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Bfetivamente se pode encontrar na teoria freudiana da pulsio o objeto como produto do discurso do pai. Eu creio efetivamente que sio duas maneiras de esctever 0 objeto pequeno ‘a’ que contém em dialética, at- ticulados entre cles, 0 objeto causa ¢ objeto mais-de-gozar, onde 0 ob- nificance, Entre 1 de desejo tem uma enorme antecipagio de Lacan ‘no que diz respeito a um gozo que é da letra mais do que da cadeia, De resto, todo o seminario dez, a meu ver, é de uma grande antecipagio, é ‘uma outta face de Lacan, por exemplo a importincia que di ao juase a castragio mais ligada 4 imagem do corpo que ao efeito 1a EBP ~ MG em 10/10/2005. URGENCIA E CRISE' Boa noite, Comecemos logo o trabalho de hoje. (© tema € a clinica da crise, que é um pouco a consequéncia da- quilo que eu expus ontem, daquilo que chamava a pulverizacio da clinica, © tema da crise é um tema dificil porque é um tema que sai da nosogratia, sai da nosografia clissica, pelo menos. Devemos ver como manter aquilo que ontem eu dizia que seria a orientagao basica, a orien- taro sobre o sintoma, A crise nfio é um sintoma, Como a palavra cexpressa, a crise € um momento da experiéncia de uma pessoa, Em termos mais esttitamente médicos fala-se de urgéncia, ou em termos sociais poder-se-ia falar em gravidade. Veremos que em termos eco- ndmicos se fala em excessiva despesa. A propésito disso, gostaria de precisar, hoje tive a impressio que no Brasil se vive uma situagZo que pode ser favorivel. No sentido de que agora € possivel se prevenir a medicalizagio da crise, dar uma resposta alternativa 4 psiquiatrizagio prevenir 0 excesso de despesa. Poderemos discuti-lo a0 final O problema é de como tomar para anilise a crise, ¢ a interroga- io que se faz € se deveriamos toma-la em tratamento, e eu proponho que se tome a crise enquanto um ato, de transformar a crise em um ato, aquilo que aproxima a crise das estruturas analiticas. Porque 0 ato € uma temporalidace muito particular. O ato no tem uma dura¢io. © ato é um instante. © ato é 0 tempo caracteristico do sujeito, do nas- cimento do sujeito. O nascimento do sujeito nao tem uma duracio, é uum ato. Antes no existia e depois existe. Podemos dizer que também contém a dimensio da escolha. A crise pode trazer 0 tempo do nasci~ mento do sujeito. Um tempo paradoxal, porque o efeito vem antes da causa, Estamos habituadlos a pensar que vem primeiro a causa depois © efeito, Ao contritio, no ato, hf 0 efeito, cuja causa esta depois. Em 9 anilise falamos desse tempo com uma expresso francesa que é apris corp, talvez vocés a conhecam melhor em latim: 2 falar disso foi Freud, como nachirilich. Podemos dizer que essa insur: géncia da crise é a manifestacio contingente de uma insuportabilida- exatamente de muitos fatores. Poclemos dizer, em linguagem comum, que festa os problemas de um sujeito; aquilo que dizia antes, o p de nascet. Como conseqiiéne! la, dever ser constituida por capazes de acolhet a ctise, terfio de ser servigos em que trabalhe uma 1. A ctise no pode set tratada como uma relagio entre dois. Nao ado € aquele que trata. Existe uma crise que deve $6 depois disso esse sujeito podera ser cura pessoas em ctise, Por isto 0 mastodonte psiquidtrico nio esta a.acolher o problema, A instituigio psiquiatrica doenga mental. O tisco é que as pessoas em crise como doentes mentais, ¢ que 20 final Ede colocar-se no no final so todos doentes mentais. F nesse seni icredito que é um privilégio para o Brasil, pois existe ainda a py lade a a crise, de organizar uma rede que nio esteja s6 focalizada na doenca mental, que nfo trate cada pessoa em crise como um esquizofrénico, Podemos partir da ideia de que a crise seja um problema do controle das em cariter explosivo, como uma espécie de embriaguez, por ‘sso niio serve ds classificagGes, tanto mais que, como eu dizia, feequente- ‘mente sio virios os fatores que determinam esta explosio, Jarmente 0 uso de substincias, Seguramente interessa se juvenil, adolescente, Podemos dizer que hoje assistimos a antecipagio da frontcira entre a doenga mental ¢ 0 seu organizar-se como demanda, 180 F a abertura 4 crise é uma antecipacio da demanda. A crise nio uma demanda de tratamento. Quando a demanda for formulada, po- der-se-4 produzit um tratamento adequando, poder-se-& aplicar uma psicoterapia, uma psicanilise e eventualmente organizar-se uma rede cco contra os riscos, por exemplo, do Mas a crise ma seja formulada. A sua resposta desloca a demanda. O psicanalista €aquele que pode dizer a um sujeito, em um momento crucial de sua omento da crise, Uma coisa que desloca e se to Lembro-me de um pequeno exemplo, de uma mulher que vi 20 pronto