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O imigrante como parte integrante dos dispositivos legais do ensino da Provincia do Parana Maria Cecilia Marins de Oliveira” Introdugao No Brasil, os diversos problemas que envolvem o ensino, nao sio inerentes aos dias modernos. A falta de recursos financeiros, materiais e humanos, bem como, a permanente preocupa¢do com os curriculos para os diferentes graus de ensino, sdo questées levantadas que remontam ao passa- do e, ainda, estdo presentes na atualidade. Estas dificuldades se altcrnam nos periodos histéricos, ganhando maior ou menor relevncia, conforme o tratamento que foi sendo dispensado pelas sucessivas administragées pibli- cas. Em dias atuais, chama-se a atengaio na area da educagdo para a qualidade de ensino, no se descuidando de outros aspectos, importantes para o bom andamento da educagdo. No passado, os problemas apontados voltavam-se, fundamentalmente, para as mesmas questées, sobressaindo-se certos aspectos que caracterizavam a problematica educacional da época. Essas dificuldades que estavam presentes, em toda a esfera educacional brasileira, foram também enfrentadas pelo Governo do Parana, na época de sua emancipagio politica Dentre os setores que comegavam a exigir a atengdo das autoridades, a educagao recebeu sua parcela de contribuigdio dos governos, de acordo com a politica que orientava as autoridades constituidas. Diversas cram as difi- * Professora do Departamento de Teoria ¢ Fundamentos da Educacio, Universidade Federal do Parana, Edducar, Curitiba, 10, p.11-21. 1995. Editora da UFPR n OLIVEIRA, M. C.M. de. O Imigrante como parte integrante culdades no setor do ensino, ressaltando-se, inclusive, o grave problema da falta de professores, Partindo da concepgdo que, tendo professor ¢ aluno, estava constituida a escola, urgia a contratagdo de professores para prover a populagao de mais escolas, além daquelas existentes nos centros mais populosos. O recrutamento de professores nacionais, porém, no foi empreendi- ‘mento to facil, como pensavam as autoridades. Os candidatos nem sempre possuiam a qualificagdo para o exercicio do magistério, quando no muito raro, eram criadas escolas por forga da lei, sem que existissem professor ¢ local para a realizacao das aulas. A entrada de um contingente populacional, representado pelos imi- grantes, suscitava problemas na area da cducagiio. A clientela infantil estrangeira se adicionaria aquela nacional existente, gerando maiores com- prometimentos para 0 governo. O desconhecimento da lingua estrangeira, relativo as diferentes nacionalidades de imigrantes, pelo elemento nacional, era um dos entraves ao processo de comunicacdo inicial, impedindo, poste- riormente, o desenvolvimento do trabalho educativo a criangas estrangeiras. O jeito cra recorrer a clementos da mesma nacionalidade dos grupos de imigrantes para ministrarem as aulas. Por outro lado, a caréncia desscs profissionais do ensino no Parana, para atender as suas criangas, ja era fonte de preocupacao, quanto mais estender este atendimento a criangas estrangei- ras. Nao s6 a lingua mas, costumes, tradig6es ¢ hdbitos dessas populagées eram estranhos aos habitantes do Parana. Estas, entre outras, foram razdes pelas quais 0 governo decidiu inserir © elemento estrangeiro nos dispositivos Icgais do cnsino, objetivando de certa maneira, atender necessidades imediatas, para evitar maiores discor- dancias nas relagées sociais entre grupos diversos, bem como favorecer, tanto quanto possivel, a integragao do estrangeiro 4 comunidade original, valorizando os individuos, capazes de assumirem tarefas ligadas a