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w~ , e ~ S Variacao, ensino e terminologia A APRENDIZAGEM E VEICULADA PELA LINGUA, QUE EM SI MESMA E MUITO VARIADA. DENTRO DA SALA DE AULA, ESSA VARIACAO E TAO VIVA QUE PODE ATE MESMO DIFICULTAR O ENTENDIMENTO DE TEXTOS ESCOLARES. COMO PODE 0 PROFESSOR PROMOVER A COMPREENSAO E 0 DIALOGO? por EDMAR CIALDINE, eta vez li,emumlivro da Proft Dr Irandé Antunes, uma citagio de Bertolt Brecht @Y ue dizia “Eu sustento que a \inica finalidade da ciéncia esti ‘emaliviara miséria da existéncia humane”. A citagio condizia com uma frase que constantemente a autora, de quem tive 0 prazer de ser aluno, dizia-me: “Bscrevo livros para professores”. Penso que ambas, acitagao do seu livro e suas palavras, vio ao encontro do assunto que pretendo comentar aqui: a relagio entre Variacao, Ensino e Terminologia. Variagao nao s6 enquanto existéncia de diferentes formas linguisticas, mas, principalmente, quanto ao seu uso e fun- ‘¢ao social; Terminologia enquanto concei- tos técnicos que podem ser veiculados por diferentes formas linguisticas dentro de niveis mais ou menos especializados (ou, se preferirmos, do mais técnico a0 mais popular);e, por fim, Ensino como principal meio de acesso ao conhecimento enciclo- pédico necessario para o desenvolvimento técnico, cultural e social do individuo. As- sim sendo, comecemos com a definicao mais detalhada desses conceitos. TERMINOLOGIA ‘De modo simplificado, a Terminologia 0.campo de estudos que trata das linguas de especialidade através da andlise dos ter- ‘mos técnico-cientificos. Foi o engenheiro austriaco Eugen Wiister@ que sistema- tizou esse campo, dando-lhe um caréter ‘moderno, na década de 30. No entanto, 0 interesse do homem pela linguagem espe- cializada é bem mais antigo. A titulo de ilustragio, podemos citar os jargoes mili- lares, os termos da filosofia utilizados na antiguidade classica. O vasto comércio no ‘Mediterraneo, naquela época, fez com que houvesse, também, necessidade de listas de termos comerciais em diferentes linguas. ‘Na verdade, foram as mudangas sociais, cientificas e tecnologicas que fizeram com que surgissem novos termos, os tecnoletos =e velocidade com que isso vem aconte- cendo é cada vez maior. E claro que, com © tempo, a comunidade cientifica mundial comegou a se preocupar com uma forma de padronizagio dessa linguagem de modo a facilitar a comunicacao. Nesse sentido, um dos precursores foi o sueco Karl Von. Lineu@, que propés um sistema universal para as espécies de flora e fauna em todo mundo. Esse sistema usava como base a lingua latina e, ainda hoje, ¢ empregada ‘com poucas modificagdes. Desse modo, a palavra inglesa “wolverine” pode causar uma confusdo, levando a nos lembrarmos do super-herdi dos quadcinhos ou a0 ani- mal, de mesmo nome. Esse mesmo animal € conhecido como “carcaju” € também “glutio” e, certamente, ter outros nomes em outras linguas. Porém, na diivida, bas- ta citarmos o nome cientifico Gulo gulo e, seja no Brasil, seja nos EUA, na China ou ‘em qualquer outro lugar, um zodlogo sa~ ‘era de quem estamos falando. RETRAT Bertolt Brecht Nasco em 1898 efalecdo 1 1956, Bertolt Brecht fo romaturgo, poeta © encenador alemio. Sua ifuéncia no teat {geimnico € roti, tomando-o ‘mundialmente conhecido a partir das apresentardes de sua ‘companhia, BI@GRAFIA Eugen Wiister Fugen wster nsaceu em 1898, na ‘us, efleeu em 187. Era um ‘teminoogistae industialsta. Fol um entusiasts do esperanto, tracuindo e produzindo divers ‘artigos sobre terminologa © lexcogralia do idioma, Produ, ‘assim, um didondro encidopédieo ‘ilinguealemo-esperato, que & Considerado até hoe insuperve. Ctra marca dead por Mister fol sua partipago nos pinciios Interaionals de nomatinaglo “erminodgia BI@@GRAFIA Karl Von Lineu ‘art Von Une, também gated como Cat von Lnné, fol um alta sueco asco em ‘fale em 183, Ingressou ‘a Unlvesdace de Uppsala com apenas nave anos, 205 2, sucedeu o pai na careita de medicna praia. Fol nomeado Como professor sem mesmo ter etendioalguma tse ‘ceteineca Pie | LINGUA PORTUGUESA | 7 RETRAT Francois Gaudin Frangos Gaudin & professor Unweritaf na Universidade Ge Rouen, na Panga, Sua Ssciplina #Gncias ds Linguogem: Linguistica Foneta Gerais. Destacurse a0 fmar sociterminoogia Comovertente, enftizanco a necesidade de eonsiderar 