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INTRODUÇÃO
A palavra “cuidado” deriva do latim cogitare, que significa imaginar, pensar, reflectir,
ter cuidado consigo mesmo e com a sua saúde e aparência. Este termo refere-se à atenção,
protecção, preocupação, cautela, responsabilidade, bem como a atitudes e sentimentos que
podem conduzir a uma relação entre as pessoas, ou seja, a práticas e acções sociais,
comandadas por representações simbólicas acerca da solidariedade (Oliveira, 2005).
Segundo Honoré (2004) cuidar é a noção de se ocupar de alguém na situação em que
se encontra de acordo com uma certa ideia do que é melhor para ele. Traduz uma forma de se
ocupar por alguém, tendo em atenção o que é terminante para que ele realmente exista
segundo a sua própria natureza, ou seja, segundo as suas necessidades, desejos, os seus
projectos. Assim sendo, o autor designa o termo cuidar como dizendo respeito à preocupação
com aquilo que os homens têm necessidade para poder viver a sua vida, ou seja, para existir
na humanidade.
Deste modo, abordar-se-á a perspectiva do cuidado a idosos, nomeadamente em estado
demencial. Assim sendo, cuidar, na perspectiva de Costa (1998) consiste em descobrir com a
pessoa, especificamente os idosos, tendo em atenção as suas condições, vivências e
expectativas, a forma de realização das necessidades afectadas, a partir das suas capacidades e
recursos. No idoso demente, o cuidar consiste em definir junto do idoso, quais as condições e
critérios que lhe permitirão viver de um modo melhor e com a dignidade a que tem direito.
1.1. DEFINIÇÃO
merece um maior relevo na medida em que são cuidadores em grande número, assumindo um
papel a longo prazo e exercendo diversificados níveis/tipos de cuidado (Sousa, Figueiredo &
Cerqueira, 2004).
Domínguez-Alcón (1997, p. 467, cit. por Imaginário, s/d, p. 76) define a prestação
informal de cuidados como “a assistência proporcionada pela família pelos amigos, ou pelos
vizinhos a pessoa com necessidade de cuidados instrumental, ou pessoal, nas actividades de
vida quotidiana […] trata-se de uma fonte de cuidados não remunerados, para que as
pessoas idosas em situação de fragilidade ou dependência, as pessoas incapacitadas ou
outros grupos continuem a viver no seu lar, ou na comunidade e não sejam
institucionalizados”.
O processo de prestação de cuidados será então um processo complexo e dinâmico,
caracterizado por constantes variações no tempo, de acordo com as necessidades e
sentimentos do idoso e do seu cuidador, em função da própria evolução da doença e da
situação de dependência, do contexto familiar e da fase do ciclo familiar, das redes de apoio
social, dos sistemas de crenças e, fundamentalmente, de como o prestador de cuidados
percepciona todos esses factores (Nolan et al., 1996, cit. por Brito, 2001).
A família não é meramente uma soma dos seus elementos constituintes, esta implica
um conjunto de interacções, normas, regras e papeis, dependendo contudo, do tipo de
sociedade em que se encontra inserida. Assim sendo, a família constitui-se como um grupo
com valores, crenças, papéis e normas devidamente estruturados. Esta deve então assumir a
responsabilidade pelo apoio físico, emocional e social dos seus elementos constituintes
(Martinez, 1997).
De acordo com Sampaio & Gameiro (1985), a família é um grupo institucionalizado,
relativamente estável, que constitui uma importante base social. A família designa o conjunto
de elementos emocionalmente ligados, que compreende no mínimo três gerações. Os mesmos
autores consideram que podem fazer parte da mesma família os elementos não ligados por
laços sanguíneos, mas que no entanto são significativos no contexto relacional do indivíduo.
