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Fonte: Folha de São Paulo

In: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u578182.shtml

Resenha

17/06/2009 - 12h03

Catherine Millet usa arte e sexo para explicitar sua


literatura

TERESA CHAVES
colaboração para a Folha Online

São inúmeras as críticas que descrevem a francesa Catherine Millet como uma figura
extremamente contraditória. Como pode uma mulher considerada séria e brilhante,
fundadora e editora de uma importante revista de arte na França, crítica de arte e curadora,
escrever não um, mas dois livros que expõem sua vida sexual de maneira explícita e suas
relações mais íntimas com o marido? Até escrever seus dois últimos livros Catherine Millet
havia escrito uma série de livros de artes que são referência no universo das artes plásticas,
como "A Arte Contemporânea" e "Dali e Eu", ambos inéditos no Brasil.

Porém, a publicação de "A Vida Sexual de Catherine M." (Ediouro, 2001) e "Dia de
Sofrimento" (que será publicado pela editora Agir em junho) chocou a sociedade parisiense
ao mostrar a respeitada e poderosa intelectual como uma "serial lover" (algo como "amante
em série", como ela foi descrita pela própria Ediouro).

Bel Pedrosa/Folha Imagem

A escritora francesa Catherine


Millet, que participa da Flip, em
julho

Apesar disso, a figura de Millet não corresponde ao imaginário que se criou em torno dela
nos países nos quais ela não era conhecida pelo seu trabalho como crítica de arte. Aos 54
anos, a francesa de cabelos curtos se veste de maneira sóbria e fala com propriedade sobre
seus livros. Diversos jornalistas, ao encontrá-la, se dizem espantados com a seriedade e
mesmo com uma certa timidez encontrada nela. Há razão de fato para esse espanto? Existe
de fato uma contradição entre os chamados "dois universos" da vida de Catherine Millet? A
própria escritora afirma que não: a liberdade de sua vida sexual certamente se reflete em
seu trabalho no campo da arte e na revista que dirige. Os dois mundos são a mesma
Catherine, que mantém a liberdade como elemento-chave de sua vida profissional e pessoal.

Em 1972, aos 24 anos, Catherine Millet fundou a revista "Art Press", voltada para a arte
contemporânea. A partir de então tornou-se um ícone da crítica de arte na França, além de
fazer curadorias de exposições dos mais diversos artistas. Especialista em Salvador Dalí, fez
de sua revista uma publicação independente, que prestigia a arte nas suas mais diversas
formas, com a difícil missão de não rotular os tipos de arte. Desde 1992 a revista é lançada
em francês e em inglês, abordando o que se conhece como "artes vivas" (teatro,
performances etc.), literatura, cinema, além de apresentar sempre dossiês voltados para
temas políticos e ideológicos: racismo, antissemitismo, liberdade de expressão.

A diretora da "Art Press" se mantém no comando da revista desde a sua fundação, e


considera que seu trabalho como crítica de arte é o que a torna de fato uma figura
relevante.
Mas é inegável que foi o livro sobre sua vida sexual que a tornou conhecida mundialmente.
"A Vida Sexual de Catherine M." foi traduzido para 45 línguas, vendeu mais de 1 milhão de
exemplares e fez com que sua autora passasse três anos viajando pelo mundo para falar
sobre ele. Que a repercussão do livro foi tremenda ela não nega, como já publicado pela
imprensa inúmeras vezes, mas assume que não era, de maneira nenhuma, esperada.

Millet diz que começou a escrever o livro como forma de explicar como ela e seus amigos
haviam praticado uma ideologia de liberdade sexual, assunto muito abordado e discutido na
própria "Art Press" em artigos sobre psicanálise ou sobre escritores voltados para a
literatura erótica, como Georges Bataille. Para ela, nada dessa bagagem intelectual
realmente explicava suas experiências individuais. Era necessário devolver complexidade ao
tema da liberdade sexual; as teorias desenvolvidas a esse respeito, muitas delas feitas por
homens, transformaram algo tão polêmico em umas poucas ideias simplistas.

