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PROCESSO DE CASSACAO DO MANDATO PARLAMENTAR POR QUEBRA DE DECORO Alessandro Soares PROCESSO DE CASSACAQ DO MANDATO PARLAMENTAR POR QUEBRA DE DECORO reprimida e punida. Se ela constitui pratica reiterada, ue prevale, sobre a inexisténcia ou a ineficacia dos meios de Controle, passa g = imoralidade do governo, que cortoi sua legitimidade. : O proprio procedimento de cassacao por quebra de decoro Bera expectativa na opiniao publica. Em seu resultado, ha Sempre um clamor e uma satisfacdo, justa ou injusta, a ser realizada. Eis a Problematica: publico acompanha pelos meios midiaticos o andamento dos Processos e, de alguma forma, cria a imagem da possibilidade de uma Justica sy. méaria a ser concluida pelo proprio Parlamento. Cabe observar que es- tamos tratando de um instituto juridico-politico de modo que os fatores que iniluenciam e justificam seu uso so mitltiplos e extrapolam a mers esfera juridica, o que diante de casos conctetos gera sempre grande margem de discussoes quanto a definicao da legitimidade de sua apli- cacao. Deixamos assente nesse t6pico de nossa exposi¢do os elementos gerais que compoem a genese, 0 sentido e a importancia dos mecanismos de controle moral diante dos agentes publicos estatais, especificamente osagentes politicos eletivos parlamentares, de forma que tal procedimen- tonos possibilitou achar o sentido politico-juridico particular do instru. mento da cassaco de mandato por quebra de decoro, instituto abarcado pela Constituicao de 1988 em seu art. 55, II. 4.2 NATUREZA JURIDICA Relevante agora analisarmos 0 modo como foram delineados os Contornos juridicos do instituto em nosso ordenamento. Iniciemos pela determinacao de sua natureza, isto €, com a coleta de algumas de suas caracteristicas especificas que permitem um enquadramento classifica- torio dentro da estrutura normativa, especificando em quais géneros Juridicos se insere a espécie em estudo. 42.1 Natureza quanto ao tipo de funcao estatal O primeiro aspecto a ressaltar sobre a natureza juridica do proce- dimento de cassagao de mandato por quebra de decoro € 0 que se rela- clona ao seu lugar frente as tipicas fungdes do Estado. Lembremos que Rosso texto constitucional de 1988 consagra o principio organico da m2 | 4 37 art. 28 separacao de poderes”” em seu art. 2°, dizendo, in verbis “sao Poderes da Unido, independentes ¢ harménicos entre si, o Legislativo, 0 Executivo omos realizar neste ponto ercicio da competéncia para 0, do modo como prevista na Constituicao de 1988, configura-se fungao Upicamente legislativa, exe- cutiva ou judiciaria. Como restara evidente a Seguir, esse enquadramen- totem reflexos importantes, sobretudo quanto aos efeitos da decisao que decreta a perda de mandato no procedimento de cassacao. Naturalmen- te, tal objetivo analitico demanda definirmos um critério Cientifico juri- dico que reflita da melhor forma a natureza do instituto. acassagao de mandato por quebra de decor Nossa Constituicao Republicana de 1988 ¢ clara, ao definir que a competencia para a cassacao de mandatos por quebra de decoro deve ser exercida exclusivamente pela Casa Legislativa a que pertencer o parla- mentar que pratique a conduta ofensiva ao decoro. Eis a redacao do art. 55, Il, § 22 Nos casos dos incisos 1, Il e VI, a perda do mandato sera decidida pela Camara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto maioria absoluta, mediante provocacao da respectiva Mesa ou de parti- do politico representado no Congreso Nacional, assegurada ampla defesa. Destarte, tem-se, de inicio, que a competéncia para a cassagao de mandato por quebra de decoro pertence ao érgao legislativo (Camara dos Deputados e Senado Federal); entretanto, tal assertiva nao esta apta a nos revelar se estamos diante do exercicio de uma funcao legislativa, execu- tiva ou judiciaria. Saber a quem cumpre cassar mandatos por quebra de decoro (critério subjetivo ou organico) nao nos diz qual ¢ a natureza do ato. Explica-se a situacao pelo fato, ja consolidado doutrinariamente, de que o exercicio das atividades legislativa, executiva e judiciaria nem sempre sao de competéncia dos orgaos correspondentes a essas 37 Adoutrina