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1 A AI
I[nlre~'is[a p:.:bficada
em CinernAction. n.
(ou não seria o grande bruxo?) do cinema etnográfico. já contou sua }'(uÚi e Dia.:Jigii são
écis povo;rics do N.~':f.
experiência várias vezes,
Jean Rouch, faz quanto tempo que você Então o famoso artigo "O Sudário do
f1lma sem tripé? chefe", seria ilustrado com algumas
imagens?
Desde 'que o tripé caiu na correnteza de
um rio do Níger, há alguns quilômetros da É verdade. Com a dança do chefe durante
nascente, em 1946. Já faz um bom tempo: o sacrifício de um carneiro, Era bem bonito.
54 anos sem tripé! Mas usei tripé, não dá Mas ternos o inconveniente de um ponto de
para negar! Usei um que logo abandonei: vista único. Para citar um outro clássico, é
tinha trazido da Austrália com "cabeça um pouco a censura que eu fazia a Timothy
giratória" Miller e o utilizava com a câmera Asch em Tbe Ax Figbt: ele estava com
Eclair. Fiz um filme com o amigo~Michel Napoleon Chagnon, acabavam de chegar e,
C3rtry sobre as festas das chefias de um de repente, ficaram slJrpic:;c3 com G cOilnito;
povoado gounnantcbé, em Yubri, ao lado os índios lutavam com machado. Timothy
de Diapaga2 O resultado ficou esquisito, pois estava com um tripé na cabana que Ihes
o tripé me forçava a um poni:o de vista único haviam cedido: o resultado ficou marcado
e eu zoomava corno o diabo! Acabou que pelos efeitos do zoom e de um ponto de vista
nunca mostrei esse filme. Ele está lá, é bem único. O ponto de vista único, veja bem, pode
bonito mas nunca o montei. Assim, acabei ser defendido e pode mesmo ser a qualidade
abandonando este pequeno tripé. deste filme, mas gostaríamos também de estar
mais próximo das pessoas. Será que ado-
taram este ponto de vista inconscientemente,
para não se aproximar e evitar tomar partido?
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Nesse caso, com o tripé, mudar a câmera de um ritual, segue com uma objetiva de 100101,
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lugar depois que você faz uma escolha se
torna um problema: é pesada e cria-se uma
ou seja, muito próximo, de alguém que pode
ser um "cavalo" .. Há nisto uma espécie de
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ruptura em pleno evento. É tão irritante para coreografia inspirada, no fato de que eu sabia !
quem está sendo filmado quanto para quem só ter dez minutos, e tentava não tropeçar em
filma. MWl~tja~~câmerã:'é:umfriodo- de' nenhuma pedra, senão seria necessário
~. p'e'iYétraYem qualqúer coisa} (!}: zoam .~não: recomeçar tudo novamente e eu não poderia.
,í~()~ {{I'",-~
i sú15stitui rá°'jafnais:úrri~;'.tfavelhng.,
IUm-'tra-
V5 t°é>~ , velling nO"eixo' ou lateral,' é 'Uma forma de
descobrir'o mundo: Os Lumiere com- Não seria um pouco um exercício de
estilo?
preenderam isto desde o início, colocando a
câmera num barquinho de Veneza, num trem
na estação de La CiotaL Esta descoberta do Um pouco, talvez porque introduzi uma
mundo em movimento, este movimento do t~rtãclt1:S'úbl~y:lJFiz isso para assinala~um
aparelho, é um dos elementos essenciais da ponto importante: o', papel~ da-;-Câmera;num·
câmera de reportagem. rituah:omc).estet Quem sabe a câmera tenha
desempenhado um papel de catalisador,
acelerando uma crise que era latente?
o movimento evidentemente traz impli.
cações quanto à montagem. Você prefere
seguir, acompanhar o movimento ou Desempenhando de alguma forma um
cortá-Io em tomadas separadas? papel comparável ao do tambor?
