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PSTN / / oN vf DIA DE GRACA (Candeia) DE QUALQUER:WAISEHRIA (Gantieia}FILOSOFIA DO SAMBA (Paulinho da Viola) PONV Sze ann tee ey We em at ee aN NL el deka ot: “= DIA DE GRACA (Candeia), _ Direitos autorais de Editora Mu- Buarque. Pressentimenso foi a ter- ‘com Candeia © acompanhamente sical RCA Leme Ltda. ceira classficada, disputando com . Ge conjunto instrumental, destacan. Registro no CNDA (Consetho — Lapinha (Baden Powell e Paulo Cé- ose Jorge ¢ William (violbes), Os. Nacional de Direitos Autorais) sob sar’ Pinheiro), a vencedora, Coisas mar (eavaquinho) e Raulzinho —*-° 60430834, do munde, minha nega (Paulinho Geombone). Do LP Equipe n° EQ _ Depois de Minhas madrugadas da Viola), Bom tempo (Chico Buai ‘865, langado em junho de 1970. (parceria de Paulinho da Viola), que) e Tive, sim (Cartola). Am Direitos autorais de Irmios Vie qUe fez grande sucesso na interpre. sica de Elton e Herminio’ foi de- tale S/A Indistria Comercio, tagio de Paulinho, O mar serenou fendida por Elza Soares, cantora Registro ne CNDA (Conselho Na- {01 © maior éxito popular de Can- que incumbiu-se de sua gravacio, ional de Direitos Autorais) sob n° dela. Excelentemente gravada por no mesmo ano da Bienal ‘60506083, Clara Nunes, tornou-se uma das mie Dia de sraca surgiu em discos na Siea8 mais executadss da cantora. QUATRO CRIOULOS (€t- vor do. proprio Candsin, Aliana ion ‘Medeiros “¢ Joucir Santana) Somposigio transmite muito da ti MASCARADA (Elton Medci- Som Elton Medtiros ¢ tomena at losofia do compositor, sua identi- ros e Zé K&ti), com 0 conjunto A _rigido por José Menezes e composto ficagéo com a camada pobre da po- Voz do Morro. Da gravacio origi por Jorge da Conceigao (violio), pulagio, e a consciéncia do negro nal LP Musidisc 2114, Roda de Amauri Nunes (cavaquinho), Pedro ‘como individuo: “mas depois da ilu- samba, langado em 1965. Sorongo (tamborim e reco-reco), ‘fo, coitado, 0 negro volta ao hu- __Direitos autorais de Editora Mu- Gilson (ganzé), Gilberto d'Avila ‘milde barracdo”. No entanto, cr8 sical Pierrot Ltda (Surde), Margai.(cuica), Eliseu e ue as coisas podem se moditicar: Registro no CNDA (Conselho Luna (iamborim), Jorge José (pan- Deixa de ser rei s6 na folia, (...)/ Nacional de Direitos Autorais) sob deiro), Plinio Aradjo (bateria), Raul Ai entio, jamais tu voltarés/ Ao n° 60455900. de Barros e Antonio Jr. (trombone). barracio", Em fins de 1964, 0 compositor Gravagio RCA Victor, datada de Zé Kéti resolveu formar um con- 23 de outubro de 197i e feita es DE QUALQUER MANEL- _ junto integrado por compositores _pecialmente para o disco que acom- ‘ de vérias escalas de samba. Junto panhava colegio str da Mas RA Cantsi), com Candela ¢cOn- Son Oscar Bigode (primo de Pat. Hea Popular Baste, wha a linho da Viola), somou-se aes Cinco Direitos autorais de Editors Mu- Candela, 2° EQC 800004, lassdo —Criulos (Anescaranho, Ze Cruz, sical Pierrot Lida, femiieeneombre]aoyio7 Paulinho da Viola, Jair do Cavaqui- Registro no CNDA (Conselho Direitos autorais de Edigdes Mu- sicais Marajeara Lida Esta composigdo de Candeia le- tho e Elton Medeiros), que ja ha- Nacional de Direitos Autorais) sob viam participado do musical Rosa n° 60387157. de ouro, nascendo assim 0 septeto Quatro _crioulos foi _composta y2.9 mesmo titulo de um samba de (4 Vor: do Morro. muito tempo antes de ser apresen- sutoria de Noel Rosa ¢ Ary Bar "Foram entiio & Musidise mostrar tada, em 1965, no show Rosa de oso, datada de 1931. De qualquer ao diretor artistico, Luis Bitten- oud. A partir dai, tornowse rela mancira, no entanto, é uma reafir~ Court, suas misicas. Para isso, gra- tivamente’ conhecida, No. show, magio da forga de vontade ¢ da varam uma fita no estidio; no fim alifs, era_cantada com mais uma Berseveranga de Candeia. Confina- da sesséo, contudo, Bittencourt con- _estrofe: "O quinto crioulo,/ Quase do a uma cadeira de rodas por um cluiu que aquilo jé era um LP per indigente,/ Rapaz também decen- acidente que Ihe lesou a columa, feito, sem necessidade de se pro- te,/ De fazer inveja a pouca gente./ afirma que “sentado em trono de curar um cantor que se interessasse Muito mal empregado/ Numa car- rei,/ Ou aqui nesta cadeira/ (...)