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Questão 1
A palavra grounds (2º quadrinho) quer dizer:
A) chão. D) terra.
B) possibilidade. E) necessidade.
➯ C) motivo.
Resolução:
O substantivo “grounds” significa, no contexto apresentado, “justificação, base para uma tese; motivo”.
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Questão 2
A palavra fired, (6 º quadrinho) no contexto em questão:
A) significa “alvejado” (por arma de fogo). ➯ D) é sinônimo de “dismissed”.
B) tem o significado de “interrogados”. E) é particípio passado do verbo queimar.
C) pode ser traduzida pelo particípio “presos”.
Resolução:
O verbo “to fire” significa “demitir, despedir”. O verbo “to dismiss” significa dispensar, que, no contexto, é sinônimo de demitir.
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Questão 3
Das considerações abaixo:
I. Wally fazia uso indevido do computador.
II. Wally era inocente da acusação dos auditores.
III. Os argumentos de defesa de Wally foram, provavelmente, acatados pela justiça.
IV. A atitude de Wally pode ser expressa pelo provérbio “a justiça tarda mas não falha”.
estão corretas:
A) apenas as I e II. D) apenas as II, III e IV.
B) apenas as I, III e IV. E) todas.
➯ C) apenas as I e III.
Questão 4
Assinale a opção cujo adjetivo melhor descreve a atitude de Wally no referido contexto:
A) intempestiva. D) recatada.
➯ B) dissimulada. E) precipitada.
C) corajosa.
Resolução:
Na tira fica claro que Wally tinha, de fato, fotos de garotas de biquíni em seu computador. Mesmo assim, na sua defesa
perante o diretor de recursos humanos, Wally reinterpreta essa evidência, colocando-se na posição de vítima. Foi, portan-
to, “fingido”, dissimulado.
About Men
Card Sharks
By Erick Lundegaard
If all my relatives suddenly died and all my friendships dried up and all of my subscriptions were cancelled and all
of my bills were paid, I I guaranteed mail — two pieces a week, by my estimation — for the credit card companies
II me. They are the one constant in my ever-changing life. They are hot for what they think lies in my wallet. They
are not just hot for me, either. I realize this. They want everyone, send mail to everyone. Everyone, that is, except those who
need them most.
The absurdity in my case is the puny sum being sought. I work in a bookstore warehouse, lugging boxes and books
around, at $ 8 per hour for 25 hours per week. That’s roughly $ 10,000 per year. One would think that such a number could
not possibly interest massive, internetted corporations and conglomerations. Yet they all vie for my attention. Visa,
Mastercard, Discover Card — it doesn’t matter — American Express, People’s Bank, Citibank, Household Bank F.S.B.,
Choice, the GM Card, Norwest, Chevy Chase F.S.B. Not only am I preapproved, they tell me I’ll have no annual fee. Their
A.P.R. keeps dipping, like an auction in reverse, as each strives to undercut the other: from 14.98 to 9.98 to, now, 6.98
percent. I am titillated with each newer, lower number, as if it were an inverse indication of my self-worth.
(...)
At some point, in passing from computer to computer, my name even got smudged, so now many of the offers are
coming not to Erik A. Lundegaard but to Erik A. Lundefreen. He may not exist, but he has already been preapproved for
a $ 4,200 credit line on one of America’s best credit card values. After several of these letters, I began to wonder: What if
Erik A. Lundefreen did sign up for their cards? What if he went on a major spending spree, maxing them out and never
paying them off? What would happen when the authorities finally arrived at his door?
(...)
In the old days, it was necessary to hide behind trees or inside farmhouses to outwit the authorities. Now it seems
there’s no better hiding place than an improperly spelled, computer-generated name. It is the ultimate camouflage for our
bureaucratic age.
Meanwhile, the offers keep coming. A $ 2,000 credit line, a $ 3,000 credit line, a $ 5,000 credit line. If a paltry income
can’t keep them away, what will? Death? Probably not even death. I’ll be six feet under and still receiving mail. “Dear Mr.
Lundefreen. Membership criteria are becoming increasingly stringent. You, however, have demonstrated exceptional
financial responsibility. Sign up now for this once in a lifetime offer.”
Questão 5
Assinale a opção que poderia preencher respectiva e corretamente as lacunas I e II nas linhas 2 e 3 do texto:
➯ A) would still be / would still want
B) will still be / will still want
C) would still have been / would still have wanted
D) still am / still want
E) may still be / may still want
Questão 6
O significado da palavra hot, nas linhas 3 e 4, é semelhante, em português, a:
A) insistentes. D) ousados.
B) quentes. E) competitivos.
➯ C) ávidos.
Resolução:
Na sentença “They are hot for what they think lies in my wallet”, o significado de hot é ávido:
Eles estão ávidos pelo que pensam que há em minha carteira.
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Questão 7
A palavra for, na linha 2, poderia ser substituída por:
A) yet. D) but.
B) why. ➯ E) because.
C) still.
Resolução:
O significado de for, no contexto, equivale a “porque”, “pois”: because.
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Questão 8
Cada uma das opções abaixo é iniciada com uma palavra extraída do texto, devendo ser seguida de outras duas palavras
que lhe sejam sinônimas. Assinale a opção em que isso não ocorre:
A) puny (linha 06) → small, limited.
➯ B) spree (linha 16) → bank, institution.
C) outwit (linha 18) → trick, cheat.
D) paltry (linha 21) → insignificant, unimportant.
E) stringent (linha 23) → severe, restrictive.
Resolução:
A palavra spree significa “onda, orgia”. Portanto, não é sinônima de “banco, instituição.”
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Questão 9
O pronome it, na linha 19 do texto, refere-se a:
A) hiding place.