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Se a gente elimina os cortes móveis na possessão não é dada de imediato; algumas :-.~;-
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É. Isto me acontece todo o tempo porque Ainda mais porque ele é sustentado por
eu tremo algumas vezes, ou porque alguém um fundo musical e, com plano-
me toca, ou qualquer coisa desse gênero ...Q.. seqüência, a gente não pode trapacear
problema é que a gente não sabe como rai com o som, não é?
montar depois. Assim, é preciso ter
imaginação.Toco sempre no mesmo ponto: Este é, de fato, o ponto fundamental;2....
gente não pode montar o som. Ora, o
é preciso ter} imagin~o que tínhamos
com aquelas câmeras em que precisávamos Iravelling apresenta uma grande vantagem,
retomar a tomada, quand~gente~a foi aliás a grande descoberta de Fred Astaire.
com esta câmera, com planos que não Veja só: quando você tem duas câmeras, em
duravam mais de vinte e cinco segundos, geral tem uma com objetiva normal ou
como no caso de Les maflres (ous, a gente uma pequena teleobjetiva e outra com ângulo
refletia sobre qual seria o próximo plano. A mais aberto, acontece que a mudança de
gente mudava de ângulo e construía a mis- objeLiva produz subjetivamente uma mudança
en-scéne pouco a pouco, com um corte no tempo. Isto se deve a uma ilusão de
que era automático, pois não tínhamos perspectiva que aprendemos no cinema
auto-nomia superior a vinte e cinco antigamente, no cinema mudo. Quando a
segundos. Quando a gente pára por gente filma, por exemplo, uma ceramista em
acidente, tem que guardar na cabeça o dose e num plano distante, no plano distante
valor do plano que esta\·a no visar, evitar a mão do ceramista na tela tem, talvez, um
movimentos pra lá e pra cá e continuar o metro por segundo, enquanto que em dose
plano, ou mudar de ângulo descendo até ela tem três metros por segundo. É, então,
um movimento muito rápido. Recomen-
~ os pés. É preciso saber qual era a posição
do horizonte .. davam, assim, desacelerar os closes. Fred
.\staire, ao inventar a comédia musical,
percebeu -. ele filmava com várias câmeras
__ ./:--. Então.. você monta durante as tomadas? - que assim não dava. A montagem era
impossível, pois não se podia desacelerar a
Eu continuo tentando montar durante as música, não se podia alongar algumas
tomadas mesmo nestes casos, pois reparei imagens para operar esta transição. A única
que a busca de planos-seqüencia feita de . solução era ter um movimento contínuo com
qualquer maneira é uma besteira É um a mesma objetiva, muito próximo ou muito
pouco, efetivamente, um exercício de estilo. distante.-Ele regulava., desse mod~ a mise-
Mas é um exercício válido na medida em en-scene de sua câmera. Era remarcável; foi
que é um filme em tempo real: mostramos o que Gene Kelly não conseguiu fazer anos
como ISSO se pass-:r It:almt:lltt:.-trn~ mais tarde, pois não tinha esta virtude e este
importante. É precIso entender que a sentido que a imagem dá.
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É na mesa de montagem que a gente que não iiOS pareciam importantes. Foi Jean
percebe ... Ravel quem criou os procedimentos
utilizados hoje em dia por todo mundo: por
É na mesa de montagem que a gente exemplo cortar num mesmo eixo, num
percebe. Eu filmei uma comédia musical em mesmo personagem, desde que a-c;dência
i.=>riddor do ci:;e,T.'?
muda a velocidade, mas pode-se alongar na Quando você dizia ucinema-verdade"
ligação para habituar o olho a esta mudança; isto não significava upretensão em
mas, querer se sair bem na inserção de um restituir integralmente o real". Foi aí
close num plano médio não é nada evidente que houve um mal-entendido?
