente. A mocinha me disse
que o senhor quer falar comigo.
ARTHUR — Quero sim. Meu nome é Arthur Braga. Eu sou o marido, quer dizer, o
ex-marido da Leonor.
ARTHUR — Assim, assim. O senhor sabe o que aconteceu com o meu menino.
ARTHUR — Seu Gilberto, aqui tá muito cheio. Será que nós podemos ter uma
palavrinha...em particular?
FICAMOS EM GILBERTO
CORTA PARA
UM ESCRITÓRIO BEM ARRUMADO, MAS SEM LUXO. GILBERTO EM SUA MESA, COM
ARTHUR SENTADO EM FRENTE.
GILBERTO — Eu posso adiantar as próximas férias dela. Seu que ainda falta muito,
mas é uma emergência.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 10
ARTHUR — Eu lhe agradeço, seu Gilberto, mas sinceramente, acho que isso não
vai resolver o problema.
GILBERTO — Não?
ARTHUR — Mesmo que a gente coloque uma enfermeira pra tomar conta, não é a
mesma coisa. O Vinícius precisa agora estar perto da mãe e do pai.
ARTHUR — Posso. Claro que posso. É isso mesmo o que eu estou querendo, mas
Leonor não quer. Não sei se o senhor sabe, mas eu não moro aqui em
Cuiabá. Sou fazendeiro no interior. Pra ficar com ele, tenho que levar o
menino pra fazenda, mas a Leonor não vai deixar. O senhor tá
alcançando o tamanho do meu problema.
ARTHUR — Seu Gilberto, eu sei que, a princípio, isso que eu vou lhe dizer vai lhe
parecer uma coisa horrível, estranha, mas eu só estou fazendo isso pelo
bem do meu filho. (p) Seu Gilberto, eu quero que o senhor demita a
Leonor.
CORTA PARA
GUSTAVO — Oi.
TALITA — Claro.
CORTA PARA
GUSTAVO — A Bárbara?
TALITA — É. Você sabe que ela não gosta que peguem no pé dela e/
GUSTAVO — Eu não aceitei esse emprego por causa da Bárbara. Aceitei por minha
causa. (p) Eu andei pensando e acho que todo mundo estava certo. A
Bárbara não é mulher pra mim.
GUSTAVO — Não. Claro que eu não vou lhe dizer que parei de gostar dela. Isso não
acontece de uma hora pra outra, mas eu coloquei isso com um objetivo
pra mim. Vou me dedicar à minha carreira, vou crescer
profissionalmente...e esquecer a sua amiga.
CORTA PARA
CELESTE — Perfeito, meu querido. Não poderia ser melhor. (p) Claro! Claro que
eu acho! (p) Imagina. Tira isso da cabeça, Gustavo. Não fui eu mesma
que me prontifiquei a lhe ajudar? (p) Então! (p) Bobagem, sua. Mas eu
adorei isso. Vai ser ótimo pra nossa...estratégia. (p) Tá certo, meu
querido. Beijinho.
LEILA — Gustavo?
CELESTE — O próprio!
CELESTE SE SENTA.
CELESTE — Encontrou com a Talita no shopping e disse que vai trabalhar com o
Heitor. Ela perguntou da Bárbara e ele falou que não quer mais nada com
ela. Claro que a Talita vai contar tudo assim que falar com a Bárbara.
LEILA — Será? Não sei se elas estão muito preocupadas com o que o Gustavo
faz ou deixa de fazer.
CELESTE — Claro que vai falar. Pelo menos pra dizer que o chatinho não vai mais
ficar no pé dela.
LEILA — Celeste, eu não tô vendo mundo futuro nesse seu plano de juntar os
dois.
CELESTE — Pra ser sincera, eu também não. Tá bem! Ele finge que não está mais
interessado. Nenhuma mulher gosta disso, vai querer saber o que
aconteceu, mas e depois? Eu não consegui pensar em nada pra botar fogo
nesse estopim.
LEILA — Celeste, o primeiro passo pra fazer a Bárbara começar a achar esse
menino um pouco mais interessante é fazer com que eles tenham alguma
coisa forte em comum.
LEILA — Quer dizer que ele precisa concordar com tudo o que a Bárbara fala a
seu respeito. Ela precisa encontrar respaldo, apoio. E é ele quem vai
fazer isso.
