O documento discute a origem histórica da meditação, segundo o autor Johnson. Ele acredita que os primeiros estados meditativos surgiram espontaneamente através da focalização no fogo, da caça e do sexo, há cerca de 800 mil anos. Embora as técnicas meditativas tenham sido desenvolvidas nas culturas orientais, há evidências de que também existiam em tradições ocidentais como o Cristianismo, o Judaísmo e o Islã.
O documento discute a origem histórica da meditação, segundo o autor Johnson. Ele acredita que os primeiros estados meditativos surgiram espontaneamente através da focalização no fogo, da caça e do sexo, há cerca de 800 mil anos. Embora as técnicas meditativas tenham sido desenvolvidas nas culturas orientais, há evidências de que também existiam em tradições ocidentais como o Cristianismo, o Judaísmo e o Islã.
O documento discute a origem histórica da meditação, segundo o autor Johnson. Ele acredita que os primeiros estados meditativos surgiram espontaneamente através da focalização no fogo, da caça e do sexo, há cerca de 800 mil anos. Embora as técnicas meditativas tenham sido desenvolvidas nas culturas orientais, há evidências de que também existiam em tradições ocidentais como o Cristianismo, o Judaísmo e o Islã.
Durante a elaborao da nossa tese, precisamos estudar um pouco sobre a
provvel origem histrica da meditao. Hoje, divido com vocs algumas das descobertas que fizemos a respeito. Ao falamos sobre meditao, automtico recorrermos aos relatos de tradies filosficas orientais, uma vez que foram as culturas chinesa e hindu que melhor relataram e descreveram as prticas meditativas durante a histria da civilizao. Johnson, em seu livro (Do Xamanismo Cincia. Uma histria da meditao, Editora Cultrix, 1990), apresentou amplo levantamento histrico sobre o tema, encontrando descries precoces do mtodo, tanto em textos taostas quanto em textos hindus. Recomendo, muito, a leitura desse timo livro. Segundo ele, na antiga China, por volta de 300 a.C., a literatura taosta, com mestres como Lao-Tzu e Chuang-Tzu, j expunha exerccios meditativos, de forma sistematizada. A literatura mstica do norte da ndia, entre 1500 e 1000 a.C., tambm j apresentava tcnicas de meditao. Todavia, buscar a ascendncia da meditao uma empreitada penosa. Nesse intuito, tambm se realou Johnson, quando revisou os aspectos histricos do tema, situando a presumvel origem dos primeiros estados alterados de conscincia, que foram provavelmente obtidos por induo espontnea. Acreditava este autor, que a descoberta do fogo, o exerccio da caa, a experincia sexual e o trauma, poderiam ter sido os fatores que primeiramente conduziram ao estado meditativo espontneo, provocando experincias naturais de estados alterados de conscincia, o que poderia ter acontecido h cerca de oitocentos mil anos. Referindo-se ao estado alterado de conscincia como xtase, e com as experincias meditativas sendo chamadas de experincias extticas, Johnson escreveu, sobre o fogo, que A focalizao [visual] das chamas bailarinas por longas horas, com excluso de todos os outros estmulos sensoriais, bem poderia ter produzido estados extticos, cabendo s chamas afastar a conscincia do seu padro de luta-fuga para um estado alterado, mais calmo, de repouso em vez de ansiedade. A conjectura sobre o papel do fogo na origem dos primeiros estados meditativos espontneos compartilhada por alguns conhecidos meus e, confesso, at mesmo por mim. Segundo Johnson, o caador da pr-histria tambm poderia ter experienciado estados meditativos espontneos, uma vez que o caador, ao se aproximar da caa, precisava varrer da mente os pensamentos ansiosos, como se no estivesse ali. Em outro trecho, afirma que Isso inclua a identificao com os animais a serem caados, de modo a se tornarem indiscernveis do meio ambiente e assim serem bem-sucedidos como caadores habilidosos, para o que precisavam silenciar na mente todos os pensamentos [dito] humanos, entrando num xtase, de modo a [se colocar] fora da nossa humanidade comum. O prprio ato sexual poderia ter tido seu papel na gnese de estados alterados de conscincia, talvez dando origem s atuais escolas tntricas meditativas. Disse Johnson que o ato fsico [sexual] tambm pode ter
contribudo para isso, uma vez que, no abandono do orgasmo, os seres
