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A primeira parte desta obra objetiva situar o Ce ene Ee Cn ior cern eer eencn ta SO CeCe heer er PC eee orn eae eeerenntt CO Caer cont ne ret reres DS oe eer eae eee de, em assisténcia, na previdéncia social etc.) e de ero Oe eon tom eae tre stce Cert try Pont One Coote aCe ste Sees CU accent mere erty Sot eet Ce OBC eCe tet ecnnrts Cutter tr eee arch eet ar watsat rates CeCe op erect e nee tens PCC ee ore EOC Ree orien tens © as politicas sociais ¢ discute as questées da cidada- nia social na contemporaneidade. ee ee LO Cntr ut} Coe Cen ore ee eee a Or ere Lessee errr aa eon t ee torut tines er eet eerste ori tty Ce eee Ce aera Se ee ec rers Becca estetrys ISBN - 85:249.0237% Bs24lsozs76l } A politica social do Estado Capt- talista 6 um Livro pioneiro, que j& no inicio da abertura politica (1980) colocou a questao da rela- go entre Estado, sociedade ¢ mer cado na formulagéo das politicas sociais. A preeminéncia do merca- do passou a ser a ténica do neoliberalismo, que vem sendo implementado polos governos su- bordinados ao Fundo Monetério Internacional. O primeiro capitulo ao livro discorre sobre esse fundamentatliamo do mercado @ 0 terceiro capitulo aborda o discurso liberal. No quarto capitulo, modificado para esta, edig4o, a relagio Tstadof sociedade/morcado 6 vista sob 0 Angulo eritico do processo de acu- mulagao de capital/reprodugéo da forga de trabalho e construcéo da cidadania, As politicas sociais estao inseridas nas lutas e na estrutura social. As lutas sociais ¢ a estrutura sao historleamente abordadas no con- texto europeu @ no contexte latino- americano, de indispensavel com- preensdo para se entender 0 pro- cessa de solapamento dos direitos socials na eva de globalizagao com. hhegemonia neoliberal, ‘A artioulagao entre teoria criti: cae histéria mantém a atualdade do texto, com um capitulo final so- bre neoliberalismo e previdéncia so- clal cuja reforma, busca reduzir di- velttos @ favorecer o mercado de se- guros, numa sociedade de grande ingeguranga, social para os trabalha- dores. A politica social do Estado Capitalista ‘ANAC Registro: 003611 f 4 @ Dados Intornacionais de Catalogagio na Publicagéo (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Faleisos. Vicente de Paula, 1941 — ‘A polttica social do estado capitalista/ Vicente de Paula Faleiros, ~8. ed. tev. ~ Sdo Paulo, Cortez, 2000, Bibliogeafia ISBN’ 85-249-0237-X 1, Brasil—Polltiea social 2. Politica Social 3. Prey 4, Previdéncia social Brasil 5. Seguro Social 6,8 Brasil 1. Titulo, CD 361.61 361.610981 +3684 90.0133 368,400981 indices para catdlogo sistematico: Brasil: Politica social 361.610981 Brasil: Providéncia social 368.400981 Brasil: Seguro social 368.40008 Politica social 361,61 Previdéncia social 368.4 Seguro social 368.4 Vicente de Paula Faleiros A politica social do Estado Capitalista 8 Edigio Revista A POLITICA SOCIAL DO ESTADO CAPITALISTA, Vicente de Paula Fa Cape: DAC Revisdas Miva do Lourdes de: Atieil, Canparigaa: Dany Raitora Ud Coordenacdls eduorials Danilo A. Q. Mores. NNentuma parte dest obvi pole ser msproduzida ow duplica sem amivizagso. express 4 autor e do edior. © by Auor Diretos para esta edigso CORTEZ, EDITORA ua Barta, 317 — Perdizes 95009-0009 — S80 Pavlos? Tels (11) S64OLIT Fax: (11) 864-4290 ail: eonter@eantezeior 1 Empresso no Brasil — avi de 208 4 SUMARIO Introdugio PRIMEIRA PARTE: PERSPECTIVAS TEORICAS CapiruLo 1: A Eeonomia Liberal do Bem-Estar Social 1.1 © Capitalismo concorrencial, as priticas de classe fe as teorias do bem-estar social 1.2 0 sistema monopélico € as teorlas do bem-estar social 1.3 A andlise do custo-beneficio aplicado aos projetos sociais 14 A economia do bem-estar e 6 Estado de bem-estar CAPMULO 2: As Necessidades Sociais: Perspectivas de Andlise 2.1 O naturalismo do sujeito e 0 culturalismo 2.2 As exigéncias do sistema ¢ a negagio do sujeito . 2.3 Luta de classes © necessidades CavirULo 3: [deologia Liberal ¢ Politieas Sociais no Capitalismo Avangado 3.1 Elementas constitutivos da politica social liberal ... 3.2. A politica social liberal no contexto politico e econdmico ceapitalista CaviruLo 4: As Fungdes da Politiea Social no Capitalismo 4.1 A. classificagio empitica das politicas sociais 42 As tung6es ideolégies bien Gas Sen 4.3 Contratendéncia & baixa tendencial da taxa de Incr 44 Valorizagtio © validagio da forga de tcabalho ... 4.5 Reprodugiio dinimica das desigualdades 4,6 Manutengio da ordem social SEGUNDA PARTE: ANALISES CONCRETAS ....... 85 CarituLo $: O Seguro Social nas Sociedades de Capitalismo Avangado: Iutas © resultados . 87 5.1 Colocagées tedricas Bia 88 5.2 As sociedndes de ajuda miitua 6 os seguros privades ... 93 5.3 © seguro contra os acidentes de trabalho... 2 95 3.4 A aposentadoria TN aortas 96 5.5 O seguro-sadde ata 2 101 5.6 O seguro-desemprezo ...esevveceeee 102 5.7 Expansio e testtigdo das politicas sociais 104 PETULO 6: Seguros Sociais no Capitalism Dependent corporativismo, populismo © preyidéneia social no Brasil no México ..... 110 6.1 Os conceitos de populismo © de corporativisme Mn 6.2 Da exclustio das classes subalternas a sua integragio controlada aa taie 113 6.3 Os aparethos da integragio seve 120 64 A previdéncia social como canal de reprodugdo das elagbes sociais 124 6.5 A prevideneia social como instiuigdo liberal © como estimulo A produtividade ¢ a demanda ....... ag, 82 CapirULo 7: Previdéncia Social no Brasil e México: Iutas resultados ......., ceeees 133 FA Perspectiva de anilise: as forgas sociais no campo da previdéncia sai . 133, 42. A providinoia social no Brasil fl 10 7.3 Os seguros socia no MBxieo... ceeee 158 CavirULo 8: Contradiedes du Previdencia Sovial Brasileira no contexto dos anos 70 bene bled 8.1 Aspectos estruturais sawvanes esate cutie AI 8.2 As conjunturas sociais . aaeramanats 17s 8.3 Buroeratizagato, privatizagio € medicaliz 179 8.4 A integragao dos eamponeses . 181 8.5 Compartimentalizagiio .. 182 8.6 Fundos privados -. 183 8.7 Empobrecimento dos apasentados ops co 183 CaPireLo 9: A Pol ‘a Social, Previdéncia © Neoliberalismo 187 6 INTRODUCAO A Politica Social do Estado Capitalista esté reeditado com algumas modificagSes, principalmente no capitulo 4, contemplando ainda a subs- ituigio do capitulo 9, que se referia X Junta Militar Chilena, por um capitulo sobre neoliberalismo, A sua republicagao tem o sentido de manter 0 debate em torno das relagdes Estado, sociedade © mercado na formulagao das politicas sociais. Depois da primeira edigho, em 1980, a discussio sobre politicas soeisis muito se ampliou, considerando as questdes politicas propriamente ditas © as questées tedrieas. As questies politicas vieram no bojo das reformas do Estado, que colocaram em xeque a estruturagio da Estado) de Bem-Estar Social, feita no pés-guerta e asticulada em toro dos fundos piblicos para proteg os de perda de renda ou de dade avangada, doonga, invalidez, morte ¢ acidente. Essa estruturagiio se baseou numa economia de pleno emprego e de forte industrializagio, fem que o sakitio estavel era a garantia de conbibuigdes tumbém estiveis para os fundos piblicos. A crise capitalista dos anos 70, a revolucio cenologica, o fim da guerm fria, ae aovas formas cle globalizagio com @ concentragho de capitais € de rendas em paises dominantes centrai mudaram profundamente as formas de reprodugia da forga de trabalho © das organizagées de trabalhadores. O desemprego se tornou ¢ principal problema social e a gesttio do trabalho esta confrontada com a gestio do. nfig-trabalho, ‘As chamadas reformas do Estado capitalista, seguindo uma pers peetiva neoliberal encampada pelo Funda Monetério Internacional, estio, por sua vez, desmontando os fundos piiblicos ¢ tansferindo respons: bilidades para o mercado e pars 6 proprio individuo. A andlise detalhada desses mecanismos vem sendo feita por meio de perspectivas diversas © complexas. Neste livzo confrontamos & apresentamos a perspectiva liberal (hoje neoliberal) nos seus fundamentos (capitulo 1) € seus discursos 7 (capitulo 3), vetomamos a discussiio das necessidades sociais (capitulo 2) © analisamos a questio da politica social na perspectiva marxista € da cidadania (capitulo 4). No capitulo § trabalhamos a