➯ B) improperly spelled, computer-generated name.
C) bureaucratic age.
D) ultimate camouflage.
E) the authorities.
Resolução:
A frase anterior (“Now it seems there’s no better hiding place than an improperty spelled, computer — generated name.
It is the…”) equivale, em português, a:
“Agora parece que não há melhor lugar para se esconder do que sob um nome incorretamente grafado e gerado por com-
putador. Ele (o nome) é…”
Resolução:
I. Desdobrando-se a sentença The puny sum being sought temos: The puny sum that is being sought, cujo equi-
valente na voz ativa seria, rigorosamente: “The puny sum they are seeking”. No significado, podemos dizer que
essa construção equivale a “the puny sum they seek”. No entanto em termos gramaticais, a voz ativa de “the puny
sum being sought” não é “the puny sum they seek”. Daí, essa afirmação deve ser considerada incorreta.
II. Correta.
Na linha 8, yet é uma conjunção, que significa “no entanto”.
III. Incorreta.
Os comparativos newer e lower referem-se aos valores das taxas percentuais anuais cobrados pelos cartões de crédito.
IV. Incorreta.
No caso, o Present Perfect indica uma ação passada sem tempo definido.
Conclusão: A rigor, somente a afirmação II está correta, hipótese não considerada nas alternativas formuladas pela Banca.
Comentário: Se nos baseássemos apenas no sentido, e com boa vontade, poderíamos admitir que a alternativa I está
correta. Contudo não consideramos isso justo, especialmente com os candidatos mais bem preparados. E, se o fizéssemos,
estaríamos nos “acomodando” diante da falta de rigor na elaboração desta questão.
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Questão 11
Resolução:
I. Lê-se no 1º parágrafo: “They are hot for what they think lies in my wallet. They are not just hot for me.” (Eles estão
ávidos por aquilo que eles pensam estar na minha carteira. Eles não estão apenas ávidos por mim.)
II. No 3º parágrafo, o autor afirma: “What if he went on a major spending spree ... never paying them off ? ” (E se ele —
Erik — entrasse em uma enorme onda de gastos ... e nunca os pagasse?)
III. Errada. Percebe-se, pela leitura do texto, principalmente das linhas 6 e 7, em que o autor descreve seu emprego, que
ele não poderia ser um usuário contumaz (costumeiro) de cartão de crédito. Além disso, o texto demonstra, no geral,
a irritação do autor em relação às companhias de cartão de crédito.
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Questão 12
Questão 13
Assinale, entre as considerações abaixo, a que não pode ser depreendida da leitura do texto:
A) As administradoras de cartão de crédito não se interessam por aqueles indivíduos que mais necessitam delas.
B) A vida de Lundegaard é marcada por constantes mudanças.
➯ C) O autor considera seu trabalho bastante interessante.
D) Operadoras de cartão de crédito oferecem isenção de taxa a seus clientes.
E) Inovações tecnológicas podem influir para a mudança de comportamentos criminosos.
Resolução:
A alternativa A encontra-se no trecho: “Everyone, that is, except those who need them most”; a alternativa B, em: “They
are the one constant in my ever-changing life”. Encontramos a alternativa D em: “Not only am I preapproved, they tell
me I’ll have no annual fee.”. Finalmente a alternativa E depreende-se da leitura do 3º e 4º parágrafos, em que o autor dis-
corre sobre erros de ortografia na geração de seu nome por computador.
Apenas a alternativa C não é depreendida do texto.
Questão 14
Segundo o texto:
A) O marido em questão tem por costume proporcionar à esposa experiências que a fazem sentir jovem e feliz.
B) Voltar a ser criança era o desejo da referida esposa no dia de seu aniversário.
C) A esposa em questão é do tipo de pessoa que come compulsivamente.
D) Não é aconselhável tentar repetir, na idade adulta, o padrão de atividade física exercido na infância.
➯ E) Os homens nunca entendem o que as mulheres pretendem comunicar-lhes.
Resolução:
Encontra-se a resposta na última linha do texto, que pode ser traduzida por: “A moral desta história é: se uma mulher
fala e um homem está lá para ouvi-la, ele inevitavelmente entenderá mal”.
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Questão 15
O texto revela uma mulher:
A) imatura. C) rancorosa. ➯ E) preocupada com a forma física.
B) jovial. D) “de mal com a vida”.
Resolução:
Quando a mulher diz “I’d love to be six again” (1ª linha) e “... I meant my dress size” (penúltima linha), ela expressa o dese-
jo de voltar a vestir roupas de tamanho 6, mostrando preocupação com sua forma física.
Resolução:
Podemos traduzir a frase atribuída a Indira Gandhi como “meu pai certa vez me contou que havia dois tipos de pessoas:
as que trabalham e as que levam a fama. Ele me disse para tentar fazer parte do primeiro grupo; havia muito menos com-
petição lá”.
Ou seja, o pai dizia à filha para que se preocupasse em realizar o trabalho a ela atribuído, e não em obter os méritos rela-
tivos a tal trabalho. Ele queria, assim, transmitir-lhe valores sobre a atitude em relação ao trabalho.
1 What is life? To the physicist the two distinguishing features of living systems are complexity and organization. Even
a simple single-celled organism, primitive as it is, displays an intricacy and fidelity unmatched by any product of human
ingenuity. Consider, for example, a lowly bacterium. Close inspection reveals a complex network of function and form. The
bacterium may interact with its environment in a variety of ways, propelling itself, attacking enemies, moving towards or
5 away from external stimuli, exchanging material in a controlled fashion. Its internal workings resemble a vast city in
organization. Much of the control rests with the cell nucleus, wherein is also contained the genetic ‘code’, the chemical blue
print that enables the bacterium to replicate. The chemical structures that control and direct all this activity may involve
molecules with as many as a million atoms strung together in a complicated yet highly specific way. (...)