educagiio de sua propria comunidade. A entrada do elemento europeu no Brasil e, em particular no Parana, ocorreu, principalmente, a partir da metade do século passado, em busca de trabalho ¢ de melhores condigdes de vida. No Parana, o fluxo imigratério se deu, notadamente, na década de 1870, havendo registros de sua existéncia m anos anteriores. O sistema, empregado para o assentamento desses imigrantes, foi o da criagdo de coldnias que procurou concentrar imigrantes da mesma nacionalidade, embora nem sempre com muito sucesso, hajam vista muitas col6nias contarem com elementos de origens diversas. A adaptacdo do imigrante 4 nova patria, constituiu um processo demorado, estando em jogo, ndio somente as condigdes econdmicas de vida, 2 Eduear, Curia, n 10, p.11-21.1995, Bdktora da UFPR OLIVEIRA, M. C. M. de. O Imigrante como parte integrante mas também, aquelas de cardter social, bioldgicas, psicolégicas, religiosas coutras. Considerando os aspectos apontados, constatou-se dois objetivos que orientaram as politicas governamentais, um mediato, pretendendo integrar o imigrante a sociedade paranaense e, outro, imediato, pretendendo instruir a populagao imigrante em idade escolar e, a0 mesmo tempo, absorver para adrea da educagdo na Provincia, uma mao-de-obra constituida porelementos ‘com alguma aptido ¢ conhecimento para ensinar. O presente estudo é referente ao periodo do Parana Provincial, de 1853 ‘a 1889, tendo como ponto principal, verificar a integragdo do elemento estrangeiro no processo de ensino, através dos dispositivos legais para a educagdo na Provincia Politica imigratéria A entrada de imigrantes no Brasil, no século XIX, deveu-se a fatores externos decorrentes do crescimento da populagdo européia, bem como, das transformagées ocorridas naquele continente pelo advento da maquina." O crescente indice de natalidade, aliado a causas secundarias e parti- culares ligadas a situag6es politicas, sociais e econdmicas, determinaram a saida,de contingentes populacionais em busca de melhores condigdes de vida? Além desses fatores externos, conjugaram-se aqueles de origem interna, oriundos da necessidade de mao-de-obrae, principalmente, voltados para a ocupacao efetiva do solo. Na Provincia do Parana, as dificuldades no sctor agricola, movidas pela falta de estabelecimentos rurais importantes, nao permitiram investi- mentos neste sctor,* tendo que se enfrentar, também, a falta de elementos humanos a respeito do que, 0 governo provincial promoveu uma politica imigratoria, Essa politica, voltou-se, eventualmente, para os trabalhos de obras piiblicas, na construgao de estradas, destinando-se, todavia, a suprira 1 BALHANA, Altiva Pilatti, Os imigrantes estrangeiros na formagdo historica da sociedade brasileira. Departamento de Historia. Curitiba : Universidade Federal do Parand, v. 1. 1.19, 1961. p. 1, 19 p. 2. BALHANA. Os imigrantes estrangeiros... p. 2. 3 MATTOS, Francisco Liberato de. Relatério do Presidente. Apresentando na abertura da Assembiéia Legislativa Provincial em 7 de janeiro de 1858, Curityba : Typographia Paranaense, 1858. p. 21,75 p. Eaucar, Curitiba n 10, p11-21. 1995, Balitora da UFPR 13 OLIVEIRA, M. C.M. de. © Imigrante como parte integrante caréncia de mao-de-obra na agricultura de abastecimento, cuja falta de Produtos ndo se restringiu apenas a regido paranaense, mas estendeu-se a todo 0 pais.