É na família que segundo Leme & Silva (2000, p. 93, cit. por Imaginário, 2002, p.72)
nasce e se partilha o compromisso, a estima, a comunicação, o convívio, a plenitude espiritual
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De acordo com Cooley (1989, cit. por Martín, 2005) os grupos primários
caracterizam-se pelos contactos cara-a-cara, pela continuidade da relação, pela afectividade, e
pelas relações não instrumentais e de papéis difusos. Cada tipo de grupo primário, seja ele
constituído pela família, vizinhos ou amigos, reveste-se de uma ou mais características
estruturais, que facilitam a resposta de ajuda a pessoas que dela necessitam para determinados
tipos de tarefas.
Neste tipo de cuidado primário é necessário ter em conta dois tipos de cuidado: o
emocional e o instrumental. O cuidado informal é influenciado pela relação familiar,
coabitação e necessidades da pessoa idosa. Assim, as exigências e as obrigações de cuidado
aumentam pela coabitação, enquanto que a qualidade da relação se vai deteriorando,
verificando-se deste modo, uma menor capacidade para o cuidado emocional (Martín, 2005).
O cuidador secundário é definido como sendo o cuidador que não tem a seu cargo, as
responsabilidades principais no cuidado, podendo identificar-se vários cuidados secundários
para uma mesma pessoa receptora dos mesmos. Estes apenas incrementam o tipo ou a
quantidade de ajuda que a pessoa dependente recebe (Martín, 2005).
Num estudo realizado por Tennstedt et col. (1989, cit. por Paúl, 2005) verificou-se que
os cuidadores secundários são na sua maioria do sexo feminino, embora com uma tendência
menos marcada, sendo mais novos, solteiros e empregados, havendo uma maior probabilidade
de encontrar genros, noras e netos a desempenhar o papel de cuidadores secundários.
Contudo, e no que diz respeito ao tipo de tarefas desempenhadas, verifica-se que estes
proporcionam a maior parte da ajuda nas tarefas menos instrumentais e intensivas, como o
apoio emocional, compras e transporte, e ainda ajudas menores relativas ao cuidado pessoal,
desempenhando uma menor quantidade de trabalho comparativamente aos cuidadores
primários. As motivações dos cuidadores secundários são derivadas do afecto e do sentido de
responsabilidade para com o cuidador primário e para com a pessoa dependente (Martín,
2005).
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2. TORNAR-SE CUIDADOR
filiais, a gratidão sincera para com os pais sem envolver a noção de troca. A esta motivação
está fortemente associado o impacto do cristianismo nas raízes europeias. Existe contudo,
uma motivação, raramente assumida: a recompensa material, em que o cuidado surge como o
vislumbre de possíveis heranças. Uma outra motivação que surge como causa para a prestação
de cuidados informais prende-se com a preocupação de não recorrer a uma
institucionalização, pois existe maioritariamente uma depreciação generalizada em relação
aos lares, sendo esta a última e derradeira opção para muitas famílias (Sousa et al., 2004).
Bowers (1987, cit. por Imaginário, 2002) afirma que muito do trabalho de prestar
cuidados, uma vez que não manifesta comportamentos observáveis, não é visível até mesmo
para quem recebe esses cuidados. A prestação de cuidados inclui um conjunto de
componentes que visam a gestão do quotidiano e factores de ordem afectiva a fim de
contribuir para o nível de qualidade de vida do idoso dependente.
No processo de prestação de cuidados a familiares idosos há uma distinção do cuidar
destes, para o cuidar de crianças ou de pessoas mais jovens, uma vez que a pessoa que cuida
está consciente da situação de contínuo agravamento e degeneração do idoso, muitas vezes
antevendo o seu próprio futuro. A relação prévia com o idoso e a inversão de papéis que
frequentemente ocorre aumentam a probabilidade de conflitos. Raramente a responsabilidade
da prestação de cuidados é partilhada e invulgarmente esta decisão da prestação de cuidados é
uma escolha assumida (Paúl, 1997).
Também o facto de o começo do cuidado ser abrupto ou gradual, acontecer
paulatinamente à medida que idoso vai requerendo cuidados ou acontecer num estado mais
avançado da doença, parece condicionar decisivamente a identificação subjectiva do cuidador
com a aquisição do papel. Após o início do processo degenerativo do familiar idoso, o futuro
prestador de cuidados não tem consciência de que é o membro da família sobre o qual irá
recair o maior encargo, nem que essa situação se pode arrastar por muitos anos e que,
provavelmente, irá implicar um aumento progressivo da sua atenção (Lage, 2005).
