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Seminário “ Perspectivas de Gestão Integrada de Ambientes Costeiros 25 a 27 de Outubro de 2000

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A Gestão Integrada dos Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar no contexto do projecto
LIFE ESGIRA - MARIA

An Integrated Management of Baixo Vouga Agricultural fields in the context of LIFE


ESGIRA-MARIA PROJECT

Ferreira, I. 1;; Martins, F.2; Coelho, C.3

1 Aluna de Mestrado, E-mail. iferreira@dao.ua.pt 2: Professora Auxiliar, e-mail: filo@dao.ua.pt; 3 Professora catedrática; e-mail: coelho@dao.ua.pt. Departamento
de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810 Aveiro, Tel: 234 370831; Fax: 234 429290.

RESUMO

A ria de Aveiro é uma laguna costeira que, por estar sujeita ao regime das marés, possui um conjunto de biótopos
característicos, favoráveis ao decurso simultâneo de processos naturais e antrópicos. Quer uns quer outros, se
devidamente geridos e controlados poderão garantir a biodiversidade e a integração do Homem na paisagem desta zona
húmida.

A grande diversidade social, económica e patrimonial daí decorrentes, bem como as características da estrutura jurídica
e institucional existentes reproduzem-se, numa também grande diversidade de grupos de interesse. Na sequência do
problema identificado, o Projecto ESGIRA-MARIA : EStrutura de Gestão Integrada da Ria de Aveiro pretende dar
resposta às insuficiências detectadas, nomeadamente, desarticulação de actuações aos diferentes níveis da
administração, inadequação legislativa e instrumental e descoordenação entre os diferentes utilizadores da zona costeira.

A metodologia para testar esta estrutura foi concebida com base em quatro projectos - piloto, entre os quais o projecto
piloto: Gestão Integrada dos Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar.

Os campos agrícolas do Baixo-Vouga Lagunar ocupam uma área de cerca de 3.000 ha e são constituídos por solos não
salinos ou de fraca salinidade, de natureza aluvionar e textura mediana ou ligeira. Encontram-se defendidos da acção
das marés por diques de terra batida e motas marginais sendo apenas temporariamente inundados durante o período
Outono-Inverno sob acção conjugada das cheias, fortes ventos costeiros e da ocorrência de marés vivas na Ria de
Aveiro.

A existência neste espaço de biótopos, como os caniçais e os juncais fazem desta região uma área de elevada
produtividade primária essencial à própria identidade do ecossistema lagunar, desenvolvendo-se a criação de gado com
uma raça autóctone a “ Marinhoa”. É pois uma zona com características necessárias e suficientes para ser incluída na
lista de Zonas Húmidas de Importância Internacional ( Convenção de RAMSAR).

Para conservar os biótopos estruturais e diversificadores e impedir a extensão da área do “ salgado” torna-se
indispensável manter a variedade dos cultivos e operações culturais nos campos agrícolas do Baixo Vouga Lagunar por
forma a assegurar variadas fontes de recurso às espécies de aves aquáticas, de rapina e passeriformes ao longo de todo o
ciclo anual. Há que ter presente o princípio das responsabilidades ecológicas a partilhar por todos os agentes
económicos, incluindo os serviços públicos, empresas privadas, organizações não governamentais, consumidores e
sobretudo os agricultores a tempo inteiro e parcial, como garante da manutenção do bom funcionamento dos
ecossistemas estabelecidos nas zonas húmidas.

Este projecto-piloto tem como principal objectivo contribuir para a elaboração de um programa de gestão para esta
zona, capaz de articular e compatibilizar as actividades agrícolas com a manutenção dos diferentes ecossistemas
existentes.

Nesta comunicação serão apresentadas algumas das acções preparatórias desenvolvidas no âmbito do projecto-piloto
referido, por forma a testar a operacionalidade da referida estrutura.