It is important to appreciate that a biological organism is made from perfectly ordinary atoms. (...) An atom of
10 carbon, hydrogen, oxygen, or phosphorus inside a living cell is no different from a similar atom outside, and there is
a steady stream of such atoms passing into and out of all biological organisms. Clearly, then, life cannot be reduced
to a property of an organism’s constituent parts. Life is not a cumulative phenomenon like, for example, weight. For
though we may not doubt that a cat or a geranium is living, we would search in vain for any sign that an individual cat-
-atom or geranium-atom is living.
15 Sometimes this appears paradoxical. How can a collection of inanimate atoms be animate? Some people have
argued that it is impossible to build life out of non-life, so there must be an additional, non-material, ingredient within
all living things — a life-force — or spiritual essence which owes its origin, ultimately, to God. This is the ancient
doctrine of vitalism.
An argument frequently used in support of vitalism concerns behaviour. A characteristic feature of living things
20 is that they appear to behave a purposive way, as though towards a specific end.
PAUL DAVIES. God and the New Physics.
N. Y. – Simon & Schuster, Inc., 1984.
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Questão 17
Assinale a opção cuja afirmação contenha a informação correta:
A) living, na linha 1, tem função de verbo.
➯ B) single-celled, na linha 2, é adjetivo.
C) lowly, na linha 3, é advérbio.
D) close, na linha 3, significa “fechada”.
E) stimuli, na linha 5, está no singular.
Resolução:
A) living, na linha 1, tem função de adjetivo ⇒ living systems (sistemas vivos).
B) single-celled, na linha 2, é adjetivo ⇒ single-celled organism (organismos unicelulares).
C) lowly, na linha 3, é adjetivo ⇒ a lowly bacterium: uma modesta bactéria.
D) close, na linha 3, significa “cuidadosa, detalhada” ⇒ uma inspeção detalhada.
E) stimuli, na linha 5, está no plural. A forma singular seria “stimulus”.
Resolução:
Ingenuity significa engenhosidade, criatividade, e não ingenuidade (naiveté).
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Questão 19
A expressão rests with, na linha 6 do texto, quer dizer:
A) resta ao. D) interage com.
➯ B) é responsabilidade do. E) descansa no.
C) responde pelo.
Resolução:
A expressão rests with quer dizer: é responsabilidade de, cabe a, compete a.
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Questão 20
De acordo com o texto:
A) as formas superiores de vida caracterizam-se pela complexidade e organização.
B) o comportamento dos organismos biológicos é definido pela forma com que os átomos se organizam no interior das células.
C) a vida resulta pura e simplesmente de uma combinação química.
D) é possível obter vida a partir de átomos inanimados.
➯ E) o comportamento das coisas vivas parece corroborar a doutrina do vitalismo.
Resolução:
Depreende-se da leitura de todo o texto e, principalmente, dos dois últimos parágrafos:
“Some people have argued ... as though towards a specific end.”
(Algumas pessoas argumentam que é impossível construir vida a partir da não-vida, portanto deve haver um ingrediente
adicional, não-material, dentro de todas as coisas vivas — uma energia de vida —, ou uma essência espiritual que deve
sua origem, basicamente, a Deus. Esta é a antiga doutrina do vitalismo.
Um argumento freqüentemente usado como base do vitalismo refere-se ao comportamento. Um traço característico das
coisas vivas é que elas parecem se comportar de forma propositada, como se fossem em direção a um fim específico.)
Questão 21
Sonolento leitor, o jogo do Brasil já aconteceu. Como estou escrevendo ontem, não faço idéia do que ocorreu. Porém,
tentei adivinhar a atuação dos jogadores. Cabe ao leitor avaliar minha avaliação e dar-me a nota final.
(TORERO, José Roberto. Folha de S. Paulo, 13/06/2002, A-1)
Resolução:
Com a expressão “como estou escrevendo ontem”, o autor explicita que o ato da escrita se dá num hoje (presente) que,
para o leitor, será ontem (passado). Marcam-se, assim, os momentos distintos da produção e da leitura do texto.
A universidade de Taubaté (UNITAU) conta, no total, com 720 universitários [no curso de Comunicação Social],
sendo 130 formandos. Com tantos universitários saindo para o mercado de trabalho, o coordenador do curso de
Comunicação Social da UNITAU (…) mencionou que o Vale do Paraíba é inexplorado e tem potencial de absorver os
formandos.
(Jornal ComunicAção, n.1, março 2002, p. 3)
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Questão 22
Um leitor pode relacionar o conteúdo da construção “com tantos universitários saindo para o mercado de trabalho…” com
o que é mencionado pelo coordenador do curso de Comunicação Social da UNITAU. No entanto, essa leitura torna-se proble-
mática, pois o leitor poderia esperar, a partir daquela construção, uma
➯ A) conseqüência. D) condição.
B) causa. E) proporção.
C) finalidade.
Resolução:
A compreensão primeira que se tem da expressão “com tantos universitários saindo para o mercado de trabalho” é de
que se está apresentando uma causa. Daí a expectativa criada no leitor de que se siga, a essa causa, uma conseqüência.
É a mesma relação que se pode observar, por exemplo, em: Com a forte chuva que caiu na Capital, o jogo foi cancelado.
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Questão 23
Considerando ainda o período abordado na questão anterior, assinale a alternativa que, completando a oração abaixo,
apresenta a relação mais coerente entre as idéias.