CELESTE — Gostei disso. Você tá coberta de razão! Ela ia adorar alguém que
apoiasse as besteiras que ela fala de mim. (p) Leila, eu acho que isso
pode dar certo!
AS DUAS SORRIEM.
CORTA PARA
CORTA PARA
ARTHUR — Seu Gilberto, eu não sei mais o que lhe dizer. Já gastei todos os meus
argumentos!
GILBERTO — Seu Arthur, por favor, coloque-se no meu lugar! O senhor quer que eu
demita a minha gerente, uma excelente funcionária, que está passando
por uma situação complicadíssima, por nada!
ARTHUR — Como por nada, seu Gilberto?! Eu preciso que ela tome conta do meu
filho!
GILBERTO — Mas/
ARTHUR — Mas não tem mais nem meio mais, seu Gilberto. Tenha a santa
paciência. Olha só! O senhor tá aí elogiando a Leonor, dizendo que ela é
boa funcionária, e eu não duvido. Até quando o senhor acha que ela vai
ser assim, com o filho do jeito que tá? O senhor já pensou nisso?
GILBERTO — Bem/
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 14
ARTHUR — Ela vai começar a faltar, chegar mais tarde, sair mais cedo, vai
começar a atrapalhar o andamento da sua loja. Não vai ter como ser de
outro jeito. Quem o senhor acha que vai estar em primeiro lugar pra ela?
A sua loja ou o filho?
ARTHUR — Pois então! Seu Gilberto, eu não sou um homem ruim. Sei que essa
proposta parece coisa de gente sem coração, mas não é. Eu tô pensando
no que é melhor pro senhor, pra mim e principalmente pro meu filho.
GILBERTO INDECISO.
ARTHUR — Eu também tô disposto a lhe dar um dinheiro por causa disso, uma
espécie de indenização.
ARTHUR — Eu sei que isso tudo vai lhe dar dor de cabeça, o senhor vai ter que
pagar o dinheiro por mandar a Leonor embora, vai precisar treinar outra
funcionária. Sei bem como é isso. O senhor é um comerciante, não tá
aqui pra ficar fazendo favor pros outros.
REAÇÃO DE GILBERTO
CORTE PARA
CORTA PARA
ADALGISA — Mas senhoras, eu já falei que agora não é possível! Já expliquei pra
vocês que...
DONANA — Nóis sabe muito bem o que ocê explicô, que nóis num é surda.
Acontece que ô ele atende nóis por bem, ô atende por mal!
FRIDA — A senhora por favor, volte lá e avise que nós ainda estamos aqui
esperando.
NARA — E rápido, senão eu entro aí e num vai se ocê que vai me impidi!
ADALGISA — Tá bem! Eu vou entrar lá de novo e ver o que eu consigo. (p) Mas não
prometo nada!
NARA — Esse prefeito tá é muito do abusado. Será que ele não tá vendo o jeito
que a cidade tá? É sêca, é doença, e ninguém faz nada!
CORTA PARA
BRENO ESTÁ JOGANDO XADREZ SOZINHO E NÃO PRESTA MUITA ATENÇÃO NO QUE
ADALGISA FALA.
ADALGISA — E elas estão dizendo que vão entrar aqui de qualquer jeito! Que não
desistem enquanto falar com o senhor!
ADALGISA — Não.
ADALGISA — Adversário?
BRENO — É.
BRENO — Por isso mesmo eu preciso de atenção redobrada. Preciso prever o que
eu mesmo vou fazer e tentar me impedir.
BRENO — Ah é! Você...você fala que eu tô muito ocupado hoje e que não vou
poder recebê-las.
BRENO — Eu também fico bravo com tanta coisa e ainda tô aqui. Pode ir. Me
deixa aqui com o meu joguinho.
CORTA PARA
NARA — A senhora achô mesmo que esse traste ia falá com a gente?
CORTA PARA
DONANA — Num adianta fica brava, Nara. Num vai resorvê nada. (p) A gente vai
falá com quem devia de tê falado desde o começo.
FRIDA — Quem?
CORTA PARA
CORTA PARA
IVONE COZINHA ENQUANTO ISABEL CONVERSA COM AMADEU E SUELY. ELE TEM
UM CERTO AR PERIGOSO, MAS RESPEITOSO COM OS SUPERIORES, ENQUANTO ELA
PARECE APREENSIVA E COM UM CERTO MEDO DE TUDO.
ISABEL — Você sabe que só está aqui por causa da consideração que o coronel
Arthur tem pela sua mão, não sabe?