tem criticado 0 uso do termo “separagao de poderes”; para Loewenstein, a forma correta de se referir ao fendmeno seria “separacdo de fungées", pois seria téo somente 0 exercicio das fungdes que estaria distribufdo nas maos de detentores do Poder estatal (LOEWENSTEIN, Karl. Teorfa de la constitucion, cit., p. 55). a 13 nomenclaturas, isso porque a separacao de poderes nao é¢ um Prinetpio rigido e absoluto™. Assim, constitucionalmente, os 6rgaos superiores estatais no sio considerados ilhas isoladas, exercendo tao somente cada um sua respec- tiva atividade; alias, se assim o fosse, “disso deveria resultar, em razdo da hierarquia das funcées, uma subordinacao da autoridade executiva a0 Poder Legislativo"®, nulificando os ditames da Constituicao de 1988, quando estabelece, em seu art. 28, que sto Poderes da Unido, indepen- dentes e harmonicos entre si, 0 Legislativo, o Executivo e 0 Judiciario. Como sublinha Paulo Brossard, os trés poderes, “devendo ser harménicos, nao est4o nem podem estar, como que soltos no espago, mas interligados, conexos e interdependentes™*. Essa interpretagao, que traduz a possibilidade de um orgao do poder exercer funcdes designadas tipicamente (constitucionalmente) para outro, visando acomodar 0 poder de maneita harmonica, encon- tra seu fundamento no mais célebre elaborador da teoria da separacao dos poderes: Montesquieu. No Espirito das leis (1748), livro décimo primeiro, Capitulo VI, o bardo de La Bréde, a pretexto" de analisar a 38 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrative, Sao Paulo: Atlas, 2006, p. n 39 HAMON, Francis; TROPER, Michel; BURDEAU, Georges. Direito consticucional, Barueri: Manole, 2005, p. 94. 40 BROSSARD, Paulo. 0 “impeachment”, Sao Paulo: Saraiva, 1992, p. 131 41 Utilizamos a palavra “a pretexto’, tendo em vista que existe muita discussdo sobre se 0 texto de Montesquieu representaria uma invengao terica calculada pelo autor ‘ou um erro interpretativo, isso porque a teoria elaborada ndo refletiria com fidelt- dade a situaga0 do objeto analisado, qual seja: a situag3o constitucional inglesa Manoel Goncalves Ferreira Filho, nesse sentido, pontua. “Mas 0 espirito das leis € um livro publicado em 1748, precedido de longas pesquisas, inclusive de uma viagern de estudos de 1728 a 1731, Nesta, Montesquieu visitou a Inglaterra, onde pode co- nhecer diretamente as instituicdes inglesas ¢ seu funcionamento. Ora, na época de sua estadia nesse pats ~ muito antes da publicagao do livro ~ ja estava bem definida a figura do Primeiro-Ministro, bem como a do gabinete e sua vinculagao 4 maioria parlamentar. O Executivo nao era mais, portanto, o rei. Entretanto, no texto O espl- rito das leis nao ha uma palavra sobre isso, a0 contrario, nele o Executivo ¢ nitida- mente o monarca” (FERREIRA FILHO, Manoel Goncalves. Principios fundamentais do direito constitucional, S40 Paulo: Saraiva, 2010, p. 255). Com abordagem sirmilar, Di Ruffia afirma que: “inspirando-se na ordenacao constitucional britanica do sée. XVIII, sem, todavia, colher as linhas mais significativas da evolugao no sentido 14 constituicao inglesa, acabou por elaborar uma teoria nao te de separacdo de poderes (trancheé), o que uma prime ie foe visada de set texto poderia indicar'®, mas, antes, construi mee de combinacao de potencias (puissance) ou, melhor ainda time cor de “combinacion, de fusion y de enlace de los poderes™" que manent sijeivo claramente negativo, o de negara concentracao dasertefenee num tinico orgio, de modo a evitar que pudesse cair nas mios deum unico individuo™. vm Essa colaboracio de poderes foi bem descrita por Duverger: La collaboration des pouvoirs se caractérise par trois idées essentielles: 12a la base, elle suppose une distinction des fonctions de Etat, quis " confiées a des organes distincts; 2? mais ces organes ne sont a . oe reusement spécialisés dans leurs fonctions; il y a des domaines ‘deca parlamentar, que comecava se a manifestar no seio da mesma” (DI RUFFIA, Paolo Biscaretti, Direita constitucional: instituigbes de direito publico, S4o Paulo: Revista dos Tribunais, 1984, p. 160). Vale lembrar que, pela leitura de Althusser, podemos concluir que Montesquieu teria calculado 0 