O coordenador do curso de Comunicação Social mencionou que,
A) à medida que muitos universitários saem para o mercado de trabalho, o Vale do Paraíba tem potencial de absorver os
formandos, pois ainda é um mercado inexplorado.
B) como muitos universitários saem para o mercado de trabalho, o Vale do Paraíba tem potencial de absorver os forman-
dos, pois ainda é um mercado inexplorado.
Resolução:
Com a ênfase dada ao grande número de formandos, o esperado seria que se concluísse pela incapacidade do merca-
do de absorvê-los. Mas, como, pelo contrário, afirma-se que há mercado para esses formandos, apesar de serem tantos, a
relação que se estabelece é a de concessão, exatamente a que se aponta na alternativa E.
(…)
1 As angústias dos brasileiros em relação ao português são de duas ordens. Para uma parte da população,
a que não teve acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu galgar posições, o problema é sobretu-
do com a gramática. É esse o público que consome avidamente os fascículos e livros do professor Pasquale,
em que as regras básicas do idioma são apresentadas de forma clara e bem-humorada. Para o segmento
5 que teve oportunidade de estudar em bons colégios, a principal dificuldade é com clareza. É para satisfazer
a essa demanda que um novo tipo de profissional surgiu: o professor de português especializado em ades-
trar funcionários de empresas. Antigamente, os cursos dados no escritório eram de gramática básica e se
destinavam principalmente a secretárias. De uns tempos para cá, eles passaram a atender primordial-
mente gente de nível superior. Em geral, os professores que atuam em firmas são acadêmicos que fazem
10 esse tipo de trabalho esporadicamente para ganhar um dinheiro extra. “É fascinante, porque deixamos de
viver a teoria para enfrentar a língua do mundo real”, diz Antônio Suárez Abreu, livre-docente pela
Universidade de São Paulo (…)
(JOÃO GABRIEL DE LIMA. Falar e escrever, eis a questão. Veja, 7/11/2001, n. 1725)
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Questão 24
Aponte a alternativa que contém uma inferência que NÃO pode ser feita com base nas idéias explicitadas no texto.
A) Freqüentemente, uma boa escola é uma espécie de passaporte para a ascensão.
B) O conjunto que abrange “gente de nível superior” não contém o subconjunto “secretárias”.
➯ C) No âmbito da Universidade, os estudos da língua estão prioritariamente voltados para a prática lingüística.
D) A escola de qualidade inferior não favorece o aprendizado da gramática.
E) O conhecimento gramatical não garante que as pessoas se expressem com clareza.
Resolução:
Ao contrário do que afirma a alternativa C, o texto deixa claro que, no âmbito da Universidade, o que se “vive” é a
teoria lingüística, e não a sua prática. É o que está claro na afirmação do professor universitário: “É fascinante, porque
deixamos de viver a teoria para enfrentar a língua do mundo real”.
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Questão 25
Considerando que o autor do texto apresenta os fatos a partir da perspectiva daqueles que procuram um curso de língua por-
tuguesa, aponte o sentido que a palavra “demanda” assume no texto.
➯ A) busca
B) necessidade
C) exigência
D) pedido
E) disputa
Resolução:
Segundo o texto, surgiu um novo tipo de profissional (oferta) justamente para satisfazer a uma demanda, ou seja, a
uma procura ou busca.
Resolução:
Com o emprego dos advérbios sobretudo, principalmente e primordialmente, pode-se obter efeito semelhante ao
obtido pelo adjetivo principal, ou seja, eleger, entre os elementos de certo conjunto, apenas um como o mais significativo.
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Questão 27
Durante a Copa do Mundo deste ano, foi veiculada, em programa esportivo de uma emissora de TV, a notícia de que um
apostador inglês acertou o resultado de uma partida, porque seguiu os prognósticos de seu burro de estimação. Um dos
comentaristas fez, então, a seguinte observação: “Já vi muito comentarista burro, mas burro comentarista é a primeira vez.”
Percebe-se que a classe gramatical das palavras se altera em função da ordem que elas assumem na expressão.
Assinale a alternativa em que isso NÃO ocorre:
➯ A) obra grandiosa D) velho chinês
B) jovem estudante E) fanático religioso
C) brasileiro trabalhador
Resolução:
Na frase “já vi muito comentarista burro, mas burro comentarista”, temos que as categorias gramaticais das palavras
comentarista e burro alteram-se com a mudança de posição:
• comentarista burro
Substantivo Adjetivo
• burro comentarista
Substantivo Adjetivo
Observando as alternativas, apenas em A não ocorre a modificação de classe gramatical com a inversão, isto é, tanto em
“obra grandiosa” como em grandiosa obra, a palavra “obra” é um substantivo e o vocábulo “grandiosa” é um adjetivo.
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Questão 28
Há algum tempo, apareceu na imprensa a notícia de uma controvérsia sobre a Lei de Aposentadoria, envolvendo duas teses
que podem ser expressas nas setenças abaixo:
I. Poderão aposentar-se os trabalhadores com 65 anos e 30 anos de contribuição para o INSS.
II. Poderão aposentar-se os trabalhadores com 65 anos ou 30 anos de contribuição para o INSS.
Aponte a alternativa que apresenta a interpretação que NÃO pode ser feita a partir dessas sentenças:
A) de acordo com (I), para aposentar-se, uma pessoa deve ter simultaneamente, pelo menos, 65 anos de idade e, pelo menos,
30 anos de contribuição para o INSS.
➯ B) de acordo com (II), para aposentar-se, uma pessoa deve ter simultaneamente, pelo menos, 65 anos de idade e, pelo menos,
30 anos de contribuição para o INSS.
C) de acordo com (II), uma pessoa que tenha 65 anos de idade e 5 anos de contribuição para o INSS poderá se aposentar.