* E nessa perspectiva de politica imigratéria que o Govemo da Provincia do Parana sancionou a Lei n° 29, em 21 de margo de 1855,° ¢ incentivou a entrada de estrangeiros de diversas nacionalidades que trouxeram consigo suas culturas, tradigdes ¢ costumes e, também, o dominio de técnicas mais vantajosas na cultura de terras. Foram esses estrangeiros que, ocupando as terras destinadas pelo Governo, participaram do processo de ocupaciio do solo se integraram, paulatinamente, no contexto social da nova Provincia. Esta politica que, inicialmente, foi promovida pelo Governo Imperial, passou com o Ato Adicional de 1834, a ser de competéncia das Provincias, cabendo-|hes. .. promover e estimular em colaboragzio com 0 governo central 0 estabelecimento de colénias. Foi, portanto, por meio de pequenas propriedades de subsisténcia, devido a necessidade de ocupagdo efctiva do solo, que 0 governo orientou sua politica imigratéria, propiciando, dessa maneira, a formagio de diversas colénias ao longo da segunda metade do século XIX, que se localizaram proximas aos centros urbanos ¢ influenciaram o setor do ensino no Parana, Oensino na Comarca do Parana Oensino no Parana, no periodo anterior emancipagao politica, estava subordinado as determinagdes da Provincia de Sdo Paulo, que nao dispen- sava muita atengao a distante Comarca, devido as dificuldades de comuni- cago, como também pela pouca representatividade de seu comércio e de sua agricultura na economia daquela Provincia. 4 MACHADO, Brasil Pinheiro ; BALHANA, Altiva Pilatti. Contribuigo ao estudo dda historia agraria do Parana. Boletim da Universidade Federal do Parana. Curitiba, v3, 3-40, jun,, 1963. p. 29-30. 5 PARANA, Leis, Decretos, ete. Leis, Decretos ¢ Regulamentos da Provincia do Parand, Curityba : Typ. Paranaense, 1855, t.2, p. 18-20, 76 p. 6 BALHANA, Altiva Pilati. Imigrago e colonizagao. In: ELKATIB, Faisal. (org.) Historia do Parand. 2. ed. Curitiba : Grafipar, 1969. v. 1, p. 158, 4¥. Educar, Curitiba n10, p.11-21.1995. Editora da UFPR OLIVEEIRA, M.C.M. de. 0 Imigrante como parte integrante Esta situagao refletia-se no setor de ensino piblico, que era precario ¢ deficiente. A difusdo do ensino de primeiras letras, assim denominado conforme projeto de Janudrio da Cunha Barbosa, em 1827, estava restrita aos centros com maior populacdo e, mesmo assim, incorrendo no risco de nem sempre haver mestres disponiveis, ou devidamente capacitados para seu andamento. ‘A promogao do ensino pela comunidade néio era costume da sociedade tradicional campeira. A camada mais simples da populagdo considerava 0 ensino inutile supérfluo, sem qualquer aplicacdio pratica.” Dava-se maior importncia a transmissdo das tarefas de pais para filhos, ficando a escola relegada a segundo plano. De maneira geral, a populagdo se mantinha afastada da escola, devido a falta de interesse ¢ também pelas dificuldades de acesso aos centros urbanos. Além do que, o afastamento da escola era motivado pelo emprego da mao-de-obra infantil que, juntamente com sua familia, cooperava para 9 sustento na época das colheitas nos ervatais. As dificuldades de vida ¢ 0 desinteresse pela escola, provocavam a acomodacdo desta populacdo que vivia o dia-a-dia, voltada para o trabalho ¢ para o sustento. Nao havia preocupagoes por atividades ligadas ao ensino e, tampouco, perspectivas de um futuro diferente daquele estilo de vida. A fundagao de uma escola mantida pela comunidade ocorreu apés 0 estabelecimento dos primeiros colonos alemies as margens do Rio Negro, na década de 1820. Foi a primeira escola de cariter comunitario que se tem conhecimento no Parana. Essa iniciativa deveu-se a idéia que esses imigrantes possuiam a respeito do ensino, considerando como necessdrio 0 aprendizado das primei- ras letras por sua populagao infantil. Esta pritica tinha suas raizes no pals de origem e, estendia-se a toda a populacao de maneira publica ¢ gratuita. 