socorro de um hospital geral e vinha acompanhada por seu ma~ rido, tomada por uma agitacao © um de! pronto socorro, me limitei a dizer uma frase, eu disse: “Senhora, entendo ‘que é muito pesado para a senhora, com dois filhos pequenos, partir para Alguns dias depois ela me telefonou, Ela informou-se de quem le médico do pronto-socorro e me pedliu que marcasse uma con- sulta, Essa minha frase teve justamente esse efeito, Toda a familia estava angustiada com esse delitio c eu disse a ela simplesmente: “Vocé esti cansada, durma.” Eo del re desapareceu € essa senhora me pediu para iniciar uma andlise, Foi uma intervengio de sorte. Nesta noite, proponho a vocés pensar sobre a ctise, cuja taiz de in- suportabilidade que esta na sua base €alguma coisa que se liga a condigio social da vida atual. Eim particular, a dificuldade que hoje existe de viver 0 ‘exceléncia, a crise de adolescéncia. Bu proponho a vocés crise, daquele drama que se en- contra na vida de uma pessoa, drama no sentido mesmo de teatro, pelo «qual uma pessoa deve deixar a sua casa e deverd nascer como um su) esse teatro €, desta impossi particular, a rebeliio dos adolescentes & 20 mesmo tempo figura disso é, por exemplo, uma viagem, mas é também um 0 Outro, contém a provocagiio feita a contém uma demanda feita aos pais se eles o amam de verdade. Foge-se com os pais para ver se realmente existe Logo, coloca a prova o Outro, para ver se 0 Out Esse comportamento de rebelifo se torna patoligico qui rclagio com © Outro, quando rompe cada contratualidade € > Outro é um modo de sub- de nfo assumis a prépria responsabilidade. A rebel € uma falsa rebeliao, E um sinal de impossibilidade de resolver a crise, € € propriamente aquilo que acontece nas formas sempre mais frequentes da uilo que comeramos a chamar de novos sintomas: anorexia, i Isto 6,08 sinais de uma adales- céncia que munca termina. Se existe dificuldade na crise da adolescéncia, a passagem no termina sunca, passagem de crianca para adulto, porque os adolescentes jovens se encontram diante de adultos que nio esto prontos 4 sustentar 0 ataque e a provocacio deles. A contraparte falta Isto nio é para dizer que a culpa é dos pais, mas certamente existe uma dificuldade dos pais, uma debilidade do outro social, que impede o jovem de levar a provocagio até o nascimento do adulto, Os jovens se encontram frente a adultos que abdicaram de seu papel; ¢ que so jovens, por sua vez. 182 iio existe mais uma cena para o drama da adolescéncia. Nao cexistem papeis, nfo existem ritos, nfo existem significados para se jogar com esta cena. Ha um empobrecimento da conversa onde se deveriam completar as provas de subjetivagio, E esta conversa é uma conversa inativa fantistica, onde o adolescente pode sonhar vida contraposta 4 do Outro, de um sujeito, de ter projetos experimentais. Os fatores que determi rnaram esse empobrecimento so muitos, ¢ nds os resumirfamos ao di- zer que 0 Edipo hoje nao é como era no tempo de Freud. Vocés que Freud resumiu esse dram: pai ao mito de Edipo. Hoje esse mito tende a desaparecer da cena so- Indico trés elementos desse desaparecimento: Primeicamente a crise da familia, F. claro que este é um tempos, no é culpa dos pais, que tomados um a u € responsiveis, frequentemente. Mas a fa ne passagem, d mua transformacio € parece tomar mesmo como modelo, 0 modelo aa de vida proprio dos g: Uma sociedade concentrada no presente, incapaz de imaginar o futuro, de sonhar, toda tomada pela precariedade da incerteza. Nao se ttata de uma mi vontade dos pais € © remédio nfio seria transformé-los em mestres ou pedagogos, ou dizer aos pais: Dialeguen mais com seus filbos. crise da vida familiar é mais o fechamento de si mesma. O que falta & ‘© confronto entre as familias, o confronto entre as geracdes ou espaco wa recontar a histéria da familia. O que hi é uma familia toda cheia, ‘que nao tem tempo vazio para bater um papo, pata recordar ¢ transmi- tira meméria. Essa é a crise da familia, O segundo elemento é uma crise da sociedade. B, no horizonte cultural atual que vai se inserir a crise da autoridade dos pais, como por exemplo, fendmenos da instabilidade de casais, o aumento dos divétcios, 8 pais que querem ter uma eterna juventude, as fanflias que se alargam como serpentes que agregam mais filhos ou até mesmo a unio entre gays € lésbicas so vistos mais como efeitos do que como causa. Eu proporia de los assim, como efeitos, efeitos de uma transformacio social, portanto. 