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A efetivação do direito à cidade está diretamente relacionada à possibilidade dos atores sociais de se deslocarem pelos centros urbanos, para aceder e se beneficiar das oportunidades da vida nas cidades. No Brasil, o acesso aos serviços públicos e sociais essenciais, tais como saúde, educação, lazer e a cultura, é garantido pela Constituição Federal (CF) a título de direito constitucionalmente exigível. Porém, a mobilidade urbana não. É com o objetivo de introduzir o transporte ou mobilidade como direito social que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 90 de 2011, já aprovada pela Câmara dos Deputados, propõe uma nova redação ao art. 6º da CF.
Оригинальное название
A Mobilidade Urbana na Efetivaçao do Direito à Cidade
A efetivação do direito à cidade está diretamente relacionada à possibilidade dos atores sociais de se deslocarem pelos centros urbanos, para aceder e se beneficiar das oportunidades da vida nas cidades. No Brasil, o acesso aos serviços públicos e sociais essenciais, tais como saúde, educação, lazer e a cultura, é garantido pela Constituição Federal (CF) a título de direito constitucionalmente exigível. Porém, a mobilidade urbana não. É com o objetivo de introduzir o transporte ou mobilidade como direito social que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 90 de 2011, já aprovada pela Câmara dos Deputados, propõe uma nova redação ao art. 6º da CF.
A efetivação do direito à cidade está diretamente relacionada à possibilidade dos atores sociais de se deslocarem pelos centros urbanos, para aceder e se beneficiar das oportunidades da vida nas cidades. No Brasil, o acesso aos serviços públicos e sociais essenciais, tais como saúde, educação, lazer e a cultura, é garantido pela Constituição Federal (CF) a título de direito constitucionalmente exigível. Porém, a mobilidade urbana não. É com o objetivo de introduzir o transporte ou mobilidade como direito social que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 90 de 2011, já aprovada pela Câmara dos Deputados, propõe uma nova redação ao art. 6º da CF.
A efetivao do direito cidade est diretamente relacionada possibilidade dos
atores sociais de se deslocarem pelos centros urbanos, para aceder e se beneficiar das oportunidades da vida nas cidades. No Brasil, o acesso aos servios pblicos e sociais essenciais, tais como sade, educao, lazer e a cultura, garantido pela Constituio Federal (CF) a ttulo de direito constitucionalmente exigvel. Porm, a mobilidade urbana no. com o objetivo de introduzir o transporte ou mobilidade como direito social que a Proposta de Emenda Constituio (PEC) n 90 de 2011, j aprovada pela Cmara dos Deputados, prope uma nova redao ao art. 6 da CF. A real possibilidade de locomoo das pessoas nos centros urbanos um imperativo funcional das sociedades modernas. A mobilidade pessoal, para alm de ser a consubstanciao da liberdade de ir e vir, pr-requisito indispensvel realizao das demais atividades inerentes vida urbana, entre elas e principalmente o trabalho - em estreita relao com a monetarizao da vida nas cidades que exige a gerao de recursos monetrios (na forma de dinheiro), para satisfazer as necessidades bsicas, que incluem desde a segurana alimentar at o bem-estar na moradia. atravs da mobilidade portanto, por meio de uma atividade viabilizada pela efetiva possibilidade de locomoo que se obtm as condies materiais para a fruio de demais direitos, dependentes, em maior ou menor medida, de capitais, financeiros, sociais, intelectuais, entre outros, adquiridos via-de-regra por meio do trabalho e das relaes sociais a ele adjacentes. O debate sobre a mobilidade urbana evoca, nesse sentido, a obteno de condies necessrias fruio dos servios, como tambm os conflitos e os obstculos a essa fruio. Neste debate, consolida- se a noo de mobilidade urbana como conceito integral e multifacetado que, diferena da noo isolada de transporte, compreende vrias frentes de desenvolvimento, tais como: a governana, o meio ambiente, a produtividade, a eficincia e a equidade. A mobilidade urbana deixa de ser uma necessidade ou uma condio urbana para se constituir num direito, assim como em um meio para o desenvolvimento pessoal, humano, social e urbano. Com essa compreenso, o projeto Fortalecendo o Direito Urbanstico e a Mobilidade Urbana para a Efetivao do Direito Cidade, particularmente no subprojeto de Mobilidade Urbana, pretende analisar a implementao da lei de mobilidade urbana no Brasil, procurando mecanismos, projetos e polticas que efetuem o direito cidade por meio da melhoria das condies de mobilidade urbana. Os estudos de caso sero realizados nas reas metropolitanas de So Paulo e de Santos. Adicionalmente, de se destacar que cada vez mais as cidades sero o motor de crescimento e desenvolvimento econmico, sendo que as infraestruturas urbanas, em especial a de mobilidade, cumpre papel fundamental nessa engendragem. Desse modo, no resta dvida que um bom ambiente urbano, dotado de um sistema de mobilidade eficiente, constitui-se como facilitador ou dificultador das atividades econmicas e sociais.
