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Fabiana Duttra Britto CORPO E AMBIENTE co-determinagdes em processo Agim, pe setae oud jane a te (Uhre), perhndenn ¢nenusiooagaco mas praia uate teem snap een sctsnaaniee natin aan Patent a eae e eal hae Ta tate eased parents rene Cop neat eas caters ibe nan tetas Ere aca tan arta co ‘Minos aanensepopan¢ ban rad capers coast eae a fb et pore ‘Sabe-se que 0 didlogo da Danca com Arquitetura nao é recente, embora ainda pouco explorado (sobretudo no que se refere a0 Urbanisma), seja em debates tw6ricos abrigados em publicagdes, tals como 0 numero da Revista Nowvelle de Danse em 2000, seja em propostas estéticas baseadas na colaboragao de arquitetos, ‘em projetas coreograticos, tais como a cia belga Chaleroy Danse* (recentemente ‘ransferida para Montpelier) ou, ainda, em festivais de danca que tematizam 2 ‘arquitetura das cidades como espaco de apresentacso para danca, tals como a Bienal de Santos SESC? ou o Dangas na Cidade (Lisboa) Tals exemplos de aproximacdo entie essas duas éreas pela iniciatia da Danca, contudo, quando analisadas em suas denominagdes @ formatacées, deixam entre- ver certa prética tipicamente descompassada de seus discursos afirmadores de interdisciptinaridade: a hierarquizacdo, ou, sujeicdo de uma érea pela outra. Muitas vvezes camuflado de boa fé auto-afirmativa, esse tipo de movimento aproximativo 's6 cumpre somar uma coisa 8 outra, tatar aspectos de uma drea como se fossem elementos intrinsecos da outra, como nos cléssicas casos em que se trata a arquitetura como cendtio da danga ou se tata a danga como justificadora de estru- tras arquiteténicas. Nao se pretende aqui, enveredar pela andlise detalhada desses exemplos @ outros tantos casos de iniclativas de entreeruzamento das duas areas, embora um estudo ‘aprofundado das suas resultantes fosse da maior releyincia para identiicar seus ressupostos sustentadores @ distingur as experiéncias efetivas de articulagdo en- ‘te 08 campos, daquelas simplesmente somatévias ou meramente “bem vestidas” de acordo com as carthas da dita “estética contemporanea’ ‘Apenas valemo-nos de tais antecedentes para focalizar a citada tendéncia & hierarquizagao e sujeicdo entre as duas éreas, como pardmetro para refleti acerca {de padres relacionais habitualmente praticados em discursos e comportamentos interdisciplinares, bem como, propor um outro registro de enquadramento para a investiga¢do das possibildades de artculagdo entre Danga e Arultetura, que per- rita conduzir suas questdes espectficas por caminhos de construgSo argumentativa ‘abertos por discussdes compartihadas. ‘Sao as nagées genéricas de corpo e de espago que costumam ser alvo dos propé- sites associativos entre Danga e Arquitetura, provavelmente pela anterioidade que sugerem aos ideais de caracterizagéo das coisas pelas suas “unidades minimas", vigentes no imaginério do senso comum (especializado ou nao). ‘A Arquitetura, seja pelo viés das ediicagées ou do planejamento das cidades (Ur banismo), tem por justiicativa © motivac3o 0 aspecto mais primério da relagao lentre corpo e espaco: 2 manifestagao da vida humana em seus ambientes de ‘existéncia, E a Danga, seja artistica ou social, é sempre um evento instaurado pelo ‘corpo em movimento e cuja oconéncia & situada espacialmente. Tudo indica, contudo, que as articulagdes entre Danca e Arquitetura podem ser bem mais complexas em seus procedimentas e propésitas e bem mais consequien- tes em seus efeitos e derivagées, do que propée 0 primarismo dessas generalida- ‘des. Nao apenas pelo que suas respectivas especficidades sugerem como vias de Intecloougao entre os campos a que pertencem mas, antes e sobretudo pela possi- bilidade do exercicio assoclativo - dada sua natureza processual - promaver a ‘expansdo de um campo no outro. € a temporaidade que articula corpo e espaco, instaurando movimento. E parece ser esta, a chave do raciocinio para compreender € analisar seus modos relacionals © a configuracdo de suas resultantes cooperat vas: ambiéncias e corporalidades. Todo relacionamento entre pessoas, idéias ou qualquer outta colsa, instaura-se