relagio da politica social com a sociedade, mostrando que as crises & a correlagao de forgascondicionam profundas mudangas. O interesse pela histéria (capftulos 6, 7.e 8) mostra que as politicas sociais. so um proceso complexo que no pode ser reduzide a um tinico determinismo econdmice do capital nem a iniciativa da burocracia estatal. Substituimos © capftulo 9, sobre a Junta Militar Chilena, que foi a primeira a favorecer o mereado da previdéncia social com 9 modelo da capitalizagao, por um capitulo sobre Neoliberalisma e Previdéncia Social. Os demais capitulos, como explicitamos na primeira edigan, foram resultado de conferéneias © cursos, ¢ © capitulo 3 foi otiginalmente Publitado na Reyne Canadienne d'Edueation en Service Social. Cremos que © livro poder continuar com o propésito definido na primeiza edigiio: “contribuigto ao debate”, Principalmente num momento em que se destaca o contronto entre “politicistas” ¢ “economicistas" na anilise das politicas sociais. O.liveo se situa na articulagio do econdmico © do politico, na visio histérico- estrutural, evitando os reducionismos e privileginndo as andlises coneretas, das situagées concretas, sem a pretensio de estabelecer uma tinica explicagdo para todas as situagdes. Ao contdrie, pensar a realidade implica abrir © pensamento. Reitero os agradecimentos & Cortez Editora, prineipalmente a Joss. Xavier Cortez pelo estimulo a primeira edigéo, © a Margarida Luzzi Pizante F. pela traducgio dos capitulos 1, 2, 5, € 6 do espanhol e 3 ¢ 7 (exceto a item 7.1) do francés. Brasilia, 20/1/2000 PRIMEIRA PARTE Perspectivas Tedricas Capitulo 1 A ECONOMIA LIBERAL DO BEM-ESTAR SOCIAL A problemética da politica social ocupow uma importincia estra- ca fundamental na etapa do capitalisma monopolista do Estado. hustamente esse Iugar estratégico vem do papel que o Estado exerce para proteger, financiar © suportar 0 capitalismo monopolista, tanto 0s pafses hegemdnicos como nos pafses dependentes, ‘Se og monopélios se instalam em paises dependentes, isto no signifiea que © Estado seja um fantoche, mas conserva sun relativa uutonomia e, 0 que é também importante, sua identidade nacional, apresentanda-se como 0 Estado Chileno, Peruano, Uruguaio ete. Do ponto de vista operacional, a polftica social vem interessando varios tipos de profissionais como ‘og econornistas, 0s sacidlogns. os assistentes sociais, os médicos, tendo em vista que com a intervengiic lo Estado encontram-se na perspectiva ou na realidade do trabalho assalariado dependente da fungae piblica. Do ponto de vista tedrico essas politicas sio debatidas dentro dos esquemas mais. variados © contraditérios, Neste capitulo aborda-se o ponto de vista do welfare economics. ‘Trata-se de uma apresentagao erflica de algumas teorias econdmicas, & luz das quais diferentes le6ricos ¢ diferentes governos tém se referido € justificado as politicas coneretas. ‘Na primeira parte colocamos o problema na “etapa!” do capitalismo eoncorrencial, para em seguida colocd-lo. na “etapa” do capitalismo monopolista, Nao se adota uma visio ctapista do capitalismo, mas uma divistio esquemética para fins de anilise a 1.1, © CAPITALISMO CONCORRENCIAL, AS PRATICAS DE CLASSE E AS TEORIAS DO BEM-ESTAR Do ponto de vista das teorias econdmicas liberais € no mercado que 0 inthividuo satisfaz suas exigéncias de bens © servigas, portanto adquire seu bem-estar No modo de produgio feudal’ serve era vinculado 20 senhor Por relages de submissio ¢ protegio (sobretudo militar), enconteando satisfagiio de certas “necessidades' dentro das associngdes comunais ¢ principalmente religiosas. A religiio servia para legitimar a esmola, o asilo ¢ certos culdaddos de satide (cougiio extra econdmica). Nesse modo de produgfe © servo era proprietitio dos meios de produgio. No modo de producto capitalista produz-se uma ruptura entre a posse dos meioe de produgio © 0 trabalhador, Os meios de produgao passam a ser de Propriedade do eapitalista, pela expropriagio, pela reprodugto simples © ampliada, pela acumulagiio, © homem, como disse Marx, se ve livre, sem estar ligado ao senhar, pronto a oferecer sua forga de trabalho como individuo, em troca de saléio. A ordem medieval se desmoronou em sua estrutura social © polities, em conseqtiéneia das modificagdes nas relagées de produgio, iante das novas exigéncias de produgio dos valores e de intercmbio de mercadorias. 0 salério € 0 meio de prover a sun subsisténeia, Mas esse saldrio € oblido na produgio da mais-valia e sob uma submissio total as novas Telagies sociais que as fabricas suscitam. Disto resulta a disciplina coletiva, © “despotismo da fibriea", como diz Marx. Encurralados no campo, com as terras eamunais usurpadas, foram Os camponeses obrigados a vender sua forga de trabatho para subsistir em penosas condigdes de trabalho (longas jornadas, baixos salirios, trabalho de menores © de mulheres). 4Aos que no foram incorporades an mereada de trabalho, temporitia ou permanentemente, se fez toda uma legislagio repressiva, Assim, os considerados vagubundos © mendigos eam agoitades reincidéneia, se Ihes mareava com ferro e os condenava & morte (coagio direta ¢ indireta ao trabalho). Foram proibidas as esmolas aos meniligos no identificados como tis. Por outro lado, os que niio podiam se incorporar a0. trabalho, eram socorridos pelas paréquias, por intermédio das caixas de socorro, ‘mas de acordo com os interesses das classes dominanies, apresentando-se estas caixas como remédios contra o vicio, a vagabundagem © a 12 classe!. E essa a esséncia da lei dos pobres na Inglaterra. E com a eriagdo dos workhouses, na Inglaterra, por volta de 1730, a tec tegibiin’ te “& 4 piosaglo™ Ene Wabalhar 6 Wwabalhar, era preferida a primeira situagio, seins esl desta sr juan 20m po ira um regime de suplemento de saldrio, para compensar a alta 1B | a Para ele, o bem-estar se identificava com a riqueza, num ponto de vista objetivo”. Esta nogao supunha que a riqueza dependia do esforgo individual num sistema de coneoréneia perfeita. Assim, 6 no mercado que se produz o equilibrio entre 0 consumo © a produgio, Como Malthus assinala, a pobreza é um desequilibrio entre a produgio © @ populagao.”O auxilio para a distribuigdo do excesso de. alimentos entre a populagio faria aumentar o. nimero. de pobres, como. faria aumentar 0 custo dos alimentos, algm de reduzir 0 rendimento dos trabathadores independentes. Além disso, a distribuigio 56. favoreceria © preguiga € © vicio. © individuo era julgado culpado de sua situagio, legitimando-se essa ideologia por critérios morais, de uma menal natural. Como se 0 fato.de existir pobres © ricos fosse um fendmeno natural © no o resultado do tipo de produgiio existent Do ponto de vista da produgio supie-se que as unidades de produgio possam otimizar algumas independentes das outras © que no mereado existe uma concorréneia pura e perfeita entre tacos os precos © todas as quantidades’ Assim o individuo deve ser liberiado das amarras da ajuda paca procurar 0 miximo de “beneficio” no mercado (como assalariado © como consumnider). ‘Segundo essa teoria, o fundamental seré que 0 consumidor otimize a sua satisfagfio © a sua utilidade, Teoricamente cada individu deve procurar otimizar sua satisfago e sua uilidade pata retirar 0 valor de uso mais conveniente ao mercado, © importante ¢ considerar que, de acordo com a oferta © a procura, € no mereado que os individuos poderio aleangar @ méximo de satistagin com as mereadorias produsidas, © welfare economics, como assiniln Ross, considera 0 bem-estar como nao definivel, porque leva em conta critérios subjetivos, pois a economia seria uma cigncia positiva. Mas isto nao impede que se considere 9 individuo como o melhor juiz (the best judge) de seu bem-estar’, No fundo, © bem-estar ¢ identifieada com o consumo, que traria para 0 individuo a “felicidade, com a satisfagtio de seus desejos ¢ proferéncins individuais. E pela “livre escolha", num sistema de mercado, que 0 individuo satisfaz suas preferéncias, levando-se em eonsideragio que se esté num sistema de concorréncin, em igualdade de condigées. A iderar também a renda, nao em sua distribuigzo, porém em sua globalidade, Conforme Pigou, um aumento no rendimento nacional aumenta o bem-estar se a