Sendo, por conseguinte, condio para a produtividade e um melhor ambiente
competitivo das cidades. Para isso, importante reduzir os tempos e custos de viagem, contar com infraestruturas mais acessveis, rotas e frotas mais eficientes, sistemas mais confiveis, limpos, seguros e confortveis, assim como espaos de discusso e prestao de contas mais transparentes. As cidades foram transformadas em espaos de promocao da circulao do automvel, circunstncia intensificada pelas administraes pblicas que priorizam o automvel e a sua fluidez, favorecendo sua aquisio e fomentando a perda de tempo e estresse nos congestionamentos, os acidentes, a poluio ambiental, e seus efeitos novios na sade. Nas regies metropolitanas brasileiras, consumir horas no deslocamento casatrabalho est cada vez mais comum. S na cidade de So Paulo, o tempo mdio dirio destinado a deslocamentos por motivos de trabalho esta entre uma hora e meia a duas horas. Assim, a eficincia do sistema de mobilidade impacta diretamente no perodo de descanso, de socializao, bem como no comportamento de consumo do trabalhador. Consequentemente, um sistema de deslocamento mais eficiente, aliado ao estimulo de proximidade entre a residncia, o emprego e os locais de consumo, envolvem a humanizao das condies de vida, que adicionalmente estimularo a capacidade e a produtividade do trabalhador. Como a populao brasileira cada vez mais urbana, a problemtica ambiental, a sade pblica e o desenvolvimento sustentvel sero cada vez mais associados s dinmicas da cidade, aos modos de transporte e mobilidade. O uso do transporte coletivo surge como uma alternativa conveniente, a partir de uma perspectiva ambiental, na estruturao de cidades mais sustentveis. O setor de transportes tem uma participao significativa na emisso de poluentes e por isso que seu controle, regulao e presso para a aquisio de novas tecnologias (tanto nos modais pblicos como nos individuais), devem ser cada vez mais bem compreendidos e fiscalizados pela populao. Alm disso, torna-se urgente o estmulo aos mecanismos de deslocamento no poluentes, como por meio das bicicletas e de caminhada. O cenrio atual requer investimentos que priorizem os modais de transporte coletivo sobre meios motorizados individuais, promovendo um uso do espao mais democrtico, eficiente e sustentvel. Tambm requer uma redefinio, por prioridades, das infraestruturas para a mobilidade ativa - no motorizada (pedestre e bicicleta): desenhos de ruas e caladas capazes de acomodar diversos tipos de deslocamentos, com critrios de acessibilidade, segurana e multimodalidade. As faixas exclusivas para nibus, ciclo-faixas e caladas amplas e de superfcies regulares so mecanismos sustentveis em uma perspectiva ambiental, eficientes em ganhos de tempo e democrticas quanto ao uso do espao urbano.