De acordo com determinados autores, no momento de se definir quem assegurará a
prestação de cuidados, ocorrem dois movimentos simultâneos: um de envolvimento e um de
não-envolvimento, sendo que o compromisso com cada um desses lados irá depender da
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prevalência de outros dois factores: a proximidade física e a afectiva. Deste modo, a definição
do cuidador surge na relação dialéctica com a eleição dos não-cuidadores. Ao mesmo tempo
que um membro da família assume a responsabilidade da prestação de cuidados, os restantes
descartam-se. Assim, quanto mais o cuidador se envolve, mais os não-cuidadores se afastam,
levando a supor que, uma vez assumido, o cuidado é intransferível. Contudo, a
responsabilidade pelos cuidados não é uma opção, uma vez que o cuidador não toma essa
decisão, mas resvala nessa direcção (Sousa, Figueiredo & Cerqueira, 2004).
têm a ver com o fazer por, ou assistir de modo a manter a integridade física e o estado de
saúde; e protectores, que se prendem com a protecção relativa ao que não pode ser evitado e
tem a ver com as ameaças à auto-imagem, identidade e bem-estar emocional.
Estudos têm demonstrado que homens e mulheres prestam diferentes tipos de cuidado,
sendo que as mulheres são quem mais presta o suporte emocional, referido frequentemente
como uma das actividades mais comuns, bem como as actividades instrumentais. As mulheres
prestam cuidados pessoais e tarefas domésticas, enquanto que os homens participam mais em
tarefas relacionadas com o transporte do idoso e/ou gestão do dinheiro (Lage, 2005).
Ainda segundo o autor supracitado, no que concerne ao cuidado informal, mas desta
vez prestado pelos amigos e vizinhos, as tarefas de prestação de cuidadores centram-se mais
na companhia, compras e ajuda pontual em situações de emergência, isto apenas quando este
cuidador não tem a total responsabilidade dos cuidados.
Contudo, a prestação de cuidados e o tipo de tarefas que cabem a cada tipo de cuidado,
irão depender de factores ligados ao idoso, como o tipo e grau de dependência, a idade e a
disponibilidade do cuidador e a história passada e actual da relação entre o idoso e o cuidador
(Paúl, 1997).
Logicamente que a quantidade de cuidado que cada idoso carece, irá depender do tipo
e características da sua doença, ou seja, do grau de dependência. A necessidade de assistência
irá assim depender da deterioração cognitiva do idoso, da existência, ou não, de
comportamentos problemáticos, da dependência nas actividades da vida quotidiana e da
resistência. A intensidade do cuidado irá assim depender do número e tipo de tarefas
desenvolvidas pelo cuidador, pelo total de horas extras utilizadas no cuidado e pelos itens
relativos à impossibilidade de se deixar o doente sozinho (Martín, 2005).
Cuidar de idosos, especialmente de idosos demenciados requer uma maior supervisão,
ainda que estes possam ser capazes fisicamente.
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sociais para lidar com a situação, bem como a carga subjectiva, emocional, comportamental e
cognitiva (Paúl, 1997).
Proporcionar cuidados durante um longo período de tempo pode ser fisicamente
esgotante interferindo na saúde e bem-estar do cuidador. Nos cuidadores é frequente a
referência a cansaço físico e sensação de deterioração gradual do estado de saúde, que
descrevem como coincidindo com o início da “carreira” de cuidador. Estudos comprovam que
o sistema imunitário dos cuidadores é frágil comparando aos indivíduos não cuidadores.
Todavia, se o cuidador é idoso, provavelmente evidencia modificações inerentes ao processo
de senescência, sendo que os cônjuges que prestam cuidados se encontrem mais expostos a
problemas de saúde do que os descendentes (Sousa, Figueiredo & Cerqueira, 2004).