participagao 14 teoria do bem-estar” deve car los pobies nto for diminuida: e se a participagio dos pobres_no ee Tee una na0 0 ini, o bemvestor econo, de algume forma é aumentado’, E de acordo com essa teoria mistifieadora que certos economists mnedem a siqdeza de um pals © nfo a de seus habitantes, © eantinuam tlilizando as estaiticas de crescinento do produto (PIB) € dos rendi- mentos, como indices do aumento co bem-esta sinda eegutde Salo welfre economies, tem suns ratzes om Witedo ara ener € ocssiocomprendee aus prespsts, Se Buwideos que a’compdem, © eada individuo € 0 melhor juiz de seu sae et ter uD beressar viper fon demas oe ae a iviut 0 bemventar da coveda crsee, ashe @ presiss Nes Ma economia e sua SE ee igus power enon Tninngo a eae can Ki bap ai a ideclgi edfensn pte Durga hrgsa reform ds qua comico qe se poe aumenar ons de vida des Spetitis som nenhurna dimiouigao de seu Prsprio nivel " Pareto” divide a sociedade em duas classes: uma classe superior, a dos, gvemares ema eae Ini do genera. TEE une Senn eiuTagto env cts diss cases que depede ds uaides eee arcade Gas opostones Diz le, "agueles ene 3 uals cr auindoy corer tem mats imporicin ahs so guides de Stutdndos Ge engenhondate, sort frosts” (@ L215) ee homens siio movidos por suas preferéncias. Os individuos sao: 15 intrinseeos, como a raga, os sentimentos sineeros, as tendéne interesses, a aptidia para o raciocinio e a observagto (§ 1,306). Pareto procura encontrar um equilforio enite’ estes diferentes ele Imentos, seja no espago como no tempo. Para ele a ssociedade, como 68 individuos, se deslocam num campo de forgas, como as forgas de agtio € de reagho, de forma tal que a modifieagio de um elemento quebra 0 equillbrio, que ocasionard uma reagto eontrdria de outros elementos para restabelecer o equilibrio inicial Este equilfbrio definido como win estado, de tal forma que se houver uma modificagio anificial diferente da que existe em realidade, Jogo se produziré uma reagio para yoltar ao estado real, Por isto € neeessirio ver o° estadas succssivos de un inwlivéduy © de uma sociedade (§ 1311). Sao estados-limites, dos quais a sociedade ou o individuc ndo pode se afastar A nogio de urilidade para Pareto esti vineulada a esta concepgio de soviedade. A utilidade € a vantage que se pode obter de uma ago, podendo ser direta ou indireta (como parte da coletividade), como fem ‘relagio a outeos individuos. Esta mesma classilicagio tripartida aplica-se A coletividade. Assim esta utilidade possui um’ indice © hi estados em que esta utilidade € maior © pode aleangar seu grau maximo, Ha momentos em que o individuo pode aleangar o miximo de utilidade Esta utilidade, em economia, eompreende o grau de satisfaeio de um individuo em relagio a uma determinada mercadoria. Se uma coletividade puder modifiear um estado, com vantagem para todos os seus membros, € de utilidade maxima atuar nesta divegio, Mas se niio for possivel agir assim, & necessirio procurar outros critérios de ordem social ou ética para se decidir, de modo que os individuos ‘optenn por wna determinadla decisiia Otimizar, para os economistas, segundo Pareto, consiste na produce de um bem que satisfaga uo mesmo tempo as preferéacias do consumidor ja © criléria de eficiéneia, isto 6, 0 miximo de lucro para 0 empresirio, no sentida em que nto haja outro programa viivel nestas mesmas condigbes. Assim as preferéuctas © 08 pregos se combinariam, © individuo obteria a quantidude que © satisfaga eo empresirio o prego que o satisfaga De acorde com Pareto, dois individuos A e B estio em relagio aos bens X ¢ Y. No ponto de origem O, o individuo A possui 100% de Y. Assim as curyas se deslocam diagonalmente, mostrando ox diferentes momentos de satisfagio de ambos os individuos em relagio 4 distribuigio dos dois bens. As duas curvas X siio tangentes. segundo ‘uma Tinha de contraro entre os dois, em gue eles concordam as suas 16 mdiuas vantagens ao mudar seus bens segundo a utilidade para cada um deles*, Dobb faz a erica desta tooria assinalande: 1) & uma distribuigao rotalmente relativa, que depende da posigiio relativa inigial de ambos os individuos, © que nao é levado em conta Qualguer owe desiocamento sobre o diagrima que implique um duplo deslocamento nfo pode ser eontestado por Pareto. 2) Quando hi um deslocamento supSese que os ontros farores permanegam constantes (N80 $e leva em conta os falores. politicos, Sociais que inlluem nos gostos do individu) 3) Hf um cireulo viciowo no sentido em que a livra consurréncia € 9 live comércio supiem que > individuos que. pesmutam entre defendem seus interesses, o que faz super que procuram suas mdtuts vantagens © procuram melhorar sua sorte, o que presume o livre comércio ©-a fivre coneorséncia. Dobo assinala também, de passagen, a separugio que Pareto. faz enire 0 sistema de produgio ¢ 0 de distribuigdo, 0 que também, ja tinhamos assinalado. [As contigées necessérias. ao timo de Pareto sito: concorrBncia perfeita, liberdade do consumidior, que os custos marginals sejam iguais 08 rendimentos maiginais em toda a economia © que two que for produzida seja consumido. O consume atual define © consume Tutu. © problema do bem-estar econdmico & assim um problema tebrico, ideal, de relago entre os pregos © os gastos ce cada individuo. im dltima instineia, o homem seria um ser que atuaia por suas referencias, por seus sentimentes, E uma redugio do bem-estar ao Erets acento dng otras sells i reat hehe Mesmo que Pareto fale dat lilidade para wna coletividade, esta uiidadle € a utilidade dos individuos (§ 1.347). E uma teoria ideal, normativa, mis que nem como ideal so hé sustentad, Sogundo Godelier, a teorin da concorréncia perfeita fie como uuma norma, um ideal. Godelier se questiona porque sendo um ideal cla desaparecev, E como se. justifica, no sistema de concorréncin, 1 desigualdade da propriedade?” Os postulados que acabamos de expor constitucm alguns dos elementos bésicos da teorin marginalista neoctdssica, Pierre Archard! assinala que os marginalisias confundiran (valor de uso e valor de troea) 0 qite Marx havin distinguido bom, Para os marginalistas 0 prego & a medida da utilidade. E como jf assinalamos, 6 no mereado que se maximizam as satisingGes. 7 © 6timo para 6 consumidor, assim, vai situar-se quando a dltina unidade do que dow, tem a mesma utilidade da dima unidade do que obienko. Para o capitalista a inversio vai se. situar num limite méximo, de tal foriina que a ultima unidade produzida deve ser igual a seu custo de produgdo. No fundo 0 beneficio deve ser maior que o custo, iste & a inversdo deve garantir uma reatabilidade constante, Igualmente, capitalista vai contratar assalarindos até que o Gitimo & ser contatado nio produza mais que o seu préprid:saléro. Esse tipo de “sneionalidade”, éompletamente abstrata, seria mantida pelo mercado de uma forma aulomitica ou quase, porque, nesse modelo A praluygv ufo € produsio de valor, poré: produgao fibica de mercadorias destiniadas a satisfazer certas “necessidades” dos consumidores. Auali ct Guillaume!’ dizem que esta teoria de equilfbrio permite ma simplificngio (extrema) de certas interdependéneias econdmicas, ficando-se em um antvel de abstracio, ante a nio existéncia real da coneorréncia pura © perfeita. Esses autores notam ainda que as preferéneias dos consumidores se referem a diferentes estados individuais possfveis, sem que se leve em conta as preferéncias de outros agentes. Além disso, as preferéncias sio independentes uma das outras, o que no corresponde i realidade. © marginalismo € um meio de justificagzo ideoligica do sistema baseado no otimismo burgués de que a livre concoréncia resolve todos os problemas econdmicos, Keynes se opie de certa forma a esta teorin quando defende cerca intervengio do Estado. Ble afirma que “exceto a necessidade de um controle central para mater em equilibria a propensito para consuanir 6 4 incitagiio pare invastir, 980 hd raz5o agora, socializar a vida econémica” excegao, hhotive antes, para 3 mas a intervengio do Estado seria uma Para Keynes, a incitagio para investir se faz por intermédio da taxa de juro € a incilagio para consumir, por intermédio da politica fiscal ou da politica social de inversoes. publi Nesse modelo ideal © individuo-consumidor € fivre, mas. desvin- culado do individuo produtor, Este € obrigada a vender sua forga de twabalho para poder consumir, nas condig6es impostas pela sua situagio no sistema produtivo, A (ora exposta se baseia nessa separagio radical entre prod consumo, pois 6 a produgio que produz © consumidor, Bla se realiza para o intercdmbio e nao para satisfazer As necessidades ow preferéncias individunis, 18 0 proprio desenvolvimento capitalista, a monopolizagio do mereado foi exiginde modificages nessa teoria do bem-estar como consumo. Com efeito, como pode 0 consumidor escolher livremente, se 0 mereada 6 monopolizado? Além do mais 0 controle da forga de trabalho no mercado nao Foi colocada como questo tedrica, nesse modelo. Essa problem: seré abordada no capitulo 4. © problema da distribuigao da renda também niio foi abordado, io foi tomado em conta como varidvel do modelo, mas considerado tum dado de fato, j4 que o simples crescimento implicaria (teoricamente) um aumento geral do bem estar de todos, esquecendo-se que 0 povo pode ir mal mesmo que a economa va bem. 1.2. © SISTEMA MONOPOLICO E AS TEORIAS DO. BEM-ESTAR SOCIAL © modo de produgio capitalista mercantil € concorrencial trans- Tormou-se para reagir 2 “lei da baixa tendencial da taxa de lucto” Foram profundas as tansformagées nas relages de produgio © nas relagées sociais de produgio. pela utilizagio da “mais-valia” selativa que o capital tenta se bopor & baixa tendeneial da taxa de luero. Com a ulilizagio da tecnalogia avangada, da aceleragiio e do parcelamento do trabalho, do aumento da produtividade, 0 capitalismo busca diminuir 2 méio-de-obra_implicads ha produgdo € ao mesmo tempo aumentar a producio ¢ a produtividade. As sociedades por ages substituem as sociedades individuais, criande se vaston complexon nacionsix ¢ internacionais. Os monopélios necessitam de uma expansio constante para manter seus ucros. Com a crise de 1930 consolida-se modo de produgio eapitalista monopolista, o qual entra em uma fase erinentemente expansionista, depois da Segunda Guerra Mundial, com a Por intermédio dos investimentos diets, do controle do comércio das finangas internacionais, os monopélios americanos controlam de maneira hegemdnica, mas nao sem contcadigSes, a economia ocidental. A teoria coondmica do bem-estar precisou se adaptar a essa siuagao de dominagiio dos monopélios, tomando-2 come um fato, como tum dado positivo, isto 6 sob © ponto de vista das cifncias positivas, do. positivism, Os economistas do welfare economics imaginaram a teosia do second best, isto 6, “da segunda alternativa melhor” hegemonia america! 19 Nesta perspectiva assinalam Lipsey © Lancaster que pelo. menos € admitida uma limitagao adicional a8 que exisiem no Gtimo de Paret da nawureza desta limitagao que ela proveja, pelo menos, a satistagio de ima das condigGes do 6timo da teoria de Pareto. Assim podem existir vas posigdes da “melhor segunda alternativa”. Por exemplo, a protegio advianeisa (considerada indescjivel em um regime de livre coneorréneia) pode ser desejdvel, segundo esses economistas, para au- mentar a eficiéneia da produgio mundial. necessirio advertir que cficiéncia significa aleangar 0 méxinio de utilidade possivel nos pregos, do panto de vista capitalists Mas esta teoria diz que em situagio de monopélio € preciso procurar uma altemnativa methor de bem-estar, por exemplo, na dist Ihuigao do estoque de bens. Se a distribuigto numencar, © bem-estar dos individuos jd € vantajosa. Os autores citados dizem que “o monopslio € assumido como um dado: por uma ou outra raz este monopélio ndo pode ser removide e a tarefa da indistria nacios 6 determinar que a politien de pregos seja, o mais possivel, “de interesse public © postulado da “segunda alternativa melhor” & qualquer poltti fazer certas coisas piores ¢ outras melhores. This is a typical “secand best situation": any policy will make some things worse and some better”. Aceita-se que no se pode melhorar a situagio de todos 0 mesmo tempo. Da mesma maneita se passa no caso das tarifis, das impostos, enfim da intervengao do Estado. Eo timo social em presenga do monopélio ¢ da taxagio da Estado. Os lucros do monopslic $20. vistos como uma transferéncia privada de pagamento e que podem sofrer um taxagtio sem altar a producio. O que se passa € que o consumider vai selecionar a quantidade de mereadorias clo mereado, para maximizar a fungio de acu orgamento, Em outros mos, isla signifies que u consumidor escolhe a qualidade ¢ a quantidade do produto de acordo com as suas possihilidades. Em realidade, nos patses capitalistas, en- a diferenga de qualidade de quantidade das mercadorias, numa escala adequada a todos os orgamentos, isto € desde a mais baixa até a mais alta qualidade. Uma vez que 0 consumidor de baixa renda escolheu a qualidade, ele comega a diminuir a quantidade do que quer comprar, segundo seu orgamento, Assim teri o refrigerador usudo, mévels, utensilios e comida de segunda categoria, ¢ na quantidade Timitada & sua vende, Toda teoria liberal do bem-estar esti baseada no mercado © no consumo, Eno mercado que os individuos, atoms sociais, devem Procurar satisfazer suas preferéncias, seus gostos, segundo uma curva de indiferenga, (Supde-se que as aperirios que produzem um automével 20 tle Iuxo no tenham interesse em possutslo.) Assim, supde-se que todos os bens que “atendam” as “necessidades bisicas” do homem estejam no mereado: alimentagiio, moradia, roupa, lazer, educagao (em parte), satide (em parte), transporte (em parte), Os subsidios do Estado. tem por objetive manter o lucro das empresas que se dedicam em produzir cettos produtos essenciais, como tem sido o caso do leite, do pao, do agiicar, Estas subvengdes tém também por objetivo manter estivel a demanda em caso da infra ou da superprodugtio. A retirada destas subvengées dos Estados capitalistas para deixar “livre” 0 prego. no mercado, depende das conjunturas econdmieas € sociais ¢, portanto, nfo € 0 mercado que conduz a produgio com sua “mio invisivel”. Uma vez que so necite © monopilio c a desigualdade de renda como dados, trata-se de adaptar-se a eles, dizem os economisias em questio, Ora, isto mostra que no siio os monopélios que se adaptam tans consumidores e as suas preferencias, mas que a produgho comanda ‘© consumo, A propria formulagio teérica do second best mostia que © com sumidor jd ndo tem a primeira escolha, Ele esta prisioneiro do monopslio © stua liberdade esté condicionada pelo critérie do interesse pablico, lambém niio escalhide por ele. ‘Mas para manter-se a satisfagdo do consumidor & necessirio que este aeredite na livre escolha. A produgiia de produtos de fungao igual (autos, por exemplo), mas inerementados (pequenas diferengas) de forma diversa manifesta alternativas aparentes de escolha, A escolha porém se torna_menos complexa se a_publicidade “escothe” pelo consumidor. Este jd nem tem o “trabalho” de eleger os meios de comunicagiio Ihe apresentam © que é bom para ele, Eo que & bom para ole seré bom para © produtor Invertem-se os termos, O que € bom para o produtor deve aparecer como bom para © consumider, senclo que o interesse do produtor produzir (mereadorias) € mio © “bem” do consumidor, Mas sem a satisfagao” do consumidor a produgio baixa, Entio se produz também a “satisfacao", pela méigquina publiciticia, © consumidor consome o produto € a alegria vendida de possut-lo. © valor de use é transformade em valor de toca. J4 se compra. por comprar em certos pafses, porque o valor de uso foi vendido como valor de woea, Nao ha second best para 0 consumidor, porque ele esti sujeito A produgao. Fle pode fazer eftculos das vantagens a retirar das alternativas possiveis. Mas “o possivel” é também produzido. Sua escolha & posterior © depende de sua insergio na estrutura. produtiva. 21 A concentragio da riqueza, das decisdes ¢ da produgio e sua centralizagio vo eliminando cada vez mais a liberdade do consumidor. J. K. Galbraith!