No entanto, as mencionadas medidas sero ineficientes e no isonmicas se no
inclurem, em suas espinhas dorsais, rigorosos critrios de qualidade. Aproximadamente 70% dos usurios de automveis em So Paulo mudariam para modais coletivos se existisse uma alternativa pblica de transporte com qualidade. Os tempos de espera, a lotao dos veculos, a insegurana nas estaes, uma infraestrutura desconfortvel e as vias de difcil acesso ao sistema so crticas comuns que precisam ser solucionadas. A falta de informao para usurios e a falta de confiana na frequncia so outras queixas reiteradas. Mas, somente melhorar a qualidade do transporte no suficiente. A anlise econmica chave para mudar a deciso sobre o modo de deslocamento e a escolha de mobilidade. Uma situao contrria esta ocorrendo no Brasil atualmente. Em 20 anos, a cotao das passagens do transporte pblico brasileiro avanou 685%, contra 158% da alta do preo de automveis, segundo dados do IBGE. Isto significa que para os proprietrios de carro ficou proporcionalmente mais barato o seu uso em comparao utilizao de nibus, trem, metr ou outros meios coletivos. Alm disso, as polticas de estacionamento e de uso dos espaos pblicos por modais privados nas cidades so ainda flexveis oferecendo vagas sem custo e no havendo cobrana pelo uso das vias no espao pblico da cidade. A evidncia mostra que as decises de mobilidade so em grande parte fundadas numa anlise econmica de custos. Para os usurios de carro , ainda, proporcionalmente, mais barato seu deslocamento em veculo particular. Acima de tudo, o debate sobre o uso democrtico do espao urbano e a democratizao das vias precisa ser feito. Hoje, de acordo com estudo da Confederao Nacional dos Transportes, enquanto os automveis ocupam 60% do espao virio e transportam 20% dos passageiros, os nibus ocupam 25% do espao virio e transportam 70% dos passageiros. urgente inverter esta relao atravs de medidas que procurem o uso tanto justo como eficiente do espao compartilhado da cidade. Reduzir significativamente o tempo de viagem do transporte coletivo e dar condies de qualidade para a circulao nos modos no motorizados so intervenes chaves neste processo. Alm disso, fundamental considerar os mecanismos atravs dos quais se alcanar tarifas justas e acessveis para a populao, sem comprometer a qualidade dos sistemas e das infraestruturas de transporte. Para alm da ocupao desproporcional do espao, h tambm desigualdades patentes no nmero e perfil econmico dos usurios. Nos grandes centros urbanos brasileiros - onde os problemas de mobilidade afetam de forma mais severa o acesso a condies equnimes de usufruir de direitos, equipamentos e servios de acordo com o IPEA (2011), 60% da populao se v dependente de modais de transporte coletivo para a locomoo. No entanto, ao mesmo tempo, dos custos totais com mobilidade, 79% so despendidos com transportes individuais e 21% com coletivos, segundo a ANTP. Esses dados, aliados ao fato de que o usurio de transporte privado detentor de maior renda mdia em comparao ao usurio de outros modais (ANTP, 2014), levam inevitvel concluso de que polticas
pblicas que no priorizam investimentos em apropriao equnime dos espaos pblicos
e da mobilidade urbana, por meio de modais coletivos e no motorizados, so flagrantemente regressivas. Isto , aplicam recursos pblicos para reforar desigualdades e no para reduz-las. A regressividade de tais investimentos e polticas, conforme concludo, culmina em outra concluso, de ordem jurdica: investimentos que reforam as desigualdades urbanas e no priorizam a mobilidade urbana sustentvel, so inconstitucionais at o momento em que se atinja nveis satisfatrios de acesso a bens, servios, equipamentos e direitos por toda a populao (essa concluso depreendida do artigo 3 da CF, independentemente da aprovao da PEC/90, mas a existncia desse projeto de emenda Constituio refora o argumento jurdico exposto). Dessa forma, torna-se essencial compreender o direcionamento dos recursos pblicos e sua adequao s reais demandas sociais. Assim, uma governana e uma gesto transparente e participativa ao redor dos processos de mobilidade urbana vo se tornar mecanismos hbeis efetiva implementao de projetos que respondam s necessidades da populao e s demandas da cidade num projeto urbano democrtico. Se cada vez mais clara a relao entre mobilidade urbana, direito e desenvolvimento, a participao social e o debate democrtico devem ser os pilares da discusso e da tomada de decises sobre os caminhos da cidade. As escolhas da vida urbana devero ser o resultado desta compreenso, refletidas na consecuo de processos de desenvolvimento integral nos mbitos urbano, humano e social. Nossas cidades, mesmo cheias de vantagens, se deparam com grandes desafios para suprir as crescentes demandas de seus moradores. Avanos significativos tm acontecido a partir do reconhecimento dos direitos cidados e da gerao de mecanismos, polticas e intervenes que possibilitem seu aproveitamento. A lei de Mobilidade Urbana um exemplo disto. Uma mirada critica sua implementao em algumas das regies metropolitanas mais representativas do Brasil sugerira o rumo que esto tomando esses processos em sua prtica e execuo. A avaliao desses processos resultar em recomendaes para otimizar as aes que j esto ocorrendo e oferecer aprendizados para corrigir intervenes ineficientes ou pouco estratgicas, com o objetivo de identificar e compartilhar boas prticas de gesto e de implantao para melhor aproveitar os investimentos em mobilidade urbana para a efetivao, em toda sua complexidade, do direito cidade.
Jose Leandro R. Fernandes, Diana Daste, Pedro C. B. de Paula, Irene Quintns
Equipe de coordenao e pesquisa do projeto Fortalecendo o Direito Urbanstico e a Mobilidade Urbana para a Efetivao do Direito Cidade, promovido pela Fundacao Ford e Instituto Brasileiro de Direito Urbanstico (IBDU).