Palavras-Chave: Estrutura, Gestão Integrada, Baixo-Vouga Lagunar, Campos Agrícolas

ABSTRACT
The “ Ria de Aveiro” is a coastal lagoon that, because of its exposure to the tide regime, possesses a complex whole of
characteristic biota propitious to the simultaneous course of natural and anthropic processes. Both processes, if fairly
managed and controlled, can guarantee the biodiversity and the integration of Men in the landscape of this wetland.
Seminário “ Perspectivas de Gestão Integrada de Ambientes Costeiros 25 a 27 de Outubro de 2000
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The large social, economic and patrimonial diversity as well as the existent juridical and instituitional structures features
is reproducible in an also large diversity of interest groups. In the sequence of problem identification, the ESGIRA-
Maria project: : Integrated Management structure to the “ Ria de Aveiro”, claims to respond to the detected
insufficiencies, namely the non-articulation of actions at the different administration levels, inadequate laws and
instruments and lack of coordination between the different users of the coastal zones.

The methodology to test this structure was based in four pilot-projects. One of those pilot-projects is the Integrated
Management of Baixo Vouga Agricultural Fields.

The agricultural fields of Baixo Vouga Lagoon occupies almost 3000ha and are constituted by non-salt soils or soils
with low salinity level, with alluvionar nature and medium or light texture. Those soils are protected of the tide actions
by dams, but they can be temporarily flood in Autumn-Winter by the conjugated action of high tides, strong coastal
winds and river overflowing in Ria de Aveiro.

The high primary productivity of this area, that is essential to the lagoon ecosystem, is due to the existence of biotopes
as the reed-plots and the rush-plots. There is too, in this area, raised an autochthonous race of cattle the “ marinhoa”.

By the Convention of RAMSAR these are the necessary and sufficient characteristics needed to be included in the list
of wetlands with international importance.

To preserve the structural and diversifying biotopes it’s need to control the invasion of salted-areas and maintain the
variety of crops and crops operations in the Baixo Vouga fields in order to assure the diversity of resources to the
aquatic and rapine birds, and the passeriformes along the annual cycle. We have to think that the ecological
responsibilities must be shared by all economical agents, including the public departments, private enterprises, NGO’S,
consumers and mainly by inhabitants. The resident population is still in a big amount farmers in full or part time.

The aim of this pilot-project is to contribute for the creation of a management programme to this area of the Wetland
capable of articulate and compatibilise the agricultural activities with the maintenance of the existing ecosystems.

In this paper we will present some of the preparatory actions develop in this pilot-project testing the operationality of
the mentioned structure.

Key –Words: Integrated Management Structure; “Ria de Aveiro” Lagoon; Agricultural fields

INTRODUÇÃO
Nos anos de 1997 e 1998 o Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro estabeleceu com a
administração local, regional, central e com associações locais uma parceria no âmbito do projecto MARIA –
Programa de Gestão Integrada para a “ Ria de Aveiro”. Este projecto, integrado nos Programas de Demonstração
sobre Gestão Integrada da Zona Costeira financiados pelo Life96, tinha como objectivo “ encontrar formas de gestão
do litoral, que permitam uma gestão orientada para o desenvolvimento integrado e para a participação e a concertação” (
MARIA, 1998) não só na área da “Ria de Aveiro” como em outras com características similares.

Na Ria de Aveiro para além das entidades com capacidade legal de intervenção na área lagunar e costeira existe ainda
um vasto conjunto “ de entidades com interesses directos ou indirectos sobre a laguna, uma vez que desenvolvem as
suas actividades nela ou determinam a sua qualidade e cuja intensidade de acção é muito variada” (MARIA,1996).

Na sequência do problema identificado os parceiros do Projecto MARIA1 pretenderam contribuir para a definição de
uma Estrutura de Gestão Integrada para a “ Ria de Aveiro” considerando ainda a necessidade de testar essa estrutura, no
sentido da sua capacidade de gestão de uma multiplicidade de vectores determinantes do actual estado ambiental desta
região lagunar.

Entre os cenários possiveis de intervenção , esta parceria, seleccionou um conjunto de quatro projectos piloto, entre o
quais o projecto de Gestão Integrada dos Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar.

Esta comunicação tem como principal objectivo apresentar algumas das acções preparatórias desenvolvidas ao longo
deste primeiro ano do Projecto ESGIRA-MARIA, por forma a testar a operacionalidade da Estrutura de Gestão
Integrada proposta no referido Projecto-piloto.