quando se tem música. A vantagem do
tra&'elling é que permite filmar estas coisas e Claro! Temos exemplos desde o início,
parar. O melhor é partir de um ponto, chegar pois as pessoas que havíamos filmado, elas
a outro e parar para retomar numa montagem mesmas diziam que era falso' (risos) Sa-
normal. Mas isto nem sempre é fácil. doul3, muito tocado com tudo isso, encontrou
o te:>,,10do Vertov que ~s dava a chave: a
expressão cinema-verdade vinha de ~
Houve muito debate sobre a noção de jogo de palavras para traduzir o nome do
cinema-verdade. Quando a gente filma, a suplemento cinematográfico do Pravda, o
gen1e vive com a câmera um momento jornal A verdade. E um pouco co~ºjs:_ o
que se tenta ao máximo não cortar. É isto Tele Libération. Mas ele entro~o jogo e
o cinema-verdade: a interação entre a fez uma frase que, para nós, se transformou
câmera participante e as pessoas que a na resposta desta questão: "o cinema-verdade
recebem? n~o é!,v~~d.ade no cin,ema; é a· verdáde--dc(
, Desde o início, quando realizamos Cbrollique
cinema". Verdade particular!
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d'un été, que Edgar .\10rin e eu dedicamos a Diga Cbrúllique d'ull é/é é um filme que, por
t)-ud~
Verto, para falar de uma experiência de c~ seu estilo, suporta bem a desordem das
\"êrdãde, sa~íamos perfeitamente que n.~o era seqüências, mas quando você faz um filme
vecd?qe, pois. tínhamos onze horas de filme. Era . no I\íger, tenho a impressão de que isto o
precisç) fazer..uma montagem, mesmo D.2..i0terior deixaria doente, colocar uma seqüência antes
das ~~qQências. da outra, invertendo a ordem do tempo real..
Algumas vezes era dada resposta a uma De fato isso incomoda. Às vezes sou
questão que não estan no filme, pois forçado a fazer, como se fosse uma marcha
tínhamos pulado uma passagem importante. a ré, um play-back .. Veja um exemplo: eu
/\. gente começou a montar o filme a partir da apresentei no Bilan do filme etnográfico um
transcrição dos diálogos e eliminamos as coisas filme que Dubosc fez sobre a montagem de
___ .1..
meu primeiro filme Aupays des Mages Noirs É talvez a embalagem
- comigo e três africanos -, remontado por resistiu mal ao tempo?
Acutilais Frangisses e que me chocou
terrivelmente, a começar pelo título ... Exatamente. Fiz a .experiência de
apresentá-Io em Marselha4, cortando o som
-.
e refazendo o comentário. Pois o comentário
Você não era dono do produto final? tinha sido confiado, pela Actualités Fran-
caises, a um comentarista esportivo que dava
Não, de jeito nenhum! Eu cheguei do a entonação da maratona Tour de hance: ~No A:eliê lr.tetna<:ioMI
ée )"r,(:opc/cgia 'lisu41.
Níger completamente duro e o diretor da "e agora o hipopótamo! .. "Era angustiante! (N.d. T.)
Actua/ités Françaíses - cujo filho, pianista, Mas, cortando o som, retirando a música e
5 Jl.2nosque e 3re5f sJo
nós tínhamos encontrado numa casa noturna este comentário, apenas contando o que cidades (rar.cesa.s. A prj.
mei!d reali;a fte-qüen-
- nos propôs: "eu fico com o filme, ele está acontecia, o filme retomou sua verdadeira CemefHe fes!i\'_is de
cinema documeo1lirio.
horrível mas podemos fazer duas bobinas de dimensão. (N.ca 1.)
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Bom, digamos que não é uma bela pelo sorriso de Nanook - não podemos:;;"~
realidade mas uma realidade forte. Mas esquecer que o "sorvete de chocolate ~..-._
você não chega a vestir alguém com Esquimó·6 surgiu com Nanook -, isto
outra roupagem só por achar que os justifica o sucesso mundial. deste filme, o que
brancos iriam apreciar muito mais.
é muito importante. Os espectadores não "l
viram todas as trucagens, isto é certo! E é
Não, claro, da mesma maneira que não verdade que elas continuam existindo.