erro de andlise, pois a Constituigao inglesa tinha que ser um modelo para o regime de Versalhes. Logo, ndo podia apa- recet um primeiro-ministro e seu gabinete, era preciso estabelecer um parametro para a Monarquia Absolutista do tipo francesa. Por isso, nas tres formas de governo definidas por Montesquieu, a primeira é a Republica, que morrera com 0 passado; a segunda, a Monarquia, na qual se governa com leis fixas e estabelecidas; ¢ a ter- ceira é 0 Despotisme, no qual nao ha liberdade (ALTHUSSER, Louis. Montesquieu, la politica y la historia. Madrid: Editorial Ciencia Nueva, 1968, p. 70-81). ‘Alerta Hauriou quanto a este ponto: “Sans doute, au premier abord, il paralt suppo- ser que les pouvoirs séparés ne participeront aux mémes fonctions que pour sem- pecher et non pour collaborer; il r’a pas employé le mot ‘collaboration’ que nous considéron aujourd’hui comme étant le mot propre pour caractériser la séparation des pouvoirs souple” (HAURIOU, Maurice. Précis de droit constitutionnel. Paris: Recueil Sirey, 1929, p. 354) “combinacao, de fusdo e vinculagao dos poderes” {traducdo livre do autor] ALTHUS- SER, Louis. Montesquieu, la politica y la historia, cit., p. 85. Nao devemos esquecer que a teoria exposta por Montesquieu tem um carater clara- mente politico, de modo que quase sempre a interpretacao juridica de sua teoria to. Com efeito, vemos em suas acaba por amputar parte importante de seu pensamen: andlises que nao basta que os poderes estejam separados em orgaos distintos com fungGes distintas e nas maos de individuos diferentes, ¢ necessdrio que aqueles que estejam no exercicio das fung6es estatais nao tenham origem num tnico estrato social. Montesquieu est legitimamente levando em conta as distincoes de ordens existentes tanto na Inglaterra como na Franca. a2 a 44 115 in, loin d'etre rigouresement isolés les uns des autre s, commune; 3? enfi disposent de moyens d'action réciproques* les organes de l'Etat ‘Assim, 0 que temos sob 0 Angulo da separacao de poderes € 0 fato de que, preponderantemente, 0s Orgaos estatais superiores do Estado tendem a exercer as fungdes tipicas que The sao atribuidas pela Constitui- ao, de forma genérica: ao Legislativo, Executivo e Judiciario correspon- dem, respectivamente, as atividades de legislar, administrar e julgar. To- davia, de maneira atipica, esses orgaos exercem também fungoes que sao prioritariamente atribuidas aos outros, exempli gratia, quando o Legisla- liza licitagao nao est4 a legislar, mas, sim, a exercer atipicamente lade em geral administrativa; no mesmo a lei (art. 84, V, da Constituicao Federal), funcao de tipico contorno Legislativo. tivo real ow de forma imprépria ativid: sentido, quando o Executivo ‘vet esta a exercer atipicamente uma E preciso, entao, acomodar a cassacao de mandato parlamentar por quebra de decoro ao esquema da separacao de poderes a partir de outro principio de distingao. E tentador, nesses termos, definirmos a fungao estatal pelo tipo objetivo de atividade desempenhada pelo orgao, ou seja, o critério distintivo estaria nas caracteristicas imanentes a propria ativi- dade (critério objetivo material). Cabe, entao, verificar se o Poder Legis- Jativo, quando promove a cassagao de mandato por quebra de decoro, esta praticar objetivamente um ato legislativo, administrativo ou judicial. O critério objetivo exige, assim, que identifiquemos de antemao os ele- mentos caracterizadores dessas respectivas atividades estatais, sem os quais nao sera possivel aplicar o referido critério, diga-se, ou 0 ato apre- senta algo passtvel de delimitar a funcdio a que se refere, ou nao podere- mos fazer qualquer distingao pela natureza imanente do ato praticado. —_—————_—<_—_——— 45. ‘Acolaboragdo dos poderes ¢ caracterizada por trés ideias essenciais 14 como fun- damento, ela pressupde uma distingao das fungoes do Estado, que estao confiadas 4 organismos distintos; 2* mas esses Orgdos nao sao estritamente especializados em suas fung6es; ha dreas de acao comum; 3* finalmente, longe de ser rigorosamente isolados uns dos outros, as drgaos do Estado dispoe de meios de aco reciproca” [traducao livre do autor}. DUVERGER, Maurice. Cours de droit constitutionnel. Paris: Librairie Du Recueil Sirey, 1946, p. 111. Nesse sentido, ver também HAURIOU, Maurice. Précis de droit consttutionnel, cit,, p. 356; DI RUFFIA, Paolo Biscaretth. Di- reito constitucional:instituigoes de direito pablico, cit., p. 162; SCHMITT, Carl. Teo- ria de la constitucién, cit., p. 189. 