1
DGXI, DAO/UA, ICN, IHERA, DRAC, CCRC, AMRIA, AIDA, JAPA, Câmaras Municipais de Águeda, Albergaria-a-Velha, Aveiro,
Estarreja, Ílhavo, Mira, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar e Vagos
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IMPORTÂNCIA DA GESTÃO INTEGRADA NAS ZONAS COSTEIRAS

A Gestão Integrada da Zona Costeira (ICZM) é considerada o instrumento capaz de promover o desenvolvimento
sustentável nas áreas costeiras, facto tanto mais importante, se se tiver em conta que (…) mais de metade da população
mudial vive a menos de 60 Km da linha costeira, mas é bem possível que essa proporção atinja os ¾ até ao ano 2000”
(ONU, 1993) e que para além disso, (…) muitas populações pobres do mundo vivem concentradas nas zonas costeiras
(…) e os recursos costeiros são essenciais para muitas comunidades locais e populações indígenas.(ONU, 1993).

Um dos paradigmas da gestão integrada da zona costeira é a concertação de interesses e a articulação dos diferentes
níveis de decisão. Esta nova estratégia de actuação pressupõe que através dum processo de parceria desenvolvido ao
longo do trabalho de elaboração de estratégias, formulação de programas, elaboração e implementação de planos
possam ser incorporados no programa de acção as diferentes perspectivas de uso e valorização da zona costeira (Martins
& Coelho, 1998).

Esta nova abordagem face ao ordenamento e gestão costeira fundamenta-se na evidência que a zona costeira é
particularmente susceptível de ser afectada por problemas causados pela falta de coordenação entre as várias utilizações
e porque em muitas circunstâncias não chega planear com base nos conhecimentos sobre actividades futuras
(Amber,1994).

Devido à grande multiplicidade de agentes e interesses na zona costeira o processo de gestão integrada parece ser
aquele que melhor se adequa à complexidade das relações que se estabelecem quer entre as características naturais quer
entre os utilizadores e estas. Associado a este modelo de gestão ganha importância a componente do trabalho em
parceria que pretende criar condições de pariedade entre os diferentes actores intervenientes fomentando assim a
integração e concertação de acções a diferentes níveis do processo de tomada de decisão.

Neste sentido, a Comissão Europeia através dos programas de demonstração sobre gestão integrada das zonas costeiras
tem fomentado o apoio a projectos onde esta componente se revela de grande importância, como é o caso da Ria de
Aveiro. Este apoio é bastante relevante para países onde não existe ainda a tradição de participação, e partilha de
informação no processo de planeamento. O aparecimento desta nova forma de idealizar a acção de ordenamento e
gestão da zona costeira fundamenta-se no reconhecimento de que as formas de actuação levadas a cabo até ao momento
não contribuiram para a resolução dos problemas existentes nestas zonas.

“Em Portugal, a estrutura administrativa associada á gestão costeira é muito centralizada e fundamentada no dever
constitucional, atribuído ao Estado, de proteger os bens públicos e privados. A conjugação deste dois factores inibe a
formulação de programas de Gestão, de cariz regional e local, e debita a participação das populações nos processos de
elaboração e implementação dos programas e planos. Neste contexto adquire particular relevância a “ experiência” das
populações da Ria onde, as situações de concertação de interesses e de articulação de acções, por parte do poder local, e
deste com os orgãos da administração pública (local, regional e nacional) “foge” à regra comum de remeter para as
populações e os seus representantes a função de receptores das decisões da administração central (…)o elemento
agregador deste processo é sem dúvida a laguna, mercê duma identificação social entre a população e este elemento
natural.”( Martins, 1997)

PROJECTO LIFE ESGIRA – MARIA : ESTRUTURA DE GESTÃO INTEGRADA PARA A


RIA DE AVEIRO
A Comissão Europeia identificava relativamente ao Ordenamento do Território das Zonas Costeiras uma clara
insuficiência de coordenação e de concertação como parte da actual situação. A insuficiência de coordenação deve-se ao
facto de, apesar de existir um leque legislativo e instrumental relativamente satisfatório, este estar longe de atingir a sua
plena eficácia devido á falta de coordenação entre os diferentes participantes na evolução e transformação das zonas
costeiras. Esta situação identificada pela Comissão para o espaço europeu está perfeitamente ajustada à realidade
portuguesa.