D) de acordo com (II), para aposentar-se, basta que uma pessoa tenha 65 anos de idade, pelo menos.
E) de acordo com (II), para aposentar-se, basta que uma pessoa tenha contribuído para o INSS por, pelo menos, 30 anos.
Resolução:
Na frase I, o conectivo “e” estabelece uma relação de adição entre os enunciados; portanto, para aposentadoria, o segu-
rado deve ter pelo menos “65 anos de idade” e ter contribuído para o sistema previdenciário por pelo menos “30 anos”.
Na frase II, o conectivo “ou” está empregado no sentido de alternância, logo a aposentadoria poderá ser requerida com
“30 anos” de contribuição ou aos “65 anos de idade”.
Nesse sentido, a única alternativa que fere os pressupostos acima é a B.
Questão 30
Pode-se apontar como tema do poema
A) a transitoriedade das coisas.
➯ B) a renúncia.
C) a desilusão.
D) a fugacidade do tempo.
E) a dúvida existencial.
Resolução:
O eu-lírico pôs seu sonho num navio e, ao invés de impulsioná-lo para que singrasse tranqüilamente os mares, abre
as águas com suas mãos para fazer naufragar o navio do sonho. Depois, chora para que o mar cresça, o navio chegue ao
fundo e o sonho desapareça. Essas atitudes, enfim, conotam um sentido de renúncia.
Observação: A desilusão, que está contida na renúncia, pois o eu-lírico desiste do sonho, da ilusão — desilude-se, por-
tanto —, poderia ser uma alternativa buscada pelo candidato. No entanto, esse desencanto possui um sentido passivo,
involuntário, e a renúncia um sentido ativo, volitivo. O eu-lírico do poema não é surpreendido pela falência do sonho, mas
sim, ele mesmo, por sua vontade, provoca a desilusão, renunciando ao devaneio e à esperança.
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Questão 31
Cecília Meireles, poeta da segunda fase do Modernismo Brasileiro, faz parte da chamada “Poesia de 30”. Sobre esta auto-
ra e seu estilo, é CORRETO afirmar que ela
A) seguiu rigidamente o Modernismo Brasileiro, produzindo uma poesia de consciência histórica.
B) não seguiu rigidamente o Modernismo Brasileiro, produzindo uma obra de traços parnasianos.
C) seguiu rigidamente o Modernismo Brasileiro, produzindo uma poesia panfletária e musical.
➯ D) não seguiu rigidamente nenhuma corrente do Modernismo Brasileiro, produzindo uma poesia lírica, mística e musical.
E) não seguiu rigidamente nenhuma corrente do Modernismo Brasileiro, produzindo uma poesia histórica, engajada e musical.
Questão 32
João e Maria
Quanto ao tempo verbal, é CORRETO afirmar que, no texto ao lado,
Agora eu era herói
A) a relação cronológica, no primeiro verso, entre o momento da fala e “ser herói” é de E o meu cavalo só falava inglês
anterioridade. A noiva do cawboy
B) o pretérito imperfeito indica um processo concluído num período definido no passado. Era você além das outras três
➯ C) o pretérito imperfeito é usado para instaurar um mundo imaginário, próprio do uni- Eu enfrentava os batalhões
verso infantil. Os alemães e os seus canhões
D) o conflito entre a marca do presente — no advérbio “agora” — e a do passado — nos Guardava o meu bodoque
verbos — leva à intemporalidade. Ensaiava o rock
E) o pretérito imperfeito é usado para exprimir cortesia. Para as matinês (...)
(CHICO BUARQUE DE HOLANDA)
Resolução:
O pretérito imperfeito do indicativo, empregado em sentido literal, indica um processo passado não concluído.
No texto João e Maria, de Chico Buarque de Holanda, os verbos no pretérito imperfeito estão empregados em sen-
tido não-literal; nesse caso concreto, a referida forma está projetando os eventos para o mundo das fábulas, do universo
imaginário, o que é um recurso recorrente nas histórias infantis.
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Questão 33
Com relação ao texto abaixo:
Primeira mulher: Trabalhar o tempo inteiro e tomar conta da casa está me levando à loucura! Depois do trabalho, cheguei
em casa e lavei a roupa e a louça. Amanhã tenho de lavar o chão da cozinha e as janelas da frente.
Segunda mulher: Então? E teu marido?
Primeira mulher: Ah! Isso eu não faço de maneira alguma! Ele pode muito bem se lavar sozinho!
(ILARI, Rodolfo. Introdução à Semântica. São Paulo: Contexto, 2001)
podemos afirmar que, do ponto de vista das funções gramaticais, a piada fundamenta-se num mal-entendido, nascido do
fato de
A) a primeira mulher ter usado o pronome “isso” para retomar um predicado que ficou implícito na fala da segunda mu-
lher.
B) a segunda mulher não ter enunciado uma frase completa com a pergunta “E teu marido?”
C) a primeira mulher ter usado, na sua justificativa para a recusa, o verbo “poder”, indicando que o marido tinha condições
de se lavar sozinho.
➯ D) a primeira mulher ter atribuído a “teu marido” o papel de alvo e não de agente.
E) a primeira mulher confundir as funções sintáticas pertinentes, evidenciadas na fala da segunda mulher.