ISABEL — Não me interessa saber o que aconteceu na Bahia. É coisa que passou.
Eu só quero deixar claro que aqui, isso não vai se repetir.
ISABEL — O Quebra Galho vai lhe mostrar o serviço. Qualquer dúvida, você
pergunta pra ele. (p) Quanto a você...Suely, não é?
ISABEL — Depois eu vejo alguma coisa pra você fazer. Acho mesmo que a Ivone
está precisando de uma ajuda com a casa. Vou esperar o coronel voltar e
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 18
falo com ele. (p) Ivone, peça para o Quebra Galho levar esses dois até a
casa que eles vão ficar.
IVONE — Ocês num fica assustado, não. Ela tem esse jeitão de brava, mas num
morde. Só de vez em quando.
SUELY — Discunjuro! Tava aqui com as perna tremendo por causa dessa
mulher.
IVONE — Imagina. Ela é a governanta. É ela que cuida das coisa da casa. É
empregada que nem nóis, mas ganha mais, manda nos outros...aí fica
mais bêsta. Só isso,
IVONE — Eu vô chamá o Quebra Galho pra leva ocês pra casa. Tá uma
belezura! Eu mesma que arrumei tudo. Ocês espera um instantinho.
CORTA PARA
FRIDA — Nós precisamos que alguém faça alguma coisa. As pessoas não podem
continuar morrendo desse jeito.
NARA — Acontece que o seu marido, nem atendê nóis na prefeitura, ele atende.
Parece que num que ouvi o que nóis tem pra dizê!
NARA — Se ele faz por mal eu num sei. Só sei que as coisa num pode continuá
do jeito que tá.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 19
DONANA — Dona Lourdes, a sua filha já ficou doente, foi pará no hospital. Graças
a Deus que nada de mais sério aconteceu com ela.
DONANA — Eu quero que a senhora se coloque no lugar das mãe que num tiveram
a mesma sorte que a senhora. Daquelas que levaram os filho pro hospital,
mas que num conseguiram sai de lá com eles vivo nos braço. A senhora
precisa falá com o seu prefeito. Ele num pode lavá as mão numa hora
dessas.
LOURDES — Claro que não, Donana! E nem vai. Eu vou falar com ele. Lhe dou a
minha palavra de que o Breno vai tomar uma atitude.
DONANA SORRI.
LOURDES LEVA AS TRÊS ATÉ A PORTA E ELAS VÃO EMBORA. LOURDES CAMINHA
PELA SALA, PENSATIVA. CAMILA ENTRA, VINDA DO CORREDOR.
CAMILA — Pelo jeito a conversa foi séria. A senhora tá com uma cara.
LOURDES — É, meu bem, você tem razão. Foi uma conversa muito séria.
LOURDES — A epidemia. Eu preciso falar com o seu pai. As coisas não podem
continuar do jeito que estão.
CORTA PARA
QUEBRA — E a casa é isso. Não é lá grandes coisa, mas é como nóis mora aqui, os
colono.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 20
QUEBRA — Tá certo, mas num carece de pressa. Ocê fica aí à vontade. Dá licença.
AMADEU — É.
SUELY — Só espero que ocê num vorte a fazê as suas bestêra, pra nóis num tê
de sai fugido de novo.
AMADEU — É só ocê não fazê nada de errado, que eu também não faço.
SUELY — Ocê num começa essa história de novo! Sabe muito bem que eu num
fiz nada!
SUELY — Ocê acha o que? Que eu dei trela pra aquele sujeitinho?
AMADEU — Se eu achasse isso, ocê tava junto dele agora, debaixo de sete palmo
de terra.
SUELY SE BENZE.
SUELY — Deus que me livre! Falando desse jeito, ocê parece que num conhece
a mulher que tem.
AMADEU SE LEVANTA.
AMADEU — Num gosto de parecê encostado. Vou procurar o seu Quebra Galho
pra ele me ensinar o serviço. Ocê arruma a casa.
AMADEU SAI
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 21
CORTA PARA
HEITOR — Eu vou ficar pouco tempo e tenho muita coisa pra resolver.
HEITOR — Venho. As coisas que eu tenho pra tratar são aqui na cidade mesmo.
Preciso falar com o prefeito.
HEITOR — Inútil, mas que eu ´preciso que esteja ao meu lado. Se ele ficar contra
o meu...projeto, as coisas podem se complicar.