3 praticas linguistics e Sodas eftvas. eau a inuénda 6 pensamento Dost na teoria de Wiser, Iostrando que a elacao ete o send e a eaiode construida endo deta, “BI@@GRAFIA William Labov Nasco em 187, ingusta ‘americana Wilam Labov ido camo o fundador da ‘dsciptina da sociolnguistca ‘quanttativa. Atualmente, & professor do Departamento fe Uingustica da Universidade da Persivania, 2lém de pesqusador nas Seas de soclinguistca © dialetologia 8 | consinewaraws| LINGUA PORTUGUESA Foi exatamente com esse ideal de pa- dronizagdo que Wiister elaborou a pri- meira grande teoria da Terminologia, a Teoria Geral da Terminologia, ou TGT. Para ele, cada conceito, cada técnica e tec~ nologia deveria ter uma e apenas uma denominacao. De fato, essa visio perdu- rou por muito tempo e era até justificavel em varios contextos. Imagine, por exem- plo, uma situacio de risco: um procedi- mento cinirgico, O médico pede urgen- temente um instrumento ao auxiliar, mas ha dois ou trés nomes para esse instru: mento ou entao dois ou trés instrumentos com esse nome... quando a confusio fos: se revolvida, poderia ser tarde! Em outras palavras, a TGT defendia que cada con- ceito, técnica ou ideia deveria ser rigoro samente nomeado por um tinico termo ¢ ambiguidades, polissemias e quaisquer outras variagdes na lingua apenas com- prometeriam a comunicacao cientifica e, por isso, deveriam ser eliminadas através de uma padronizacao dos termos. Todavia, a natureza da lingua, mesmo das linguas de especialidade, esta além do controle dos termindlogos ¢ linguistas em geral. Temos uma mesma realidade delimitada por termos diferentes (diar- reia e isenteria); um termo utilizado em reas diferentes (virus para a Computa- a0 e virus para a Medicina); termos que se tornam palavras da lingua comum e vice-versa (biruta como louco e biruta como instrumento da Aeronautica que indica a diregio do vento). Os motivos que levam a essa fluidez, de acordo com muitos pesquisadores, é que os termos, ainda que facam parte de uma linguagem especializada, fazem parte da lingua de uma comunidade e, portanto, estio pas- siveis de sofrerem os mesmos processos quea lingua comum sofre. Os neologis- mos sio um exemplo de como ambos, palayras ¢ termos, possuem comporta- ments linguisticos similares. Um exem- plo disso seria 0 termo deletar, da Infor- mitica, que veio do termo inglés também " da Informatica delete através de um pro- cesso de derivagio comum da lingua portuguesa e que, hoje, pode ser usado como giria de sentido de esquecer algo: “Entendeu? Nao? Entao deleta, vail". Diante de tudo isso, néo havia mais, como negar as influéncias linguisticas a que os termos estavam submetidos. Tais ideias romperam totalmente com 0 ideal de padronizacio terminolégica prescrito pela TGT e abriu espaco paras pesquisas envolvendo os diversos fend menos lin- gu{sticos encontrados na comunicagio especializada, Aqui,interessa-nos.a vari gio linguistica. Tal fendmeno, munido das ideias sociolinguisticas e disciplinas afins chamaram a atengdo da comple dade social dentro das terminologias. Essa intersego entre os estudos termino- logicos e variacionistas fez com que, da década de 90, Francois Gaudin §f siste- matizasse a Socioterminologia. Mas, primeiramente, tratemos um pouco sobre a variagao linguistica VARIAGAO LINGUISTICA E TERMINOLOGIA Encontramos em Labov( e seus es- tudos sobrea fala dos negros americanos na década de 1960 o inicio dos estudos variacionistas modernos. Contudo,jé an- tes disso, sabemos que a variacao faz par- te da linguagem. Saussure, em seu Curso de Linguistica Geral, abrira espaco para tais questbes ao tratar da dicotomia lin- gua e fala — ainda que o pai da Lingufsti- ca moderna tenha se detido apenas aos estudos da lingua - podemos dizer que a falta de sistematicidade da fala remete & variagio no uso da lingua, Mesmo os e tudos prescritivistas como, por exemplo, manuais de uso “correto” da lingua, sio uma forma de reconhecer ~ claro que a partir de uma visio negativa ~ a existén- cia de um uso da lingua para além da for- ma padrao. Nesse sentido, o Appendix probi seria um exemplo ilustrativo: pro- Guzido por volta do século IT4.C., tal obra era uma listagem de palavras e expresses em latim vulgar e sua forma “correta” em latim clissico, Atualmente, essa obra & ‘uma das