® diz que se criam poderes compensatsties & agiio dos manopélios, restabelecendo-se © equilibyio entre produc: Para ele as grandes redes de distribuigto, os sindicalos © as organizagées dos consumidores sto “poderes compensatsrios” Esquece Galbraith que as reties de disiribui pelos monopélios, que os sindiedtas tm foreas © regras limitadas © que os consumidores nio tm uma base organizacional estivel © que seus interesses podem ser divergentes. © eguilibrio esta Longe de ser restabelecido pelos meivs propustos por Galbraith. ‘Além do mais, o modelo de sociedade de consumo é um fracasso, Os ricos se tormam mais ricos ¢ os pobres, ainda mais pobres. Onde € que esti a vantage geral? Basta analisar as estatfsticas da ‘América Latina € mesmo dos patses considerados desenvolvidos: para se dar conta disso. O rendimeato per capita, na Am meados de 1961, era de 424 ddlares © em 1970 era de 490 déla Enquanto nos pafses desenvolvidos este rendimento passou de $ 1744 para 3.000 délares. No interior da América Latina 20% da populagiio possuem 3% do rendimento e os restantes 20% possucm 63% do rendimento nacional. Mesmo nos Estados Unidos os pobres stio consi derados 20% da populagio, com uma renda famitiar anual menor que 3,000 dolares. Esta proporstio tem se conservado estes ditimos 30 ‘anos. 1.3. A ANALISE DO CUSTO-BENEFICIO APLICADO AOS PROJETOS SOCIAIS ‘A aplicagiio conereta diteoria do welfare economics no campo. social se faz por intermédio de planos e projetos, por meio dos quais se tena implantar o sistema do custo-beneficio, Segundo Peter Bohom!* “na tcoria econdmica elementar, o eritério, para uma inversio ucrativa implica que o valor descontado (valor presente) de todas os rendimenios (+) e custos (-) que uma companhia de investimentos acumpla seja maior que zero”, Em outras palavras, isto significa que as entradas de dinheiro devem ser maiores que os gastos. Quer dizer, que © valor ocasionade por um projeto em seu perfodo de exploragao deve ser superior 2 wwxa de juros. Isto se chama fie rentabilidade finaneeira de um projeto, isto & seu rendimento bruto 22 (sem contar as amortizagGes) ou seu saldo liquide (descontando as amortizagdes). Ou seja, 0 Inero possivel. Peter Bohom reconhece que esses crilérios no sto totalmente apliciiveis a um investimesto social, porque s6 consideram o lucro individual sem ter em conta os beneficios sociais, € refletem os pregos do mercado. Um investimento social, segundo esta teoria, deveria considerar também seus efeitos sobre a economia, como um todo, e no examinar somente © lucro, além de considerar outros objetivas, os objetivos da politica governamental e seus critérios de eficiéneia, Segundo esta teoria, 6 necessério identificar os efeitos secundirios. ‘Mas na realidade, os efeitos positivos so os beneficios © os efeitos negatives ele ov custos. Em segundo Tugar, oupde se que a atual distribuiggo do rendimento representa a distibuigio desejadals Em telagdo aos pregos, verifica-se que a chamada eficiéneia social também procura equiparar-se aos pregos do mercado, com a f6rmula do excedente do consumidor (consumer's surplus). O excedente do consumidor, segundo Joseph de Salvo'®, 6 “o dinbeiro adicional que Ihe teria sido outorgado para que © utilizasse tio bem (sie), fora come dentro do programa estabelecido pelo governe ponderando que ele deve Baga pregos do, mercado pelos bens que comp © pagar cluguéis pela Assim © critérie para reserva de recursos num projeto. social, omo a construgio de casas, é permitir ao consumidor as mesmas antagens” que o mercado, somente através de um subsfdio que ele deve pagar, & claro. Assim € que se processa com os projelos sociais de construgio de casas a “pregos médicos", os quais seguem as mesmas leis da mercado € que, em geral, s6 atingem uma parcela fnfima da populagio, geralmente a que possui recursos para adquirir o produto no mercado. Criou-se uma espécie de mercado paralelo, seja pela subvengio direta aos vendedores, seja pela subvengio direta aos compradores. 1m relagio ao seguro social 0 mesmo fendmeno se processa, Nos patses desenvalvides © governo quer instaurar uma renda mini garantida, em dinheiro, para permitir a “Livre escolha” no mercado. Essa estratégia vem mistificada pela ideologia da igualdade de oportu- nidades, que encobre, justamente, a desigualdade de condigdes!”, Precisamente o critério do “excedente do consumidor” faz supor gue © consumidor tenha excedente em seu orcamenta e que, se teeita a atual distribuigio do rendimento, supde-se que a satisfagio obtida pela compra feita, exeeda © prego pago, Conelui-se entdo que cle estava disposto & pagar o precn estabelecide. Quer dizer, quando s% disposto a gastar & porque existe o excedente, O que importa “eorrigir as imperfeigdes do mercado”, como se existisse um mercado ideal, Na realidade, wata-se de fazer os ajustes necessirios desde que haja ms- nifestagio do descontentamento dos consumidores 1.4, A ECONOMIA DO BEM-ESTAR E O ESTADO DE BEM-ESTAR ‘Uma das teorias nfo econdmiicas, vinculadas & teoria do welfere economies, & desenvelvida por John Rawls! (em sua idéia “democritiea” de justiga) © resume-se em dois principios basicos 1) Cada pessoa tem igual direito ao mais extensive esquema de liberdades bisicas, compattvel com um esquema similar para todos: 2) Frente &s desigualdades sociais e econdmicas deve-se atender 4 duas condigoes: 4) a0 maior beneficio esperado para os menos favorecid miiximnoy; € b) 08 oficios. prot sob condligies de uma justa igualdade de oportunidades. Assinala Rawls que o primeivo prinefpio tem prioridade sobre 0 segundo © que a medida do beneficia para os menos favorecidos se faz em termos dle um indice dos bens sociais primordiais. A prioridade do primeiro principio sobre o segundo significa que nenhuma melhora ha igualdade podera afetar 0 estatuto de. tiberdade. s (eritério jonais e posigdes devem ser abertos a todos, sles prinefpios supfem uma sociecade “bem organizada”, na qual cada um sabe que as demais pessoas accilam ox masmos prinefpios de Justiga, que acredita na realizagio desses principios pelas instituiges e ‘que todas as pessoas dessn sociedade so e se véem a si mesmas como lives, iguais © morais © este sentido ce justign deve ser inalterdvel. Supée-se também, que existem poucos recursos ¢ diverséncia de inte- esses, mas hii um consenso para a produgio de bens © & necessério concordincia undnime para a distibuigio dos bens (atribuida & fungiio piiblica). sta mesma teoria de justign fot assimilada a teoria do equiltbrio dios pregos no mereado, ao que Rawls eontesta dizendo que esta analogia deve ser usada com discrigio, Mas nfo a repele. Isto demonstra que 4 teorin do welfare state corresponde & teoria do welfare economics, isto 6, 6 uma forma mais rebuscada para apresentar 0 capitalismo ‘monopslice. 24 Que € uma sociedade “bem ordenada” (well ordered society) seniio a sociedade de individuos em equilibrio por um miituo contrato? Para Rawls cada parte da sociedade sabe o que quer (esté totalmente informada), Os bens primérios sto aqueles que as partes da sociedade acham razodvel assumir como necessirios, quaisquer que sejam os objetivos finais. “Assim © objetivo da sociedade € assumir a responsabilidade de manter certas liberdades bisicas € oportunidades basieas @ prover uma igual participagio nos bens prindrios, deixando aos individuos & grupos 4 responsabilidade de formarem e reverem seus objetivas e preferéncias de comum acorde. Supde-se um entendimento entre os membros de tints tal sociedade, da qual como cidadacs eles pressionario, reclamando, somente, por certos tipos de coisas ¢ de acordo com © que for permitido pelos prinefpios de justiga”. Esta concepgao do welfare se baseia nos seguintes postulados fandamentais: 1) De que © Estado & neutro, 2) De que a sociedade representa um consenso entre os homens (consensual) e que o Estado visa objetivos de justiga (isto 6, humanitirios), 3) A igualdade se faz para alguns bens primdrios (excludente). © principio do consenso significa que todos os membros da sociedade querem adotar os mesmos postulados, Este modelo € parcialmente aplicado em alguns paises (por exemplo, nna Pranga) nos quais, num mesmo quadro de negociagbes, se procura um entendimento entre patres, operditios e funcionfrios. O Estado aparece como a terceira parte, Eo modelo consensual que est por detras da politica do welfare state © Estado aplica os mesmos eritérios do mereado, atenvando temporariamente alguns pregos. No caso da. alimentagio hi alguns subsidios para certos produtos (mas outros ficam livres). Em outros setores hd tanbém subsidios, subvengées, eréditos, com © que se pretende harmonizar, conciliar interesses opastos em relagdo a certos dominios bem especilicos. Esses dominios so escolhidos, no porque significam a promogie dda justiga, mas porque ha uma crise no mercado (oferta-procura) e para que este seja mantido no seu eonjunto, No setor do lazer @ intervengiio da Estado abre um nove mereado & empresa privada na construgio de equipamentos © na venda de produtes, aparecendo como promotora da distensio. do. bem-estar 25 A harmonia social puscada nos conselhos téenicos, coloca em posi¢io de minoria os (rabalhadores que possuem também qualificagzo técnica inferior para abordar certas asstintos..em que sio “enrolados” pelos tecnacratas. 