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A Influência do Aterramento na Atenuação de

Descargas Atmosféricas
Antônio Carlos Delaiba, Camila Guesine dos Santos, Elise Saraiva, José Wilson Resende, Marcelo Lynce Ribeiro
Chaves
Universidade Federal de Uberlândia - UFU

Resumo ⎯ Este trabalho apresenta o estudo e análise do efeito análises serão avaliadas a influência das resistências de
de descargas atmosféricas em cargas alocadas em média aterramento no valor do nível da tensão de surto induzida.
(11kV/15kV) e baixa tensão (abaixo de 600V) considerando a Todas as modelagens e simulações do sistema estudado
influência causada pela resistência de aterramento. Para a foram feitas através do software ATP. Neste artigo, optou-se
modelagem e simulações do sistema sob análise utilizou-se o
por estudar casos considerando descargas atmosféricas com
programa para estudo de transitórios ATP (Alternative Transient
Program). Para a realização do estudo modelou-se um sistema incidência direta nos circuitos em 13,8 kV, pois se tratam dos
real, composto de uma linha de transmissão de 88kV, uma casos com sobretensões de surto mais severas e com maiores
subestação, uma linha de distribuição de 13,8kV e cargas de potenciais causadores de danos a equipamentos de
consumidores residenciais. É analisada também a utilização de consumidores. Quanto aos circuitos secundários, abaixo de
supressores de surto na baixa tensão dos transformadores de 600V, estes são posicionados em alturas inferiores às dos
distribuição como forma de atenuar as sobretensões induzidas condutores da rede primária. Por isso, esta última
que atingem os consumidores. normalmente funciona como blindagem, tornando rara a
incidência direta de descargas atmosféricas nas redes de
Palavras-chaves ⎯ Descargas atmosféricas, resistência de
baixa tensão [7].
aterramento, sobretensão induzida.

I. INTRODUÇÃO II. MODELAGEM DO SISTEMA

Com a evolução da tecnologia da eletrônica de potência, No presente trabalho, utilizou-se as modelagens


os consumidores residenciais passaram a possuir, cada vez relacionadas à Subestação (SE) de Barueri, pertencente à
mais, equipamentos eletrônicos sensíveis a sobretensões. AES Eletropaulo, cujas modelos de componentes e
Surge deste quadro uma grande preocupação por parte das equipamentos são apresentados nas referências [1-4]. Para os
concessionárias de energia, relacionada à proteção de suas propósitos das análises, será modelado e analisado apenas um
redes de transmissão e distribuição, devido a distúrbios ramal de distribuição e, 13,8 kV que parte da SE Barueri
elétricos, tais como: variações de curta duração, transitórios rumo aos consumidores. A figura 1 ilustra o diagrama unifilar
típicos de energização ou de descargas atmosféricas. geral simplificado, do sistema elétrico modelado. O sistema é
Um dos principais distúrbios causadores de danos a constituído de uma linha de transmissão em 88kV, a qual
equipamentos de consumidores são as sobretensões alimenta a SE, mais precisamente, a um transformador de
induzidas, causadas pelo impacto de descargas atmosféricas, 40MVA (88kV/13,8kV). Esta linha de transmissão será
tanto diretas quanto indiretas, no sistema elétrico [8]. representada por um comprimento de 2.700m, o qual é
Percebe-se, a partir deste quadro, uma necessidade de estudos suficiente para simular as descargas atmosféricas que irão
mais aprofundados sobre os efeitos das descargas impactuar a SE (na figura 1 esta linha está situada no Setor
atmosféricas no sistema elétrico, a fim de aprimorar os “A”). Conforme ilustrado na figura 1, na saída em 13,8kV da
sistemas de proteção e prevenir os danos a equipamentos. SE, há um alimentador que, ao longo da cidade, alimentará
É importante ressaltar, neste contexto, que as modelagens três transformadores de distribuição, de 45kVA, cada (na
de sistemas elétricos utilizadas para estes tipos de estudos figura 1 este alimentador está situado no Setor “B”). Tem-se
devem ser as mais fieis possíveis às condições reais, ainda que o comprimento deste alimentador, desde a SE até o
principalmente em relação ao aterramento dos equipamentos primeiro transformador de distribuição, é de 1000m. Em
modelados, pois somente assim os resultados obtidos seqüência, a distância entre a SE e o segundo transformador é
concederão embasamento técnico para análises dos impactos de 1500m e, até o terceiro, de 2000m. Ao final de cada
gerados sob as proteções e posterior estudo de soluções e transformador de distribuição, inseriu-se uma carga RL, a
melhorias. qual visa representar um consumidor residencial a ser
No presente trabalho são apresentados estudos onde são alimentado por este transformador.
analisados os efeitos das sobretensões geradas por descargas A SE é protegida contra transitórios por dois pára-raios:
atmosféricas incidentes diretamente nas linhas de alta (88kV) um na entrada e outro na saída da SE (uma vez que, na sua
e média tensão (13,8kV). Os efeitos destes impactos são saída há alimentadores, em 13,8kV). Esta SE também possui,
analisados nas regiões de média tensão (13,8kV) e baixa dentre outros componentes, dois barramentos, quatro chaves
tensão (220V) tensão, onde, em geral estão uma grande seccionadoras, um conjunto de cabos subterrâneos, três
quantidade de consumidores industriais e residenciais. Nestas disjuntores, um conjunto de bancos de capacitores e uma
malha de aterramento interligada.