principais fontes escritas da va- riagdo linguistica dentro da lingua latina, ‘ou seja, de certo modo, possui uma portancia inversa 2 sua funcdo original. ‘Assim, podemos afirmar que a varia- ‘so da lingua faz parte de sua natureza Interpessoal e da propria natureza hete- rogénea da sociedade humana. Nao usa- mos a lingua sempre da mesma forma, adequamos os nossos textos a situagio ‘comunicativa em que estamos, Da mesma forma, podemos dizer que 0s usos que damos a nossa lingua é um reflexo, tam- bém, da nossa propria histéria Desse modo, para falar exatamente da variagao da lingua do autor deste artigo deveriamos descrevé-la como: um portu- ‘gués relativamente formal de um cearen- se, nascido na década de 80, de pais nas- cidos no interior, que atua como profes- sor e possui mestrado ~ isso para ndo detalhar dem: No Brasil, muitos pesquisadores se detéma estudara variagio da lingua por- tuguesa. Nesse sentido, podemos citar autores como Marcos Bagnof@ e seu livro Preconceito lingufstico, que é, talvez, ‘uma das obras bisicas de qualquer estuclo sociolinguistico; Fernando Tarallogy e seullivro Pesquisa sociolinguistica, em que ele se detém a descrever 0 fazer metodo- logico dentro da drea ~ apenas para citar alguns autores. Importante frisar que cada vez mais 08 estuidos sociolinguisticos esto se vol- tando para a educacio linguistica. Basta notar, para tanto, a polémica gerada pela midia por conta de um livro didatico de educacao de jovense adultos que contem- pla as variacées linguisticas. E claro que essa questo gerou um grande debate. O tema foi, inclusive, debatido aqui em edi- ‘gbes anteriores. Subjaz a essa polémica toda a teoria Sociolinguistica eseu reflexo na ediucacio. Antes de tocarmos no préximo pon- to de nosso texto, o leitor deve se per- guntar como a Sociolinguistica pode se N&o usamos a lingua sempre da mesma forma. Assim, podemos dizer que nossos usos do portugués sao reflexos, também, da nossa propria histé ria relacionar hoje com questées ligadas & Terminologia. Para responder tal per- {gunta, além do que ja mencionamos, bas- ta pensar nesse préprio texto, quando mencionamos hé pouco a situagio mais, ‘oumenos formal. Uma vez.que dividimos aqui para que todas as pessoas interessa- das no tema possam ler, a densidade ter- minolégica ¢ baixa, Caso esse texto fosse produzido para um periddico especiali- zado nessa area especifica, a linguagem empregada seria mais técnica, isto & a densidade terminoldgica seria muito maior. Dessa maneira, vejamos como es- sas questdes se aplicam & educacio. POR UMA SOCIOTERMINOLOGIA APLICADA AO ENSIN Resta-nos, agora responder a grande pergunta: a Socioterminologia pode con- tribuir como ensino? Antes de chegarmos a0 ponto central desta questo, ¢ impor- tante perceber que a pergunta colocada no foi sobre o ensino de linguas ou mes: ‘mo de linguas maternas, mas sim ao ensi- no de modo geral. A Terminologia, como um todo, possui uma grande importancia para a Educacio. Tivemos oportunidade de participar de pesquisas anteriores que viabilizavam a produgio de um dicionério sobre cajucultura préprio para agrénomos e grandes produtores, bem como estudan- tes de agronomia. Com este instrumento, alunos professores de nivel superior te- riam uma ferramenta para ensino, pesqui- saeestudo, Os exemplos ‘vocabuldrios e diciondrios técnicos que tém sido produzidos possuem uma gran- de aplicacdo didética. Este & 0 ponto-cha- ve de nosso texto: o ensino de disciplinas escolares de qualquer nivel (superior, mé- dio ou mesmo fundamental) seria otimiza~ 10 vastos. Glossarios, BI@GRAFIA Marcos Bagno (profesor, lngusta eestor brasleto Marces hau ‘Bago, nascdo em 196) & professor do Departamento e LinguasEsrengeiras © Tradusio da Universidade de Basia € doutor em Floioga Lingua Portuguesa pela Univesiaade de Sto Paulo ej ublcou mals de winta eos nas estantes de literatura € obras aii, RETRAT Fernando Tarallo pS secoinquta pala erie raat eee esac eccl t camaeae mise oxen ebsare See "Sas cal met a eet eon Santee career tancensl amelcrtes cuuceest nena Seauranioess CetcrexoPue |LINGUA PORTUGUESA | 9 er Para que problemas de comunicagao nao ocorram, ainda que o professor precise apresentar os termos técnicos “oficiais”, 6 necessario que assuma 0 papel de mediador, passando ao aluno a variagao comum do que