0 caso da co-gestio alemi, em que 0s operérios stio obrigatlos a contratar profissionais para defender seus pontos de vista, sendo por isso mesmo afastados da co-gestfo, A harmonizagio pretendida é:vista como neutralidade, ¢ a neu tralidade apresentada como harmonizagiio, mas numa relagio de forgas em que predominam os interessés do capital, a longo € no raro a curto prazo. © prinefpio do consenso oculta e maseara a divergéncia de interesses, a "monopolizagao do bem-estar”, confundido pela publicidade com © consumismo de bens de consumo imediato ou durdveis. A “felicidade” seria comprada com uma TV em cores, um carro, uma casa na praia, ou mesmo slugada como diz uma publicidade canadense da TV Granada: loxez a pew de bonheur (alugue um pouco de felicidad), © consenso € assim fimposto, devendo ser visto como consenso, © que retira pois, seu cariter consensual, servindo como. instrumento de manipulagio para a venda © a reproducao da exploracdo capitalista A suposta neutralidade do Estado € relativizada pelo proprio Rawls, que admite um certo controle por parte do Estado sobre essa mesma sociedade. ‘Como € que as “partes” da sociedade podem negociar um consume, de igualdade se jd Em como condigio uma situagZe desigual? As liberdades basicas supiem igualdade, mas para Rawls € a liberdade a condi¢io fundamental para resolver as desigualdades, “abrindo oportunidades” para a corrida individual. Essa “abertura de oportunidades” aos desiguais significa a aceitagio da desigualdade © nao sua eliminacao. Nesse esquema a politica social compreende: a criagtio de direitos dentro do consenso social, para a manutengio de um minimo razodvel,, para os menos favorecides ¢ a abertura de oportunidades. Esse “minimo para todos" ¢ 0 “méximo para os que tm menos” no podem fesir 0 principio das “liberdades bisicas”, isto &, da prioridade, da livre iniciativa, da livre empresa, do capitalismo, As andlises que posteriormente se far mostram que esta “utopia” de Rawls serve de justifieagio da reprodugio das desigualdades. F as desigualdades sto atribufdas entio aos individues como o faz J. K. Galbraith", Para ele, a pobreza é atibufda & incapacidade 26 de poupar e & acomodagio, realizando-se © que chama de equilibrio da pobreza, Assim o Estado deveria favoreeer 0 consenso quanto ao mfnimo, estimular 0 ascetismo para a poupanga ¢ © trabalho contra a acomodagio, ‘A base das desigualdades, como veremos, nos capitulos seguintes est4 na exploraciio © no no individuo. O Estado, ao aparecer como consensual, vem esvaziar as lutas de classes € controlar os movimentos sociais, concedendo cerios minimos hisidricos exigidos pelas classes subalternas depois de muita pressio por parte destas ultimas, © que mostra seu compromissa com as classes dominantes Esse consenso ideal proposto por Rawls significa aceitar © projeto histérico da burguesia, compartithar 0 mecanismo de exploragio © esforgar-se apenas para corrigit os abusos e os desvios desta hegemonia. Esses desvios podem ser corrigidos por meio de uma reforma administrativa, segundo Offe™, que constata trés modos de operagio: (© Burvcratico, © finalista € 0 reformista. © modo burocritiee, segundo o autor citado, implica numa forte centralizagio das estruturas administrativas, tendo como objetivo “um conjunto mais amplo de subsistemas administratives de tal forma que essis repras direlivas € informagtes sejam aceitas com mais canfianga por um ndmero cada vez maior de atores”. Em segundo lugar, 0 modelo finalista cacional € 9 modelo que inspira todas as sugesiées que procuram um controle mais esttito, por objetivos, resultados, “outputs” ou por técnieas tais como o controle por programas, a anuilise de custo e beneficio © os indicadores sociais. Finalmente, existe uma escola de reformistas de administragio que procura promover a responsabilidade, a eqilidade © a consideragiio de valores democriticos de uma participagdo significativa. O marco, guia dosses propésitos 5, obviamonte, 6 modelo conflito/eonsence, gue signiliea a implantagio de uma maior participagie dos escaldes mais baixos e/ou de uma parte da elieniela dentro da organizagac. A busea de um consenso no modus operandi das politicas socisis significa um maior conteole © uma integragio dos movimentos conles- tatorios. Esses tr8s modelos de Offe implicam o consenso. A centralizagao buroeritica das decisbes por parte do Fstado & resultado da centr Hizagio. monopGlica, que exige do Estado um conjunto de informagoes concentradas ¢ um controle maior da sociedade A teoria de Rawls © as proposigées de Galbraith ainda fazem seferéneia ao individluo como consumidor € elemento de decisiio enquanto molgcula isolada, abstrata. 20 Nos capitulos seguintes vamos situar « politica soeial no proceso produtivo e nas lutas politicas para entio retomar a anilise do Estado, do mercado e da sociedade. NOTAS © |. Sobre a istvin das poldieas sociais a Inglateza ver SCHWEINITZ, Kael — Hugland’s, Read 10 Soviat Seeuriy, Ness York, Perpetua Bok, 1975, p. 281 2, Distiugue a nogio de bem-esar comp Figuera objeivn, das mogbes de satsfugto f uldidade, in ROSS, J. P. — Welfare Theory and Social Policy, Helsinki, Societas Seiontianum Ponies, 1973, p. #2 3. PERROUX, Frangols — Teviiques Quantitative de la Planfiation. Pass, PUR, 1903, p. 8 4 ROS, J.P. — Op. eit, m3. 5. In ROS. J. P. — Op. eit. p. 83 6. Bo esquema do bolo — Quanto maior, msioressordo as partes a setem apropriadas fm cace ano, sem Jevar em conta a propargio de cada uma de pares apropeiadss. 7. PARETO, Wiliredo — Tali de Soctologie Genénate, Geneve, Libstitie Droz, 1968 8. Ver a rspeito DOBB, Mautice — ewneanie de Bien — Bare et Economie Socialite Paris, Calman Lévy, 1974, p. 25 9, GODELIER, M. — Rationalité et travonalsé dens L'Economie, Pais, Maspero, IIL, p. 6. 1D. ARCHARD, Piene et alli — Discours Miulogique et Ondre Sacial, Pai, 1977, p. 195. LI ATTALL, Jucques et GUILLAUME, Mare — Laut éeonamigue. Patis, PUR, 1975, 9. 43 cts 2. KEYNES, 1. — Thdovie Gonérte, Pai, Payot, I9TL, p. 972 (gifade por nds 13, GALBRAITIL, J. K, — Le Cepitlisme Américain. Paris, Genin, 1966, p. 138-167. 4, BOHOM, Peter — Sactal Effeiney, New York, John Wiley & Sons, 1973, ps 9 15, BOHOM, Peter — Op. eit, 9, 95, 1G. SALVO, Joveph A Actodology for Braleating Howting Purstaans, iy HAR BERGER, Ammold et ail, Benefit Cost 17. Ver sobve «@ mesmo tem 0 interessante esinde ce GREPTE, Xavier — La Politique Soviale. Pris, PUF, 1973, p. 252 18. RAWLS, Joha — “Reply to Alexander and Maspsave”, in Quartely Jounal of eonamies, vol. UXXXVM, nov. 78, np. 632. 