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AmargAura Edno Gonalves Siqueira

Tristeza, angstia, aflio, severidade, intransigncia, sofrimento causado por


frustao, acerbidade, acrimnia, amargor e azedume. Parente de fel, bile negra,
veneno. Suas razes gregas nos levam teoria dos humores: o corpo humano um
reflexo do universo e seus elementos que se tornam aspectos do temperamento. H
um temperamento que tende amargura, mas essa tendncia predominante, se em
excesso, torna-se uma doena. Ento, uma pitada de amargo nessa gastronomia do
ser receita de equilbrio. Muito, estraga a receita da dosagem em boa proporo do
humano. O gosto amargo de uma experincia frustrante deve ser ingrediente de uma
receita cujo fundamento bsico o equilbrio dos demais elementos. No se frustrar
ou frustrar-se uma condio que os tempos definem como um bem ou um mal a se
evitar ou a se buscar; depende das mos que regem o tempo. Esse gosto azedo que
impede que se engula e que se digira uma experincia uma arte da lngua. Vomitar,
cuspir, engolir ou fazer desse trato uma disciplina so atitudes imprevisveis.
Dependem do quanto azedo o amargo for. Depende da lngua e seu preparo. Uma
lngua madura nas provas dos azedos da vida suporta o que outra, s acostumada
com doces sabores, no conseguiria mais esquecer e que a tudo resto contaminaria
de azedo inesquecvel. As lnguas guardam memrias dessas histrias do paladar. O
Ser pe mesa: ceias, lanches, picnics, fast foods que imperam, fomes passageiras,
dietas auto-impostas, jejuns purificadores, regimes purgatrios, cornucpias de
abundncias, refestelo, fomes infindas, abastana, festins, insaciedades famlicas... e
nos servimos no como se pode, mas como se no momento em que o menu posto
tudo regulao do amargo que desce a garganta e se instala no fundo da alma como
cura ou infeco. Decifrar essas cartas do real ou ser devorado pelo que deveria ser
comido a tarefa de amadurecer a lngua. Madura, dar bons frutos; amargos na
medida possvel da continuidade de ser uma metfora que se alimenta da vida, nem
pouco para que no morra esqulida de ser, nem muito para que no deixe de se
digerir. mesa do real, uma velha, esotrica, mtica receita grega: equilbrio, que se
dizia proporo ou analogia (); um tipo de razo (logos; ) que pouco se
aprende e que quase nada se ensina. Do jil ao mel, aprende-se uma lngua ao usla.

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