Antônio Carlos Delaiba, delaiba@ufu.br, Tel. +55-34-3239-4716;


Camila Guesine dos Santos, camilaguesine@yahoo.com.br,
Tel. +55-31-3479-2076; Elise Saraiva, elise.saraiva@yahoo.com.br;
José Wilson Resende, jwresende@ufu.br, Tel. +55-34-3239-4735,
Marcelo Lynce Ribeiro Chaves, lynce@ufu.br, Tel. +55-34-3239-4743.
II.2) Supressor de surto
SETOR “A”
Neste trabalho, será analisada a influência da presença ou
SETOR “B” não de supressores de surto na entrada de consumidores
alocados na tensão de 220V.
Um supressor de surto, como se sabe, consiste em uma
resistência variável, isto é, um varistor.O ATPDraw apresenta
alguns modelos de varistores, nos quais é preciso entrar com
dados de uma curva característica de funcionamento. Para
este trabalho, optou-se por utilizar o modelo não linear “R(i)
type 99” pela simplicidade e eficiência.
A curva característica do supressor em 220V, utilizada na
Fig. 1. Diagrama unifilar geral do sistema elétrico modelado. presente modelagem, foi retirada de [5] e é apresentada na
figura 2.
Uma vez que o objetivo aqui é apresentar e analisar os
efeitos de descargas atmosféricas sobre a tensão de
alimentação, desde o local de seu impacto até a entrada de
energia do consumidor, não serão incluídas modelagens
específicas das cargas contidas no interior das instalações dos
consumidores.
As modelagens das linhas de transmissão e distribuição,
bem como do interior da SE (pára-raios, disjuntor,
seccionadora, barramento, malha de terra, transformador de
potência, cabos dos sistemas de 88 kV e 13,8 kV) foram
baseadas nas referências [3] e[4], que são relatórios que
dizem respeito a um projeto P&D, desenvolvido pela
Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de
Uberlândia em conjunto com a AES Eletropaulo. Tal projeto Fig. 2. Curva característica do supressor.
teve como objetivo a análise de impactos de descargas
II.3) Cabo de ligação do consumidor a rede de distribuição
atmosféricas, chaveamentos e curtos no interior de estações
Na a modelagem do cabo de conexão do consumidor à
de transmissão e distribuição (ETD’s). Aspectos dessas
rede elétrica será considerada apenas a sua capacitância, uma
modelagens também estão presentes no artigo [6].
vez que é este o principal elemento do mesmo que irá
As demais modelagens requeridas para este trabalho, e
influenciar na atenuação do surto de tensão gerado pela
não desenvolvidas nas referências [3] e [4], serão
descarga atmosférica. Efetuou-se a determinação da
apresentadas a seguir.
capacitância do cabo de ligação através da rotina Cable
Constants do ATP. Para tanto, foram requeridos dados das
II.1) Transformador de distribuição seguintes grandezas do cabo: raio do condutor, espessura da
Uma vez que, para o estudo de descargas atmosféricas, o isolação, espessura da blindagem e da capa externa,
acoplamento magnético entre as três fases do transformador permeabilidade e permissividade elétrica, arranjo geométrico
não é relevante, utilizou-se o modelo monofásico de do sistema dos cabos e sua forma de instalação. Para a
transformador saturável existente no ATP. Assim, a modelagem implementada, os dados das grandezas anteriores
modelagem do transformador de potência trifásico foi feita foram retirados do catálogo do fabricante Prysmian Cables &
considerando um banco de transformadores monofásicos Systems para cabos até 450V. Dentro da rotina Cable
ligados em delta no primário (AT) e em estrela aterrada no Constants utilizou-se o modelo JMarti. Considerou-se um
secundário (BT). cabo trifásico de 30 m. Após processada a subrotina, obteve-
Para o estudo de descargas atmosféricas é importante que se uma capacitância para o cabo de ligação de valor 0,98µF.
todas as capacitâncias de fuga sejam representadas. Sendo
assim, as capacitâncias foram agrupadas em três valores
II.4) Carga do consumidor
típicos, conforme a seguir: (i) capacitância de fuga do
Para representação da carga dos consumidores no ATP
enrolamento do primário para a terra; (ii) capacitâncias de
utiliza-se uma carga RL trifásica ligada em estrela aterrada.
fuga do enrolamento do secundário para a terra; e, (iii)
Os consumidores estão alocados no lado de 220V dos três
capacitância de fuga entre os enrolamentos primário e
transformadores de distribuição (45kVA). Assim, nas
secundário.
simulações, os consumidores foram representados por três
Para a análise de fenômenos transitórios rápidos ou extra
conjuntos de cargas (um conjunto para cada secundário de
rápidos, tais como descargas atmosféricas ou chaveamento de
transformador). O valor destas cargas concentradas é de 80%
manobras, a característica de magnetização do transformador
da potência nominal dos transformadores (45kVA), com fator
não é fundamental. Sendo assim, tal característica foi
de potência igual a 0,96.
considerada linear e representada por um único ponto que
representa a condição nominal.
II.5) Fonte da Descarga Atmosférica Tensão
(kV) 140
Os dados utilizados para a descarga atmosférica foram 120.7 121.3 120 120.4
120
obtidos através dos estudos realizados pelo projeto P&D,
desenvolvido pela Faculdade de Engenharia Elétrica da 100
84.8
79.1 82.583.5
Universidade Federal de Uberlândia em conjunto com a AES 80 74.4
69.1
73.571.2

Eletropaulo [6]. Tal projeto baseou-se em dados armazenados 60


em uma rede integrada de detecção de descargas 40
atmosféricas, composta por 23 sensores distribuídos pelos
20
estados de SP, RJ, ES, GO, PR e MG. Fez-se uma análise
0
sobre a intensidade das descargas atmosféricas ocorridas pelo 10 30 100 1000000

período de um ano na região da SE Barueri. Posteriormente, Resistência de Terra (ohm)