183 io paterno € um prin toridade e de autorizacio. E tudo que permite a0 escolhas, ¢ dar um sentido as coisas e is palavras, encarnado pelo pai, ipio. Podemos dizer que o prin- aquele que diante de qualquer discurso, de qualquer diante de todos os porqués da crianga, pode se porque é assim, porque eu 0 digo”. Nao é muito cientifico isso. Assim, de testemunbar coisas porque a explica- no existe. O pai é quem faz como se soubesse. F ele que assume a respon- 10 que as escolhas do pai s6 sio convincentes se hadas pela coeréncia do comportame: pai. © pai testemunha a e de de se fazer representante da lei crise do principio paterno é a propria ciéncia, a ciéncia enquanto pilar da moderna organizagio social. A ciéncia produz prinefpios paternos produz novas identidades, objetos para felicidad, gad- gets — objetos de consumo. Assim, a ciéncia técnica tende a substituir 6 espago simbélico, no qual o pensamento € os valores individuais, claborados ¢ testemunhados cansativamente, trabalhosamente, pelas pessoas de carne © posta certa, Se ainda nfo existe hoje, a pesquisa produziré amanhi. O Outeo da sociedade eapitalista ¢ impessoal, é uma maquina, é 0 mesmo ‘que uma tagarelice universal, onde o maximo de autoridade est na te- levisio. E um Outro que nao tem, que foi desgastado ¢ foi substituido pelo discurso da ciéncia, sobretudo impessoal ¢ desencatnado. Como 184 pode um jovem rehelar-se contra esse Outro? Contra a autoridade da televisio? Contra a autoridade da ciéncia? Contra a autoridade da uni- versidade? Ble renuncia antes. Essa situagao tem consequéncias graves sobre a crise de adolescéncia como ponto de aquisicio de uma identi- dade, Tem como consequéncia adiar esta crise. Adiar a escolha de um estilo proprio de gozo. Eu proponho a vocés pensar que as p crise que chegam aos nossos servigos, sfio pessoas qui fazer mais esse adiamento e se encontram em circuns terem que fazer uma escolha, para a qual ni esto prontas, ¢ isso faz desencadear a agitacio, at ‘Outro familiar. Tentemos agora , porque Outro familiar vem subs- tituido pelo Outro social. © romance familiar vem substituido pelo ro- ‘mance do trabalho € todas essas rebelides adiadas sero reencontradas \quilo que deve ser realizado no drama da adolescéncia é que a pulsio no ser humano para se satisfazer deve passar pelo Outro. Nio pode fechar-se em si mesmo, Na verdade a vida infantil é aquela em ‘que a pulsio se satisfaz por si mesma porque, propriamente, nfo € uma pulsto sexual, é uma pulsfo fundamentalmente autoerdtica, Mas para o sujeito tornar-se adulto, a pulsio deve se tornar heteroerdtica, mesmo nna homossexualidade, deve passar através de um Outro. Deve encon- trar um objeto social, deve organizat-se em um desejo que, ainda que inconsciente, devera exprimir-se na linguagem, como uma demanda a0 Outro. A dificuldade em separar-se da identificaga tos autoeréticos, esse bloqueio & separac! rganizar o proprio desejo através das de é muito frequente no inicio da anorexia e da téxicodependéncia, que se encontrem episédios de dlficuldades ov até mesmo de faléncia das pri- meiras expetiéncias amorosas, que nao sfo a causa da anorexia, mas que so um sinal de que 0 sujeito nao conseguiu organizar o proprio desejo 185 ia busca de satisfagio, de modo a envolver eficazmente © outro sexo. Fi por a satisfazer-se de um modo infantil com a comida, com a droga, com 0 onde o que conta nio é 0 objeto, mas aquilo que Freud chama de a fonte do prazer, que neste caso 60 sugar. Por que entilo existe essa dificuldade de separacio? Como eu dizia anteriormente, a dificuldade de separatio esti no momento que precede a separagao, o momento que Lacan chamou de sexual, a proj queo do Outro. uma consideragio que fazem frequentemente os técnicos ca terapia familiar. Bles dizem que existe uma confusio na mensagem, 1os valores, nas identificagdes que sio vividas dentro da famil Mas se 0 Outro familiar € um Outro débil, confuso, que no es- thelece relagdes simbélicas claras, sera muito mais di Como € possivel separar-se em uma confusio? ss0, frequentemente, eu tenho a dizet que os jovens alma, porque a alma vem do Outro, pelo menos para o ser falante. Trata-se de familias nas quais os diseursos nfio so articulados, mas so concentrados € restritos a poucas palavras. Séo discursos muito c’cheios, sem tempo livre para bate-papo. Assim, nio existe a dialé a separacio. sem do sujeito com 0 Outro, ou pelo menos a dialética é bloqueada e con- fusa, Agora, ao jovem diante de um Outro que nao fala, Ihe resta fazer aquilo que faz frequentemente, isso é, agit. Para interrogar o des: do Outzo, se nfo existem coordenadas simbélicas, para fazé-lo en ma agao violent © exemplo da droga. Se no inicio, como disse anteriormente, é uma recorréncia as satisfagdes infantis, a um certo ponto transforma-se em provocagio, ¢ geralmente é um momento no qual o jovemn faz de tudo para que os pais percebam: deixam as seringas na gaveta, um pouco