19, GALBRAITH. J. K. — A Waneva da Pabreca dae Massa. Sio Paulo, Nova Fronteta, (979, 20. In OFFE, Kaos — The theory of the epialst site and the problem of Policy Formation’, in LINDBERG, Leon — Siress end Contradiction. de Mrdere Capitation Toronto, Lexington Books, 1975, p. 142, cuit, 28 Capitulo 2 AS NECESSIDADES SOCIAIS: PERSPECTIVAS DE ANALISE A nogdo de necessidade est presente em quase todos os discursos oficiais sobre 0 bemestar'. As Nagies Unidas eonsideram a satistagio das necessidades como a definigio do nivel de vida de uma populagio”. Mas somente as necessidades suscetiveis de quantificagio entram na composigéo do nivel de vida, tal como & definide pelas Nagies Unidas Na literatura econdmica sociolégica essa pogo ocupa um lugar central, tal como, em seguida, se veri. Dentro do Soguro Social ha uma cortente que afisma que “a pirimide do bem-estar social” (servigns) repousa sobre um sistema de necessidades particulares aos individuos, as replies © aos gsupos? A pirimide de servigos serta estruturada 1 partir de uma foealizagao das necessidades 1 muitos niveis a comunidade, © homem na corm nidacle, © homem na esfera social e a pessoa. A cada nivel d focalizagio corresponde um nivel de imervengio € um servigo de saiide piiblica, de consulta, de psicoterapia, No campo da edueagio procede-se da mesma maneira’, definindo-se necessidades € solugdes. Esse mesmo esquema & utilizado para justificar iniervengées do poder péiblico ¢ profissional e em muitos outros eampos, como a babitagdo, © consumo ete John Macknight fez uma critica rigorosa do profissionalisie, destacando que sio 08 profissionais que necessitam dos problemas, de dizer as pessoas quais. sio estes problemas, de solucioné-los sua mancira € de alirmar que os individuos estio contentes? 29 Nosso objetivo, neste trabalho, ¢ mostrar em primero lugar que a nogio de necessidade, na concepgio funcionalista, resulta de uma visio abstrata do homem. No marxismo h4 correntes que negam © sujeito © a historia para considerar somente as nevessidades do sisterna Ao final, trataremos de demonstear que as: nevessidl social, determinad pela lula de class ss sflo uma prix’ ‘ao mesmo tempo, pelas exigéncias da produgdo e nas diferentes frentes. 2.1, © NATURALISMO DO SUJEITO E O CULTURALISMO As teorias da necessidade que suptem uma natureza humana, seja cel empfrica ou essenclalmente detinids, s20 consideradas por nos Corio vineuladas a uma coneepgdo naturalists do sujeito. Esses pontos de vista se caracteriza © homem considerado como um individuo isolado, come &tomo social, empiricamente definido; ou como a “género humano” dotado de eertas scteristicas essenciais como a conseiéneia ou o espfrito © a sociabi- lidade, o que o distinguird obrigatoriamente do animal, Esse empirismo, esse idealismo do sujeito (que se refere a uma liberdade humana ideal) ou esse idealismo da esséncia (o género humane) j por Althusser? 1m Por um pressuposto comum: foram analisados Scgundo essa concepgio naturalista haveria uma natureza humans, independente da sociedade © em fungio da qual as organizagéies eco nomicas, sociais © politicas estarian esiabelecidas, Este paradigma vai ainda mais longe quando afirma que a sociedade deveria ser resposta as necessidades dessa natureza, que seria o fim Gltimo de toda a organizagiio social’, Iralaese assim de uma concepeio instrumentalist, por meio da qual a sociedade se constiui em um instrumento, um meio a servigo de uma natureza humana abstrats. O homem € considerado fora da pr6pria sociedade. iio negamos a existéncia dos individuos, mas eles existem coneretamente, como membros da sociedade © ocupam um lugar na produgiio da sociedade. Isoliclos torné-los abstratos. Segundo esta concepgio naturalista € a falta que caracteriza a necessidade, Seja ela a necessidade de sobreviver, soja a de desenvol- verse, A “falta de algo” em uma natureza ideal e genérica, As alividades do homem seriam fruto de suas insuliciéneias, de seus limites, de seus efeitos © de suas ausénclas. Poder-se-ia afirmar “no principio era © sujeito”. 30 Essa tese serviu de justificativa & economia clissica, a uma certa sociologia cultuzalista © a muitas correntes psicoldgicas. Em seguida, apresentaremos as concepséies marginalista e a culturalista de Malinowski © psicologista de Maslow. A — A concepgéo marginalista Segundo esta concepeto, a produgio nto € um fim em si mesmo, mas um instrumento de satisfagio das necessidades. Citando Rescher, Ross? diz. que o principio de utilidade pode ser dlvidides em dane 1. O bem maior (the greater good), & 2) O nGimero maior (ehe greater number), quer dizer, uma parte agregativa © outra distributiva, Ross distingue bem, wants de needs, observando que o welfare economics acentua mais as primeiras (aspiragGes) que as segundas (necessidades). Se olharmos rapidamente esta concepeto, podemos fazer tais listing&es, mas na realidade nessa corrente de pensamento, as preferéncias © 8 desejos seriam manifestagbes clas necessidades, © problema que se colocam os marginalistas 6 2 olimizagio do bem-estar nas condigies de uma competigio perfeita, sem levar em conta a disiribuigdo ‘de rendimentos. Supse-se_muitas coisas: que a competi¢ao existe, que os individuos sio informados, que os pregos slo iguais as utilidades, que o bem-estar comuna é 2 soma das satisfagGes individuais. Pierre Salama apresenta assim essa visto: 0 individuo racional Gomoeconomicns) convece por wn lado sins necessilades © por outro tado os pregos © Seu orgamento. De posse dessa informagio o individuo pode escother de mancira stim, Nesessidades. © pregos-orgamento 820, portanto, dados independenres um do ouro. f isto. que permits agar tm primeira lugar 0 mapa de iidferenca (necessidades), © depois a linha direita do orgamento (prego-orgamenta) e encontrar assim © panto de equil Para criticar essa teoria Salama observa que as necessidades nite Slo isoladas dos pregos € do rendimento. Assim, 0 bem maior (the greater good) para 0 individuo mio & independente de sua situngio social. As necessidades € que silo condicionadas pelos pregos © pelo rendimento, a1 © principio do maior nimera se baseia no postulado segunda o qual © todo € a soma das partes, e a sociedade é a soma dos individuos, Arow jd demonstrou que a escolha coletiva ¢ as prioridades aio sto as mesmas que a soma das preferencias individuais. Ele optou pelo exemplo, da escolha de candidates, segundo a gial as preferéncias coletivas podem se mostrar itracionais Sceundo Arrow “para que as.utilidades de diferentes individuos sejam compattveis entre elas, se daz necessario um juizo de valor categérico™! © fundamento da teoria econémica de bem-estar € a redugtio da Utilidade 2 escolha, Assim se alguiém preferir um bem a outro & porque © primeiro Ihe & mais lil. A utilidade c 0 prego esto corelacionados © oy pieyus dependem da randade. O individuo € 0 melhor juiz de sev bem-estar. As (eorias das preferéncias cardeais foram refutadas por ertos economistas que propuseram a teoria das preferéncias ordinais!2, Hd ainda autores que continuam definindo as comparagies interpessoais. Sao disputas de escolas, mas cujo ponto de partida € 0 individuo © no a sociedade. As escalas de comparagio, como se vers com Beaue rillard, dependem de uma relagéo social © no de um escalonamento baseado nas utilidades do indivéduo. Tanto ordinalistas coma cardinalistas, introspectivos ou behavioristas, partem das preferéncias individuais, abserviveis ou ni. Os marginalistas eréem que a sociedade ser melhor se o individuo estiver numa situagio methor, sem que ninguém se encontye numa situagito inferior. B postulado da promogio, do melharamento inclividdat que serve de justificativa para esta woria que considera que todos os individuos sto igualmente informados. A teoria da soberania do consumidor & uma disciplina impotente Cnpotent) © initil (useless), segundo Ross, Ela s6 serve de pano de fundo ¢ de meio para justificar e estimular o consumo. Para que a méiquina econdmica funcione ¢ necessirio que es individuos ou as familias (na tinguagem Keynesiana) consumam. Para consitmir & neces- sirio que cles se sintam satisieitos, Esta teoria separa o consumo da produgio, automatizanda 0 consumo e fazendo dos valores © dos servigos, valores tteis em si mesmas, Segundo essas teorias, 0 bem-estar depende do consumo de bens oF parte dos individuos e da satisfagiio que eles obtenham no mercado. Supde-se também que os fatores de produgio sig alugados e nao Possuidos © que existe uma racionalidade na produgio, de tal sorte que © prego de venda € igual av custo marginal 32 is fi atisfagdo € necessério Finalmente, para gue exisia 0 maximo de satisfaci ° um sistema de competigao perfeito, 0 que nio corresponde absolutamente A realidade. E absurdo supor que 4 produgdo vai se basear em micro-decisées de milhoes ¢ milhdes de ménadas isoladas. Hé alguns autores, como Arrow, que propuseram a instituigao de regras formais para o intercimbio social, que garantissem uma eerta realizagio de justi¢n ou do bem-estar individual! Tnstitucionalizando os contfitos, através do estabelecimento