obteve-se uma média ponderada mensal. Em seguida, fez-se Trafo 1 Trafo 2 Trafo 3
uma média ponderada anual, chegando ao valor de 20kA,
Fig. 3. Níveis máximos da tensão de surto na AT dos transformadores de
para o ano de 2004. distribuição.
Para os valores de tempo de calda e tempo de crista
foram utilizadas as recomendações típicas de [9]-[10]. Pela figura 3, observa-se que, para os transformadores 1
Resultou-se, assim, em uma fonte de surto com descarga de e 2, há uma leve tendência de crescimento do nível de tensão
20 kA, tempo de crista de 1,2μs e tempo de calda de 50μs. de surto, conforme se aumenta o valor da resistência de
aterramento. Porém, para o transformador 3, mesmo para os
III. AS ANÁLISES DESENVOLVIDAS diferentes valores de resistência de aterramento, não houve
grandes diferenças entre os valores máximos de tensão de
Para cada descarga atmosférica aplicada, adotar-se-á um surto (sempre em torno de 121kV). No entanto, para este
valor diferente para a resistência de aterramento dos transformador, o nível da tensão de surto ultrapassa o nível
transformadores de distribuição. O objetivo disso é o de básico de isolamento, que, segundo [1], é de 90kV. Por isso
verificar a influência do aterramento no impacto das será necessária a inserção de um pára-raios de proteção. Tal
descargas atmosféricas junto aos consumidores. fenômeno ocorre devido à reflexão da onda do sinal de
Os valores adotados para as resistências de terra serão os tensão, no final da linha de distribuição.
seguintes: RT = 10 Ω ; 30 Ω ; 100 Ω ; 105 Ω (este último valor Para os transformadores 1 e 2, cujo nível básico de
representará um valor infinito, ou seja, ausência de isolamento (NBI) também é de 90kV, a tensão de surto se
aterramento). manteve dentro dos níveis de suportabilidade, não sendo
Para as figuras a seguir, que apresentam os níveis de necessária a inserção de pára-raios de proteção.
tensão de surto, o eixo das abcissas corresponde aos Visando reduzir o impacto da descarga no cabo fase, no
diferentes pontos de aterramento na malha de terra. Para transformador 3, inseriu-se um pára-raios na entrada do
melhor entendimento, tais figuras mostram os níveis de mesmo. Os resultados estão na figura 4. Cabe aqui ressaltar
tensão nos transformadores de distribuição com a seguinte que, para este caso, não considerou a hipótese com a
legenda: Transformador 1 (em azul) localizado a 1000m da resistência de terra no valor de 105 Ω (a qual representa uma
saída da SE; Transformador 2 (em amarelo) localizado a resistência infinita), pois isso equivaleria a não aterrar o pára-
1500m da saída SE; Transformador 3 (verde) localizado raios inserido no transformador 3.
2000m da saída da SE. Da figura 4 pode-se observar, mais uma vez que, mesmo
Durante este estudo, foram analisados três hipóteses de para os diferentes valores de resistência de aterramento dos
ocorrências de descargas atmosféricas: transformadores 1 e 2, não houve grandes diferenças entre os
ƒ Descarga atmosférica incidente no cabo fase da linha valores máximos de tensão de surto, os quais continuaram se
de transmissão (em 88kV), também bem próxima à mantendo dentro dos limites de suportabilidade dos dois
penúltima sustentação antes da entrada da SE (Setor equipamentos, inclusive apresentando uma queda em seu
“A” da figura 1); valor em relação aos apresentados na figura 3.
ƒ Descarga atmosférica incidente em cabo fase da Tensão
(kV)
80 72.2
linha de distribuição (em 13,8kV), a 500m da saída 71.9 72
70
da SE (Setor “B” da figura 1). 60
59 59 58.9