/) CU A ‘| ; pelas composigdes. pintaria,’ Educado e diplomado na De qualquer maneira,/ Meu amor, — ""Laneade no mercado com 0 ti boemia./ E quando chega feverei- gu canto,/ De qualquer mancira,/ jg ge Roda de samba, 0 disco nio _t0,/ Ver o crioulo no terreito,/ E ten cacuste =x) you samba aleangou,Gxito" popular, mat foi sensaional/ No lia de caraval/ muito elogiado pela critica, em todo figura principal/ No plantio po- FILOSOFIA DO SAMBA 6 pais. Logo a seguir, em 1965, licial.” (Candeia), com Paulinho da Viola viria o segundo volume de Roda de © conjunto sob a regéncia de Lin- samba AVENIDA FECHADA (et. dolfo Gaya. Orquestragdo de Lin- _" Mascarada era uma das compo- on Medeiros, Cristévio Bastoy ¢ dolfo Gaya. Do LP Odeon Paulinho sigdes do primeiro Roda de samba 'Sriahig'Watente) come Elton Mes da’ Viola, n.° MPFB 3670, tangado — hoje uma ratidade historiea da eros e orquesira da Odeon, sob em abril de 1971. MPB pelos valores que, despreten- regéncia de Orlando Siveire. Do Direitos autorais de Edigdes Mu- _ciosamente, revelou, LP Odeon n° SMOFB 3820, lan- sicais Marajoara Ltda. ado em dezembro de 1973, Registro no, CNDA (Conselho ~PRESSENTIMENTO iton —™ Dircitos autorais de Edigdes Mu- Nacional de Direitos Autorais) sob Medeiros e Herminio Bello de Car- _sicais Pérgola Ltda, eee ‘ valho), com Elza Soares ¢ orquestra Registro. no CNDA (Conselho Filosofia do samba é uma das da Odeon, sob a regéncia do maes- Nacional de Direitos Autorais) sob mais Tespeitadas composices de tro Nelsinho. Arranjo de Nelsi- .° 60430877, Candeia ¢, também, uma das prefe- ho, Do LP Odeon Sambas ¢ mais Considerada uma das melhores fridas em seu repertorio, A letra con- sambas, n° MOFB 3646, gravado —criagdes de Elton Medeiros, Ave- tam inimeros ‘Snot fleiee” Sg ge junto de 1968. rove. da fecha rus de ane el ee eae ee luem gio. original.) seu pensamento a respeito do des- Ye 86 aonde a vista sleanga” © Direitos autorais & disposigdo dos __virtuamento dos desfiles de carna- ‘mudo & quem s6 se comunica com autores, val: “Chora, meu peito/ (...)/ pale eprom CNDA (Conseno Enguanios svn elie oad Nasional de Dicos Astras) sob Pa'quom nd puter pagar" 0 pr © MAR SERENOU (Candeia), _n.° 60430915. prio Elton gravou esse samba ¢ no com Clara Nunes © grupo ime: "Em 90 reazovse tm Sio Pao. Soe primes LP inne tent Odeon, Cora lou eon. lo, promora pee TV. Rewards aa! teitre- me de Avenida Finto Nose Santa, ‘Do LP Otson bln do Samba De tora pat~ fecha detfcassplsmnete Glrdade n° XSMOPB S888 ane tiara ompoutor So nel de om‘. eslo de morn carne gado em Setembro de 1975, Cartola, Paulinho da Viola, Chico ristico de Elton. Ache gue 9 Candeia ¢ 9 Elton tint na 5a historia mini da historia sha subiirhin do Rie de Janeiro, Isso é mite signifieatine & mnite Hi80, BOrquE 8 suburbia € wa das reas gus haa foram ta ‘erianiente atingidas pelo progresto ‘epéins distoredes gue pene 0h 6 pragresso. Evibora eles teaharn partido do mestne ponte, 08 caminhos Fe sperarain i pouco ao tongo tos anos. 0 Canon € agora wm Rommem iieiramehte wohado para as ratses, para oF nossos rastros. O Eton faz 0 mesmo, mas de uma mancira ‘mais erudite, de tm ponto de vista te Zona Sul do Rio de Janeiro. © Bilton mora e comvive na Zona Sul e com gente da Zona Sul. Isso ndo vem em detrimento dele, ito contrério, he dé uma visdo crition, talves até mais cult, no sentido livresco da palavra. (Biche dct teres dak ‘maneira ele no sente como um grito, Elton Medeiros oo ? lois Srandes do samba eda arte negra le mo wera de protest com © fom acontecendeo mas excolas oumba, ex deforms ewe tome do turiomo e tedo mais gre Dem send fsb. Ele fix o sami efoto te tnteligdncie. De cores manera & come em Arona fechadh. Tudo tro pare mestrer que o Eten mae refeata pes eed ‘részimo de wma dea meuito refinada, Save Gandeia, ve moetra mais ‘com ox rastros, como di ‘Jobim. Com ox morres aren. Ele {fuxiesoe demonetra ecee precoupegio com diseurers, com gratin, Cae ‘movimentos, com uma oriegao popular derenome. Quer diser, de wma maneira bem diferente. Acko, enti, que 0 Candeia eo Elton, que vieram dessa zona marovilhona que 60 subiirbio carioca, onde tudo é muito rico, onde ‘as cola esto ai para quem iuiser ver ainda, e separaram um pouco, justamente no tocante @ abordagem da coisa, nunca nos principios. Os ideais, os méritos séo os mesmos. A preocupagio com ralzes éuma ‘preceuparsi que deverainteressor {todo mundo. Bxtamos cansados te ouvir que este é um pais sem meméria. Eumabsurdo. Sea gente ndo sabe Seren 5 gous mac node sabe Perey ‘nde va. Bn, & importante seguir Sastre de noltae usar tudo isso como referéncia para um trabalho. 