É neste âmbito que o Projecto LIFE ESGIRA-MARIA: Estrutura de Gestão Integrada para a Ria de Aveiro
pretende contribuir, de forma a dar resposta às insuficiências detectadas, nomeadamente a desarticulação de actuações
aos diferentes níveis da administração, inadequação legislativa e instrumental e descoordenação entre os diferentes
utilizadores da zona costeira. Para o efeito o referido projecto pretende testar a eficácia de uma proposta de Estrutura de
Gestão Integrada (fig.1), resultante da negociação entre os diferentes grupos integrados na parceria formada no âmbito
do Projecto MARIA, fundamentando-se no reconhecimento da existência de problemas, da necessidade de intervenção
articulada e da rentabilização de esforços desenvolvidos ou programados.
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Figura 1 – Proposta de Estrutura de Gestão Integrada para a Ria de Aveiro

Conselho Geral

Funções:
Definir os assuntos de gestão
Fomentar a consciência e o conhecimento
Promover o diálogo e a parceria

Membros:

Reuniões:

Grupo Estatutário de Ligação

Funções:
Promover a comunicação entre os corpos
estatutários e a Comissão Executiva
Criar uma abordagem integrada para a Gestão da
Zona Costeira e Lagunar

Membros:

Reuniões:

Comissão Executiva Técnico Executivo do Projecto


(ADMINISTRADOR – DELEGADO)
Funções:
Promover, fomentar e facilitar o avanço dos trabalhos Funções:
Assegurar os recursos necessários Gerir os projectos
Implementar as soluções
Membros: Coordenar todos os grupos e interesses na estratégia

Reuniões: Membros:

Grupos de Trabalho

Funções:
Discutir os assuntos ligados a áreas e actividades
especificas da Zona Costeira e lagunar

Membros:

Reuniões:

Legenda: Fomentar parceria através da concertação de interesses


Administração/Coordenação da Estratégia
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A metodologia para testar esta estrutura foi concebida com base em projectos-piloto identificados no decorrer do
projecto MARIA. Estes surgiram da necessidade de se desenvolverem projectos suficientemente abrangentes, que
integrassem todo o espaço geográfico da região lagunar, que simultaneamente tivessem já sido objecto de alguma
investigação e por outro lado se considerassem exemplificadores do tipo de problemas de gestão que se colocam a uma
estrutura deste tipo.

Entre os cenários passíveis de intervenção, a parceria acima referida seleccionou quatro projectos-piloto:

- Recuperação e Valorização dos Cais de Acostagem existentes nos vários canais da Ria;

- Recuperação das Marinhas para a Produção do Sal – Salgado de Aveiro;

- Gestão Integrada dos Campos Agrícolas do Baixo-Vouga Lagunar, de forma a compatibilizar as


actividades agrícolas com os habitats naturais;

- Implementação de Medidas que promovam a Classificação e a Gestão Integrada da Área Protegida da Foz
do Cáster.

GESTÃO INTEGRADA DOS CAMPOS AGRÍCOLAS DO BAIXO VOUGA LAGUNAR


“As zonas húmidas, por toda a Europa, têm vindo a sofrer um forte declínio devido às intervenções humanas
responsáveis pela drenagem, enxugo e ocupação urbana das mesmas. A Ria de Aveiro e o Baixo Vouga Lagunar são
duas unidades agro-ecológicas e paisagísticas completamente distintas, embora comfinantes (Fig.2). A Ria de Aveiro na
maior extensão da sua superficie integra-se no Dominio Público Maritimo, enquanto os Campos Agrícolas do Baixo
Vouga Lagunar é integralmente pertença de privados (IHERA, 1998).

Figura 2 – Enquadramento dos Campos Agrícolas do Baixo Vouga na Ria de Aveiro

Os terrenos que integram os campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar pertencem aos concelhos de Aveiro,
Albergaria-a-Velha e Estarreja, sendo terrenos bastante férteis, ricos em pastagens naturais (Fig.3), com elevadas
potencialidades forrageiras. Estas pastagens são utilizadas para o pastoreio do gado, encontrando-se na maioria das
vezes delimitadas por sebes (Bocage) que compartimentam a paisagem e simultâneamente delimitam a propriedade
(Fig.4).

