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FICHA DE ESTUDO_Popper_Kuhn

Ciência e Hipótese. Validade e Verificabilidade das Hipóteses/Teorias

A verificação das hipóteses: confirmação ou refutação?


A relação entre a hipótese e a experiência é, sem dúvida, o aspecto mais decisivo da ciência.
O teste da experiência poderia entender-se simplesmente como a procura de experiências que
confirmem a teoria. Neste caso, uma teoria seria verdadeira se, e apenas se, correspondesse aos factos
ou se estes a confirmassem. Mas, tendo em conta que toda a experiência científica representa uma
selecção de aspectos considerados relevantes para a própria teoria que se pretende provar, poderia
acontecer que uma hipótese encontrasse fácil confirmação numa experiência que ela própria
delimita/«cria» e de que controla as condições. De facto, não é raro a comunidade científica ser
ludibriada por supostas descobertas, algumas delas publicadas nas mais conceituadas revistas
científicas, e que mais tarde são reconhecidas como falsas descobertas.
É devido a este problema que alguns filósofos contemporâneos consideram a forma de
verificação de uma hipótese pela simples confirmação, como uma prova fraca que não oferece absoluta
certeza e garantia da sua verdade ou verosimilhança. Por isso, apresentam uma alternativa, que consiste
em procurar insistentemente casos ou fenómenos que possam infirmar a hipótese ou teoria proposta.
Assim, uma hipótese teria o direito a ser proposta como verdadeira ou verosímil, não quando invocasse
apenas as experiências que a confirmassem, mas quando, além disso, tendo-se procurado por todas as
maneiras contra-provas ou contra-exemplos que a infirmassem, estes não tivessem sido encontrados.
Mesmo assim, não se pode dizer que essa teoria, que nenhuma contraprova infirma, seja a
verdade essencial acerca da realidade em questão. Pode sempre surgir um facto ou um contra-exemplo
que venha pô-la em questão. Neste sentido, uma teoria científica não pode pretender alcançar
propriamente a verdade, mas tão só uma maior verosimilhança. Todas as teorias são, por isso,
conjecturais e provisórias, o que não quer dizer que todas sejam equivalentes.
O grande defensor desta teoria simultaneamente conjecturalista1 e refutabilista2 da ciência, foi
o filósofo austríaco Karl Popper. Uma consequência que decorre desta concepção da ciência em Popper
é a de que nunca podemos estar seguros de que a nossa teoria seja absolutamente verdadeira ou que não
possa vir a ser substituída por outra mais plausível e satisfatória. Daí a necessidade de contínua
correcção das hipóteses e teorias e o contínuo progresso do conhecimento por uma espécie de tentativa-
erro. Abre-se assim o caminho, não a uma concepção do relativismo em ciência, mas à contínua
evolução e progresso dos nossos conhecimentos científicos.

- Explique o seguinte texto de K. Popper:

«Dizer-se que o objectivo da ciência é a verosimilhança3 tem vantagens sobre a


formulação de que o objecto da ciência é a verdade. Esta última pode sugerir que se alcança
totalmente o objectivo afirmando a indubitável verdade de que todas as mesas são mesas ou de
que 1+1=2. Porém, os cientistas procuram teorias, como as de Newton ou Einstein, e nem um
nem outro acreditou que a sua teoria fosse a última.
1
Conjectura − juízo/teoria formado(a) sobre probabilidades; suposição.
2
Refutar − contradizer; contestar; desmentir; reprovar.
3
Verosimilhança = Verosimilitude.

1
Em ciência temos de aceitar na nossa investigação enunciados falsos como aproximações,
conquanto não sejam demasiado falsos e tenham grande conteúdo de verdade.
(...) A procura da verosimilhança é uma meta mais clara e realista do que a busca da
verdade. (...)
Resta-nos somente termos argumentos fortes e razoáveis para pretendermos ter avançado
até à verdade, isto é, que a teoria T2 é preferível à sua antecessora T1.
Nunca podemos justificar racionalmente uma teoria, mas podemos justificar racionalmente
a preferência provisória por uma teoria sobre todo o conjunto de teorias rivais. (...)
Ainda que não possamos justificar a pretensão de que uma teoria seja verdadeira,
podemos justificar que tudo parece indicar que a teoria constitui uma aproximação da verdade
maior do que qualquer das teorias rivais propostas até ao momento.»
Karl Popper

- Após a leitura do seguinte texto, esclareça o conceito de “falsificabilidade”.

«Popper conduz-nos à tese de que uma teoria que não formula claramente as condições da
sua própria refutação não é uma teoria científica. (...) Einstein, ao propor a teoria da
relatividade generalizada, pôs a sua teoria em jogo , arriscou tudo na sua exposição à
falsificabilidade. É isso que define a ciência: não fugir dos eventuais desmentidos da
experiência, mas provocá-los; a ousadia das hipóteses e a serenidade na aceitação dos seus
riscos. A falsificabilidade pode assim fornecer o procurado critério de demarcação entre a
ciência e a não-ciência.
Defensor de uma concepção eminentemente conjectural do conhecimento, Popper vê a
história da ciência como uma evolutiva articulação, e transformação, de problemas que, através
de várias tentativas, se vão (ou não) solucionando, suscitando novos problemas, e assim
sucessivamente.
O que se procura é compreender o crescimento do conhecimento (…). O desenvolvimento
do conhecimento, diz Popper, 'não é um processo repetitivo ou cumulativo, mas um processo de
eliminação de erros'.»
Manuel Maria Carrilho