de substincia na bolsa. Mas frequentemente os pais nio pereebem porque nfo quetem perceber. Faz parte dessa fragilidade de sua posigio. Finesse ponto que o servico deve entrar numa fungio de supléncia, Deve encontrar um modo de organizar a cena para que finalmente o drama se consuma, para que 0 jogo da rebeliio possa advir, para que 0 sujeito possa novamente fazer suas provas de indivi- duagio, sua prova de rebelito, Assim, compreende-se que num servico pata toxicémanos, lum sujeito geralmente chega facilmente & abstinéncia e niio se droga mais. Os operadores advertidos, bem informado to, porque o sujeito no se droga mais para conten- tar 0 operador, pois esse € um movimento infantil. Os operadores tomam lugar do pai severo e 0 garoto obedece, niio se droga mais. Depois chega um momento no qual o jogo se repete ¢ 0 operador tra em deveriam ficar farentes com descobte que na noite anterior o jovem se deogou — agora ctise 0 operador. Pal reinicio do programa. Nao se compreende a pravocagio daquele ato. Nio se entende porque, depois de um ano, o jovem sai uma noite para drogar-se. Ele quer rebelar-se contra essa obediéncia passiva. Pode haver um outro modo de tomar 0 ato dessa crise, Em vez de ch: nesse ato. Ver como foi preparado esse retorno A droga. Sempre se descobre alguma coisa: ou 0 jovem est apaixonado por uma garota que Ihe disse no; ou 0 operador mesmo nao o olha mais com sim- patia; ou no servico mesmo foi embora um operador com o qual ele tinha um afeto, qualquer coisa. Mas se torna positiva. Fa tentativa do sujeito de nascer a partir de uma emogio. Nao é capaz de dizé-lo com as palavras € usa aquilo que j conhece, a droga. O problema é fizé-lo jogar na cena e fazé-lo reconhecer 0 sentimento que o afetou, a dor que viven- ciou. Compreende-se que so dois modos diferentes de acolher a crise O primeiro modo 0 modo do estilo cientifico, diria quase pa- vloviano, Concebe-se que a sensagio da droga é como aquela experi- éncia de Pavlov, com o rato € © queija. © queijo esti dentro de uma portinha na qual esté desenhado um cigculo, Sobre uma outra porta esta desenhado uma elipse eo rato aprende que atrés do ciculo esta 0 queijo ¢ atrés da elipse nio ha nada. Depois, paulatinamente o circulo se alonga ea elipse toma a forma cada ver mais parecida com 0 eirculo, uma recaida, B af se faz neces nat de recaida, pode-se questionar a mensagem que est contida essa rebe Nesse momento 0 rato se torna neurdtico, porque nao sabe qual porta 187 deve abrit, Da mesma forma se faz. com o primeiro modo de reagir & recaida da droga. Recomeca-se a dizer: “Se vocé nio se drogar eu te dou um queijo”. Nao é o queijo, mas a promessa de uma vida feliz: “Se vocé voltar a se drogar nao teré uma vida feliz”. Reagir dessa maneira € tratar 0 jovem como um rato. ‘A outra possibilidade € de pensar 0 jovem que volta a se drogar como uum sujeito que comega nascer, com sua yontade, com seu de- sejo. Simplesmente € um desejo mal expresso, mas agora € necessério ensini-lo a dizer através das palavras esse desejo, € no, pt Vejam que o éxito da crise depende do Outro. A mesma da ctise depende da resposta. Se a resposta se endereca 20 sujeito que nasce, poder chegar a fazer com que o sujeito aprenda demandar, a exprimir seus proprios descjos. Se a0 contri, a res- posta se refere s6 20 rato, 20 condicionamento, 0 sujcito nao aprenders exprimir uma demanda, mas tornar-se-4 um animal domesticado, até a r6xima ct Prom pordemos dizer cntfo que tudo agilo que no passa pela pala, se exprime através do ato. Fntao, dou para vocés, para concluir, dois breves casos. Sio ambos, casos de bulimia. O primeiro é o fragmento de uma sesso no curso de uma cura, que ilustea bem a diferenga entre ter um corpo ow ser um corpo. Ter um corpo da parte do sujeito € ser um corpo da parte do animal domesticado, A paciente, vamos chamitla de Ana, disse ao terapeuta: “Tinha ‘felado com Marco e ele disse que gostava de mim e me pedin para sair com ee. ‘Pensei: ' se me pede para bejé-lo?” Ana se encontta diante de um dile- ma: como tesponder a essa demand? F, continuou dizendo: “Nao sabia o que dizer, 0 que fazer, pr isso vim para casa. Minha amiga de quarto ‘nao estava em casa.” Ana é uma universitatia e mota num quarto com- pattilhado com outra estudante, “Fis estavw como se estivesse bloqueada ¢ (persava, pensata na universidade, no convite do Marco, na minha vida — tinba ‘a mente cheia de pensamentos. De repente tive wma siibita forse ¢ comecei a ‘camer. Percebi que nao estara mais en: condigies de pensar. Procurei parar de comer, de rememorar as pensamentos, proctrei impediles de retornar, mas no 188 conseguia. Eu consequia sb comer, era torrvel. Era como se on