a partir de pontos de conexio advindos de algum tipo de similaridade entre as pro: Priedades dos termos relacionados. Até mesmo a mais esdrdxula fantasia concebi {da baseia-se em dados da realidade percebida. E a prépria percepedo, sendo uma ago corporal e no uma resultante sua, tem seu alcance relativo s possbilida ‘des corporais preseritas no programa genético dos organisms. Sao, portanto, as propriedades distintivas das coisas que estabelecem as suas CcondigGes de relacionamento com outras. Conhecé-las, contudo, embora permita ‘deduzir possiblidades de conexéo, néo é suficiente para explcar seus procedimen- tos relacionais e to pouco para prever o grau de “sucesso” deles ~ a ressondncia {de sous efeitos. Porque 0s relacionamentos no séo a simples soma de configura ‘gbes, como sugerem as somas algébricas e as equacdes matemsticas “que S40 Ldesprovidas de tempo e de espaco” (FLUSSER: 2007:26). So processos e, como tals, ndo ocorrem no vécuo, mas engendram-se pela acdo da temporalidade que é ininterrupta e promove modificagdes inreversheis nos estados das coisas. ‘Submetidas desde sempre & degradacao imposta pela aco do tempo, as coisas ‘existentes manifestam-se como sinteses transitrias dos seus processos relacionais ‘com outras em seu ambiente de existéncia, Seus estados, portanto, séo sempre Ccreunstancials, por mais estévels que parecam. E seus processos interativos bem menos nitidos do que se costuma supor ‘Sendo 0 provesso um fenémeno que descreve a ocorréncia simulténea e continua de multas relagées de diferentes naturezas e escalas de tempo, salvo em condi- ‘gbes madelares, no ha camo identiicar seu comego ou seu fim ~ visto que no descrevem trajetérias de um ponto 2 outro ~ ou, sequer, distinguir precisamente {uais 0s terms nele envolidos. La se foram, pelo ralo das imposturas conjugatéris, 2 idas de origem, matiz, inuéncia, identidade © genealogia, to em voga nos ‘atuals discursos de interpretagao historiogréfica e critica da cultura e da arte, e t30 impréprias & compreensao de sistemas complexos ndo-lineares, como 0 so a vida, a construgdo da historia e a produgéo de idéias. Importa, pois, destacar esse sentide de continuldade expresso no modo relacional de existéncia das coisas nesse mundo submetide & agéo da termodindmica, para diferencié-lo do sentido apriristice ou essencialista que costuma embasar os at ‘gumentas e procedimentos meramente acasaladores entre idéias, pessoas e situ: ‘agbes. Importa aiferenciar 0 pressuposto que define as coisas como entidades dadas, daquele que as considera sistemas dindmicos: 0 pressuposto co-evolutho, Ou seja, a nogdo de que todas as coisas existentes so correlatas em alguma medida, porque partiham as mesmas condigGes de exsténcia e, assim, afetam-se mutuamente 0 bidlogo Richard Dawkins’, propde pensar as coisas existentes como designs evolutvos, ou seja, configuracdes resultantes das sinteses transitérias alcancadas, pelo modo como se articulam fungao e formato de cada coisa, conforme relacio: nnam-se com outras 20 longo do tempo de sua existéncia. 0 design das coisas seria, fentdo, simultaneamente causa e efeito da configuragéo (também transitéria) do ‘seu ambiente de eisténcia que, assim, Iia-se do sentido meramente topogrico para adquirir importancia co-determinante das condigGes de historcidade ~ e de corporalidade. ‘Ao reconhecer 0 caréter genuinamente criativo dos relacionamentos ~ porque configurador de estruturas ~ chega-se a um sentido de continuidade totalmente ‘avesso & nogio conservacionista de preservagéo da dita “identidade” das “coisas fem si" ~ pois que a matéria no se consewa ~ ¢ afeito 8 nocdo dinémica de reorganizagSo continua das configuragées esistentes, pela agdo dos relacionamen- tos que estabelecem com outras em seu ambiente de existéncia’ Nesta perspectiva, é possivel pensar o debate entre Danca e Arquitetura nao como lum encontro de areas mas como um proceso de construgao de uma zona de ‘vansitividade, baseada na co-operacdo entre as condigdes relacionais de cada ‘rea, em busca de conexdes que mobilzem experiéncias reorganizativas de seus respectivos regimes de funcionamento