8Na falta dessas facilidades, 0 recurso era prover-se a si proprios, criando condigdes para o funcionamento de uma escola. Desses colonos de Rio Negro, alguns se transferiram para as proximi- dades de Curitiba, a partir de 1836, juntando-se a eles, outras familias que se dedicaram ao plantio de produtos diversos ¢ ao seu transporte, além de 7. PILOTTO, Erasmo. A educagio no Parana, sintese sobre o ensino elementar emédio, Revista do Instiuto Nacional de Estudos Pedagégicos, v3, 127, 1954. p. 52 8 EBY, Frederick. Historia da edueagéo moderna: teoria, organizagdo e prética educacionais. Porto Alegre : Globo, 1970, p. 462, 633 p. Bduear, Curitiba, n10, p 11-21. 1995, Ralitora da UPR 5 OLIVEIRA, M. C.M. dev 0 Imigrante como parte integrante explorarem saibro, terrenos arenosos ¢ pedreiras.? Com elas iniciou-se a formagao das primeiras colénias de imigrantes. Mas a presenga de estrangeiros no Parana se fez também em Parana- gud, cidade portudria c comercial mais expressiva da Comarca. Aos poucos essa presenga provocou mudangas nos costumes de seus moradores,'” havendo entre eles, alguns que se dedicaram ao ensino. Por volta de 1850, conforme Westphalen, funcionava um colégio para meninas pensionistas, mantido pelas norte-americanas Jéssica e Willie Ja- mes, onde se ministravam as disciplinas de Lingua Francesa, Gramatica Portuguesa e Caligrafia, Aritmética, Geografia, Historia e Misica.!! A institui¢ao visava 0 atendimento a clientela feminina diferenciada da Comar- ca e, em especial de Paranagu que, de acordo com os costumes da época, ou permanecia junto a familia, ou entregue a pessoas responsdveis para receberem alguma instrugao. Além desses professores, outros houveram, ensinando particularmente e, alguns se encontravam no exercicio de suas fungées na base da instalagao da Provincia do Parand. Disposi¢6es regulamentares do ensino. A emancipagdo politica do Parana, em dezembro de 1853, exigiu a reestrutura¢do dos quadros técnico-administrativos e com eles, a reestrutu- ragdo do ensino. Em 1857, foi aprovado o primeiro regulamento do ensino!? na Provin- cia, ao qual se sucederam mais trés. Esse regulamento teve como fonte inspiradora a primeira reforma de ensino na Corte, do Ministro Couto Ferraz, em 1854. Assim como 0 primeiro, os demais regulamentos se fundamenta- ram nas outras reformas que foram promulgadas posteriormente. As refor- 9 OS ALEMAES nos Estados do Parané e de Santa Catarina. Em comemoragio a0 1° Centenirio de sua entrada nesses Estados do Sul do Brasil. 1829-1929. p. 69, 196 p. 10 WESTPHALEN, Cecilia Maria. Uma cidade portusria nos meados do século XIX. Revista de Historia. Anais do IV Simpésio Nacional de Professores Universitérios de Hist6ria, Sto Paulo, 6, 31, p. 546, 1973. 11 Idem, p. $47. 12 PARANA, Leis, Decretos, etc. Leis e Regulamentos da Provincia do Parand. Curityba : Typ. Paranaense, 1857. t. 4, p. 61-93, 104 p. 16 Educar, Curitiba n 10, p.11-21.1995, Edstora da UFPR OLIVEIRA, M. C.M. de. O Imigrante como parte integrante mas nortearam o ensino nas Provincias que tentaram acompanhar, tanto quanto possivel, as orientagdes do govemo central. Nesse sentido, medidas concerentes aos diferentes setores da admi- nistragdo foram expedidas pelo Governo Central, sendo respeitadas pelos Governos Proyinciais, como 0 caso da politica imigratoria. Embora os grupos de imigrantes se constituissem na maior parte de elementos voltados ao trabalho do campo e de baixo nivel cultural, verifi- couse entre os mesmos, a presenga de pessoas capacitadas a exercer fungdes junto ao setor da educacdo. Assim sendo, o Governo da Provincia fez constar no primeiro Regulamento