Questão 34
Para uma pessoa mais exigente no que se refere à redação, especificamente a construções em que está em jogo a omissão do
sujeito, só seria aceitável a alternativa
A) As mulheres devem evitar o uso de produtos de higiene feminina perfumados, pois podem causar irritações (...) (Infecção
urinária. In A Cidade. Lorena, março/2002, ano IV, n. 42)
B) É recomendável também não usar roupas justas, pois assim permite uma boa ventilação (...), o que reduz as chances de
infecção. (Infecção urinária. In A Cidade. Lorena, março/2002, ano IV, n. 42)
➯ C) Alguns medicamentos devem ser ingeridos ao levantar-se (manhã), e outros antes de dormir (noite), aproveitando assim
seu efeito quando ele é mais necessário. (Boletim informativo sobre o uso de medicamentos, produzido por M & R Co-
municações)
D) Já a rouquidão persistente é sinal de abuso excessivo da voz, o que pode levar à formação de nódulos (calos) ou pólipos,
e merecem atenção especial. (Rouquidão: o que é e como ela afeta sua saúde vocal. Panfleto de divulgação do curso de
Fonoaudiologia. Lorena, abril de 2001)
E) As seqüelas [causadas pelo herpes] variam de paciente para paciente e podem ou não ser permanentes. (Folha Equilíbrio.
Folha de S. Paulo, 27/06/2002, p. 3)
Resolução:
A única alternativa aceitável é a C, pois a omissão dos sujeitos dos verbos “levantar-se” e “dormir” imprime ao texto
dissertativo certo caráter generalizante. Nesse caso, o sujeito dos dois verbos só pode ser um usuário genérico, implícito
no contexto.
Questão 35
A idéia central é que
A) a língua portuguesa está repleta de dificuldades, principalmente prosódias e paródias, para os falantes brasileiros.
B) autores de língua portuguesa, como Fernando Pessoa, Guimarães Rosa e Camões, têm estilos diferentes.
➯ C) a pátria dos falantes é a língua, superando as fronteiras geopolíticas.
D) na língua portuguesa, é fundamental a associação de palavras para criar efeitos sonoros.
E) a escola de samba Mangueira é uma legítima representante dos falantes da língua portuguesa.
Questão 36
Caetano Veloso, em determinado ponto do texto, refere-se à Língua Portuguesa de modo geral, sem considerar as peculiari-
dades relativas ao uso do idioma no Brasil e em Portugal. Para fazer tal referência, utiliza-se da seguinte expressão:
A) Língua de Luís de Camões.
➯ B) Lusamérica.
C) Minha língua.
D) Flor do Lácio.
E) Latim em pó.
Resolução:
Caetano Veloso forja o neologismo “Lusamérica” para abarcar, numa única expressão, tanto a manifestação lusa quan-
to o uso brasileiro da Língua Portuguesa. Com isso, supera as particularidades, não fazendo esquecer as diferenças, mas
aglutinando-as numa síntese que estabelece a unidade lingüística que a canção tematiza.
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Questão 37
A expressão “Flor do Lácio” também faz parte de um famoso poema da Literatura Brasileira, intitulado “Língua Portu-
guesa”, produzido na segunda metade do século XIX.
Assinale a alternativa que apresenta características pertencentes ao estilo da época em que foi produzido esse poema.
A) Subjetivismo, culto da forma, arte pela arte.
B) Culto da forma, misticismo, retorno aos motivos clássicos.
➯ C) Arte pela arte, culto da forma, retorno aos motivos clássicos.
D) Culto da forma, subjetivismo, misticismo.
E) Subjetivismo, misticismo, arte pela arte.
Resolução:
Ao empregar a expressão “Flor do Lácio”, Caetano Veloso alude ao verso “Última flor do Lácio, inculta e bela”, que ini-
cia famoso poema de Olavo Bilac. Ambos os autores lembram que o Português foi a última língua a formar-se do Latim,
falado pelos habitantes do Lácio e pelos antigos romanos.
O poema “Língua Portuguesa”, de Bilac, é emblemático do Parnasianismo, estilo que apresenta como principais traços
o esteticismo (“arte pela arte”), a ourivesaria verbal (“culto da forma”) e a retomada de sugestões da cultura greco-latina.
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Questão 38
No texto, Caetano Veloso fala de “paródias”. Em qual das alternativas abaixo o segundo texto NÃO parodia o primeiro?
A) Penso, logo existo. / Penso, logo desisto.
➯ B) Quem vê cara não vê coração. / Quem vê cara não vê Aids.
C) Nunca deixe para amanhã o que pode fazer hoje. / Nunca deixe para amanhã o que pode fazer depois de amanhã.
D) Em terra de cego, quem tem um olho é rei. / Em terra de cego, quem tem um olho não abre cinema.
E) Antes só do que mal acompanhado. / Antes mal acompanhado do que só.
Resolução:
Considerando-se a intenção de fazer rir como um requisito obrigatório para a conceituação de paródia, a única alter-
nativa em que a relação intertextual não visa ao efeito de humor é a B. Em todas as outras, o texto original é ridiculari-
zado por aquele que o parodia.
Observação: O conceito de paródia não é unívoco na tradição dos estudos lingüísticos e literários; diversos autores não
consideram imprescindível o efeito de humor para a sua definição. Por exemplo, o poema “O Mostrengo” (in Mensagem, de
Fernando Pessoa) mantém uma relação paródica com o episódio do Gigante Adamastor (in Os Lusíadas, de Camões), sem
que haja nenhuma intenção humorística. Além disso, mesmo na alternativa B, pode-se perceber um humor negro, que
escarnece daquele que se deixa levar pela aparência.
Somente fazendo vista grossa a essas observações é que se pode chegar à alternativa B.
Questão 39
Os anúncios apresentam semelhanças porque seus criadores
➯ A) exploram, na construção do texto, o potencial de significação das palavras, com criatividade.
B) exploram expressões consagradas, negando, no entanto, o sentido popular de cada uma delas.
C) utilizam processos de abreviação vocabular, representados, respectivamente, por uma sigla e uma onomatopéia.
