Meias-verdades: amor e ódio

Vanderlei Dallagnolo1
Blumenau, 22 de março de 2010

Meias-verdades são extremamente nocivas.

A meia-verdade é a mentira disfarçada, aí reside o perigo que ela

representa. Disfarçada com partículas ou elementos da verdade.

É como o assassino que usa a inocente criança como escudo para não ser
atingido enquanto atira nos outros.

É isto que a meia-verdade faz com nossa consciência. Usa de elementos que
sabemos serem reais, factuais, construtivos ou elevados até. Mas, no todo
trasmite uma mentira. Que acaba nos levando ao erro.

A meia-verdade é a covardia aplicada a comunicação!

Não me refiro aqui a situação onde expomos ATÉ ONDE VAI NOSSO
CONHECIMENTO. Reconhecendo a limitação do mesmo. E até mais, quando
necessário, alertando quanto a esta própria limitação. Refiro-me a situação
onde carecemos de honestidade e coragem. Para transmitir nossos
preconceitos e justificar atos egoístas, seja consciente ou inconscientemente

Mas, não é sobre a meia-verdade em si que quero falar aqui.

É sobre um de seus exemplos mais comuns.

1
Vanderlei.dallagnolo@gmail.com
O de ficar tentando igualar até o maior grau possível o AMOR e o ÓDIO. Amor
é ódio não são a mesma coisa.

Geralmente, citam que o AMOR e o ÓDIO são como as duas faces de uma
moeda. Portanto, seriam a mesma coisa!

Não! Não são! Se são as duas faces de uma mesma moeda, O MESMO é o
meio pelo qual ambos se manifestam! Mas, continuam sendo opostos.

A situação cotidiana mais comum onde tentam igualar amor e ódio é no que se
refere ao relacionamento romântico entre duas pessoas.

Mas, quem ama NÃO fere a pessoa que ama só porque não pode ficar com
ela! Quem age assim, NAQUELE instante, age movido pelo egoísmo. Mesmo
que o amor permaneça lá. O que duvido muito. Pois o amor é a expressão
máxima de toda nossa capacidade de agir pelo bem do outro.

Sim, no caso do amor romântico entre duas pessoas, querer estar junto é
demonstração de amor. Pois significa dizer "quero compartilhar tudo que há
de bom em mim com você". E "quero estar sempre ao teu lado, para
quando você precisar".

Mas, respeitar a decisão do outro também é amar! Pois não há para o ser
humano felicidade maior do que aquela que a liberdade proporciona. E quanto
mais temos condições e recursos de viver esta liberdade, mais felizes seremos.
Liberdade, NÃO LIBERTINAGEM, que é a profanação da liberdade. Outro
caso para o qual muito se usam as meias-verdades.

Outras situações onde se tenta convencer as pessoas desta meia-verdade são

nos atos de violência motivados pelo ódio que se cometem todos os dias. Onde
se visa proteger ou se busca vingança por ações cometidas contra o que ou
contra quem amamos. Novamente é o mesmo meio expressando atos opostos.
Apenas o meio é o mesmo. Os atos continuam sendo opostos.

Amor e ódio também são vítimas eles mesmos de toda sorte de confusão. As
pessoas confundem o amor com paixão, desejo, apego e outras coisas. O ódio
com covardia, insensibilidade e ignorância. E na mistura de todos eles ainda
tentam justificar as comparações, sem explicar EXATAMENTE do que estão
falando.

Todos nós somos falíveis. Todos somos um pouco egoístas, ignorantes e

malvados. E todos iremos cometer erros até o fim de nossos dias. E assim
como quando enfrentando a justiça dos homens, aceitamos que existem
circunstâncias que são atenuantes de nossos erros. Também uns com os
outros e para com nossa própria consciência, criamos nossos próprios
atenuantes. Usamos e aceitamos as meias-verdades e permitimos que se
confunda amor e ódio porque são nossos atenuantes. Se não conseguimos
definir a verdade ou se conseguimos convencer os outros de que ela é difícil de
distinguir. Isto nos cria justificativas para nosso egoísmo e até para a
crueldade. Foi assim ao longo de toda a história da humanidade. Mas, este
assunto vai bem longe.

E quanto ao ódio!? Ele também tem seu próprio papel. Mas, isto é assunto para
outra hora.