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Amor fogo que arde sem se ver;

ferida que di, e no se sente;


um contentamento descontente;
dor que desatina sem doer.

um no querer mais que bem querer;


um andar solitrio entre a gente;
nunca contentar-se de contente;
um cuidar que se ganha em se perder.

querer estar preso por vontade;


servir a quem vence, o vencedor;
ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos coraes humanos amizade,
Se to contrrio a si o mesmo Amor?
Lus de Cames

O AMOR, quando se revela,


No se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas no lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
No sabe o que h de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a esto a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica s, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que no lhe ouso contar,
J no terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa

Estou a amar-te como o frio


corta os lbios.
A arrancar a raiz
ao mais diminuto dos rios.
A inundar-te de facas,
de saliva esperma lume.
Estou a rodear de agulhas
a boca mais vulnervel.
A marcar sobre os teus flancos
itinerrios da espuma.
Assim o amor: mortal e navegvel.
Eugnio de Andrade

Tinha um cravo no meu balco;


veio um rapaz e pediu-mo
me, dou-lho ou no?
Sentada, bordava um leno de mo;
veio um rapaz e pediu-mo
me, dou-lho ou no?
Dei um cravo e dei um leno,
s no dei o corao;
mas se o rapaz mo pedir
me, dou-lho ou no?

Eugnio de Andrade

Eu no sei seno amar-te,


Nasci para te querer.
quem me dera beijarte,
E beijar-te at morrer.

Vai-te carta feliz voando


No digas quem te a
mandou
Foi o amor pequenino
Que por ti se apaixonou

A folha da oliveira
grande e comprida
Nela se pode escrever o nome de uma
grande amiga.
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que
amar...
Amar a eterna inocncia,
E a nica inocncia no pensar...

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