116 De acordo com a otica do Estado de Direito, classicamente, a dade legislativa liga-se 4 emissao de normas genéticas e abstraas! jag gto de administrar, 20 contrario, consubstanciaria levar a efeito o deter- minado pela lei, cumprindo seus ditames de forma concreta, ¢ sua espe- cificidade seria, assim, a aplicagao da lei. Por fim, a funcao jurisdicional se vincularia também a aplicagao concreta da norm: caso de conflitos interindividuais. Esses caracteres Correspondem ao desenho tedrico de um critério objetivo material; assim, ao analisarmos a cassacao por quebra de decoro parlamentar, somos levados aconcluir que, inexoravelmente, estamos diante de uma funcao Jurisdicional, a, Mas apenas em Vejamos, nesse sentido, que nao ha que se falar, no caso de cassacao de mandato por quebta de decoro, em exercicio de functo legislaiva pois, quando os membros da Camara dos Deputadas ou do Senada deral decidem pela cassacéo do mandato parlamentar, esse ato opera efeitos concretos em sujeitos individualizados, os parlamentares violado. res do decoro institucional, nao havendo qualquer grau de generalidade ou abstragao. Trata-se, pois, de aplicagao de norma a um caso de confli- to (controvérsia). © Parlamento julga dando possibilidade de defesa a0 parlamentar a quem se imputa a falta Embora analisando a Constituicao de 1946 e nao definindo a cas- sacao de mandato por quebra de decoro como fungao jurisdicional, Themistocles Brandéo Cavalcanti claramente visualizou a perspectiva ora aventada: “A Camara funciona como verdadeiro Tribunal de Justica; apreciando, objetivamente, a imputacao feita e a conceituacao do que se deve entender por ‘decoro parlamentar’ — isto é, dignidade moral, politi- ca, com a corporacao representativa da propria soberania popular™’. 46. Nessa linha, afirma Zagrebelsky: “La generalidad es ademas la premisa para la rea- lizacién del importante principio de la separacion de poderes, Silas leyes pudiesen dirigirse a los sujetos considerados individualmente sustituirian a los actos de la Administracion y a las sentencias de los jueces. El legislador concentraria en si todos los poderes del Estado, |...] Vinculada a la generalidad estaba la abstraccién de las leyes, que puede definirse como ‘generalidad en el tiempo’ y que consiste en pres- cripciones destinadas a valer indefinidamente y, por tanto, formuladas mediante ‘supuestos de hecho abstractos” (ZAGREBELSKY, Gustavo. Fl derecho dict: ley, derechos, justicia. Madrid: Trotta, 2008, p. 29). Sobre essa questdo, ver também: SCHMITT, Carl. Teoria de la constitucidn, cit, p. 149-152. 47 CAVALCANTI, Themistocles Branddo. A Constituigao Federal comentada. Rio de Ja- neiro: José Konfino, 1948, v. Il, p. 59. 7 Apesar de termos encontrado um critério aplicavel e razoavel, que nos possibilita um enquadramento da competéncia para a cassacag de mandatos por quebra de decoro na estrutura dinamica da Separacao de poderes, € preciso salientar que 0 critério material objetivo nao ¢ unani- midade na doutrina, merecendo criticas principalmente da doutring normativista, na qual a determinacao formal do direito tem preponde. rancia‘®. Nessa medida, parece-nos correto adotar a objecao levantada de Celso Anténio Bandeira de Mello quanto a tal critério. Para 0 renomado administrativista, nao € adequada a op¢ao pelo critério objetivo material pelo simples fato de que “em Direito, uma colsa € 0 que € por forca da qualificacéo que 0 proprio Direito the atribuiu, ou seja, pelo regime que The outorga, e ndo por alguma causa intrinseca, substancialmente resi- dente na esséncia do objeto”. Logo, nao € aceitavel o resultado a que chegamos anteriormente, a0 definirmos a competéncia para a cassacao de mandato por quebra de decoro como exercicio de fungao jurisdicional, pois o critério uutilizado levou em conta tao somente caracteristicas que seriam inerentes as fungoes estatais, N40 fazendo uma referéncia