si mesmo, uma condi¢go prévia que vem permitir que o
interesse emancipador que Ihe esté subjacente e que é
partilhado pelo Gadamer demonstee-o nx segunda porte de Verdade « Méiado,
262
as citncias sociais a pré-estruturago simbélica do seu objecto.
Seo acesso aos dados j& niio se faz através da observacio contro-
lada, mas através da comunicagio na linguagem quotidiana,
enti os conceitos teéricos jé no tém aplicacio no interior da
estrurura do jogo da linguagem de medicio fisica, desen-
volvido pré-cientificamente. Os problemas surgidos ao nivel
de avaliagio repetem-se ao nivel da construgio da teoria: a
escolha de uma estrucura categorial e das qualidades teécicas
bésicas tem de corresponder & concepgio prévia hipotética do
objecto®. (3) A consciéncia hermenéutica afecta também 2
autocompreensio cientificista das ciéncias naturais, mas ndo a
sua metodologia, logicamente. A perspectiva de que a lingua-
gem natural representa a «iltima» metalinguagem para todas
4 teorias expressas em linguagem formal, esclarece o lugar
episcemol6gico da linguagem quotidiana dentro da actividade
cientifica. A legitimacdo das decisdes que orientam a escolha
das estracégias de investigasio, da construgio de teorias e dos
métodos para as testar, € que, por conseguinte, determinam
aprogresso da ciéncia», depende de discussdes no seio da
comunidade de cientistas. Estas discussdes, que sfo conduzidas
20 nivel da metateoria, esto, ndo obstante, ligadas, em prin-
cipio, 20 contexto da linguagem natural ¢ as formas explica
tivas da comunicagio didria. Uma hermenéutica filoséfica pode
mosttar a raz80 por que é possivel chegar 2 um consenso
nicionalmente motivado, mas nao peremptério, neste nivel
tedtico. (4) O conhecimento hermenéutico é, por dltimo, invo-
cado mais numa certa érea de interpretagio (¢ de grande
Jnteresse social) do que em qualquer outra: a tradugdo de
informagaio cientifica imporcante para a linguagem do universo
davida social. «O que saberiamos da fisica moderna, que tanto
altera a nossa existéncia, s6 2 partir da fisica? A sua descricao,
que ultrapassa o cfrculo de peritos, depende de um elemento de
SCE, J, Habermas, «Zur Logik der Sozialwissenschaftene, ia PBil
Randichaz, Saplemento > (1967), cep. HI.
263retérica para o seu impacte... Toda a ciéncia que espera ter
aplicagio pratica depende da retérica» 7
‘A necessidade objectiva de relacionar racionalmente 0
conhecimento pritico do universo da vida encontra explicagio
na fancio que o progresso cientifico-recnolégico adquiriu para
a manutencio do sistema das sociedades industriais
desenvolvides. Defendo que uma hermenéutica filoséfica
procura sacisfazer esta necessidade de uma aspitegio @
universalidade. A consciéncia hermenéutica s6 pode abrir 0
caminho «da reintegracio da experiéncia da ciéacia na nossa
prépria experiéncia de vida geral e humana»® quando for pos-
sivel considerar «a universalidade da linguisticidade humana
come elemento em si mesma ilimitado que tudo sustenta nfo
apenas os objectos culturais transmitidos por via linguls-
rica» ®
Gadamer refere-se & aficmagao de Platio de que aquele que
considera os objectos no espelho do discurso chega & sus
verdade plena e sem limitagdes — «no espelho da linguagem,
tudo o que existe é reflectido» '.
Este cema histérico especifico, que culminou nos esforsos
de criagdo de uma hermenéutica filosGfica, nao corresponde,
porém, a afirmagéo de Platio. E dbvio que a ciéacia moderna
pode aficmar, com legitimidade, que chegou a verdadeiras
afirmagdes sobre as «coisas» avancando por via monolégica, em
vex de considerar 0 espelho do discurso humano: ou seja,
formulando teorias que assentam no monélogo ¢ sustentadas
pela observagio controlada. E em virtude de os sistemas hipo-
tético-dedutives das proposigéies da ciéncia nio constitufrem
um elemento do discurso quotidiano, que a informagéo deles
7H G. Gadamer, «Rhetorik, Hermeneutik und Tdeologiekritike,
p. 117.
PSH G. Gadames, in Kline Scbrifien, 1, p.109 (traduzide ne presente obra come