ƒ Descarga atmosférica incidente no cabo guarda 50


(pára-raios) da linha de transmissão (88kV), em 40
30 31.8 33
local bem próximo à penúltima sustentação antes da 30
20
entrada da SE (Setor “A” da figura 1);
10
0
III.1) Descarga direta no cabo fase da linha de transmissão 10 30 100
Resistência de Terra (ohm)
(88kV)
A figura 3 apresenta os níveis máximos da tensão de Trafo 1 Trafo 2 Trafo 3
surto na alta tensão (AT) dos três transformadores de Fig. 4. Níveis máximos da tensão de surto na AT dos transformadores de
distribuição, em relação às diferentes resistências de distribuição, com a inserção de pára-raios de proteção no transformador 3.
aterramento.
Para o transformador 3, a inserção do pára-raios se III.2) Descarga direta na linha de distribuição (13,8kV)
mostrou eficaz, cortando a tensão de surto por volta de 30kV. A figura 7 apresenta os níveis máximos da tensão de
Prosseguindo nas análises, a figura 5 apresenta os níveis surto na média tensão (13,8kV) dos três transformadores de
máximos da tensão de surto no secundário dos distribuição em relação às diferentes resistências de
transformadores de distribuição (lado de 220V), em relação aterramento dos mesmos.
às suas diferentes resistências de aterramento, já com a Verifica-se que o nível da tensão de surto que atinge os
inserção de pára-raios de proteção no transformador 3. transformadores de distribuição é extremamente elevado,
Observa-se que, conforme os valores das resistências de chegando à ordem de Megavolts! Uma descarga com tal
terra dos transformadores aumentam, os níveis das tensões de ordem de grandeza, ao incidir sobre a linha, irá causar flash
surto que atingem a baixa tensão também crescem. over nos isoladores e romperá o isolamento de eventuais
Outro ponto relevante a ser observado, é a intensidade do pára-raios existentes.
nível da tensão de surto que atinge o secundário dos Tensão
(MV) 8 7.6 7.7
transformadores, apresentando valores demasiadamente 6.8
7 6.5
elevados.
6
Tensão 5.3 5.2 5.1
5 5 5.1
(kV) 25 5 4.66 4.5
21,9
20 4
19,1
20 17,7 18,2
16,9 17,5 17 17,2 3

2
15
1
10 0
10 30 100 1000000

5 Resistência de Terra (ohm)

0
Trafo 1 Trafo 2 Trafo 3
10 30 100
Fig. 7. Níveis máximos da tensão de surto na AT dos transformadores de
Resistência de Terra (ohm)
distribuição para descarga de 20kA.
Trafo 1 Trafor 2 Trafor 3

Fig. 5. Níveis máximos da tensão de surto na baixa tensão, com a inserção de


A fim de verificar o efeito da resistência de terra na
pára-raios de proteção no transformador 3. atenuação de descargas atmosféricas, para este mesmo caso,
também efetuou-se simulação adotando outros valores para a
Finalizando este estudo de caso, a figura 6 ilustra os corrente de descarga: 20 kA (já utilizado inicialmente), 15 kA