clara ao desenhado normativamente no ordenamento. Por tal razao, 0 critério objetivo material é, no caso, insuficiente. Antes de olhar para 0 que o proprio ato que decreta a perda do mandato nos diz, € preciso constatar 0s efeitos ditados pelas normas de direito. Impée-se, assim, compreender as fungées estatais a partir das de- terminagoes juridicas formalmente especificadas pela ordem normativa Destarte, cumpre ao analista do direito encontrar os alicerces juridicos mais seguros para a tipificagdo das fungoes estatais, tomando como pon- to de partida a ordem juridica estabelecida. Sem duvida, encontrar um critério completamente seguro e ndo sujeito a quaisquer criticas ou even- tuais problemas ¢ tarefa imposstvel, como 0 sfio todas as coisas que dizem respeito a questao relacional humana. Contudo, nao podemos deduzir disso a impossibilidade da andlise, muito menos adotar um ponto de vista relativista em relacao as opcdes de posicionamento teorico, como s¢ todos guardassem seu grau de “verdade”; nessa medida, temos que certos critérios sao mais pertinentes cientificamente do que outros. 48 GAUDEMET, Yves. Droit administratif général. Paris: LGDJ, 2001, p. 524. 49 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de direito administrative, Sa0 Paulo: Ma- Iheiros, 2008, p. 34 13. pela identificagao da qualidade ou elemento ti dicional ou judiciaria. O elemento que tem sid terizador da funcao jurisdicional é a “impossibil das decisdes tomadas” mento de José Eduardo Martins C. Gorello. Ambos trabalham com a pers ev dades ‘ou elementos que, ao sere: wiridico ao exercicio das funcées estat, vegerisica tipica: legislativa, executiva ou classificagdo de carater formal. Esse c seguinte maneira Com efeito, no presente estudo, optamos Por acompanhar o Posi- ardozo e Celso Antonio Bandeira Pectiva da existéncia de algumas m atribuidos pelo ordenamento ‘als, acabam por delinear uma ca- judiciaria, Adotam, Pois, uma Titério é definido por Di Ruffia de A classificacao formal se refere as diferentes formas adotades pelos atos realizados pelos varios Poderes, em boa parte se identificn os nica, J que, normalmente, todo Poder emana os préprios alge com uma forma tipica ~ essencialmente: a lei formal Para o Legislativo (ou a lei constitucional para o constituinte), o decreto para o Executivo, ea sen- tenga para © Judiciario [...]. Acrescente-se a isto que, em regra, todos as atos emanados por um Poder, além de assumir sua for a0 mesmo tempo, a efics rma tipica, adquirem, mais desse Poder (a chamada eficécia formal)" a orga- la propria dos atos for Seguindo essa linha formalista, iniciemos esse Percurso analitico ipificador da fungao juris- lo identificado como carac- llidade de revisao Juridica no ambito dessa funcdo. O aspecto que marca- damente nos da certeza de estarmos diante do exercicio de funcao judi- claria é a presenca do final enforcing power da coisa julgada em suas deci- sdes, melhor dizendo, suas decisdes gozam dos efeitos de imutabilidade da coisa julgada, o que nenhuma das outras fung tica (normativamente). Ges tem por caracteris- A funcao jurisdicional do Estado nao é aquela na qual simplesmen- te se julga de modo imperativo conflitos interindividuais, mas a que traz —_— 50 DI RUFFIA, Paolo Biscaretti. Direito constitucional: i SL nstituigdes de direito publico, cit, p. 164 e 165. CARDOZO, José Eduardo Martins, Consulta n. 001/2007. Conselho de Ftica e Decoro Parlamentar da Camara dos Deputados. Cadernos de Pos-Graduacao em Di- reito: estudos e documentos de trabalho, n. 4. Comissao de Pos-Graduagao da Fa- culdade de Direito da USP. Sao Paulo: Manole, 2011, p. 11. 