Fig.3 –Tipo de paisagem existente no Baixo Vouga Lagunar Fig.4 – Estrutura fundiária dos Campos do Baixo Vouga
Lagunar
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No entanto, apesar da elevada capacidade dos solos para as práticas agrícolas, a agricultura representa muito pouco para
a economia da região. As condições que explicam esta fraca produtividade relacionam-se com as condições sociais e
fundiárias existentes, nomeadamente a idade avançada dos agricultores, o seu baixo nível de instrução, bem como a
existência de um grande parcelamento de prédios agrícolas, como se poderá observar na Figura 4.

De referir que o Baixo Vouga Lagunar está incluído na lista de zonas húmidas de importância International (Convenção
de RAMSAR), assim como representa, ao abrigo das Directivas Europeias (Directiva das Aves e Directiva Habitats),
uma área capaz de disponibilizar as condições essenciais para transformar esta região num paraíso ecológico, caso se
consigam implementar estratégias capazes de articularizar a actividade agrícola com a preservação do património
ambiental existente (Figuras 5 e 6).

Figura 5 - Caniçal Figura 6 – Uma das margens do Rio Vouga

Com o desenvolvimento de trabalho nesta zona (quer do ponto de vista técnico quer científico), ao longo dos últimos
anos, bem como com o aumento do conhecimento adquirido sobre os Campos do Baixo Vouga Lagunar emerge a
percepção da necessidade de intervenção na área. Essa intervenção deve ser estruturada em torno de acções integradas e
articuladas entre todos os agentes intervenientes nesta área, incluindo os serviços públicos, empresas privadas,
organizações não governamentais, população residente (na sua maioria agricultores a tempo inteiro ao parcial). É na
perspectiva de que a agricultura tem um papel relevante na estratégia de desenvolvimento rural e manutenção da
diversidade dos ecossistemas existentes no Baixo Vouga Lagunar que o projecto-piloto Gestão Integrada dos Campos
Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar se revela de importância crucial.

Objectivos
O objectivo global deste projecto-piloto prende-se com a elaboração de um programa de gestão integrada para esta zona
húmida (a testar no âmbito da própria estrutura de gestão integrada da Ria) capaz de articular e compatibilizar as
actividades agrícolas com a manutenção dos diferentes ecossistemas existentes: sapal e caniçal, praias de arroz e
estrume, bocage, campos de cultivo de erva e milho. Para a prossecução deste objectivo considera-se necessário:

- construção de uma base de dados actualizada sobre a área;


- conhecimento da interacção entre as componentes dos biótopos e a produtividade dos sistemas;
- adopção de medidas que visem a conservação e defesa da área;
- promoção de uma estratégia concertada entre as diferentes medidas e instrumentos de política agrícola e
ambiental de forma a rentabilizar meios e a facilitar o cumprimento dos objectivos;
- adaptação de programas de financiamento agrícolas e ambientais como forma de suportar os custos de
utilização sustentável deste espaço pelos agricultores .

Metodologia Aplicada

A realização deste projecto-piloto decorrerá ao longo de cinco fases. Nas duas primeiras fases procedeu-se ao
levantamento de toda a informação que permitirá estabelecer um quadro actualizado da área de estudo, bem como a
realização de trabalho de campo que permitiu colmatar algumas das insuficiências encontradas em termos de
caracterização da mesma. No âmbito do trabalho de campo realizou-se a actualização do cadastro das propriedades,
identificação dos actuais proprietários, formas de exploração. Para além disso foram realizados inquéritos, por forma a
obter informação sobre a visão que os próprios agricultores têm da actividade e da sua manutenção (principais
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problemas existentes na área, possíveis formas de resolução, perspectivas futuras para a continuação da actividade
agrícola).

Actualmente estamos no ínicio da 3ª fase que coincide com o tratamento e a análise da informação recolhida, de modo a
conduzir à formulação de propostas de trabalho para a área em estudo, bem como à identificação de programas
financeiros susceptíveis de apoiar as propostas de trabalho. Na 4ª fase pretende-se definir estratégias agro-pecuárias não
agressivas ao ecossistema para rentabilização económica dos Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar, com
indicação de recomendações para a gestão integrada dos recursos da fauna e flora. Por último na 5ª fase serão definidas
estratégias que visem a conservação dos habitats naturais nos Campos do Baixo Vouga Lagunar bem como a
apresentação de propostas para a definição de áreas a proteger.