resultados obtidos quando da inserção de supressores de surto e 10 kA. Devido ao alto valor da corrente de descarga, foi
no secundário de cada transformador de distribuição (lado de considerada a inserção de pára-raios de proteção na AT dos
220V). três transformadores de distribuição.
Tensão Pode-se inferir a partir dos resultados que, independente
(V) 372,8
400
334
360 do valor da corrente de descarga atmosférica, o nível de
350 313 313 313
300 276 275 274,8
tensão de surto no primário (13,8kV) dos transformadores de
250
distribuição, depois de atenuado pelos pára-raios, será sempre
200 em torno de 30kV.
150 Em relação ao secundário dos transformadores de
100
distribuição, o aumento do valor da resistência de terra
50
influenciará no valor da tensão de surto. O secundário do
0
10 30 100 transformador 1 é o mais afetado pela descarga. Este quadro
Resistência de Terra (ohm)
explica-se devido às diferenças de proximidades destes
Trafo 1 Trafo 2 Trafo 3 equipamentos em relação ao local da descarga atmosférica. O
Fig. 6. Níveis máximos da tensão de surto na baixa tensão com inserção de transformador 1, sendo o mais próximo deste local (500m),
supressor de surto no secundário de cada transformador. recebe a descarga com toda sua intensidade de corrente.
A seguir será apresentada uma análise mais detalhada,
Verifica-se que esta proposta (inserção do supressor considerando uma descarga atmosférica com forma de onda
junto ao secundário dos transformadores) mostrou-se bastante de 1,2 x 50µs – 2,5kA, incidindo na linha de distribuição de
eficaz, pois, assim, consegue-se atenuar consideravelmente o 13,8kV a 500m da saída da SE.
nível de tensão de surto que atinge a baixa tensão: os níveis Através da figura 8, observa-se que, para o transformador
máximos de tensão de surto agora obtidos variam entre 270V 1, com o aumento do valor da resistência de aterramento, o
e 280V (ao contrário dos valores observados na figura 5, nível de tensão de surto diminui. Tal fenômeno pode ocorrer
sempre entre 16kV e 22kV). devido às reflexões do sinal de tensão. Muitas vezes o sinal
Pode-se considerar que os resultados obtidos para todas que chega ao transformador é positivo e o que retorna é
as resistências de terra foram bastante aproximados. Sendo negativo (ou possui uma parcela negativa). Assim, os dois
assim, vê-se que, com a inserção do supressor, o valor da sinais se subtraem, resultando em um nível de tensão de surto
resistência de aterramento não influenciou de forma menor no transformador.
considerável no nível da tensão de surto na baixa tensão.
Tensão Tensão
31 31 31
(kV) 1000 952 (kV)
31
900
798 30.5
800 748 760
30 29.8 29.8 29.8
700 653 645 641
601 625 610
594 572
600 29.5
500 28.8 28.8 28.8
29
400
28.5
300
200 28

