Todas murcharam, tristes, langorosas, Tristes fanaram redolentes rosas, Morreram todas, todas sem olores.
Mais tarde da existência nos verdores
Da infância nunca tive as venturosas Alegrias que passam bonançosas, Oh! Minha infância nunca tive flores!
Volvendo ã quadra azul da mocidade,
Minh'alma levo aflita à Eternidade, Quando a morte matar meus dissabores.
Cansado de chorar pelas estradas,
Exausto de pisar mágoas pisadas, Hoje eu carrego a cruz de minhas dores!
O CONDENADO
Folga a Justiça e geme a natureza
Bocage
Alma feita somente de granito,
Condenada a sofrer cruel tortura Pela rua sombria d'amargura - Ei-lo que passa - réprobo maldito.
Olhar ao chão cravado e sempre fito,
Parece contemplar a sepultura Das suas ilusões que a desventura Desfez em pó no hórrido delito.
E, à cruz da expiação subindo mudo,
A vida a lhe fugir já sente prestes Quando ao golpe do algoz, calou-se tudo.
O mundo é um sepulcro de tristeza.
Ali, por entre matas de ciprestes, Folga a justiça e geme a natureza
SAUDADE
Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa, Eu a bendigo da descrença em meio, Porque eu hoje só vivo da descrença.
À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente, Pra iluminar-me a alma descontente, Se acende o círio triste da Saudade.
E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito, Para dar vida à dor e ao sofrimento, Da saudade na campa enegrecida Guardo a lembrança que me sangra o peito, Mas que no entanto me alimenta a vida.
O MAR
O mar é triste como um cemitério;
Cada rocha é uma eterna sepultura Banhada pela imácula brancura De ondas chorando num alvor etéreo.
Ah! dessas vagas no bramir funéreo
Jamais vibrou a sinfonia pura Do Amor; lá, só descanta, dentre a escura Treva do oceano, a voz do meu saltério!
Quando a cândida espuma dessas vagas,
Banhando a fria solidão das fragas, Onde a quebrar-se tão fugaz se esfuma,
Reflete a luz do sol que já não arde,
Treme na treva a púrpura da tarde, Chora a Saudade envolta nesta espuma!
O MAR
O mar é triste como um cemitério;
Cada rocha é uma eterna sepultura Banhada pela imácula brancura De ondas chorando num alvor etéreo.
Ah! dessas vagas no bramir funéreo
Jamais vibrou a sinfonia pura Do Amor; lá, só descanta, dentre a escura Treva do oceano, a voz do meu saltério!
Quando a cândida espuma dessas vagas,
Banhando a fria solidão das fragas, Onde a quebrar-se tão fugaz se esfuma,
Reflete a luz do sol que já não arde,
Treme na treva a púrpura da tarde, Chora a Saudade envolta nesta espuma!