do ensino, disposigBes quanto a contratagdo de estrangeiros para o cargo de professores. As dificuldades enfrentadas pelo governo para lotar escolas com professores habilitados, foram constantes em todo o periodo provincial. Dai, um recurso garantido por lei para a contratagdo de professores entre clemen- tos estrangeiros. Alguns desses elementos atuaram na propria comunidade, em vista da resisténcia de certos grupos de imigrantes quando da ocupago do cargo de professor, por nacionais. Tentava-se evitar a penetragdo de elemento estranho ao grupo, visando garantir os costumes, as tradigdes mesmo, a lingua de origem. Facultou-se, ainda neste primeiro Regulamento, a criagdo de escolas particulares por estrangeiros, desde que fossem atendidas as exigéncias de capacitagao profissional e de comportamento civil e moral. Obtinha-se, entdo, a". icenga para abrir ou dirigir qualquer estabelecimento de instru- ao" O estabelecimento ficava sob a fiscalizagdo da Inspetoria Geral da Instrugdo Piiblica, que exigia a remessa de relatérios trimestrais com a freqiténcia e 0 aproveitamento dos alunos, ¢ a apresentagao dos habilitados para os exames, cuja data era estabelecida pelo proprio érgio. Havia, ainda, a inspegdo ao ensino e a higiene e a licenga prévia para qualquer alteragao no seu funcionamento. Oaspecto religioso recebeu atengao nesse Regulamento. estabelecen- do que 0s colégios néio catélicos que admitissem alunos catélicos, deveriam 13 PARANA, Leis, Decretos, ete. Leis e Regulamentos... 1857.1. 4, p. 75. Capitulo VII, Ant. 80. 14 Idem, 1857.1. 4, p.78-9. Capitulo VI, Art. 95 ¢ 97. Exduear, Curitiba, n.10, p.11-21. 1995, Editora da UFPR 7 (OLIVEIRA, M. C. M. de. O Imigrante como parte integrante ter um professor desta religido, que era a do Estado, sob pena de multa de 100$000 rs ¢ ao fechamento da escola ou estabelecimento. " 1 As determinagées regulamentares favoreciam 0 governo quanto a aquisigdo de novos elementos, bem como, propiciavam aexpansiio do ensino por meio de escolas particulares, fossem de nacionais ou de estrangeiros. Partia-se da idéia de que a liberdade de ensino, beneficiaria boa parte da populagdo da Provincia, considerando-se ainda 0 descomprometimento financeiro do governo. A intengdo das autoridades era a de favorecer também, o relacionamento social ¢o intercmbio cultural entre'os imigrantes a comunidade paranaenso, Segundo Balhana, a integragdo entre elementos de origens diversas, verifica-se mediante alguns fatores que favorecem ou ndo, 0 processo assimilatério de grupos humanos em contato. Os fatores ligam-se tanto a0 grupo imigrante, quanto ao grupo nacional. Problemas de ordem psicolégica, capacidade de flexibilidade, afinidades culturais, meio de trabalho urbano ou rural, entre outros aspectos, interferem nos grupos humanos acelerando ou retardando o processo de assimilagao. A conclusio ¢ que se trata de um processo sempre demorado, o qual, mesmo quando as circunstdncias sto as mais favordveis, muitas geragdes sdio necessdrias para sua completa efetivagaio.! O aproveitamento de elementos estrangeiros, além das necessidades inerentes ao ensino, constituiu por parte do governo, uma tentativa de integri-los a comunidade original. Esse aproveitamento, porém sofreu restricdes no segundo Regulamen- to da Instrugao Pablica, em 1871.'* Dois novos critérios foram estabelecidos na admissdo de professores. Um a respeito do atestado de profissio da religiao do Estado, Catélica, fornecido pelo paroco da localidade, para a contratago de professores para 0 ensino primério. O outro, relative ao comprovante de cidadania, exigido aos candidatos a exames de selegiio para lecionarem no Liceu, instituig4o piblica de ensino secundario. 