D) apostam nas sugestões sonoras produzidas pelos textos e no conhecimento vocabular dos leitores.
E) elaboram textos que, apesar de criativos, apresentam a redundância como um problema de redação.
Resolução:
Os dois anúncios exploram de modo expressivo a significação (e a sonoridade) de certas palavras, responsáveis pela
instauração de duplos sentidos. No primeiro caso, o termo “portador” pode ser interpretado como aquele que tem Aids ou
que porta o cheque; no segundo, “Bi Bi” pode ser interpretado como uma onomatopéia, figura imitativa de um som (no
caso, de buzina), ou como uma referência a “duas vezes bicampeão” (repetição do prefixo “Bi”, que significa “dois”).
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Questão 40
Nos anúncios, os publicitários utilizaram recursos gramaticais diferentes para possibilitar, ao menos, duas leituras. Aponte
o tipo de recurso utilizado em cada um desses anúncios, respectivamente,
A) sintático, pela função de adjunto adnominal de “ao portador”, e fonético, pela exploração da repetição de som.
B) semântico, pela polissemia do termo “cheque”, e sintático, pela elipse do verbo de ligação “ser”.
C) morfológico, pela utilização de sigla, e fonético, pela exploração da repetição de som.
➯ D) semântico, pela polissemia de “portador”, e morfológico, pela formação de palavra por prefixação.
E) sintático, pela elipse de um termo, e morfológico, pela exploração de um prefixo latino.
Resolução:
Para produzir as duas possibilidades de leitura, explorando expressivamente a ambigüidade, os anúncios recorrem a
procedimentos lingüísticos complexos e distintos.
No primeiro, de fato, opera-se com a polissemia (vários sentidos) da palavra “portador”. O dicionário Houaiss, por
exemplo, traz, entre outras, essas duas acepções para o vocábulo:
• “Rubrica: infectologia.
que ou aquele que se encontra infectado por germes de doença;
• Rubrica: termo jurídico.
diz-se de ou pessoa detentora de cheque ou título não nominativo e pagável a quem o apresenta.”
No segundo, inicialmente, a seqüência “Bi Bi” é interpretada como onomatopéia que faz referência ao som da buzina
de um veículo de fabricação do anunciante; mas depois, a partir da analogia com o termo “bicampeão”, pode ser
interpretada como uma palavra formada a partir da repetição do prefixo latino “bi”, que significa “duas vezes”.
Essas alegações justificam a escolha da alternativa D.
Questão 41
Leia com atenção os textos abaixo.
IRACEMA — CAPÍTULO II
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe
de palmeira.
O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como o seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo,
da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras
águas.
(JOSÉ DE ALENCAR)
A) Romantismo e Modernismo são dois movimentos literários de fundo nacionalista. Com base nessa afirmação, indique
pontos de contato entre as obras “Iracema” e “Macunaíma” que podem ser comprovados pelos excertos anteriores.
B) Encontre nos textos, ao menos, uma diferença entre o estilo de Mário de Andrade e o de José de Alencar.
Resolução:
A) Nos excertos, encontram-se dois evidentes pontos de contato entre as obras Iracema, de José de Alencar, e Macunaíma,
de Mário de Andrade:
• a criação de personagens indígenas — Iracema, da tribo tabajara, e Macunaíma, da tribo tapanhuma — como heróis
que representam a brasilidade;
• a valorização da paisagem brasileira, com ênfase em seus aspectos pitorescos.
Também poderia ser apontado outro elemento comum: a estilização literária de uma língua brasileira, diferenciada
do registro lusitano, como se comprova, por exemplo, no plano léxico, pela utilização de vocabulário de origem tupi.
B) Os dois autores exploraram a prosa poética, mas com diferenças estilísticas notáveis, dentre as quais se destaca o regis-
tro lingüístico, que é elevado em Alencar e coloquial em Mário de Andrade. Há, também, diferenças decorrentes da dis-
tância temporal e estética que os separa. Enquanto Alencar é típico representante do Romantismo (século XIX),
propenso à idealização nacionalista, evidente na heroína Iracema, Mário de Andrade se identifica com o nacionalismo
crítico do Modernismo (século XX), que se constata na criação da personagem Macunaíma como anti-herói.
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Questão 42
Graciliano Ramos:
Leia o texto ao lado.
Falo somente com o que falo:
A) No poema, João Cabral faz referência ao estilo de Graciliano Ramos. Com as mesmas vinte palavras
Destaque um trecho do excerto acima e comente a caracterização feita pelo girando ao redor do sol
autor do poema. que as limpa do que não é faca:
B) Justifique a colocação dos dois pontos após o nome Graciliano Ramos no
título do poema. de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara.
(...)
(JOÃO CABRAL DE MELO NETO)
Resolução:
A) Um trecho do poema de João Cabral que se refere ao estilo de Graciliano Ramos são os dois primeiros versos:
Falo somente com o que falo:
Com as mesmas vinte palavras
No fragmento, o poeta faz alusão ao estilo seco, despojado, conciso, anti-retórico que caracteriza a prosa literária de
Graciliano Ramos. Também poderiam ser citados os versos em que aparecem “sol” (em torno do qual as palavras giram)
e “faca”, símbolos da expressão aguda, angulosa e agressiva do romancista alagoano.
B) Na escrita, os dois-pontos possuem função anunciativa, retardam o fluxo discursivo para anunciar algo. Assim, o títu-
lo do poema enuncia “Graciliano Ramos”, e os dois-pontos anunciam que a composição abordará o romancista alagoano.
Além disso, pode-se entender esse sinal de pontuação como introdutor ou anunciador de discurso direto. Dessa forma,
o eu-lírico do poema, ficcionalmente, assumiria a voz de Graciliano Ramos.