desapareesse. Depots vomite, figued mais tranguila. O vimsito me esvaxion, como se evilasse cleuma coisa”. Fim da citagio, segundo fragmento elinico coloca em evidéncia qual pode sex 2 fungio do acompanhamento de uma pessoa em crise, Um ‘centro de escuta’ qualquer, um ‘centro de crise’, Na Itilia chamamos esses centros de centros de escuta para jovens ¢ seria mais correto falar de ‘centro de resposta’, porque o problema da crise verte-se todo sobre a resposta. E 0 caso de uma adolescente, esse caso no € meu, é de um colega meu. Ela foi procurar o colega que estava num centro de escuta, ‘Um psiquiatea infantil que trabalha nessa escola durante uma hora por semana, quem quer que queira pode ir falar com ele, Esta garota vamos ‘chamar de Caterina, apresenta-se. O colega nao sabe muito, pois foi um nico encontro, Certamente o mal-estar de Caterina refere-se ao seu corpo que niio é décil. Ao contrario, se rebela. Ela dia a ele: “Me ovorre de vomitar.” Depois de um tempo tem repentinos acessos de fome € logo depois, nausea e vontade de vomitar. Controla-se, mas est muito assustada, cle pergunta: “Desde quando?” — “Tea iés semanas.” B com- peta: “Desde quando o rapas, me devon” Foi o primeito amor verdadeiro, ela sofreu muito quando a his- t6tla terminou. E ainda mais, continua a frequentar os mesmos amigos, assim toda vez que ela o enconti que no inicio, porque ela faz. um grande esforgo para controlar-se, para fingir que no tem nada, para controlar aquilo que postaria de dizer-Ihe, E completa: “Cada 1 que 0 veo & camo se pastas diante de mime um filme com imagens de manventos pastadas juntos. Sou muito orguibasa ¢ nio quero que ‘me veiam choranda?” E 0 colega pergunta: “Como terminou essa historia?” Num modo muito vago. Parece que foi ele que a deixou de repente € com um discurso muito superficial, do tipo “nao quero mais”. Na verdade cle nfo deu a cla nenhuma ravio verdadeira, ¢ ela nfo consegue enten- der 0 que aconteceu. Se 0 problema era com ela, o que nao estava bem com ela, s¢ ela fosse outra. Um mistério! B 0 que é mais estranho € que 0 sofrimento retorna até mais forte 189 ela nfo pediu a ele explicagio e continua a atormentar-se na divida, e im conclui a garota: “Na verdade nao posso reprova-lo em nada”. Por que Caterina nio pode reprovar nada desse homem quando na verdade ele se comportou assim tio mau? Por que cla nao percebe que nao é possivel fingit que no ha nada, anular-se, alienar-se, quando no fundo, Ihe recordam os sintomas corpo- tis? O corpo se rebela e ela, através das palaveas, nio se reb {que tem direito a uma explicagio, Nao chega nem mesmo a sonhar de 1 “Esse nao 6 0 caso de tentat? Se quer tcntar, faga e depois me diga como foi.” Essa intervengio parece que foi paziguadora para a parota, Encontrou autorizagio para fazer a demanda {que nio se sentia digna de fazer. Nesse caso en preciso mest o ‘centro de crise’ fez a Fungo da familia, da autoridade p: Quem vem em crise encontrase sempre, de alguma maneita, bloqueado, Como se no drama que esti vivenciando, qualquer frase fosse ecrada, ou até mesmo faltassem as palavras, ou mesmo que ela recorreu A pessoa errada, Geralmente quando existem dificuldades de verbalizar, 0 corpo nio fica calado e coloca-se a falar por si proprio, como aconteceu com Ana e até mesmo com Caterina, Todo aquele que tem seu mundo privado (mundo da suas fantasias, sentimentos, afetos) eno passa pela demanda ao Outro, nto passa pela palavra, escolhe um outro teatro, um teatro do corpo, Estes sio exemplos tomados da patologia juvenil, ¢ eu proponho pensar nestes exemplos como paradigméticos no modo de tratar a cri- se. Como vemos, estou propondo um modo nao médico, nem mesmo um modo psicolégico, tanto menos um modo pedagégico, mas um estilo teatral que proponho. Estes dois exemplos sio um teatro bem simples, 0 teatro de uma relagao amorosa. No caso do pronto-socorro um teatro com mais protagonistas, a familia € o trabalho. Existem ‘casos onde os personagens sao miiltiplos Por isso é util que exista uma ‘equipe que recolha um maior niimero de informagdes possiveis. As vezes ¢ itil escutar no s6 a pessoa em crise, mas também quem vive ‘com cla; as vezes a passagem 20 ato é realizada no pela pessoa que est mal, mas pela pessoa que est mal porque 0 outro esti mal. Pode 190 ser a mie pelo filho, a mulher pelo marido, ou até mesmo o filho pelos pais. Antes de estabelecer qualquer tipo de terapia, ¢ antes mesmo de estabelecer qualquer di lizat os sujeitos do drama, os sujeitos que nio puderam dizer da sua emogio, do seu afeto, $6 depois podemos esclarecer do que ele esti necessitado — de tuma cura médica, de uma psicoterapia ou s6 do psico-drama; de jogar com as palavras que nfo foi