Durante a primeira fase foram utilizadas essencialmente técnicas documentais ( bibliografia e documentos técnicos e
estatísticos). Nas fases seguintes foram previligiadas as técnicas não documentais ( entrevistas, inquéritos, reuniões) e
as técnicas experimentais ( levantamento de campo, amostragens, análises laboratoriais). No sentido da realização de
uma cartografia actualizada da área em questão, recorre-se à utilização do Sistema de Informação Geográfica ( SIG ). O
projecto terá o acompanhamento técnico de todos os parceiros intervenientes com conhecimentos técnicos,
responsabilidade de intervenção e interesse na definição das estratégias.

Na sequência do trabalho desenvolvido espera-se conseguir:

- Formular princípios e orientações para a gestão agrícola do Baixo-Vouga;


- Formular princípios e orientações para a gestão da natureza nos Campos Agrícolas do Vouga
- Uma melhoria das condições ecológicas para a fauna e flora silvestres;
- Reforçar as condições necessárias à produção agrícola tradicional

É neste cenário de gestão integrada e de sinergia de esforços que importa assegurar uma maior flexibilidade na
abordagem de questões que envolvem a agricultura ribeirinha e a defesa do ambiente, no âmbito de uma estratégia de
desenvolvimento sustentado, susceptível de conciliar e respeitar os diferentes interesses. É neste contexto que este
projecto-piloto se mostra relevante, para testar o funcionamento ou não da estrutura de gestão integrada proposta para a
Ria de Aveiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este projecto piloto pretende-se antes de mais incentivar a tradição da participação e concertação dos agentes
intervenientes na área de estudo, de forma a possibilitar a elaboração de um Programa de Gestão Integrada para os
Campos Agrícolas do Baixo Vouga Lagunar. Só com a integração dos diferentes interesses se poderá formular
intervenções concertadas e participadas, e desta forma testar a capacidade de uma estrutura de gestão na resolução de
questões que se colocam nas zonas húmidas costeiras, nomeadamente no Baixo Vouga Lagunar.

Estas acções de nível local, ao fomentarem processos de integração e concertação de actuações, permite a
implementação da estratégia definida pela Agenda 21 – “Pensar global, Agir Local”, dando assim um contributo
relevante para o desenvolvimento sustentável das zonas costeiras e lagunares.

BIBLIOGRAFIA
AMBER, 1994 – “ Desenvolvimento económico e Protecção Ambiental nas Zonas Costeiras – um Guia de boas
práticas”, Envireg, Comissão das Comunidades Europeias.

DAO/UA, 1996 – “ Programa de Gestão Integrada para a Ria de Aveiro – MARIA”, proposta ao programa LIFE 96,
Maio, doc.policop.

DAO/UA, 1998 – “ Estrutura de Gestão Integrada para a Ria de Aveiro – ESGIRA-MARIA, proposta ao programa
LIFE98, junho, doc.policop.

IHERA 1998 –Contributo para a elaboração da proposta do Projecto ESGIRA – MARIA: Estrutura de Gestão
Integrada para a Ria de Aveiro.

Martins, F. 1997, “ Políticas de Planeamento, Ordenamento e Gestão Costeira – contributo para uma discussão
metodológica”, Dissertação apresentada para obtenção de grau de Doutor, Universidade de Aveiro.
Seminário “ Perspectivas de Gestão Integrada de Ambientes Costeiros 25 a 27 de Outubro de 2000
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Martins & Coelho 1997 – “ A componente de parceria na Gestão Integrada da zona Costeira: reflexões teóricas sobre o
tema no contexto comunitário, seminário sobre a Zona Costeira do Algarve, Faro, 10 a 12 Julho.

O.N.U. 1993 – AGENDA 21 – Documentos da conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e desenvolvimento, Rio
de Janeiro, Junho de 1992, vol.I/II ( versão portuguesa), IPAMB.

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