\·ou despir os negros. Isto me faz lembrar o Vejamos a seqüência da caça à foca.
que disse Gardner quando viu La cbasse à Soubemos depois que foi feita com uma 6[s.ç1.p;m6 é ~ m4fC_ éf!
~m picolé f:a:,;:i:s.
lion à j'arc: "mas eles estão com coturnos corda, que passava de um buraco a outro:
militares!". E aí? Não vou fazê-Ios andar de de um lado, Nanook puxava e, de outro, as
pés descalços nos espinhos. A gente mostra pessoas puxavam também. É uma seqüência
as pessoas ta: como são: elas são assim! que funciona e é eX1remamente cômica!
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Mas desde Nanook, em 1922, tinha-se a Você já teve idéia de fazer coisas
idéia de fazer filmes a partir daquilo que parecidas?
as pessoas solicitavam ...
?\ão, nunca.
É. Razão pela qual vemos Nanook com
calças de pele de urso quando nesta época
não havia mais. Mas Flaherty tentou fazer uma Sua fascinação é outra?
caça __~s ursos, pois era algo de muito
imp-ortante.ÃCaça -às morsas também era um É, mesmo se perco a cena. Por exemplo,
exemplo interessante. Era praticada em ilhas a caça ao hipopótamo foi perdida, o
onde Nanook nunca tinha ido, mas hipopótamo fugiu: para mim, estava ter-
representava a tradição de sua família. minado! .-\ caça perdida, eu a tomava como
flaherty organizou, então, com ele, uma caça tal. :\ós estávamos tristes. Passamos quatro
às morsas. E o fez de forma dramática: a ou cinco meses no rio e voltamos vencidos:
câmera no tripé estava entre O caçâéíor e --a não matamos o hipopótamo. Os pescadores
presa.- É estranho que André Bazin tel2.ha fizeram um gesto simbólico de colocar suas
escrito:~é u~ plano-seqüênci~", qu~ roupas pelo avesso e nós voltamos para o
~laIlOS! ~osso amigo ]ean-Dominique rio. Utilizei minhas últimas bobinas para
Lajoux viu um fuzil num piano e este não filmar este retorno, mas não filmei a chegada
estava mais no plano seguinte. Ele considera no povoado quando as mulheres vieram
que houve trapaça. O que se pode fazer, se insultá-Ios! Foi uma pena! O que é
não havia muitos arpões ou coisas do gênero engraçado é que este filme se tornou clássico
e Flaherty mata o animal para que possamos no :-iíger. Engraçada é também esta anedota,
vê-Io sair? Reconheço que desse jeito a gente um dia levei alguns amigos franceses numa
brinca com fogo. ;\"Ias se eu, ainda criança, canoa para ver os hipopótamos. De repen-
como todos os espectadores, fiquei seduzido te o barqueiro de trás disse em francês:
ZLI
"E o grande macho de Tamoulés some na depois, filmei uma seqüência em Tourmi
bruma à noite, levando todos os arpões dos Bougné, um lugar que já desapareceu, uma
pescadores". O barqueiro da frente se volta e ilha do rio no meio de Niamey, onde os jovens
pergunta: se encontravam todas as noites, era o lugar
bendito da juventude. Filmei este lugar e o
-Por que voce diz isso? introduzi no filme como uma das lembranças
-Emão, você não o reconhece? que ele evocava. Eu o introduzi entre dois
-Quem? planos filmados no mesmo momento em que
-o branco que está aí, você não o reconhece? ele diz: "Venha, não estam os nó i\'íger!" e
-Não, conta a guerra da Indochina. i\'este momento,
-Mas é o jean-jacques Rocheau! não estamos longe de uma montagem
Ele citava o meu comentário do filme, que
passa na televisão de tempos em tempos. Um
.- ---
"vertoviana", com uma citação ...
...