eapaz de autorizagio para dizer aquilo que nao ico, ocorre de ind et, de encontrar coragem e Gelso Renné: Achei preciosa a contribuigio do Carlo Vigand, quando ele localiza, quase que matemicamente, a ctise como igual & adolescéncia, Ao mesmo tempo ele chama a nossa atengio para alguns fatos que merecem ser destacados ¢ nés podemos ter mais contribui- Ges dele no debate A primeita delas € quando ele diz que a crise, ela é melhor tratada pelo viés da psicanilise, ele coloca a etise no seu devido lugar de um a um. Nao e possfvel tratat a ctise coletivamente. A historia da psiquiatria que Michel Foucault nos conta, no famoso livro Histéria da Loucura, vem tentando tratar a crise de uma maneira global desde a época das famosas naus que Icvavam os loucos a passear pelos rios, até mesmo com a instalagio dos manicémios e dos locais que Vigand trata por mastodontes. E é interessante porque n6s temos na historia da psicand- lise, momentos muito precisos em que foi se definindlo passo a passo a forma de se tratar uma crise. A primeira delas é quando Lacan, nio sei se vocés sabem, mas Lacan descobre a psicanilise ao fazer a sua tese sobre 0 caso Aiméc, que € um caso em que ele tinha uma dificuldade diagnéstica, ¢ que se tratava exatamente de uma passagem ao ato, En- Go a psiquiatria nfo forneceu elementos a ele, foi preciso buscar na psicanilise elementos para tratar individualmente essa ctise. Nos temos acompanhado a deterioragio da cultura nesse século que acabou ago- Fa pouco, € neste que esti comecando; € nés temos alguns exemplos interessantes. Quando se fala de crise na cultura, nio podemos deixar de seguir Hannah Arendt, com um livro famoso dos anos 6(), em que cla trata exatamente dessa questito do declinio da autoridade patetna, 191 do declinio da cultura como esse arcabougo que pode colocar 0 sujeito ‘numa condicio tal, que nessa passagem da infincia para vida adulta cle possa encontrar clementos simbélicos que 0 acolham de certa forma. Nis temos um filme que passou hé pouco tempo — Beleza Americana, eu acho que é um filme que retrata muito bem isso que o Vigand nos traz. com respeito a adolescéncia que se prolonga, a auséncia de uma figura que possa servir de clemento para que uma dialética possa se es- tabelecer, € es nte possa passat para um outro estigi damentalmente, isto que € tema no campo Freudiano de uns tempos para ci, que é exatamente esse Outro que nio existe, ea necessidade de se estabelecer 0 que se chama de comités de ética para dar conta desse buraco que a autoridade tem, Mas 0 que interessa para nés aqui nessa discussio é esse ponto, onde ao invés de advir 0 desejo encontea-se 0 desampato, Nao o desamparo, vamos dizer, ‘eriativo’, nfio um desam- paro que possa promover o sujeito a dar um passo a mais, mas sim um fun- lolest desamparo que ali permanece, nao se estruturando numa demanda, Agora eu fico com uma questio, a questio que Vigand fi tio que €a seguinte: 56 hi uma forma de se tratar a crise, seria indivi- dualmente ¢ levando-se em conta o momento atual, Lembro-me que & preciso que essa equipe, como Vigand acabou de dizer, que ela possa éuma ques- dar subs ito, que se vé fragmentado nesta sua crise pelas suas emoces, pelo momento que est vivendo, possa pegar esses seus eaquinhos e colocar num certo arranjo. Mas para a crise & preciso que tenha um organizador. Achei muito interessante quando Vigand compara o palco da crise com o palco do teatro, Sim, hi uma cena em jogo, uma cena que muitas vezes € preciso a gente conversat com o diretor dessa cena para poder entendé-la um pouco mais. Quem € 0 diretor dessa cena na crise? Quem esta dirigindo a cena? Ou é a cri- se que exige que a gente monte uma cena para acolhé-la? Nos sabemos ‘que um teatro por mais aparentemente desbaratado que possa parecer, ele é todo cheio de marcagées. O diretor do teatro antes, que os atores entrem em cena, sabe perfeitamente onde cada ator vai ficar. Fu acho que esse € um modelo interessante realmente, que poderia dar para trabalhar e vamos deixar aqui que as perguntas acontecam, os para que esse 192 Debate Pengunte: Queria saber a respeito do primeiro caso que vocé trou- xe um fragmento, que vocé atendeu no pronto-socorto, Queria saber lum pouco mais qual é 0 cfleulo que voc® teve para fazer aquela inter- vengio € qual € 0 céleulo que vocé faz do efeito que cla teve. uma intervencio aparentemente singela, vamos dizer assim, e ha um efeito, Bu gostaria de saber mais sobre isto, Vigané: Comeco sobre 0 ponto que foi arguido na fala de Celso, depois trato dessa questio. Celso pergunta quem é 0 diretor desse te- atro ¢ efetivamente, no cinema ou teatro, o diretor jé conhece a trama, € aqui, a0 contrario, a trama esti