Relativamente à coabitação, esta variável de contexto frequentemente referenciada
como determinante no cuidado informal pode ser a causa ou consequência da ajuda.
Habitualmente, acresce o tempo de cuidado e restringe o tempo de lazer e vida social,
nomeadamente para as mulheres e filhos adultos residentes ainda na casa dos pais, bem como
para os cuidadores cônjuges (Lage, 2005).
No que diz respeito ao cuidador que tem uma actividade profissional, pode-se
considerar que o tempo despendido no trabalho pode acarretar efeitos benéficos, uma vez que
constitui um escape às tarefas de prestação de cuidado, ou efeitos nefastos, nomeadamente
pela dificuldade em conciliar obrigações inerentes aos cuidados e à actividade profissional.
Deste modo, ter uma profissão e prestar cuidados são actividades que podem entrar em
conflito directo, pois enquanto o cuidador se encontra no emprego preocupa-se com o bem-
estar dos seus familiares, por sua vez, as pressões relacionadas com o trabalho vão interferir
na prestação de cuidados. Estudos revelam que a tarefa de cuidar ao nível da actividade
profissional acarreta alterações como: alterações de horário de trabalho, sensação de
desempenho afectado, necessidade de falar, diminuição das horas de trabalho, interrupções,
atrasos, recusa de promoções e muitas vezes demissão. Esta situação traz também consigo
problemas ao nível financeiro, pelas despezas que o cuidado acarreta (Sousa et al., 2004).
As disrupções ao nível do clima familiar, são frequentemente o problema mais grave,
sobretudo se as capacidades da família em comunicar e se adaptar a sucessivos desafios,
forem insuficientes à partida. A deterioração da relação conjugal acompanha-se da sensação
de maior isolamento para o cuidador-marido ou mulher, pois o confidente habitual é ele
próprio fonte de mal-estar. O elemento cuidador deixa de ter tanto tempo e tanta
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Apesar das consequências negativas do cuidado, nem todos os cuidadores sofrem altos
níveis de stress. Embora exista uma clara evidência de que resultam benefícios do cuidado,
verifica-se contudo, que é uma área bem mais reduzida quando comparada com aquela que
descreve e caracteriza as consequências negativas. Estes benefícios passam pela recompensa,
gratificação, sentido de utilidade, satisfação, sentido de realização pessoal, desenvolvimento
de competências e habilidades para cuidar, benefícios para a família nas suas relações
familiares, expressões de apreciação e afecto, aprender com a experiência, amadurecimento e
crescimento pessoal (Lage, 2005).
Têm sido apontadas como as mais frequentes fontes de satisfação do prestador de
cuidados a manutenção da dignidade da pessoa idosa, ver a pessoa de quem se cuida bem
cuidada e feliz, bem como afastar a possibilidade de institucionalização. Estudos evidenciam
que uma melhoria do bem-estar do cuidador, um compromisso crescente com a relação de
cuidados, uma reduzida probabilidade de institucionalização, uma atitude positiva acerca do
futuro e estratégias de superação do stress, podem conduzir a uma maior satisfação e
consequente redução de stress no cuidador (Sousa, Figueiredo & Cerqueira, 2004).
Cuidar de um idoso que padece de demência tem sido reconhecido como a situação
mais difícil, uma vez que a pessoa vai perdendo a memória, a capacidade de raciocínio,
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A pessoa que recebe cuidados de um familiar, por norma, tende a ser do sexo
feminino, casada ou viúva e com filhos. Embora as mulheres tenham uma longevidade maior,
estas tornam-se mais susceptíveis de sofrer de doenças crónicas sendo estas as principais
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causas de morte e incapacidade das mesmas. Relativamente à idade, a média de idade das
pessoas a necessitar de cuidados está entre os 67 e os 77, sendo que a maioria dos idosos
tendem a ser familiares próximos do cuidador (cônjuge, pai/mãe, sogro) (Sousa, Figueiredo &
Cerqueira, 2004).