E assim Millet começa a narrativa de suas experiências sexuais, a partir do momento em


que perdeu sua virgindade, aos 18 anos. Narra orgias, relações sexuais em lugares públicos
(como o Bois de Bolougne, em Paris, local conhecido por ser um ponto de prostituição) e até
mesmo na própria redação de sua revista. Tudo é descrito em detalhes, com exceção dos
parceiros de Catherine. Isso porque, para ela, boa parte do seu prazer no ato sexual estava
justamente no anonimato dos homens com quem se encontrava. Fazia questão de pouco
olhar para o rosto deles e concentrar-se somente em senti-los, fosse um homem só ou
dezenas na mesma noite, um depois do outro. Nisso encontrava a sua liberdade: "Transar
para além de qualquer noção de nojo ou moral não era somente uma maneira de se
rebaixar, mas era principalmente se elevar acima de qualquer preconceito. Há aqueles que
rompem tabus tão poderosos como o incesto. Eu me decidi por não ter que escolher meus
parceiros", disse Millet em uma entrevista ao jornal inglês "The Guardian", em 2002.

O livro dividiu a crítica: alguns o consideraram libertador, criativo, trazendo realmente uma
inovação em relação à sexualidade. Afinal, todo o texto está centrado no ato sexual em si,
na sua forma mais física, totalmente desvinculada de romantismo --qual é o sentido em ser
romântico para alguém que identifica apenas 49 parceiros sexuais, apesar de já ter
participado de orgias com 150 pessoas? Afastar a ideia de prazer de sua associação com o
romance era um dos objetivos da autora: ao procurar o sexo em todas as suas formas (ou
quase), ela buscava apenas satisfação física, e nunca viu necessidade de construir histórias
de amor a partir do sexo. Ela fazia sexo porque queria, porque podia, e estava disponível
para isso o tempo todo.

Por outro lado, diversos críticos viram o livro como uma obra narcisista, sem nada de
interessante --pelo contrário, de tanto descrever o sexo, o texto acabava por torná-lo chato.
Millet também foi muito criticada por se distanciar do movimento feminista, oferecendo-se
como instrumento para os homens. Para ela, isso é bobagem: nunca se aproximou das
teorias feministas, uma vez que, nos anos 1970, elas remetiam a uma guerra entre os sexos
na qual a escritora nunca acreditou. Muito pelo contrário, ela via os homens como fonte do
seu prazer, qualquer que fosse ele.

Casada com o romancista Jacques Henric há 20 anos, encontrou nele seu objeto de amor,
assim como de prazer --o que nunca a impediu de buscar esse prazer em outros homens.

Seja na linguagem usada em seus livros, seja nas entrevistas que dá, Millet se mostra a
mulher inteligente, ácida e bem-humorada que está presente nos editoriais que escreve para
a "Art Press": na edição de março último, faz uma crítica divertida e cruel sobre a mídia e
sua relação com a arte, especialmente com a arte como mercado. Mesmo em seus textos
mais acadêmicos ela não deixa de mencionar o que considera ser uma das coisas mais
importantes do ser humano: a contradição.

Na verdade, foi uma contradição que apareceu em uma página de "A Vida Sexual de
Catherine M." que levou a crítica de arte a voltar à ficção. Em uma única página do livro
Millet faz referência ao ciúme --e foi muito questionada por isso. Como alguém com uma
atividade sexual tão intensa e com tantos parceiros diferentes poderia falar em ciúme? E
como ficava a relação dela com o marido?