15 PARANA, Leis, Decrotos, ete. Leis e Regulamentos... 1857.1. 4, p.79-80. Capitulo VIII, Art. 95 a 104. 16 BALHANA. Os imigrantes estrangeiros... 12-3 17 Idem, p. 12. 18 PARANA, Leis, Decretos, etc. Leis ¢ Regulamentos da Provincia do Parand. Curityba : Typ. Paranaense, 1871. 18, p. 122-43, 153 p. 1B Educar, Curitiba, 10, p.11-21.1995, Bditora da URPR (OLIVEIRA, M. C.M. de, O Imigrante como parte integrante Dessa maneira, 0 individuo nao catélico, ou que nado tivesse sua cidadania regularizada, ficava impedido de assumir fungdes junto ao magis- tério primario ou secundario. A restricdo religiosa estendeu-se também ao ensino particular, sendo enfatizada em dois artigos dos quatro que compunham as disposigdes desse tipo de ensino, Estas restrigdes foram motivadas pela desativacdo da politica imigra- toria, ocasionada em parte, pelo insucesso de algumas colénias e, ainda, pela tendéncia antagénica que se manifestava na sociedade de adogado, contra os imigrantes, ° destacando-se aqui, a diversidade reli; josa. Esse Regulamento, como 0 aprovado em 1874,” ndo fazia referencias especificas a contratagdo de professores estrangeiros, como ficara estabele- cido no primeiro, permanecendo inclusive nesse ultimo, as mesmas exigén- cias em termos de cidadania ¢ profissdo religiosa. Com a reativagao da politica imigratéria, dinamizada principalmente no governo do Presidente Lamenha ing nos anos de 1875 ¢ 1876, efetua- ramn-se alteragdes no novo regulamento,”' aprovado em 1876, que simplifi- cou as condigdes para o exercicio do magistério. As exigéncias se resumiam na comprovagdo da idade de 18 anos, na certiddio de moralidade ¢ no comprovante de capacidade profissional. Os quesitos, religido ¢ cidadania, néo constavam nesse regulamento, o que possibilitou novamente, o ingresso de elementos estrangeiros na carreira do magistério. Mas a grande inovagao foi a respeito da religidio, que assim estabelecia 0 Art. 157, das Disposigdes Gerais: "E facultada a dispensa da instrugdo religiosa aos acatélicos, a requisi¢a0 dos pais, podendo os alunos deixar de assistir aos exercicios religiosos, designados para um dia da semana, A liberagao da pritica religiosa aos alunos nao catélicos, ia de encontro a entrada de imigrantes adeptos da religido protestante que vinham sc radicando no Parana. A nova disposigao regulamentar possibilitou a freqiiéncia de alunos de outras religides, que nao a do Estado, nas escolas do governo, atraindo uma populagiio escolar, até entdio marginalizada por problemas religiosos, com 19 BALHANA, Altiva Pilati, Alguns aspectos relativos aos estudos de imigragiio colonizagao, Revista de Historia, Anais do IV Simpésio Nacional de Professores Universitirios, Sao Paulo, 6, 31, p. 345-89, 1973. p. 361-2. 20 PARANA, Leis, Decretos, etc. Leis ¢ Regulamentos da Provincia do Parand. Curityba : Typ Paranaense, 1874, t. 21, p. 198-227, 227 p. 21 Idem, 1876.1. 23, p. 37, 84 p. 22 Idem, 1876, .23, p.31 Bauear, Curitiba, x10, p.11-21. 1998, Bditora da UFPR 19 OLIVEIRA, M. C. M, de, O Imigrante como parte integrante perspectivas de se aumentar o indice de escolaridade na Provincia. Enfim, a simplificagao da documentagdo para os candidatos ao magistério possibi tou, novamente ao governo, 0 recrutamento de elementos estrangeiros capacitados para ministrarem 0 ensino. Os Regulamentos de ensino da Provincia com suas alternancias em relagdo ao imigrante, retrataram as oscilagdes na politica imigratoria, ora dinamizada, ora desativada, bem como, a maior ou menor receptividade da sociedade de origem frente ao novo clemento