Todavia, todos os estudos se têm debruçado particularmente sobre o impacto da
prestação de cuidados no cuidador, negligenciando a percepção do próprio idoso acerca da
qualidade dos cuidados recebidos. Na verdade, os benefícios psicológicos e em termos de
saúde, bem como os potenciais malefícios da recepção de cuidados têm merecido pouca
importância. Contudo, investigações têm demonstrado que 40 a 60% dos idosos fisicamente
dependentes reagem negativamente a alguns cuidados que lhe são prestados e que essas
reacções poderão revestir-se de consequências psicológicas significativas (Brito, 2001).
De acordo com um estudo efectuado por Thomas (1993, Sousa et al., 2004) os
problemas mais frequentemente referidos pelos idosos dependentes da prestação de cuidados
dos filhos, foram a ajuda prestada de modo insatisfatório (35%), conselhos insensatos (33%) e
preocupação com o facto de serem um peso para os filhos (32%).
Contudo, e ainda segundo o mesmo autor, um outro problema consiste na resolução de
tarefas pelo idoso, mesmo quando este ainda é capaz de as fazer. Deste modo, acaba por
retirar ao idoso a independência que ainda lhe restava. Acontece também o facto de quando o
idoso se mostra capaz numa determinada actividade, o cuidador repreende-o ou critica-o,
privando-se o idoso de praticar comportamentos ou actividades para as quais ainda está
capacitado conduzindo deste modo à dependência total do idoso.
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Cuidar de um familiar idoso é uma experiência cada vez mais normativa que obriga as
famílias a definir e redefinir as relações. Obrigações e capacidades, podendo constituir uma
experiência física e emocionalmente stressante, tanto para o cuidador como para toda a
família. Talvez por isso cuidar um familiar idoso seja, de acordo com Wullschlegger, Lund,
Caserta & Wright (1996, cit. por Lage, 2005), um dos acontecimentos potencialmente mais
perturbadores na vida das pessoas.
Estudos comprovam que o facto de pessoas desempenharem o papel de cuidador de
idosos em estado dependente, durante longos períodos de tempo, sofrem frequentemente,
alterações adversas em várias e importantes áreas da sua vida, como: alterações ao nível
familiar, social, problemas económicos e laborais, cansaço e desgaste prolongados tanto ao
nível físico como psíquico. Todas estas alterações, frequentemente vivenciadas num
complexo contexto de preocupação constante, de conflito, perda, luto, raiva culpa e
ressentimento, rapidamente conduz a situações de morbilidade. Contudo, é sobretudo na área
da saúde mental que os efeitos da prestação de cuidados a familiares mais se fazem notar, com
níveis de depressão e ansiedade superiores aos da população em geral (Brito, 2001).
A depressão e a ansiedade são dois problemas significativos para a maioria dos
cuidadores, sendo que estudos têm demonstrado a presença de sintomas depressivos como
sentimentos de tristeza, desespero, frustração, inquietação, associados à progressiva
dependência do idoso, à redução do tempo livre, ou à ausência de apoio. Surgem igualmente
sentimentos de ansiedade e preocupação pela saúde do familiar, pela própria saúde, pelos
conflitos familiares, bem como pela falta de tempo. Os sentimentos de culpa encontram-se
muitas vezes presentes, tanto por se sentir saturado da pessoa de quem cuida, por se pensar
que não se faz tudo o que se pode, por desejar a morte do familiar, de modo a acabar com o
seu sofrimento ou mesmo para se libertar dessa situação de cuidador, e até por descurar de
outras obrigações (Sousa, Figueiredo & Cerqueira, 2004).
De acordo com Brito (2002) a depressão ocorre normalmente manifestando-se no
prazo de um ano após o inicio do processo de prestação de cuidados. No que concerne,
especificamente aos prestadores de cuidados a familiares afectados com a doença do tipo
Alzheimer, vários estudos apontam para o facto de cerca de metade destes prestadores
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brito, L. (2001). A Saúde Mental dos prestadores de cuidados a familiares idosos. Coimbra:
Quarteto Editora
Paúl, M. (1997). Lá para o fim da vida. Idosos, Família e Meio Ambiente. Coimbra: Livraria
Almedina.