0 show Roda (1978) passa bem isso. 44 misica Avenida fechada ¢ apresentada sum arranjo com toques dramdticon, tom tanto sofiticados. Enguanto isso ‘acontece com o Elton, os gestos, ‘08 sofrimentos e os provestos do Candeia x materiaizam na fundagio de uma escola de samba, um clube: © Quilombo. Earegimentar pessoas fazer pregogées a essaspessoes, Tembrando a culture negra FERNANDO FARO nténio Candeia Filho sem- pre foi Portela. Moleque, nos desfiles carregava gam- iarras, os pequenos lam- pies que iluminavam as ruas escuras do antigo Rio de Janeiro, para que 0 samba passasse, Participou do iltimo desfile da Portela na Praca Onze; ajudou a construir a Portelinha, guarta sede da escola. Desde 1975, Candeia prepara outra escola para 9 carnaval: Quilombo. Um centro de resistencia para preservar tudo que ajudou o samba a nascer: jongo, capoeira, lundu, maracatu. O Grémio Re- ereativa de Arte Negra e Escola de Sam- ba Quilombo ¢ idéia do compositor Can- deia, desencantado com a distancia cada Yee alee enlre os sambislas e as ex colgs de samba. Mas Candela seimpre sera Poitela = 0 verdadeira sambista tom amor & eseola. Quande @ Portela liver dirigentes gE Se IMERIITGUEM GOR meus Pensa: Hientas, esiarel Ie ‘Negro, acorda! b Deixa de ser rei sona folia!” Leena, compannetra de Candela na vida € 0 Quilombo, redute de cultura negra. As festas de aniversério do menino Ant6nio Candeia Filho, nascido em 17 de agosto de 1935, nao tinham bolo, sorvete, chocolate, como as de outros garotos. O pai, sambista e boémio, fazia do aniversério uma roda de samba cho- ro na casa de Oswaldo Cruz, subsirbio carioca, A festa era de adultos: feijoada cozinhando na lenha, cachaca da boa, posira comendo no terreiro de terra ba- tida, Entre 03 adultos, os bambas Paulo da Portela, Jodo da Gente, Claudionor Cruz, Zé da Zildi © menino ia deitar as 10 da noite & ficava acordado até as 3 da madrugada, quando acabava o samba, 0 choro, a se- resta, Da cama, 36 nio conseguia en- tender porque néo podia participar, se zangava, Com doze, treze anos, Candeia come- got @ compor: — Cantava ¢ sabia que era coisa no- va, coisa minha, Seis datas magnas foi o primeiro sam- ‘baentedo de Candeia para a Portela, A parceria era de Altair Marinho. O carn: val era 0 de 1953, quando a Portela foi camped do desfile com 400 pontos: obti- vera nota maxima em todos os quesitos — dez também para o samba de Candeia. Em 1955, a Portela tornou a desfilar com samba-enredo de Candeia e Waldir 59, Festa junina em fevereiro. Foram {és anos consecutivos com a parceria de Waldir 59: Riquezas do Brasil, em 1956; Legados de D. Joao VI, em 1957 — outro ano de primeiro lugar para a Portela, Em 1959, Candeia volta com Waldir 59, Picolino, Casquinha e Bubu, com Brasil, pantedo de glérias. Mais uma vez, a Portela é campea do carna- val. Os quatrocentos anos do Rio de Janeiro (1965) também viram a Portela entrar na avenida com samba de Can- deia, parceria de Waldir 59: Histdrias € tradicoes do Rio quatrocentao. A Porte- la ficou em terceiro lugar. Do tempo de segurar gambiarras 20 de compositor, Candeia s6 respirou Por- tela, Desfilava no coro, no tempo (1949, 50°51) em que, além da bateria, s6 hi via a ala das baianas ¢ um ou dois tipos de fantasia masculina, — Numa ocasido, sai de trabalhador, homenagem a Getilio Vargas. Ia de ma- cacio, com uma ferramenta na mio, simbotizando 0 operdrio. Com alguns amigos, Candeia fundou ‘ala da mocidade da Portela, onde saiu por dois anos. Depois fez parte da ala considerada 0 galho que dava mais fru- tos do que toda a rvore-Portela: a “ala dos impossiveis”. Foi ela que ajudou a Tealizar os desejos de Paulo da Portela, de que “todo mundo fosse pra avenida “de pé e pescogo ocupados”, isto & de sapato ¢ gravata, — Foi um negécio muito marcante, todo mundo jovem, revolucionando. Mogo ainda, Candeia ficou sem 2 pos- sibilidade de sambar com as pernas. Era investigador de policia desde os 22 anos de idade, e um tiro na espinha o deixon paralitico. Preso a uma cadeira de rodas, ndo se deixa abater, nem quer ver sua imagem associada 2 de um ho- mem sentado. — O sambista é um homem, 0 da cadeira de rodas, outro. sambista diz: “De qualquer manci- ra, meu amor, eu camo/ De qualquer maneira, meu encanto, eu vou samber/ (C..)