para se descobrit. B af entro na se- gunda perguata sobre qual o célculo clinico que eu fiz para fazer essa intervengio, Foi uma intervengio imediata. Nao discuti diagndstico com ninguém, logo, qua lo? Partindo mesmo do exemplo do pronto-socorro, devo dizer que nao tive tempo para fazer um cilculo, Fiz uma intervengio de tisco, do tipo ‘qualquer coisa vai bem’, ow até mesmo fiz. uma intervengao que poderia ser classificada como cinica, Bu creio que posso me defender dessas suposigdes. Certamente uma coisa é importante, no trabalho sobre a crise, que é de pensar naquilo que se fez. Se niio pude calcular antes, eu o discuto depois. Seria muito fazer a consideracio hoje, mas poderei dizer por qual l6gica clinica ain- tervengio funcionou, Naquele momento tinha somente uma intuigio, ‘uma intuigo de que nfo se tratava de uma paranoia, mas uma espécie de producio aguda da hiperexcitagio. Sabia que h: ela nao dormia e pude entio, fazer uma tentativa. Entio diria que uma ‘norma para 0 psicanalista deve ser tomar razio daquilo que foi feito, sem que, quando o fazia, soubesse. Postanto existe um raciociaio linico a pasterion B acredito que seja um pouco na mesma direcio a questio do diretor, porque o diretor nfo conhece a trama oa crise, Deve conseguir onganizar a cena de modo que estejam, os sujeitos, a sugeriro conteado. De qualquer maneira 0 jogo do tempo é um tempo de sempre ditigie das noites que 193 Aantecipacio, da parte do operador, que nao é nunca a antecipagio de lum sentido, e nem mesmo a hipétese de um sentido. I simplesmente a antecipacio que obriga o sujeito a falar. Od de fazer 0 sujeito dizer qual é a trama—o set esposta sem sentido. F. uma resposta que deixa que o sentido seja cria- do pelo sujeito, Actedito que esse seja um apontamento fundamenta Na verdade vale para toda a clinica, que a intervengio do analista nto é nunca uma ‘ rervengio sobre iga alguma coisa? ~mas nfo tervengio sobre o sentido, € © tempo. O diretor diz: “é hora que vocé sabe o que di Pergunte: Minha questo itia mais naquele ponto que se relaciona 40 ato, quando 0 senhor falou do ato da crise me pareceu uma coisa ‘muito precisa. Eu trabalho num Centro de Referéncia e hoje eu recebo Juma jovem de 23 anos que jd esté em crise ha 7 meses, entio de outro centro, ¢ como o nosso agora é de referencia em satide men- tal, €um centro de urgeéncia. Ru também ji trabalhei em um outro local ‘onde ha gente fala que esti em crise ha mais de 1 ano. Entio cu quero suber se nés estamos nos enganando em achar que isto é crise é uma jovo, me Assusta um pouico o seu conceito € 6 nosso conceito relacionado a uma tise, Uma colega minha dizia, e eu conhego 0 caso, que jf passou em Mitios hospitais psiquitricos e que hé anos est em crise, javem squestio conceitual, ou nio estamos dando conta? ; Vigan’: Obrigado por essa pergunta que, com efeito, permite- os precisar melhor 0 to crise. No inicio acenei sobre a ques- io do tempo ¢ creio ser importante manter o conceito de crise como ligado a um tempo de escangao € nao de duragao no momen- 10 de explosio. Uma crise nfo pode durar um ano. Talvez dure um "Ano as crises politicas, uma crise de governo, mas essas so as falsas Na realidade sto da ordem impoténcia, isto & da impossibi- lade de encontrar uma solugio. Acredito que na clinica as coisas lam um pouco melhores do que na politica, nfo no sentido de que ‘episas se resolvam mais velozmente, mas na clinica aprendemos a 194 dizer a verdade, ou deveriamos aprender — dizer a verdade até sobre © real que desencadeia uma crise, evidenciar esse real. Alem do qué, como o sujeito enfrenta o real evidente? Um seal que é um impossivel so, um compromis- de ser superado, enfrenta-o com um comprom so que nfo & por sua vez, um compromisso politico, Nesse sentido, valorizo 0 que dizia Celso, que na clinica existe sempre 0 sujeito, no existe uma coletividade que faz 0s compromissos. © compromisso cli- ico se chama sintoma, Depois da explosio da crise, se estruturam os, intomas. Se ha um ano a equipe tem a impressio de que o sujeito esta em crise, € porque a equipe nio sabe fazer o diagnéstico do sintoma. é porque o sujeito nfo encontrou um compromisso, mas porque 1 equipe nao favoreceu a formagio de um sintoma, Parece uma coisa paradoxal, que a equipe deva favorecer a formagao de um sintoma. Eo mesmo que dizer que ao invés de curar vamos adoecer. Nao é exatamen- te isso, Nao sugerimos qual deve ser sintoma, mas se estamos na po- sigio do Outro do paciente, o paciente necessarlamente encontrar um compromisso, Como nos d ‘um coxpo e coloca o corpo a reagit, se nés dermos a ele um espaco pata reagir, Eu acredito que um sujeito pode ficar em crise por um ano, sem cchegar a