100 27.5
10 30 100
0
10 30 100 1000000 Resistência de Terra (ohm)
Resistência de Terra (ohm)
Trafo 1 Trafo 2 Trafo 3
Trafo 1 Trafo 2 Trafo 3
Fig. 10. Níveis máximos da tensão de surto na AT dos transformadores de
Fig. 8. Níveis máximos da tensão de surto na AT dos transformadores de distribuição, com inserção de pára-raios nos transformadores 1, 2 e 3.
distribuição para descarga de 2,5kA.
Os efeitos dos impactos destas descargas atmosféricas
O mesmo fenômeno ocorre com o transformador 2. No também se fazem presentes no lado secundário dos
entanto, para o transformador 3 vê-se, com clareza, a transformadores (BT-220V). Os resultados estão na figura 11.
influência da resistência de aterramento. Quanto maior o Tensão
valor desta, tanto maior é a tensão de surto que atinge o (kV) 138
140
equipamento. 120
Para os três transformadores, o nível da tensão de surto
100
ultrapassa o nível básico de isolamento (NBI), que é de
80
90kV. Para tentar reduzir estes níveis para valores mais
60
razoáveis, a seguir serão testadas duas hipóteses de inserção 45,1
35
de pára-raios de proteção: 40 26,5
21 22 20 20,7 21
i)-nos transformadores 1 e 2; ii) nos transformadores 1, 2 e 3. 20

0
Para a primeira hipótese, inseriu-se pára-raios nos 10 30 100

transformadores 1 e 2. Os efeitos disso estão mostrados nos Resistência de Terra (ohm)

resultados da figura 9. Nota-se, nesta figura, que a inserção


Trafo 1 Trafo 2 Trafo 3
do pára-raios se mostrou eficaz para os transformadores 1 e 2,
cortando a tensão de surto por volta de 30kV para todos os Fig. 11. Níveis máximos da tensão de surto na baixa tensão, com a inserção
de pára-raios nos transformadores 1, 2 e 3.
valores de resistência de aterramento. Para o transformador 3,
o nível da tensão de surto alcançado para a resistência de Pela figura 11, pode-se verificar que, mesmo com a
10 Ω se manteve dentro da suportabilidade do equipamento. inserção de pára-raios nos primários dos três
Entretanto, para as resistências de 30 Ω e 100 Ω , o nível transformadores, a proteção não foi garantida: os níveis da
básico de impulso foi ultrapassado. tensão de surto que atingem o secundário dos
Tensão
(kV) 93.3 95.3
transformadores de distribuição são bastante elevados,
100
90 82 principalmente para a resistência de terra de 100 Ω .
80 Finalizando este estudo de caso, em seguida serão
70
60
apresentados os resultados obtidos quando da inserção de
50 supressores de surto no secundário dos transformadores de
40 31 31 29.7 31 29.8
30
29 distribuição. Tais resultados estão na figura 12.
20 Tensão
10 (V) 1150
1200 1100
0 1050
10 30 100
1000
Resistência de Terra (ohm) 800 799 793
766 775
800
Trafo 1 Trafo 2 Trafo 3
600
470
Fig. 9. Níveis máximos da tensão de surto na AT dos transformadores de
400
distribuição, com inserção de pára-raios nos transformadores 1 e 2.
200
Para a segunda hipótese, inseriu-se pára-raios nos
0
transformadores 1, 2 e 3. Verifica-se, através da figura 10, 10 30 100