/ Sentado em trono de rei/ Ou aqui nesta cadeira,/ Eu j6 disse ¢ jé falei/ Que, seja qual for 2 mancira,/ Quem € bamba/ Nao bambeia./ Falo por con- vicgio:/ Enquento houver samba na veia,/ Empunharei mea violéo”. © homem deixou-se vencer pelo sam- ba. Dois meses antes da fundacio do Grémio Recreativo de Arte Negra e Es- cola de Samba Quilombo, Candeia quei-_| xava-se do gigantismo das escolas, da transformagéo do samba em show. Di- 5 Zia que se pudesse, se tivesse condicio £ fisica, fundava uma escola de samba. © Deals ieleteetng og 1007s oermtece | a primeira reunido oficial do Quilombo, =| com quinze pessoas, um pandeiro, um surdo, dois iamborins, um agog6, um 5 reco-reco ¢ dois ganzés ressoando na casa de Candeia, em Jacarepagud. Desse dia de Nossa Senhora da Con- ceicdo em diante, Ant6nio Candeia Filho € o presidente vitalicio do conselho de- liberativo da agremiagdo, E faz questo de cortigir a todos que chamam Qui- lombo de escola de samba, apenas: — E Grémio Recreativo de Arte Ne~ gra e Escola de Samba. Quilombo é jon- go, € capoeira, é lundu, € maracatu — tudo aquilo que contribuiu para que hou- vesse 0 samba propriamente dito. Por- que 0 samba surgiu da fusio de tudo isso: igo do jongo, na danga; do lundu, do caxambu © do maracatu, no ritmo, A grande figura, 0 lider do Quilom- bo, € Candeia. E ele quem manda bus- car vovs Teresa, negra de 116 anos, para ensinar o jongo, iniciando as aulas do grémio e escola. Foi Candeia que, desesperado, esperava alguém para le vé-lo & concentragao do primeiro. des- file do Quilombo, no carnaval de 1977. Hayia os imimeros telefonemas, durante todo o dia, de gente dizendo “é melhor nao irmos”. Tam mostrar atabaques, pa~ nelas, frigideiras e muito samba no pé. © pessoal estava assustado com a lava- gem cerebral feita na populacéo pelas pumas, pelos paetés, pelos carros aleg6- ricos das grandes escola cantando o samba-en- redo escolhido entre os doze apresenta- dos. Saiu pagando taxa ao Departamen- to de Censura e Diversdes Péblicas, por- que no teve ajuda da Riotur (a Seere- taria do Turismo carioca). Quer desfilar nos subéirbios da Zona Norte, em M: dureira, Coelho Neto e Rocha Mirand ide 0 povo possa vir atrés, aplaudir, incentivar. — Na Portela, eu cantava meus sam- bas na hora devida, na minha vez, no momento do ensaio. Com as pastoras de um Iado, a bateria armada, m © mostrava 0 t sabia fazer muito isso. ‘Afora ser um homem fechado, Can- Mee jongo, Jundu, capoeira, caxambu: Quilombo étudo oque formou osamba walter firma/abril press deia confessa que os sambistas tinham pouca visio do que seria o mundo dos discos, dos cantores. Seu primeiro sam- ba gravado é de 1957, Samba sincopado, levado a0 disco em 78 rpm, por Luis Bandeira, sambista de sucesso na époce, que ouviu o samba dentro dos estidios da Sinter. Eram os compositores da Por- tela que estavam I4, gravando um LP de samba-enredo da escola. Esse disco, 0 primeiro de uma escola de samba, ‘foi para o mercado depois do 78 de Can- deia, mas ainda em 1957. Os sambas eram feitos sem a preo- cupagio de gravar. A satisfagio era mos- ‘rar 20s amigos. Tanto que havia uma brincadeira entre Candeia, Zé Kéti, Cas- quinka, Bubs, Picolino, Walter Rosa, em que todos tinham 0 compromisso de apresentar, todo o fim de seman, uma miésica nova. — 0 Elton ¢ o Zé Kéti partiram logo para uma jogada mais audaciosa, foram pra cidade mostrar misica, cantar em shows. A gente tinha {6 no nosso tra- balho, mas eu acreditava que meu sam- bba nao era para ser gravado, ndo era de linha radiofénica. Era samba de escola. A cancha de Zé Kéti fez 0 conjunto ‘A Vor do Morro, do qual também par- ticipava Elton Medeiros, aparecer mais que 0 Mensageiros do Samba, conjunto de Candeia, Bubu, Casquinha, Arlindo, Jorge do Violio e Picolino, formado em 59-60 — nem Candeia lembra direito. Tamborim, pandeiro € violéo, os quatro sairam tocando nas festinhas, sem ir para a cidade. Um dia desceram, convidados por Salvador Batista, radialista e jornalista j falecido, Tam se apresentar no Teatro Niteréi, no mesmo show do pessoal da Jovem Guarda. —0 teatro estava lotado desde ce- do. Chegamos, saltamos ¢ fomos pra Ié: tira cuica, tira surdo, tira violo. Quan- do entramos pra ir 14 pro camarim, o pessoal nos viu, crioulos de tamborim, ‘cuica ¢ violdo. Foi uma vaial Senti como se estivesse num pafs estrangeiro. . . a z velter fimo’ sb Do movimento criado em toro do restaurante Zicartola, do compositor Cartola, Candeia pouco participou. Ta 0s encontros de sibado, mas era assis- tente: a casa era de amigos, mas ele s¢ sentia tolhido. Entre os amigos, estava Paulinho da Viola, que fez a ponte entre