esta nos livros didaticos. SABA@ obra Ae Clnclas do tél salva a mips abordagens de que sto objeto as cncis do xo, aptesentanco uma vaiada gama de estudos dedicados 3 palawra.Esesestudos privlegiam a palavrs como Unidade bisa do eseo de uma lingua, Desse modo, 6 apalavia, e as cerentes formas de nomeagio, aue Eo objetivo expedio de cestuo de ascipinas como Lexicologa, exicogratia Terminologa, temas do lee wome de aba "anamseanetse pote AS CIENCIAS DOLEXICO do se.o professor tivesse em maos um ma- terial que esclarecesse 0 conjunto termino- lgico de sua disciplina para seus alunos ¢ se, esse mesmo vocabuldrio, tivesse uma Tinguagem acessivel aos alunos. Dicionérios técnicos seriam um bom exemplo, Através dos dicionérios, pode- ‘mos ter acesso ao repertorio terminologi- co de uma ciéncia e seu consequente do- minio. Muitos pesquisadores apontam para a importancia desse tipo de estudo, | que um dos primeiros passos para do: minar um contetido € 0 dominio dos ter- ‘mos da area. Através desse processo, 0 aluno teré condigdes de elaborar produ- ‘Ges textuais sobre a rea estudada e, con- sequentemente, internalizar o conheci- mento cientifico em questao. Desse modo, estudar 0 conjunto terminolégico de uma iéncia pode fazer a diferenga no desen- volvimento do conhecimento do aluno sobre aquela determinada disciplina, ‘Agora, uma nova pergunta surge: qual conjunto terminol6gico deve ser trabalhado com os alunos? A que nivel a lingua de especialidade deve ser condu- zida num ambiente escolar? Para ser mais exato, qual a variante devemos en- sinar, a variante dita “oficial” ou a va- riante conhecida em sua comunidade? Bis onde Socioterminologia € o Ensino se confluem, uma yez.que, como ja afirma- mos anteriormente, os termos nao estao isentos do proceso variacionista sofrido pela lingua. Em um contexto de aula mi- nistrado em uma comunidade de pes dores, por exemplo, um professor de Biologia teria menos dificuldade se tives- se dominio da variagio terminolégica da comunidade. Através desse dominio, ele 10 | oxsises ce | LINGUA PORTUGUESA poderia conscientizar os alunos que, além de sua variante, existem outras e, a0 con- trdrio do que se poderia pensar, nenhuma delas ~ mesmo a variante elitizada ~ é mais importante que a outra. Certa ver, apés uma palestra, uma pro- fessora velo conversar conosco sobre como sua aula foi comprometida porque causa de um termo, Ela falava sobre o sistema digestivo e mencionou vérias vezes 0 ter~ mo “anus”. Apenas no final da aula, um aluno the perguntou o que significava esse termo (talvez por confundir com “anos”. Para que problemas de comunicagao no ocorram, ainda que o professor tenha © dever de apresentar os termos técnicos “oficiais”, é necessirio que o professor as- suma o papel de mediador entre a variacio comum ao aluno ea variagdo apresentada nos livros didaticos. Nesse sentido, nés, professores de linguas, temos que dar 0 pri- ‘meiro passo para que essa nocio chegue aos profissionais das demais disciplinas e assim o estudante, seja ele de qual nivel for, pos- sa fazer o melhor uso da lingua dentro dos variados contextos que exijam 0 uso de uma linguagem técnica. ENFIM... Nesse texto, procuramos apenas fomen- tar essa discussio, t2o ignorada no ambito escolar. £ fato que muito sobre a tematica precisa ainda ser estudado e debatido, mas acreditamos estar contribuindo para a di- vulgacdo desse debate, bem como de uma pritica pedagégica livre de qualquer pre- conceito e libertadora. Nesse sentido, vale pena buscarmos conhecer mais tal temé- tica, Obras existentes sdo virias, basta, para tanto, fazer uma busca em livrarias e sites. Apenas para estimular a busca, sugerimos As ciéncias do léxico em seus quatro volu- mes, cada qual organizado por autores di- ferentes e editoras diferentes. ret Cie Arete ac or Soar meaa on npc sets pa trorsoe cea www.conhecimentopratico.com.br Por uma Linguistica Aplicada a servico da Educacao Basica A historia da Ling como ela pode el AVIRGULA DE LETRAMENTO E ETC E OUTRAS SARAMAGO ALFABETIZACAO REFLEXOES Apontuacao que traz uma Ponderacées acerca da visdo Esclarecimentos sobre nova luz a obra O ano da dé Paulo Freire na formacao ouso do ETCe pensamentos morte de Ricardo Reis do individuo leitor sobre nossa lingua

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