HILDA — E você acha mesmo que aquele banana vai ter coragem de ficar contra
você? É só você bater o pé que ele se borra todo.
HEITOR SAI.
CORTA PARA
HEITOR SAI DA CASA DE HILDA. CORTE PARA TIANA DO OUTRO LADO DA RUA,
COMPRANDO PIPOCA. ELA VÊ HEITOR E FICA SURPRESA, DEPOIS SAI CORRENDO
PARA CASA.
CORTA PARA
BALBINA — Ele me garantiu que as meninas vem aqui hoje pra você escolher.
ZULMIRA — Ele tá falando isso há um mês. As meninas não estão dando conta da
clientela. Precisa de gente nova.
ZULMIRA — Quero sim. E fala que eu não quero saber de menina menor de idade!
Na minha casa se faz a vida, mas menina de menor não entra de jeito
nenhum!
ZULMIRA — O que é isso, menina? Parece que vai tirar o pai da forca! O que
aconteceu?
MADALENA — Comigo?
TIANA — É.
TIANA — Vem aqui no meu quarto que eu quero lhe perguntar uma coisa.
ZULMIRA — Você vai ficar aí. Tiana disse que quer conversar com a Madalena.
ZULMIRA — Não deve ser nada importante. A Tiana é avoada, deve ser alguma
besteirinha. Eu to aqui pensando em outra coisa.
BALBINA — No que?
ZULMIRA — Seu Saul disse que viria logo cedo e até agora nada.
CORTA PARA
MADALENA — O que foi que aconteceu, mulher? Por que você tá tão esbaforida?
TIANA — Como assim, criatura? Vai lá! Ocê num tá doida pra vê ele?
CORTA PARA
ZULMIRA — O que foi que aconteceu com essa menina? Onde ela vai desse jeito?
CORTA PARA
CORTA PARA
ZULMIRA — Sei. Então foi por isso que você saiu desarvorada daquele jeito?
MADALENA — Foi. Tiana me disse que tinha visto ele na praça. Eu não resisti.
ZULMIRA — E?
MADALENA — E ele vem me ver mais tarde. Eu to tão feliz, madrinha! Tão feliz!
ZULMIRA — Eu estou vendo. Eu não preciso dizer que me preocupo com isso, não
é?
MADALENA — Madrinha, eu sei que não posso esperar muito dele. Sei que ele não
vai largar a mulher dele pra ficar comigo e antes que a senhora diga,
também sei que eu mereço muito mais do que isso. Acontece que,
mesmo tendo ele só pela metade, eu sou feliz. Eu ficaria triste se não
tivesse o Heitor na minha vida. A senhora consegue entender isso.
MADALENA — Por enquanto essa situação está boa pra mim, Madrinha. Ele me dá
tudo o que eu preciso.
ZULMIRA — Mas por quanto tempo isso vai ser suficiente, Madalena? Agora você
é moça, mas e quando for mais velha? Quando tiver a minha idade? Você
vai pensar em tudo o que poderia ter tido e não teve. Encontrar um
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 31 Pag.: 25
homem só seu, quem sabe ter filhos. Você sabe que com o Heitor isso
não vai ser possível, não sabe.
MADALENA — Sei. Claro que eu sei. Madrinha, quando eu perceber que as coisas não
estão mais do jeito que eu gosto, quando eu perceber que não estou mais
feliz, aí eu penso no que fazer. Agora não. Agora eu estou explodindo de
felicidade.
ZULMIRA — Minha querida, eu só espero que, caso um dia você perceba que o
Heitor não lhe faz feliz, não seja tarde demais.
CORTA PARA
PEDRO — E quando é que ela não acorda? Vou lá falar com ela.
CORTA PARA
PEDRO — Chica?
CHICA FICA SURPRESA AO OUVIR A VOZ DE PEDRO. FICA AINDA COM MAIS RAIVA
E SE VIRA.
CHICA APANHA UMA XÍCARA E JOGA EM PEDRO. ELE SE ABAIXA E ELA SE QUEBRA
AO BATER NA PAREDE. PEDRO OLHA SURPRESO PARA CHICA.
CORTA PARA
CORTA PARA
GILBERTO — Leonor, você não precisa ficar depois do horário. Na verdade você
não precisa nem começar a trabalhar.
GILBERTO — Leonor, você não trabalha mais na loja. Você está demitida.
FIM DO CAPÍTULO