Candeia e Elizeth ‘Cardoso, com 0 sam- ba de parceria dos dois, Minhas madru- gadas: “Vou pelas minhas madrugadas/ A cantar,/ Esquecer 0 que passou./ Trago a face marcada./ Cada ruga no meu rosto/ Simboliza um desgosto”. A aravacio de Elizeth € de 1962, e Pauli- ho da Viola regravou a misica em 1966. Sambas de Candeia também foram pa- ra disco nas vozes de Martinho da Vila (Quem me dera, no LP Rosa de Ouro), Clara Nunes (Anjo Moreno, Serioreré € Partido da Clementina) ¢ Elza Soares (Dia de graca), Discos dele, cantados por ele, Can- deia fez cinco. Os dois primeiros na eti- queta Equipe, nos anos de 1970 e 1972 “Parece até que Opovo vai desenfeitar Umbom carnaval sefazcom Sente feliz acantar” Na Odeon ele gravou sé um compacto € de Ia foi para a Tapecar, por onde ssiu 0 LP Samba de roda, em 1974, Na Tapecar, ainda, fez o LP Partido em 5 (1975), disco de grande vendagem. No ano seguinte, Candeia estava gravan. é0 Filosofia do’ samba, na etiqueta Pa rio. O LP Quatro grandes do samba (RCA, 1977, com Elton Medeiros, Nél- son Cavaquinho Guilherme de Brito) tem trés sambas seus. Ainda em 1977, Candeia soltou Luz da inspiracdo, pela WEA (etiqueta Atlantic). Em 1978, Candeia prepara seu sexto LP, consagrando seus quase trinta anos de samba. Toda uma vida marcada pela Filosofia do samba: “Pra cantar samba,/ Nao preciso de razio,/ Pois a razao esti sempre/ Com dois lados./ Amor é tema to falado,/ Mas ninguém seguiu/ Nem cumpriua grande lei./ Cada qual ama ./ Liberdade,. igualdade,/ 2/ Nao sei./ Mora na filo- Maria,/ Morou, Maria,/ izem que na caixa de fésfo- ros ele € inigualével. Di- zem também que a linha ‘mel6dica de seus sambas é estranha, contundente, in- ventiva, Fundou um bloco carnavalesco — 0 Tupi de Bris de Pina —, uma es- cola de samba — a Unidos de Lucas, resultado da fusio da Escola de Samba Aprendizes de Lucas ¢ Unidos da C pela —, criow a ala de compositores de uma deias — a Aprendizes — e ajudou a montar uma terceira — 0 Grémio Re- cteativo de Arte Negra e Escola de Sam- 'ba Quilombo, junto com Can Mas Elto Anténio de Medeiros, o El- ton Medeiros, carioca nascido na Gléria em 1930 e ctiado na Zona Norte, fun- cionério piblico ¢ compositor, conside- tase um homem Sem ilusdo: “No Car- naval,/ Eu sempre saf sorrindo,/ Me di- vertindo 6 pra desabafar./ Trés dias pra sorrir,/ Um ano pra chorar./ Mas des- sa_vez/ A ilusio no vai_me pegar” (1977, de Elton e Ant6nio Valente). Que caminho restava ao menino El- ton, iltimo dos dez filhos de Luis Ant nio’de Medeiros, afamado dancarino das sociedades carnavalescas, inveterado ran- chista, senéo ser sambista? No Rio da década de 30, a familia de Elton logo mudou da Travessa do dria. Foram parar em 1, Iados da Zona Norte. Car- al era na rua, escola de samba ainda nio era o forte. Bom mesmo era sair nos anchos e nos blocos de sujos. — Num carnaval, quando eu tinha unas trés anos, meu pai disse minha mic: “Passa meu terno branco”. Vesti, falow que ia até a esquina, Demorou. Minha mie pegou 2 filharada e foi para a Ave- nida Rio Branco, De repente, passa um rancho — com meu pai lé, na comisséo de frente, com 0 tal do terno branco. Nos trés dias de folia, as criancas de Brés de Pina nfo se limitavam a assis- tir, O irmao Aquiles, falecido em 1970, logo organizou um bloco de sujos. Elton, com oito anos, saia junto. Mesmo com © improviso do bloco, tinham porta-es- tandarte, bateria, apito. ‘Aquiles, cinco anos mais velho Elton, jf ‘compunha. Foi seu primeiro parceiro e, entre outras composicées, fizeram Festa da primavera (1953), para © Bloco Tupi de Bras de Pina. Também foi de Aquiles que Elton recebeu a pri- meira ligdo, quando fez um samba cuja letra no tinha pé nem cabega: — Todo samba tem que contar uma hhistorinha, Elto. .- (O ensinamento ficou. O exemplo Mi- ‘nha confisséo, uma das raras composicoes $6 de Elion: “A melhor coisa que eu possui/ Nesta vida/ Foi teu amor sin- cero, que foi meu,/ Meu amor./ Mas eu fugi sem te oferecer/ A despedida,/ Talvez pensando te causar solucos/ De dor./ Pensei que fosses talvez mendigar/ ‘Meus carinhos./ Mas nem sequer tu pen- sas em cruzar/ Meus caminhos./ Eu procurei meu préprio padecer./ Agora {aco minha confissa0/ Porque nao quero morrer de saudade, no”. Catxa-de- fosioro: tinico instrumento que dava pra comprar ‘Minha confissdo esté no LP Na ma- drugada, gravado em 1966, com Pauli- nho da’ Viola. Na época, nenhum dos dois era _conhecido. Profissionalmente, haviam