fixar-se sobre seu sintoma, mas isso é uma responsabilidade do seu parceiro, como por exemplo, hi um certo uso de medicamentos que nde a prolongar o tempo da crise. Qualquer tipo de medicamento pode ido de tal forma que apague © sintoma, Se surge um pouco de angiista, subitamente dase o sedativo, mas a angistia é preliminar para que ac consizuilum sintoma, Wnecessirio peoteger o sujeiss, maa deixar ue viva sua angiistia. Claro que se trata de um nivel de suportabilidade disso, Um dia o sujeito esti um pouco triste e subitamente Ihe dio um antidepressivo, Eu chamo isso de maquiagem farmacéutica. Cada manhit E necessitio um pouco de sedative. Este uso de maquiagem chama-se “truco”, “Truco’ tem também o sentido de um engano. O problema do Se te ee tee que se estruture um sintoma, O ‘centro de crise’ s6 deve dar a protecio, fazer com que o estrururat-se de uma crise niio seja petigoso, no seja danoso, que 0 sujeito nfo tente suicidar-se, que nfio passe ao ato, mas nto s casos finais que eu citei, a paciente tem ser u ‘centro de crise’ 195 deve curar até que seja feito um diagndstico, No mais das vezes existe uma pressa em cutar, logo se fiz a maquiagem farmacéutica Pergunta: Vice se referiu a uma situacio favorivel do Brasi diz. que no Brasil ha um privilégio, e disse. que é possi cocemente. Eu queria que vocé esclarecesse um pouco mais e dissesse a que se refere Vigani: Refito-me ao fato de que a luta contra 0 manicémio esta ainda em curso ¢ este € 0 momento de pensar em construir 0 depois do manicémio, ¢ construir esse depois pode ser feito de diferentes manei- ras, Como ex} a diregio tomada foi a mesma, ainda que na Europa o protagonista seja © estado ena América 0 protagonista seja a estrutura do seguro social privado, e em ambos os casos a tendéncia foi a de substituir 0 mani- cOmio por um aparato de cura muito atticulado, primeiramente sobre © territério e depois no interior da saiide geral, com uma conotagio cava ontem, no mundo Europeu, na América co Norte, estritamente terapéutica, um estilo terapéutico. E.a possibilidade que eu vejo aqui é de organizar uma rede mais centeada sobre o trabalho da crise, menos terapéutica e mais, como dita, social, no sentido anal tico, Que nao se deixe tomar por essa pressa terapéutiea, de curar no ‘© sintoma, mas a angtstia. Isto, chamei de maquiagem. Nesse sentido, pode-se pensar que nasa um sistema que nao seja ele todo centeado na terapia, mas que possa prever intervengdes no sentido menos terapéu- tico e mais centrado na resolusao da erise € no nascimento do sujeito. Fi uma felicidade, pelo menos no que se refere a realidade de Belo Horizonte e de Minas Gerais, que eu conheci mais de perto, ba tum elemento que dé esperanca, e mais propriamente 2 importin que tem essa regio na formacio do tipo analitica. Na Europa s6 existe ‘uma regiio comparsvel a essa—é a Suiga. Na Suiga toda sua estrutura psiquiftrica foi influenciada pela cultura psicanalitica. Ea Suica & 0 iinico estado na Europa onde a organizacio social de tratamento para a sade mental nio faz parte da saiide. No é dever da medicina, mas € uma intervengio de protecio do cidado. Tsto ja est na constiuigao, 196 A psiquiatria Suica tem como estrutura fundamental o ‘centro de crise’. Por exemplo, no cantio de Genebra onde eu tomei o paradigma do meu discurso sobre a crise, jf no pés-guerra, nos anos 60, foi abolido qualquer leito psiquiitrico, Nao existem leitos para doenga mental, nfo existem divisdes psiquistricas, existe s6 uma atividade sobre a crise ¢ todo um trabalho que se chama socioterapia, para dar hospitalidade aos casos cténicos, em apartamentos distribuidos por toda apoio de centros de encontros de socializagio. Essa parti deve-se principalmente 4 formacio analitica dos psiquiatras. A Su- fa € particularmente rica, hoje um pouco menos; pode, por exemplo, pagar uma anilise para todo pessoal — enfermeiros, psicélogos ¢ médi- os, todos eles tém a possibilidade de fazer vitios anos de psicaniilise paga pelo Fstado, Eu vi que nesse ponto, Minas Gerais se assemelha & s relmente na produgio de leite e queijo. Fora isso, eu vi que Minas Gerais é um ambiente psiquitrico a cultura psicanalitica esti muito presente, muito mais que na Ttilia, na Franga ¢ na Alemanha. Isto traz grandes esperancas, io sci se existem outros, Pro ‘Trad simulta: Rafael (Fundagao Torino) ‘Transcri¢do: Bérbara Magalies da Silvera Rovisio: Cristiana Miranda Ramos Fereira Wellerson Durdes de Alki Estabelecimento: Wellson Duries de Alki Notas * Conferéncia proferida por Carlo Vigand em 11/09/2002, na Faculdade de Cién- ‘ias Humanas ~ FCH-FUMEC, * Sim Teaco, ‘espécie de jogo de cartas?

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