19 a possibilidade de uma eficacia imutavel da decisao tomada. Uma vez veeidida a controvérsia de forma definitiva na esfera do respectivo orgio estatal e ndo havendo mais a quem recorrer pata a desconstrugao da decisao, estamos diante de fun¢ao jurisdicional. Eis uma caracteristica que encontra respaldo na doutrina: a fungdo jurisdicional € de indole substitutiva. [..) Todavia, para que tal substituicao ocorra com eficécia imutavel, como dhesemos. necessario se faz que uma qualidade seja agregada a essa ati vidade substitutiva, ou seja, mais precisamente, que se some a autorida- Ye da solugao a qualidade de imutabilidade da propria sentenca, na sua parte decisoria, O que caracteriza, na quase totaldade dos casos, verda- Feiramente essa funcdo da sentenga — enquanto sintese da atividade jurisdicional, e, tendo em vista a parte dispositiva da sentenga ~ € a au- toridade da coisa julgada® Afigura-se-nos que Nesse particular, Candido Rangel Dinamarco aduz que, “das funcdes realizadas pelo Estado, é a jurisdicdo a tinica dotada do predicado de definitividade, caracterizado pela imunizag4o dos atos realizados”?. No direito nacional esta consagrada a eficacia dessas decisées proferidas pelos érgios jurisdicionais no art. 467 do Codigo de Processo Civil, que estabelece: “Denomina-se coisa julgada material a eficacia, que torna imutavel e indiscutivel a sentenca, nao mais sujeita a recurso ordinario ou extraordinario”. No que atina 2 funcao legislativa, podemos determina-la como aquela caracterizada pela emissao de normas gerais abstratas que ino- vam inicialmente na ordem juridica®* a partir, em regra, da propria Constituicdo. Em outras palavras, ¢ a funcdo que normatiza a vida social pelo exercicio de uma competéncia que se da no cumprimento direto € imediato de ditames constitucionais, nao passando pelo sistema norma- tivo infraconstitucional. Em suma, a legislacdo € 0 cumprimento da 52 ALVIM, Arruda. Manual de direito processual civil. Sao Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 182-183 53 DINAMARCO, Candido Rangel. Instituicdes de direito processual civil. Sao Paulo: Malheitos, 2004. v. 1, p. 333. 54 MELLO, Celso Antonio Bandeira de, Curso de direito administrativo, cit., p. 36 120 constticio" Por dbvio, 0 caso nao se confi unde com a fungao jonal, poraue nao diz respeito a aplicacao de norma a uma cont rit ca deca efintvatenha oefeto de coisa ulna, vera 9 Chegamos agora 20 Ponto no qual é preciso defi jnerente a firncao administrativa (executiva), Em, geral, farm criteio residual ou negativo: assim, 6 quas fungdes anteriormente analisadas pode administrativa. Todavia, € preciso encontrara O que podemos constatar € 0 fato de administrativa est determinada por atos cor pelo Poder: Judiciario; logo, as decisdes emitidas NO exercicio dessa com- petencia ndo sto afetadas pela autoridade da coisa julgada, Ee diapasao com a analise,temos as palavras da lavra de Ywes Gaudemen nit a qualidade Podertamos indi. Que nao se enquadrar nas set designado como funcac. ‘ormalidade diferenciadora, que, formalmente, a funcao introlaveis em sua legalidade Ainsi, a la difference des actes formelle: formellement administratifs son assujet eten particulier, des lors quils ont des tibles d'etre attaqués en annulation par la voie Du recours Pour excés de pouvoir. La notion formelle de Vacte administrative est ainsi la plus importante par les conséquences qu'elle emportesurle regime jurdlave de Vacte™. "ment législatifS, tous les actes 4s un controle juridictionnel, effects de droit, ils sont suscep. Na mesma ordem de consideracoes, leciona Litcia Valle Figueiredo que: “A caracteristica essencial e fundamental do ato administrative do Estado de Direito ¢ sua contrastabilidade pelo Poder Judiciario”™” a 59 Essa especificidade da legislagao pode ser retirada diretamente do pensamento kkelseniano: “Como a Constituigdo regula, no essencial, a elaboracéo das leis, a le. gislacto €, com respeito a ela, aplicacao do direito” (KELSEN, Hans. Jurndiqao constitucional. Sto Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 126) 56 “Assim, diferentemente dos atos formalmente legislativos, todos 0s atos formalien- te administrativos estdo sujeitos a um controle judicial e, em especial, quando eles tem efeitos juridicos, sdo susceptiveis de serem anuilados pela via de o recurso por abuso de poder. O conceito formal de ato administrative ¢ assim o mais importante no que diz respeito as consequéncias que importa sobre o regime juridico do ato” {traducdo livre do autor} GAUDEMET, Yves. Traité de droit administratf Paris: LGD}, 2001, p. 514. FIGUEIREDO, Licia Valle. Cursode direito administrativo. Sao Paulo: Malheiros, 1998, p.127. 37 121

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