humanos se tornam extticos, colocando-se temporariamente fora de si mesmos As doenas graves, e os acidentes traumticos, do mesmo modo, podem ter levado a mudanas espontneas no estado de conscincia de nossos antepassados. Segundo Johnson incapazes de suportar, por mais tempo, a dor ou o perigo percebido, [os indivduos] escapam para o xtase, ou para uma experincia [dita] fora do corpo. Mais adiante, afirma que para os que sobreviveram, a possibilidade de retornar a estados assim, e at o desejo de faz-lo, deve ter sido atraente e provavelmente conduziu ao desenvolvimento de meios meditativos para consegui-lo. Johnson foi muito enftico, quando apresentou o realce com que eram tratados os estados que chama de extticos, nas culturas de nossos antepassados. Para tentar espelhar o marcante posicionamento do autor, aqui selecionamos dois pequenos trechos ilustrativos de sua publicao: [I]As culturas xamansticas do o mais alto valor a essas experincias de autotransformao exttica. Ainda que possam ocorrer em anos [de idade] muito tenros, proporcionam ao indivduo um contato inesquecvel com o [dito] divino e com o seu poder, iniciando-o, assim, na idade adulta. Sem esse contato, a pessoa era considerada incompleta, incapaz de aproveitar as principais fontes do poder para o bem-estar[/i] [I]Por infelicidade, porm, [hoje] no levamos [mais] as pessoas a essas experincias, nem por meio da forma coerciva e inescapvel da iniciao, como a que se praticava em Elusis, nem por meio daquela que se exigia de todos os jovens [tribais] na busca da viso xamnica, onde no alcanar o xtase significava ridculo social. [/i] O mesmo autor advertiu que a meditao, em nenhum momento, teria sido descoberta, mas sim que os estados meditativos devem ter se desenvolvido no decorrer de um longo perodo de tempo, e no foram inventados num momento especfico. No entanto, tambm segundo Johnson, qualquer que tenha sido a evoluo histrica do mtodo, [b][u]em alguma ocasio os nossos ancestrais descobriram uma nova forma de alcanar estados alterados de conscincia[/b][/u], sem o uso das substncias (plantas) psicoativas. Nas situaes pregressas, tais plantas eram utilizadas pelos antigos xams, em cerimnias sagradas; ou como o complexo soma/haoma dos povos indo-arianos; ou, ainda, dos compostos utilizados nos antigos ritos taostas ou nos mistrios gregos de Elusis. Provveis dissidentes dos antigos xams, [b][u]os primeiros meditadores foram aqueles que buscaram exerccios capazes de funcionar como auto indutores dos estados alterados[/u][/b], sem o uso de substncias exgenas, e isto possivelmente os manteve discriminados por um longo tempo, especialmente por atentar contra o poder do xam. Outros aspectos histricos foram apresentados por Benson, Beary & Carol (The Relaxation Response. Psychiatry 1974;37:37-46), localizando citaes acerca de prticas meditativas na cultura ocidental, em escritos cristos, judaicos e muulmanos, dentre outros. Um mtodo, utilizado para atingir estado alterado de conscincia, foi ensinado no tratado cristo intitulado
The Cloud of Unknowing (sculo XIV), onde se sugeriu eliminar todas as
atividades fsicas, distraes e pensamentos, com a ajuda da repetio de uma palavra uni silbica, tal como love ou god. No sculo X, um texto (The Third Spiritual Alphabet), do Frei Francisco de Osuna, j relatava uma tcnica de fixao do olhar, com vistas a tornar o praticante cego, surdo e mudo, recomendada diariamente, melhorando a capacidade cognitiva e reduzindo o estresse. So Joo e Santa Tereza, no sculo XV, descreveram os passos bsicos para atingir um chamado estado mstico (mystical state), ignorando as distraes atravs da prece repetitiva. Segundo Benson, Beary & Carol, a igreja bizantina foi a responsvel pelo perodo de maior incremento das tcnicas meditativas em meio ao Cristianismo. A tcnica meditativa crist bsica, conhecida por Hesicasma, consistia em prece repetitiva, com foco (ncora) no corao. Esse mtodo, descrito por Gregrio do Sinai, na Grcia do sculo XIV, tambm era conhecido como A Prece do Corao ou A Prece de Jesus, era passado de gerao em gerao entre monges catlicos, com orientao que fosse praticada com frequncia e regularidade. Os mesmos autores encontraram citaes de tcnica meditativa, em textos da tradio mstica judaica (Cabala) do sculo II a.C., consistindo em sentar, com a cabea colocada entre as pernas, sussurrar hinos e repetir palavras de significado mstico. Tais modalidades foram reapresentadas no sculo XIII pelo Rabino Abulafia, como tcnicas capazes de ampliar o alcance da alma, utilizando as letras do alfabeto judaico como os sons a serem utilizados no processo. Na tradio mstica muulmana (o Sufismo) d-se o nome de ritual de Dhkir, ao processo tcnico empregado para atingir estado alterado de conscincia, atravs de repetio de nomes msticos, msica ou dana. Tais rituais, inicialmente reservados aos membros das ordens sufis, foram estendidos e divulgados a partir do sculo XII. Como digo em meu livro, Medicina e Meditao (MG Editores): [i] As tcnicas meditativas no pertencem a esta ou aquela cultura, ou a esta ou aquela religio, embora vrias delas possam ter sido disseminadas a partir de focos religiosos especficos. possvel meditar na respirao com os budistas sem ser um budista; possvel meditar caminhado com os vietnamitas sem ser um vietnamita; possvel meditar girando com os sufis sem ser um sufi. Na verdade, mesmo em outras comunidades muito antigas j se conheciam tcnicas meditativas, como entre os ndios americanos e os esquims. Para se meditar, no preciso pertencer a alguma religio especfica. No preciso deixar de pertencer a alguma religio especfica. No preciso ter religio. No preciso, nem mesmo, acreditar em Deus [/i]