A presenga do imigrante em terras paranaenses nao poderia deixar de ser considerada quando da elaboragdo dos regulamentos de ensino, visto ter sido fruto de uma politica governamental, da qual resultou o aproveitamento de elementos, capazes de contribuirem para o desenvolvimento da sociedade de adogao. ‘A educagdo constituiu, portanto, um dos recursos indispensdveis para a adaptacdo do novo elemento, assim como, instrumento integrador e socializador das culturas diversas. Conclusio ‘Ao efetuar a andllise dos dispositivos legais do ensino, retratados pelos regulamentos de ensino da Provincia do Parana, em relagéo a insergdo do elemento estrangeiro em alguns de seus artigos, verificou-se que: “1) 0 Governo Provincial incluiu, nos Regulamentos, o aproveitamento do imigrante com alguma aptidio ¢ conhecimento para a area do ensino, obedecendo as orientagdes do governo central, por meio das reformas na Corte, que funcionavam como diretrizes para as Provincias. 2) Além da possibilidade do elemento imigrantes ingressar no quadro do magistério publico, era permitida a abertura de escolas particulares, ou mesmo, a diregdo de qualquer estabelecimento de instrugdo, desde que fossem atendidas as exigéncias legais neste sentido. 3) A religido foi, até certo ponto, obstaculo para uma melhor integraao inicial do imigrante ndo-cat6lico, em um pais cuja religido oficial era 0 Catolicismo. A partir do Regulamento de 1876, com a liberagado da freqiién- cia as aulas de religido de criangas nao catdlicas, houve a possibilidade do ingresso nas escolas publicas de um contingente escolar, até entdo margina lizado por divergéncias religiosas. Ha de se considerar, ainda, que 0 apro- Yeitamento do imigrante como professor piiblico, na hipotese dele nao pertencer a religido catolica, iria atender ds necessidades espirituais daqueles grupos de imigrantes nao-catélicos, ou preferentemente, ele iria atuar no seu 20 ducer, Curitiba, n10 p.11-21.1995, Béitora da UFPR OLIVEIRA, M. C.M, de. O Imigrante como parte integrante proprio grupo evitando choques de culturas, tradigdes, costumes e, princi- palmente, de convicgdes religiosas. 4) As restricées regulamentares de aproveitamento do imigrante na rede de ensino como professor, figuraram em dois regulamentos, no de 1871 1874, quando se exigia a comprovacdo da cidadania ¢ o atestado de profissao religiosa. Essas restricdes nada mais foram que o resultado da politica imigratéria, naquela época, desativada pelo Governo Imperial. A oscilagdio na politica imigratéria, ora incentivando, ora desativando, gerava alterages de medidas legais, por parte dos governos provinciais, com repercussées na Area educacional. As restrigdes nas legislagdes de ensino, em parte, ligariam-se ao conservadorismo da sociedade de adog4o que via com certo reccio a entrada de elementos de culturas diferentes. Por outro lado, as mudangas favoriveis a0 imigrante, ocorridas nas legislagdes, até certo ponto, evidenciavam a superagao dos antagonismos iniciais, no meio social, bem como, uma certa tolerincia em relagdo a cultura, tradigdes, religidio, etc., dos grupos de imigrantes. Os grupos de imigrantes catélicos, embora tivessem suas tradiges ¢ costumes, diferentes dos da sociedade de adogao, ao menos, 0 aspecto religioso no entrava em conflito com 0 meio social em que estavam ingressando. Apesar das divergéncias religiosas ¢ culturais, entre imigrantes © sociedade paranaense, a educagdio foi instrumento valioso para a integragdo dos elementos imigrantes na sociedade de adogao. Bacar, Cuntiba, n.10, p11-21. 1995. Bditora da URPR 21

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