que a inserção do pára-raios se mostrou eficaz, cortando a Resistência de Terra (ohm)

tensão de surto dos transformadores 1, 2 e 3 respectivamente


Trafo 1 Trafo 2 Trafo 3
em 31kV, 29,8kV e 28,8kV para todos os valores de
Fig. 12. Níveis máximos da tensão de surto na baixa tensão com inserção de
resistência de aterramento. supressor de surto no secundário de cada transformador.
Observa-se que a inserção do supressor junto ao bastante eficaz, reduzindo a sobretensão de surto na baixa
secundário dos transformadores mostrou-se bastante eficaz, para valores em torno de 300V.
pois, assim, consegue-se atenuar consideravelmente o nível Em relação à descarga atmosférica incidente na linha de
de tensão de surto que atinge a baixa tensão: os níveis distribuição (13,8kV), nesta região (lado primário dos
máximos de tensão de surto agora obtidos variam entre transformadores de distribuição), todos os níveis de tensão de
1150V e 470V (ao contrário dos valores observados na surto ultrapassaram o nível básico de isolamento (NBI) destes
figura 11, sempre entre 20 kV e 138 kV!). equipamentos, sendo necessária a inserção de pára-raios de
Os resultados obtidos para cada resistência de terra foram proteção nos três transformadores.
bastante similares (apesar de haver uma tendência de Para o lado da baixa tensão (220V), verificou-se que,
crescimento da tensão de surto com o aumento da resistência sem a adição de supressor de surto, os níveis de tensão de
de aterramento). surto são demasiadamente elevados, apresentando piora para
a resistência de 100 Ω . Contudo, a adição do supressor de
III.3) Descarga atmosférica incidente no cabo guarda (pára- surto mostrou-se bastante eficaz, pois o nível de tensão de
raios) da linha de transmissão (88kV) surto sofreu uma redução drástica, além de apresentar
Devido à escassez de espaço neste artigo, as conclusões também uma tendência de crescimento conforme se aumenta
relativas a este caso não serão apresentadas em forma de o valor da resistência de terra.
figuras, mas sim, através apenas de comentários. Para os casos apresentados, pode-se ressaltar que o valor
Os resultados obtidos nesta hipótese indicaram que as da resistência de aterramento dos transformadores de
descargas atmosféricas aplicadas diretamente no cabo pára- distribuição possui influência direta no nível da tensão de
raios de linha de transmissão (88 kV) são bastante atenuadas surto que atinge a baixa tensão. Quanto maior o valor desta
pela própria linha e sustentações. Por isso, o nível máximo da resistência tanto maior será o nível da tensão de surto que
tensão de surto se apresentou bem abaixo do nível de reflete na baixa tensão devido à incidência de descargas
suportabilidade dos equipamentos da subestação. atmosféricas.
Os impactos desta descarga atmosférica no lado primário
dos transformadores de distribuição (em 13,8 kV) mostraram V -REFERÊNCIAS
que os níveis de tensão de surto nesta região não superam os
limites dos transformadores. Além disso, observou-se que os [1] Saraiva, E., de Paula, H., Resende, J. W., Chaves, M. L. R., Samesima,
níveis de surto permaneceram aproximadamente constantes, M. I., Camargo, J. M., Onuki, A. S., Rocco, “Relatório Parcial 2.1,