Conclusão
Para Popper, a experimentação não confirma as hipóteses teóricas, mas, caso não as refute,
mostra a sua aceitabilidade. Em sua opinião , a ciência vê no teste da experiência uma excelente
oportunidade para pôr a teoria à prova, pois só as teorias refutáveis ou falsificáveis são científicas.
Aquelas que explicam tudo, que não necessitam de submeter-se ao teste da falsificabilidade, não são
científicas. Científica é aquela teoria que admite o erro, pois as que estão absolutamente convencidas
da sua verdade ou são metafísicas ou religiosas.
É por isso que o conhecimento é uma conjectura que busca a refutação.

2
A história da ciência como sucessão de revoluções

Uma maior atenção concedida nos últimos decénios à história das ciências, sobretudo aos
momentos de crise e de emergência de novas teorias, levou alguns epistemólogos a pôr em causa a
representação da história da ciência como um progresso contínuo e ininterrupto e a propor um outro
modelo explicativo dessa história.
Segundo eles, a história da ciência não se revela como um desenvolvimento contínuo e
progressivo no sentido de uma maior verdade, mas deve antes ser lida tal com a história política, ou
seja, como uma sucessão de revoluções, de rupturas, de alterações mais ou menos bruscas e de
substituições de diferentes paradigmas.
O principal defensor desta tese na epistemologia contemporânea é Thomas S. Kuhn,
designadamente na obra A Estrutura das Revoluções Científicas (1962).

Kuhn pretendeu reformular a imagem e a concepção da ciência. Assim, segundo ele,


contrariamente ao que tradicionalmente se pensou, a comunidade científica é muito pouco aberta à
inovação. Os cientistas são pessoas com os mesmos vícios que as outras: resistem à mudança, não
procuram incansavelmente a verdade. Sempre que se alcança uma explicação consensual para um
fenómeno ou problema, cria-se uma certa cristalização, um paradigma4, que serve de referência a toda
a investigação, e que os cientistas têm dificuldade em abandonar: é a ciência normal5. Quando se
verifica que tal modelo ou paradigma já não satisfaz a exigência explicativa, isto é, quando já não se
mostra capaz de explicar dados ou problemas novos, surgem anomalias. Estas anomalias vão provocar
confrontos e conflitos entre os que defendem o velho paradigma e os que propõem inovações (novos
processos de investigação). Cria-se assim uma situação de crise.
Esta situação de crise inaugura um período extraordinário6 que pode culminar numa revolução
científica, que é precisamente a imposição de um novo paradigma 7. Este novo paradigma expressa uma
reorganização de todo o domínio científico; propõe que se compreenda, que se configure a realidade de
um ponto de vista radicalmente novo. A concepção geral que fornece o novo paradigma é radicalmente
inovadora (no nosso exemplo, conceber o mundo centrado no Sol é completamente diferente de
imaginá-lo centrado na Terra e analisar-se toda a realidade em função dessa posição), o que torna os
dois paradigmas inconciliáveis ou incomensuráveis8.

4
Paradigma − conjunto de leis, teorias, métodos, dispositivos experimentais, considerados exemplares (ou modelos) numa
actividade científica, e que estão na origem de uma tradição de investigação. Podemos acrescentar também que os
paradigmas são princípios de explicação que comandam e orientam o modo como vemos o mundo.
5
Ciência normal − processa-se no âmbito dos pressupostos definidos por um paradigma dominante e aceite pela
comunidade científica.
6
A ciência extraordinária (ou anormal), reflecte um momento de crise e de polémica, em que se ensaiam e confrontam
soluções novas para os novos problemas surgidos
7
Uma mudança de paradigma, como a ocorrida no século XVII, com a substituição do paradigma ptolomaico geocêntrico
(no qual o Universo é pensado como finito, fechado e centrado na Terra, que está fixa, girando os outros astros à volta dela)
pelo paradigma heliocêntrico de Copérnico e de Galileu (que altera as posições relativas do Sol e da Terra, colocando o Sol
no centro do Universo e a Terra a girar à sua volta), alterou não só a prática e as concepções científicas, mas
simultaneamente a visão do mundo e o lugar do homem no seu seio.
8
As revoluções científicas são autênticas rupturas, pois os paradigmas em confronto são incomensuráveis, isto é, cada
novo modelo é radicalmente outro que o anterior, não havendo conciliação nem sequer analogias possíveis.

3
Conclusão
Da posição de Kuhn não decorre a negação do progresso da ciência, mas sim a negação da ideia
de um progresso contínuo e cumulativo do saber. O progresso existe, mas é descontínuo, feito de
rupturas, de substituição de paradigmas − e não por transformação lenta de uns paradigmas noutros.

Tarefa
Faça uma pequena pesquisa sobre T. Kuhn e tente responder às seguintes questões:

- Distinga «Ciência normal» de «Ciência extraordinária».


- Uma situação de crise, e o período de ciência extraordinária dela decorrente, desemboca
sempre numa Revolução Científica? Justifique.

…/…

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