pertencido a0 conjunto A Voz do Morro (criado na casa de Cartola e formado por Zé Kéti, Nélson Cavaqui- ho, Armando Santos, Joacir Santana, Nuno Veloso e Ventura da Portela), Es- se conjunto teve duas formagées © a segunda (Elton, Paulinho, Zé Kéti, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Sal- gueiro, Zé Cruz e Oscar Bigode) deu origem, mais tarde, a0 quinteto (Elton, Paulinho, Anescarzinho, Nélson Sargen- to e Jair do Cavaquinho) que participou do show Rosa de ouro, acompanhando Clementina de Jesus e Aracy Cortes. O show, escrito ¢ dirigido por Hermfnio Bello de Carvalho, fora um grande su- eesso na década de 60. A misica-tema do espetdculo era de Paulinho, Elton do préprio Herminio. Elton cresceu e estudou em Brés de Pina, Trocou a bateria do bloco de su- Trombone toi coisa infancia, do tempo da banda da Escola ‘Rcnica Pe jos por um trombone — que aprendeu 1 tocar na banda da Escola Técnica Joao Alfredo, em Vila Isabel. Ali, fazia um ‘curso de desenho técnico e pintura. Co- ‘mo Elton nao podia comprar um trom- bone, largou o instrumento: — Afinal, caixa-de-fésforo era o ini €0 que eu podia comprar. Mas até largar o trombone, Elton dew muita “‘canja” numa gaficira de Enge- ho Novo, o Fogio. Menor de idade ain- da, convenceu Uriel Azevedo, proprieté- rio da casa e autor de Hino do amor (gra- vado por Emilinha Borba), que podia tocar. E muito lucrou com isso: — Tocar na gafieira foi uma escola. Os meninos_cresceram, 0 bloco de sujos acabou. Elton continuou no sam- ba. Juntou-se a0 bloco Unidos de Cin- tra, mais tarde chamado Unido do Amor. Nessa época (fim da década de 40), Elton conheceu Joacir Santana, que se- ria seu parceiro em Chove e ndo motha, gravado em 1977 no LP Quatro grandes do samba ¢ Coragto de ouro, de 1967, Parte ect tritha sonora do filme Edu, coragio de ‘ouro, de Domingos de Otiveira. ‘Com Joacir, Aquiles ¢ Herbert de Medeiros (outro irmio), Elton fundou uum bloco de poucos camavais, um bloco com trombone que saia na Circular da Penha. Amigo de Juventino de Sé, 0 Titino, Joacir soube que havia 2 idéia de outro bloco — carregou seus com- panheiros para li. No carnaval de 1950, nascia 0 Tupi de Brés de Pina, na casa de Titino: Rua Pegueri, Si. O bloco Virou escola depois de Elton sair. Trés anos mais tarde, a Tupi escolhia © samba para seu enredo Festa da pri- mavera, entre duas composicdes finalis- tas. Uma delas, de Elton e Aquiles Me- deiros. Esperando 0 resultado, estava também Joacir — que jd pertencia & Aprendizes de Lucas. Com ele, outros compositores de Lucas, que era a segun- 4a do Rio, 86 perdendo para a Portela. (© samba de Aquiles ¢ Elton nao ga- hou, Mas surgiu 0 convite para que ajudassem a criar a ala dos compositores da Aprendizes. Accitaram, com uma con- dicio: em 1953, desfilaram ainda _na ‘Tupi. Em 1954, o samba de Elton, Joa- Gir e Tso Macumbeiro, Exaltagéo a Sao Paulo, levou 2 Aprendizes & avenida. “Assistindo o desfile de 2 mil figurantes, na Avenida Rio Branco, estava o can- tor Jorge Goulart. Pela primeira vez, uma ‘composicao de Elton alcancaria um gran- de meio de comunicacso: Jorge levou 0 Exaltacao para 0 programa Um milhdo de melodias, da R&dio Nacional. Elton recorda com satisfacéo: — Jorge cantou com uma orquestra de quarenta miisicos, com arranjo de Ra- damés Gnatalli, dez batedores de cai- xa-de-f6sforo. Um era eu. Entre 0s rit- mistas, s6 gente famosa: Bide, Heitor dos Prazeres, Joao da Baiana. Nos anos da Aprendizes de Lucas, E- ton Medeiros conguistou o lugar que ocupa hoje na misica popular brasilei- ra, Foi o tempo de gravar pela primeira vex: Caprichos da natureza, com Auste- clinio Silva, na voz do mesmo Titino. Era o LP Escola de samba em desiile, da_extinta gravadora Rédio, feito em 1957, 36 de compositores, da Aprendi- zes de Lucas, Império Serrano © Unidos de Padre Miguel. Quase da mesma época a gravacio de Falta de queda (1958), por José Bispo, o Jamelio da Mangueira, Foi também para a Aprendizes de Lu- cas que Joacir e Elton compuseram Qua- tro crioulos. Elton tem saudade da escola desse tempo: — Hoje escola de samba é um negé- cio horrivel. Antigamente, a gente co- mecava um samba na escola, conversan- do. Dai, entrava um cavaquinho, um ca- vaquinho 36. Vocé cantava 0 samba to- do, s6 um cavaquinho e um pandeiro. De levezinho, vocé cantava, cantava, até todo mundo comecar a aprender, come- gar a fazer coro. O coro ia crescendo, crescendo, e s6 quando estivesse bem afi- nado