de regras ede limites precisos, as sociedades liberais permitirao mais a manutengio do mercado ou a criagio de novos, do que a igualdade social. Nio € pela institucionalizagio de regras que os individuos se tornam iguais € que as relaghes de forga sto eliminadas. Admitem também certos economistas a consideragio da sociedade como uma soma de individuos isolados, em Tung’ dos quais se estabelecem regras para compenser suas debilidades, numa atitude pa- ternalista a respeito das necessidades dos “mais carentes”. Uma visio geral sobre © paradigma marginalista das necessidades 6 a compensagao, a mostra suas diferentes conotagies (a distribuigio, a compens institucionalizagfio) para melhor fortalecer os individvos perante © mer- ado. A abstragiio do sujeito edo individuo nfo se apresenta somente ha teoria econdmica, mas também em certas tendéneias psicolégicns © socioldgicas. B — A nogGo de necessidade, segundo Maslow: ponto ‘A teoria de Maslow" exerce grande influéneia na classificagio das necessidades, na pritica profissional © politica ‘Maslow representa uma corrente psicoligica que enfatiza, na realizagio de si mesmo, uma atualizagao da personalidade, | is do deve te lo somente as motivagées Essa realizagio deve levar em conta, nfo soment vases do individuo, como também os estiimulos € as desafis da meio, Segundo Goble, Maslow representa um tereciso caminho entre © behavicrismo 2.0 freudisma. Esté muito proximo dos psicdlogos da atualizagio da personalidade, como Nuttin © Zanini tica principal da personalidade realizade 6 uma inte- iva, sun realizagio, motivada pelas deficiéncins da A caracter graglo do. indi 33 prépria natureza humana, quer dizer, por um naturalismo do sujeito, moderado por sua insergio no meio ambiente, Para Maslow, “o ser human é motivado por certo niimero de necessidades fundamentais que sio comuns a espécie, aparentemente imuttvejs. © genética ou instintivas em. sua origem”! As necessidades sdo “intrinsecas & natureza humana”. B a presenga ow ausénein de enfermidades, determinadas pela presenga ou auséncia de certas caracteristicas que faz cfer que a necessidade & fundamental ©u no para a natureza humana. Maslow estabelece uma hicrargiiia de necessidades a partir das hecessidades psicolégicas. Uma vez satisfeita esta necessidade psicolégiea surgem as necessidades de seguranea. Se estas tiltimas forem satisfeitas, encontraremas a emergéncia da necessidade de amor e de pertencer, Em seguida as necessidades de estima, de realizagae pessoal, de descjo de conhecimento, as necessidades estéticas e as de ereseimento pessoal Para se chegar a estas necessidades superiores supde-se um meio ambiente externo estimulante, mum clima de liberdade, justiga © ordertines: Podemos confrontar, facilmente, esta visio com a teoria marginalista ‘As necessidades scriam desenvolvidas partir de “pontos de equilibrio”, que marcariam a passagem de um estado ou de uma situagdo para outra mais “vantajosa para o individue”. A sociedade seria um meio para estimular essa passagem, cujo ponto de partica sao as “defi individu © — © culturalismo sociolégico ‘Tomaremos como refeiéncia o panto de vista de Malinowski!® ¢ 9 de Chombart de Lawwe, © culturalismo de Malinowski focaliza uma determinagko conjunta a natureza © da cultura, uma atuando sobre 9 outra. Afirma ele gue, “o corpo humano € escravo de diferentes necessidades organicas’ Segundo seu ponto de vista, essas necessidades elementares crian o ambiente, num mfnimo de condigdes que levam a um novo nivel de vida, co-determinado pelo nivel cultural da comunidade, trazendo em consequéncia novas necessidades, num movimento continuo. Para Malinowski, a funeao & a satisfagio de uma necessidade por meio de uma atividade. As instituigées sfio, assim, meios para satistizer fas necessidades. Scyundo este autor, 0 diol6gico determina os elementos que atuam em qualquer cultura, mas isto nie explica suficientemente 34 as diferentes formas ¢ fungSes que sio determinadas em conjunto pela tradigao € pelos hébitos. sta concepgio coloca o individua como o centro, © ponto de partida, 0 sujeito ativo de tansformagio do meio. Para Parsons, 0 bem-estar de um individuo esti nitidamente em fungiic daquilo que os soeidlogos esto acostumados a chamar “as experigneias da socializagio” (na familia na qual cresceu, na educagto formal, desde o jardim da inffncia até o nivel que atingiu). B também fungio da rede de relagBes com as quais vive o individuo no ambiente da casa, © da organizagio do wabalho. B fungao de um equilibrio entre © wabalho e a recreagio” Parsons considera que, sustentando 0 sistema de agio, hi um sistema cultural, da pessonalidade do individu € do organismo con portamental (behavioral). Por intermédio da soeializagio do trabalho e tio fazer vealiza-se a satisfagio dos individuos. Eo individuo ou o seu compostamenio que constiui © ponto de partida de uma sociedade instrumental Esta reflexdo sobre © bem-estar conduz Parsons a um exemplo. Sendo & educagao orientada em termos cognitivos, sua fungito cognitiva predomina sobre a econémica. O individuo usnfrui desse servigo. © obiém seu bem-estar “socializando-se”, incocporando papéis © status por exigéncias sociais, que segundo Parsons no tém relagiio direta com a produgio capitalista © bom-estar & parcializado segundo as distintas fungdes.sociais. ‘Ao que parece um individuo pode ter um bem-estar no trabalho, mas niio lo no lazer. Essa visto positivista do bem-estar reduz-se ap individuo © & sua ago, parcializando-s além do mais. sat Separando © trabalho © Inzer, Parsons cai na hierarquizagio. na- turalisia das necessidades, segundo a qual hé necessidades primarias © secundirias, separadas, Pelo trabalho o homem satisfaz. suas necessidades primarias (su subsisténcis) ¢ pelo lazer encontra outras satisfagGes. ‘A sociedade parece parcializada em fungao do homem, havendo organizagées espectficas para cada nivel de necessidade ‘A questio fundamental coloctda a esses autores & a da produgio do homem e das necessidades nas relagdes socioecondmicas. Essa questdo seré abordada na segunda parte deste capitulo © culturalismo de Halbwachs ¢ © de Chombart de Lauwe insere- vem-se numa perspectiva um pouco diferente de Parsons, a partic do 35 estudo da distribuigaio do orgamento-dinheiro © do orgamento-tempo dos operiios, Estudando as teis de Engel sobre o consumo (mais alta renda, menos gastos para as necessidades chamadas inferiores), Halbwachs constata que os empregados gastam mais dinheito- no vestuéria que os operitios com igual rendimento'®, A partir desta constatagiio, Halbwachs demonstra que nao é somente a renda que determina 0 consumo, mis 4 posigiio que © individuc occupa no: proceso de trabalho, Halbwachs Po pretende fazer um estudo das) classes socinis, nem do proceso de produgio, mas se refere ao proceso Ue trabalho e distingue nele certos grupos saciais. Voltamos, aqui. a uma ceria psicologin do grupo. © individuo & situado mum grupo. Portanto, a natureza humana é modelada por essa situagio, Halbwachs afirma: “as necessidades poderiam ser classificadas cm duas categorias: aquelas que tm raiz nas necessidades orginicas ¢ que ascem conosco, mesmo que se satisfagam pela sua exteriorizacio; © aquelas que consistem simplesmente na utilizagio de todos os objetos © dispositivos mecanicos que a inddstria © © comércio nao cessam de nos oferecer!”, Para Chombart de Lauwe, hé “necessidades estaclo” & “necessidades ebrigayo". As primeiras se originam da necessicade vital, como a necessidade (estado) de habitagao, dislinta da necessidade (objeto) por habitagao (besoin en habination), ‘Tal como Maslow, este autor observa as necessidades através das erturbagdes provocadas pela sua insatisfagdo, Para ele, “a nocessidade € uma distincia, um estado provocado por uma distancia, entre 0 que € nevessirio ao sujeito © aquilo que ele possii atualmente”U As necessidades do individuo ou do grupo dependem da relagao com © ambiente. “Se a exigéncia ver da vida social, a necessidade ¢ uma obrigagao", diz Chombart Chombart de Lauwe refute a idgia de uma hierarquizagio de necessidades, falando s6 de primazia de umas sobre outras, do deslo- eamento de umas por outras

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