Era a teoria de Vertov sobre a montagem, Quando a gente olha para a sua carreira
era verdade, mas ele fazia isso com o filme de etnógrafo, você está um pouco acima
mudo. Eu pude utilizar rapid;;:nente os das querelas entre as "esta,-ticas" e as
gravadores portáteis, O-'0m ainda não era "dinâmicas", pois você tem uma grande
sincronizado, mas era real. Ora, cesde que a admiração pela sociedade tal qual ela era
gente tem acesso ao som, a gente fica cati\ado. no passado, como a etnologia de Mareel
Não falo apenas no plano musical, mas também Griauli. Mas, ao mesmo tempo, tudo que
no do ambiente, ete. Desde que \"ocê tenha o muda na Africa o apah::ona do mesmo
som real, fica muito difícil colocar alguma coisa modo. Aquilo que se conversa num táxi
intes ou depois. Veja como fiz com Moi, un lhe interessa tanto quanto uma prece aos
noir. Na beira da lagoa de Abidjan, depois ancestrais, não é isso?
que Eddie Constantine esteve na prisão,
Oumarou Ganda-Robinson discute com Petit J lve algumas querelas com Griaule
Jules, olhando a lagoa, e diz: CIsto lhe faz quando começamos a estudar as migrações
pensar em quê? Não te faz penSaí no Níger?". que nos conduziriam a Accra. Ele tinha
Eu filmei a lagoa e, passando no !\íger um mês condenado violentamente Les ma/Ires jous,
--
:..:.....~
:~...i'_".~
..~
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pois, para ele, sua imagem era um pouco a Será que tudo isso desapareceu por ~l-'
imagem irrisória do branco mostrada pelas completo? Há pouco tempo, um amigo ~
pessoas em transe, ele compreendeu isso illeu chegou do Mali surpreso, pois ele
imediatamente. só conhecia deste país os comentários
miserabilistas das secas' sucessivas. Ora,
ele ficou impressionado com a vitalidade
Não era a imagem dos africanos que o extraordinária, a pulsão de vida que
incomodava? havia por todo lado ...
--------_._-~--'-_._-.---,_ -_ •..- - -
--~-------_._-_. __ .-_.- -
... ... ••....• -
Mesmo que você tenha muita ternura pela pessoas desaparecidas. O cinema tem um71
humanidade, será que o cinema, por definição, memória impiedosa que é também sua
. não é uma profissão violenta na medida em que
a gente arranca as imagens do seu tempo e lugar?
É, de todo modo, um corte ao vivo, não?
do tempo. grandeza.
verdadeira Quan~o Eie
a gente
guarda revê,
a vida hoje,
primeiro filme de MareeI Carné, Nogent,7
apesaro .J
Eldorado du dimanche, a gente fica
É particularmente verdade quando as impressionado com as imagens de Nogent,
imagens resistem ao tempo. Há uns dez anos, os bailes de domingo, os rapazes, as moças.
Lam viu o início de jaguar na Cinemateca Fica-se espantado com a elegância, a ex-
;\l':f~.~.!·S::t-I.~ar:~t
:.:rr. !:'::-:':'':';~ c'e ?ê::5.
Francesa, em Paris, e começou a chorar, traordinária beleza das operárias e desses
dizendo: "Não posso ver esse filme, pois hoje operários que vinham dançar no domingo e
em dia todo esse gado, todas estas árvores que eram pessoas dignas, gente alegre. E não
desapareceram":'Ele"via na imagem o atlas do era apenas para a câmera. Como dizia André
tempo, a erosão, a desertificação que não nos Leroi-Gourhan: "1m filme, mesmo quando
damos conta no dia-a-dia. É como um rosto não é bom, traz Lma imagem insubstituível
que envelhece: não vemos os nossos próximos da vida cotidiana, 'pessoas que foram filmadas
envelhecer, somente quando encontramos na sua época e no seu meio".
alguém cinco anos depois é que dizemos
f'opal"Crisos). Por acaso conheci, do tempo de
jaguar, um Níger onde a cultura do milho
ocupava três meses de trabalho e dava nove
meses de férias. Quando não havia seca, era
maravilhoso. E quando os jovens partiam para
trabalhar na cidade para comprar coisas, eles
gastavam, muitas vezes em um só dia, tudo
que tinham ganho em seis meses. Era uma
espécie de jogo.