é que a gente ouvia um apito longo do diretor de harmonia, dois apitos lon- gos do diretor de bateria. Entio, a ba- No prato, Elton; na cufca, Paulinho da Viola; os outros séo Nélson Sargento, Anescarzinho e Jair do Cavaquinho. Juntos, formavam conjunto Cinco Crioulcs, no comeco da década de 60. teria entrava toda. Ai, todo mundo co- Imegava a cantar min, ‘emo 0 aprendizado ds samba nw es cola de antigamente, « profissionalizagio de Elion velo vindo de eve, devagsri- ‘iho, Na quadra da Aprendizes, conh cou Zé Keli, Sio dessa fase os sambas Mascarada, Samba original, Sorri, Onde © Rio é mais earioca Foi Zé Kéti também que levou Elion Cartola, seu parceiro em O so! nascerd Zé Kéti, de todos os compositores das escolas de samba, era o mais proximo da intelectualidade da Zona Sul. Insistia. para que os freqllentadores da casa de Cartola se profissionalizassem, Dava a férmula: formar um conjunto de samba auténtico, A Voz do Morro. No restaurante Zicartola, Elton co- heceu Paulinho da Viola, seu futuro companheiro de conjunto ¢ parceiro, Dos dois sdo Dividas (gravado por Paulinho no LP Memérias cantando, de 1976), ida © Nova alegria, estas mais antigas, gravadas por Paulinho no LP Paulinho Os Cinco Crioulos tocam; Clementina de Jesus e Aracy Cortes cantam: CO) Rosa de ouro da Viola, em 1975, na etiqueta Odeon. Elton Medeiros nto dependia da mé- siea para sobreviver. Ainda nos anos de 69, comegou a tsabalhas no Museu da Imagem ¢ do Som. Em 1977, produziu para a Femur} — Pundaséo dos Museus do Rio de Janeiro — os discos Folclore fluminense © Aniceto e Campolino. Depois do show Rosa de ouro © das apresentagbes do A Yor do Morro, Elton andou até pela Africa, apresentando-se, com Clementina de Jesus e Paulinho da Viola no I Festival de Artes Negras do Senegal, em 1966, Suas aparighes, no entanto, comegaram a se tornar mais esparsas, Em 1974, junto com Paulinho da Viola, fez 0 show Sarau, no Teatro da Lagoa, no Rio, No ano seguinte, foi & Franca com Paulinho ¢ um conjunto, participar do MIDEM. E em 1978, tra- balhou-num espetéculo muito importante: Roda, que estreou no Teatro Clara Nu- nes, no Rio, dirigido por Fernando Faro. © show reuniu Elton, Guilherme de Bri- to, Nélson Cavaquinho e Candeia, os Aracy Cortes e Elton Medeiros. A foto é da época do musical Rosa de ouro. mesmos compositores do LP Quatro grandes do samba, ancado em 1977. ‘Outro sucesso de Elton Medeiros foi Pressentimento, apresentada na Binal do Samba da TV Record de Sao Paulo, em 1969. Na voz de Marilia Medalha, arranjo de Carlos Castilho, letra de Her- minio Bello de Carvalho, obteve 0 ter- ceiro lugar. E foi muitas vezes regravada. Gravar sozinho, s6 em 1973, O LP, feito na Odeon ¢ langado no ano seguin- te, leva seu nome e inclui Pressentimento, Avenida fechada, Hora H, Sebastiana, Sandélia ‘dourada e mais ‘cis misicas suas, inclusive Set chorar, parceria de Carfola, com quem jé havia feito Peito vazio, Iniria, Sojreguidao, O sol nascerd. Cada vez mais, Elton foi se afastan- do das escolas de samba, escravizadas pe- Jas exigéncias da Riotur. Preocupado com a crescente marginalizagdo do verdadeito som brasileiro, Elton juntou-se a Candcia para fundar 0 Grémio Recteativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo. Deixou de sair na Unidos de Lucas em “ 1968. Hoje, batalha no Quilombo, por- que Candeia o chamou: — Elton sempre se identificou e deu © maior apoio a todo movimento que sig- nifique brasilidade — ressalta Candeia Quilombo desfila livre no subirbio carioca, quer ser seguido pelo. povo. Talver’ realize 0 desejo de Elton em Avenida fechada, samba de parceria com Crist6vao Bastos e Antonio Valente, de 1973: “Chora, meu peito,/ Assim desse jeito./ Pra que cantat,/ Enquanto a ave- nida estiver fechada/ Pra quem nio pu- der pagar/ Nem um canto sequer, pra ver/ A sua escola, pasando, sambando?