O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 3 Regio (MG) decidiu que a Empresa
Brasileira de Correios e Telgrafos (ECT) no pode descontar do salrio de um trabalhador dbito de plano de sade que seja superior ao seu vencimento. Ao manter sentena favorvel ao empregado, a desembargadora Maria Perptua Capanema de Melo considerou que o desconto em valor superior remunerao contraria o artigo 477 da Consolidao das Leis Trabalhistas (CLT). Na deciso, a desembargadora lembrou que a 6 Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) j adotou posicionamento semelhante. O caso julgado pelo TRT envolve um trabalhador que teve um desconto de R$ 8 mil ao rescindir o contrato de trabalho com a ECT. O salrio do ex-empregado era de R$ 2,3 mil. O plano oferecido pela empresa o Correio Sade, que cobra uma co-participao do trabalhador. De acordo com a assessoria de imprensa da ECT, o empregado sofre o desconto somente quando o utiliza, observados os limites de co-participao, que variam entre 10% e 20% da despesa, dependendo da faixa salarial, limitado ao teto de duas vezes o salrio-base - se um empregado que ganha, por exemplo, R$ 1 mil e faz uma cirurgia que custa R$ 80 mil, ele pagar R$ 2 mil do total, divididos em parcelas compatveis com o seu rendimento mensal. O desconto integral, conforme informa a assessoria da ECT, ocorre somente no desligamento do trabalhador. Para a advogada Eliane Ribeiro Gago, do escritrio Duarte, Garcia, Caselli, Guimares e Terra Advogados, o desconto por uso de plano de sade legtimo, conforme o artigo 462 da CLT. "Mas o desconto deve ser feito de forma a no comprometer a subsistncia do trabalhador", diz, acrescentando que costuma sugerir s empresas que faam um desconto de, no mximo, 30% do salrio mensal do empregado. "A demisso antes da quitao da dvida gera um problema para a empresa, que corre risco de sofrer uma ao judicial." Valor Econmico