e estadas de equiv, de modo que favo: recam a produgao de novos sertidos ~ ou, como sugere o fésofo Paul Thagard, a instauragao de coeréncias® Semalhante aos nés de trinsito das feiras medievais, formados pelo encontro das trajetérias dos grupos némades de mercadores, cuja subsisténcla advinha do siste- ma de troca dos seus produtos, esse campo de conectividade entre Danca © ‘Arquitetura, paradoxalmente, garante a continuidade de seus processos paricula: res de consolidagéo como area especifica ‘A Danga, cujo istérico de construgao como campo teérico esteve por muito tempo ‘associado & dlscusséo em toma de sua autonomia anistica?, ainda hoje se ressen- te, como consequéncia, de certo ranco purista impregnado aos argumentos interpretativos de suas especificidades, que, no raras vezes, resulta na eliminagao Justamente daquilo que lhe configura: 0 contesto. Dito de outro modo, elimina-se 0 ‘ambiente como fator constitutwo seu, Contraditoriamente a0s propésitos de esclarecimento da Danga, essa légica ‘explicativa desconsidera o cardter processual de existéncia do corpo e de suas Tormalizagées resultantes, promovendo a suspenséo da temporalidade, cuja con- sequéncia mais iminente é reconduzir a Danga ao reino das mitfieagdes e magia ‘que, hd muito, ja havia sido deslegitimado como fonte explicativa de sua cespecificidade. Outro efeito desse purismo anacrénico aparece nos discursos e comportamentos ‘camuflado por pretensées interdisciplinares: a blindagem teérica. Uma variante discreta, embora, nem por isso, menos nociva para a Danca, pois reveste-se de um hermetismo forjado seja pela tecnicidade que demanda 0 assunto, como é 0 caso {de certas associagdes entre Danga e Tecnologia, ou pela carga moral implicada, ‘como ocore com algumas discussdes sobre mestigagem. Em qualquer dos casos, (05 discursos se encobrem de uma capsula protetora que 0s confina em feudos sem ‘abertura a0 debate e, faciimente, os toma hegemdnicos ~ despeito mesmo de suas pretengdes libertérias. Conjugacées entre dreas quando baseadas em meros “ajustes" de cabimento, bus- ‘cando fazer uma coisa entrar na outa ou acertar © passo para passear no bosque ‘de mos dadas, apenas reiteram uma cren¢a na complementariedade harménica pouco condlzente com a realidade das dindmicas coevolutivas, cujo processo de Ctescente complexiicagao se dé por melo de crises reorganizativas do equilrio do sistema que as inclui ~ 0 ambiente. 'A Arquitetura, com seu forte teor de espacialidade, se mostra ancorada por séliéa produgdo intelectual que Ihe confere uma contextualizag3o amplamente referenciada, ‘seja pelos discursos preservadores ou atualzadores. J4 a Danga, com seu forte tear de temporalidade, parece retém de discursos descontextualizadores cuja pretence sempre inaugural, difeilmente favorece a consolidagao de uma tradigao tw6rica CCertamente, que ndo seré a simples permuta dos conceitos de tempo e espaco de uma area para outra a ajustar tal descompasso, pols as reas de conhecimento, ‘sendo ambientes de existincia para os conceltes, constituem diferentes regimes {de operacao € validagéo conceitual, diterenciados Justamente pelos processos de co-determinagao adaptativa experimentados por cada context. 0 exercicio de articulagdo entre Danca e Arquitetura, passa, pois, necessariamen- te, pela desterttarialzagéo de alguns dos conceites mais caros as suas respectivas ‘especifcidades ~ como 0 so tempo © espaco, corpo e ambiente. Desse modo, poderdo se esbacar novos mados relacionais sugestivas de novos nexos de sentido, tanto aos conceitos quanto as préprias areas de conhecimento em questéo. Fablana Dultra Brito 6 ofc do anes, pofesserae cordenadors do Programa de Ps Gaduarso em ange da UFBA Enze owns peje, cou ecoeteneu 0 mapaamorta da dare cortroarines realeado po Rue Daga-2000 do Hal Cultural aganou or resus: “Coated Dan Notas nie i conn Fir Pin te 1973, moi ar Dn Pan ee * caer 2000, il SESE de Dana, ati en Santee, i pints auttinis cade come ‘Soca pr apeserart os waolos Se dena aun pogvena | gusts | ‘arta srt camo suger etits Ma Ne, en Percept a cn. 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