/ Tanta beleza/ Desfila presa no meu co- ragio./ Ver chegar 0 povo, querendo brincar,/ E saber que agora nao tem mais lugar./’Pela cidade toda enfeitada,/ Pa- rece até que 0 povo vai desenfeitar./ Nao me leve a mal,/ Mas muito luxo pode atrapalhar./ Alegria ninguém pode fabricar./ Um bom carnaval se faz com gente feliz a cantar” Ife gatrido Candela, Nélson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Elton: os Quatro grandes do samba, do LP de 197. O disco virou show de sucesso, lancado em 1978 ‘no Teatro Clara Nunes, no Rio. RCA Vistor 2 DIA DE GRACA Hoje é manha de carnaval Com esplendor As escolas vao desfilar Garbosamente Aquela gente de cor Com a imponéncia de um rei Vai pisar na passarela Salve a Portela ‘Vamos esquecer os desenganos Que passamos Viver a alegria que sonhamos Durante 0 ano Damos no nosso coracao Alegria ¢ amor A todos, sem distingio de cor Mas depois da ilusio Coitado, © negro volta a0 humilde barracéo Negro, acorda E hora de acordar Nao negue’a raga Tome toda a manha Dia de graca Negro nio humithe Nem se humithe a ninguém Todas as ragas Jé foram escravas também Deixa de ser tei $6 na folia Faca de tua mania Uma rainha De todos os dias Cante um samba Na universidade E verds que teu filho Sera principe de verdade Ai entdo Jamais tu voltards ‘Ao barracio DE QUALQUER MANEIRA De qualquer maneira ‘Meu amor, eu canto De qualquer maneira ‘Meu encanto, eu vou sambar Com 08 othos rasos d’égua Ou com sorriso na boca Com o peito cheio de magoa Ou sendo a mégoa téo pouca Quem & bamba Nao bambeia Falo por conviecio Enquanto houver samba na vei Empunharei meu violéo De qualquer maneira. Sentado em trono de rei Ou aqui nesta cadeira Eu ja disse e jé falei Que seja qual for a maneira Quem € bamba Nao bambeia Falo por conviccio Enquanto houver samba na veia Empunharei meu violao De qualquer maneira FILOSOFIA DO SAMBA, Pra cantar samba Nao preciso de razio Pois a razdo esta sempre Com dois lados Amor é tema tio falado Mas ninguém seguiu Nem cumpriu a grande lei Cada qual ama a si préprio Liberdade, igualdade Aonde estio, nao sei Mora na filosofia Morou, Maria? ‘Morou, Maria? Morou, Maria? Pra cantar samba YVejo 0 tema na lembranca Cego & quem vé $6 aonde a vista alcanca Mandei meu dicionario as favas Mudo € quem $6 se comunica com palavras Se 0 dia nasce, renasce o samba Se 0 dia morre, revive o samba Mora na filosofia Morou, Maria? Morou, Maria? Morou, Maria? © MAR SERENOU © mar serenou Quando ela pisou na areia Quem samba na beta do mar (© pescador nio tem medo E segredo se volta Ou se fica No fundo do mar ‘Ao ver a morena bonita Sambando se explica Que no vi pescar Deixa o mar serenar (© mar serenou. A lua brithava vaidesa Descia orgulhosa e prosa Com o que Deus Ihe dew ‘Ao ver a morena sambando Foi se acabrunhando Entao adormeceu E 0 sol apareceu (© mar serenou. Um frio danado que vinha Do lado gelado Que © povo até se intimidou Morena aceitou 0 desafio Sambou € 0 frio Sentiu seu calor E 0 samba se esquentou © mar serenou A estrela que estava escondida Sentiu-se atrafda Depois entéo apareceu Mas ficou tao enternecida Indagou a si mesma A estrela afinal Sera ela ou sou eu? © mar serenou MASCARADA Vejo agora Esse teu lindo olhar Olhar que eu sonhei E sonhei conquistar E que um dia afinal conquistei Enfim findou-se o carnaval E 6 nos carnavais Encontrava-te sem encontrar Esse teu lindo olhar Porque © poeta era eu CCujas rimas eram compostas Na esperanca De que tirasses Essa mascara Que sempre me fez mal Mal que findou ‘$6 depois do carnaval PRESSENTIMENTO. Ai, ardido peito Quem id entender 0 teu segredo? Quem iré pousar em teu destino E depois morrer de teu amor? ‘Ai, mas quem viré? Me pergunto a toda hora E a resposta € o silencio Que atravessa a madrugada Vem, meu novo amor Vou deixar a casa aberta Jé escuto 0s teus passos Procurando © meu abrigo Vem, que 0 sol raiou Os jardins estio florindo Tudo faz. pressentimento Que este € 0 tempo ansiado De se ter felicidade QUATRO CRIOULOS Sao quatro crioulos Inteligentes Rapazes muito decentes Fazendo inveja a muita gente Muito bem empregados Numa Secretaria Educados ¢ diplomados Em filosofia E quando chega fevereiro Ver os crioulos no terreiro E sensacional No dia de carnaval Sto figuras de destaque No desfile principal Esses quatro crioulos Sao 0 orgulho da gente de cor 'S6 quem os conhece Podera dar 0 justo valor ‘Trabalham, estudam ‘Tem o samba por divertimento Para eles a moral € 0 maior documento AVENIDA FECHADA Chora meu peito Assim desse jeito Pra que cantar Enquanto a avenida Estiver fechada Pra quem nao puder pagar Nem um canto sequer Pra ver a sua escola Passando, sambando? ‘Tanta beieza Desfila presa No meu coracio Ver chegar 0 povo Querendo brinear E saber ‘Que agora no tem mais lugar Pela cidade, toda enfeitada Parece até Que 0 povo Vai desenfeitar Nao me leve a mal Mas muito luxo pode atrapalhar Alegria ninguém pode fabricar Um bom carnaval Se faz com gente Feliz a cantar Pelas ruas Um samba bem popular

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