Foi para responder a essas questões e explorar a crise em seu casamento provocada pelo
seu próprio ciúme que a francesa decidiu expor novamente sua vida privada, mas desta vez
em um livro carregado de sentimento. Foi assim que nasceu "Dia de Sofrimento". Nesta obra
ela encontrou também um objetivo: discutir a questão da sexualidade livre a partir da
contradição humana. Segundo ela, sua crença na liberdade não a torna uma pessoa imune
ao ciúme e ao sentimento de posse; mas foi essa crença que a obrigou a conviver com ele e
a manter o respeito pela liberdade de seu parceiro. Do fundo de todas as suas contradições
--as existentes e aquelas criadas pela imaginação dos outros-- Millet é uma pessoa
profundamente coerente dentro de suas próprias convicções.
Fonte: Revista Paradoxo

In: http://www.revistaparadoxo.com/materia.php?
ido=6684&PHPSESSID=92638f9b34da8a51214dd16443432aea

Resenha
As duas faces de Millet

Depois de ganhar fama ao detalhar sua vida sexual, Catherine Millet revela lado negro
do ciúme

por Itamar Cardin


Editor
[23/06/2009]

Quando lançou A Vida Sexual de Catherine M., em 2001, Catherine Millet já era conhecida por
seu trabalho destacado como crítica de arte. Sua revista Art Press - fundada em 1972 quando
tinha apenas 24 anos - é uma das principais referências em arte contemporânea. Crítica
reverenciada e curadora respeitada, tornou-se um ícone nos meios artísticos francês. Mas seria
somente com o livro apimentado, e suas auto-descrições abundantes de uma turbulenta carreira
sexual, que Millet se tornaria mundialmente conhecida e intrigaria os mais diversos tipos de
leitores, seja pela coragem, pelo espírito libertário, pela devassidão ou pelo asco.

Durante três anos, Millet viajou o mundo para divulgar A Vida Sexual de Catherine M., lançado
em mais de 45 países e com vendas superiores a um milhão de exemplares. O livro era uma
tentativa de desenvolver a teoria sexual libertária da autora e de um grupo de amigos. História
que se inicia aos 18 anos, quando ela perde a virgindade. Passa por orgias incontáveis em lugares
públicos ou na própria redação da revista. Apimenta-se nas relações com desconhecidos, posto
que Millet, com um homem ou dezenas na mesma noite, procurava esquecer os
rostos e apenas senti-los. E termina, pelo menos por enquanto, no seu novo
livro, Dia de Sofrimento [2008].

É para comentar a nova obra e seu contraponto com seu clássico livro que
Millet conversará com a psicanalista Maria Rita Kehl, no último dia da Flip
[05/07], na mesa As Sem-Razões do Amor.

Nada, aliás, pode parecer mais contraditório do que esses dois livros da crítica
francesa. Embora suas aventuras sexuais tenham se tornado de domínio
público, Millet é casada há vinte anos com o escritor Jacques Henric, marido
que também soube aproveitar bastante o relacionamento em aberto. A francesa
jamais negou o amor por Henric, ou mesmo o prazer sexual que ele lhe proporcionava. E,
apaixonada, não pôde evitar o sentimento devastador, por mais absurdo que lhe parecesse: o
ciúme.

Se em A Vida Sexual de Catherine M. a escritora descreve apaixonadamente seu fervor libertário,


em Dia de Sofrimento ela revela o preço que pagou por suas escolhas. O livro começou a ser
escrito num período de crise aguda do casamento, como tentativa até de reabilitá-lo, e se
desdobra em campos mais intimistas e sentimentais. A dor, no entanto, é preponderante. O ciúme
enlouquecedor. Os ares do suicídio sempre envolvem a janela. O que contribui para um relato
quase tão assombroso quanto o de suas descrições sexuais.

Dessa estranha contradição nasce certamente uma grande personagem. Concorde ou não com
suas escolhas, elas são bem narradas e expostas, acima de qualquer preconceito por revelarem tão
carnalmente uma das mais intrigantes condições humanas. De porte sempre elegante, cabelo
cortado curto, gestos discretos, fala agradável e bem-humorada, Millet vale ser vista de perto.
Como escritora, ou mesmo como crítica de arte, o que nunca deixou de desempenhar com
maestria mesmo em meio a tanta polêmica.
Fonte: Blog do Estadão

In: http://blog.estadao.com.br/blog/zanin/?
title=o_ciume_da_libertina&more=1&c=1&tb=1&pb=1