Levantamento de Dados da ETD Barueri: Características Gerais dos
mesmo quando se variou os valores das resistências do Equipamentos Empregados na ETD Barueri”, 2005.
aterramento. [2] Saraiva, E., de Paula, H., Resende, J. W., Chaves, M. L. R., Samesima,
Finalmente, no lado da baixa tensão (220V), sem a M. I., Camargo, J. M., Onuki, A. S., Rocco, “Relatório Parcial 3.1,
adição de supressor de surto, verificou-se que, para baixos Levantamento de Dados da RAE Barueri”, 2005.
[3] Saraiva, E., de Paula, H., Resende, J. W., Chaves, M. L. R., Samesima,
valores da resistência de aterramento (10 Ω e 30 Ω ), o nível M. I., Camargo, J. M., Onuki, A. S., Rocco, “Relatório Parcial 2.4,
da tensão de surto variou entre 339V e 569V. Para os valores Modelagem dos Equipamentos e Demais Componentes da ETD
da resistência de aterramento de 100 Ω e 1000000 Ω , o Barueri”, 2005.
[4] Saraiva, E., de Paula, H., Resende, J. W., Chaves, M. L. R., Samesima,
nível da tensão de surto variou entre 584V e 1336V. Os M. I., Camargo, J. M., Onuki, A. S., Rocco, “Relatório Parcial 3.4,
valores mais elevados de nível de tensão de surto ocorreram Modelagem da RAE Barueri”, 2005.
no transformador de distribuição mais próximo a saída da SE. [5] Rabde, V.P., “Metal Oxide Varistors as Surge Suppressors”,
Procedimentos da Conferência Internacional de Interferência
Com a adição do supressor de surto, para todos os valores da Eletromagnética e Compatibilidade, 3-5 Dezembro de 1997, Pag(s): 315
resistência de terra, o nível da tensão de surto nos três – 319.
transformadores de distribuição apresentou-se similar, [6] Saraiva, E., de Paula, H., Resende, J. W., Chaves, M. L. R., Samesima,
variando de 188V a 199V. M. I., Camargo, J. M., Onuki, A. S., Rocco, A., “Considerações Sobre
Modelagens e Resultados de Estudos dos Impactos de Descargas
Atmosféricas em ETD´s”, Conferência Brasileira sobre Qualidade da
IV. CONCLUSÕES FINAIS Energia Elétrica, 2005.
[7] Neto, A. S., Piantini, A., Sobretensões Induzidas por Descargas
De acordo com os resultados analisados, pode-se destacar Atmosféricas em Redes Secundárias, VII Conferência Brasileira sobre
que, em relação à descarga atmosférica incidente no cabo Qualidade da Energia Elétrica, 2007.
fase (88kV), os níveis de tensão de surto observados no lado [8] JORNAL CORREIO, página B1, Uberlândia/MG, 16 de Novembro de
2008.
primário dos transformadores 1 e 2 (13,8kV) não [9] Norma ABNT NBR 8186 - Guia de Aplicação de Coordenação de
ultrapassaram a suportabilidade destes equipamentos. Isolamento, Setembro de 1983.
Entretanto, para o transformador 3 fez-se necessária a [10] Norma ABNT NBR 5440 - Transformadores para Redes Aéreas de
inserção de pára-raios. Dado ao fenômeno de reflexão de Distribuição, Setembro de 1987.
onda, tal transformador, por estar alocado no final da linha de
distribuição, teve seu nível básico de isolamento (NBI)
ultrapassado. Sendo assim, ressalta-se a necessidade de
atenção especial com equipamentos alocados nesta situação.
Para o lado de baixa tensão (220V), as sobretensões
induzidas apresentaram-se bastante elevadas, ficando em
torno de 20kV. A inserção do supressor de surto se mostrou

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