Resenha

Fonte: Entertainment Weekly


In: http://www.ew.com/ew/article/0,,262549,00.html

Resenha

It's not supposed to be a big deal anymore, a book about sex by a woman who has had plenty: What of it, buster?
''The Story of O,'' ''The Happy Hooker,'' ''Fear of Flying'' -- the shelves have been well stocked for decades with
explicit talk from frank and lusty women. Yet when The Sexual Life of Catherine M. was published in Europe last
year, the gasp was heard clear from Paris: Here was Catherine Millet, a 53-year-old French editor (of the magazine
Art Press) and the author of eight books of art criticism, offering up her orifices for cross-eye-inducing close study.
Millet cashed in her intellectual cred to write about years of group sex immediately following the disposal of her
virginity, of gang bangs and orgies, and of her inoculation against disgust, even when rutting with the foulest-smelling
partner on the dirtiest floor in Paris.

The garrulous ladies who lunch in ''Sex and the City'' would be speechless. (The French critics raged or applauded;
most gratifying for Millet's purposes, they bought a ticket to her literary peep show.) Millet's ''Sexual Life,'' with its
''Story of O''-ish porn title, was a huge best-seller in France. And now the chicly scandalous memoir comes Stateside
with a generous first printing in anticipation of equally robust sales.

If Adriana Hunter's jerky translation is anywhere near the original, the author's narrative voice suggests a jumble of
Penthouse; ''Our Bodies, Ourselves''; and The New York Review of Books. With the brisk authority of a university
lecturer, Millet spreads her legs, hands out speculums (and magnifying glasses and miners' lamps), and stares back
in challenge -- a living art installation, a Woman As Receptacle who's docile, she says, ''not because I like
submission...but out of a deep-seated indifference to the uses to which we put our bodies.''

Indifference, it becomes clear, is Millet's armor as she dares her audience to deny her the right to screw whom she
wants, how she wants, with as many at a time as she can accommodate, in whatever circumstances she pleases --
and to describe the stuff with the same humorless swagger afforded to men. ''Every reasonably original sexual exploit,
far from debasing me, was in fact a source of pride, like another milestone in my quest for the sexual grail,'' she
declares. (No one's denying her -- not even her husband, who likes to take naked photos and videos of his wife.)

Millet styles herself as a free spirit without personal definition, an explorer without goals, a liberated woman who has
''squatted on a mirror and looked at my genitals, but that only provided me with a confused impression.'' This
adventurer who came of age with Ms. also presents herself, maddeningly, as gaily uninformed about the basic
operation of her own female equipment. ''I wouldn't be exaggerating if I said that, until I was about 35, I had not
imagined that my own pleasure could be the aim of a sexual encounter,'' she writes. There's no mention of AIDS, or
birth control, or sexually transmitted diseases other than ''a touch of the clap''; she does, however, offer detailed
description of her migraines and how she once fit in a sex partner between bouts of headache-induced vomiting.

Those primed to flip the pages looking for the dirtiest rendezvous, then, will find their hopes fulfilled: Madame M. has
done it everywhere, with everybody. And she's particularly proud of her prowess at oral sex, as well as of the ''supple
waist'' that allows her to be twisted, Gumbylike, as required. But the unexpected reaction to Millet's confessional may
be this: Although readers of ''The Sexual Life of Catherine M.'' enter into a more intimate relationship with the author's
butt than most have with their own, those same readers exit this graphic document of one woman's sex life
unenlightened about the author herself. Or, indeed, about the chemical mysteries of female erotic desires.

What's most shocking, it turns out, is not the nakedness with which Millet parades her history, but the veils she pulls
over her own eyes to protect herself from really feeling anything. ''As time went by,'' she writes, ''my shyness in social
situations was replaced by boredom.'' Catherine M.'s dirtiest secret is not that this haute provocateur likes it any which
way, but that she's unable to achieve a satisfying climax of insight. She's wide open to sex, but she's the opposite of
sexy; she's impenetrable.

Posted Jun 19, 2002

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