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Questão 43
O texto abaixo, de divulgação científica, apresenta termos coloquiais que, apesar de muito expressivos, não são comuns em
textos científicos. Reescreva o primeiro período, utilizando a linguagem no nível formal.
A ciência vive atrás de truques para dar uma rasteira genética no câncer, mas desta vez parece que pesquisadores
americanos deram de cara com um ovo de Colombo. Desligando um só gene, eles pararam o crescimento do tumor.
Melhor ainda: quando a substância que suprimia o gene parava de agir, ele se ativava, outra vez — mas a favor do
organismo, ordenando a morte do câncer.
(JOSÉ REINALDO LOPES. Gene “vira-casaca” derruba tumor. Folha de S. Paulo, 5/07/2002, A-16)
Questão 44
Leia o texto abaixo.
A) O texto contém termos do universo do futebol, como, por exemplo, “tabelinha”, uma jogada rápida e entrosada normal-
mente entre dois jogadores. Retire do texto outras duas expressões que, embora caracterizem esse universo, também
assumem outro sentido. Explique esse sentido.
B) O título pode ser considerado ambíguo devido à expressão “sob medida”. Aponte dois sentidos possíveis para a expressão,
relacionando-os ao conteúdo do texto.
Resolução:
A) A expressão “dar bola” e a palavra “campos” podem assumir, respectivamente, o significado de prestar atenção, inte-
ressar-se e assuntos, matérias, motivos.
B) A expressão “sob medida” pode caracterizar tanto um jogador de muito talento, que se encaixa perfeitamente
num determinado time como um jogador que é submetido periodicamente a avaliações de sua capacidade
física, a fim de que se possa verificar seus limites e possibilidades de resistência.
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Questão 45
Leia o texto seguinte.
“No dia 13 de agosto de 1979, dia cinzento e triste, que me causou arrepios, fui para o meu laboratório, onde, por sinal,
pendurei uma tela de Bruegel, um dos meus favoritos. Lá, trabalhando com tripanossomas, e vencendo uma terrível
dor de dentes...” Não. De saída tal artigo seria rejeitado, ainda que os resultados fossem soberbos. O estilo... O cientista
não deve falar. É o objeto que deve falar por meio dele. Daí o estilo impessoal, vazio de emoções e valores:
Observa-se
Constata-se
Obtém-se
Conclui-se.
Quem? Não faz diferença...
(RUBEM ALVES. Filosofia da ciência. São Paulo: Brasiliense, 1991, p. 149)
A) Do primeiro parágrafo, que simula um artigo científico, extraia os aspectos da forma e do conteúdo que vão contra a
idéia de que “o cientista não deve falar”.
B) O autor exemplifica com uma seqüência de verbos a idéia de que o estilo deve ser impessoal. Que estratégia de construção
é usada para transmitir o ideal de impessoalização?
Resolução:
A) Diversas características do primeiro parágrafo opõem-se ao discurso científico, ou seja, à idéia, criticada por Rubem
Alves, de que o “cientista não deve falar”, manifestar-se emotivamente.
O uso dos verbos na primeira pessoa e a presença da digressão, iniciada pela passagem “onde, por sinal...”, são aspec-
tos formais que deixam transparecer o “eu” do emissor da mensagem.
A emotividade se observa, também, na adjetivação abundante: “dia cinzento e triste” e “terrível dor de cabeça”. A sub-
jetividade do texto é reforçada pela apresentação direta dos sentimentos do “cientista”: “um dos meus favoritos” e “me
causou arrepios”.
B) Os verbos elencados, além de remeter a etapas da pesquisa científica, teoricamente neutra, apresentam-se na voz pas-
siva sintética. Assim, há uma indeterminação do agente da ação. Logo, referem-se apenas aos fatos em si, e não a
quem os pratica. Essa estratégia de construção leva Rubem Alves a concluir com ironia: “Quem? Não faz diferença...”
1. “O que se deve fazer quando um concorrente está se afogando? Pegar uma mangueira e jogar água em sua boca”.
(Ray Kroc, fundador do McDonald’s, em Tudo, n. 11, 15/04/2001, p. 23)
2. “Temos de dar os parabéns ao Rivaldo. A jogada dele foi a mais inteligente da partida contra os turcos. São lances
como esses que te colocam na Copa do Mundo. Tem de ser malandro. Só quem joga futebol sabe disso.”
(Roberto Carlos, jogador da seleção brasileira de futebol, comentando a atitude de Rivaldo, que fingiu ter sido
atingido no rosto pela bola chutada por um adversário. Folha de S. Paulo, 06/06/2002)
3. Ética. s.f. Estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.
(Dicionário Aurélio Eletrônico. Versão 2.0 [199_] Rio de Janeiro: Lexikon Informática, Nova Fronteira, CD-ROM)
4. Como toda descoberta científica exige que o pesquisador suspenda seus preconceitos, ela comporta riscos éticos. Mas
a ciência não produz automaticamente efeitos nocivos no plano ético. A aplicação da ciência ao mundo prático nunca
é mecânica ou automática. Ela depende das escolhas humanas.
(Renato Janine Ribeiro. In Pesquisa: clonagem. FAPESP, n. 73, março 2002. Suplemento Especial)
Análise da proposta
A prova de redação do ITA traz uma coletânea de textos que auxiliam o candidato a refletir sobre o tema: a importância
da ética nas atividades e relações humanas.
O primeiro deles, uma citação do fundador da rede de lanchonetes McDonald’s, deixa explícito o princípio de que, numa
disputa, é válido eliminar-se o inimigo, não se importando o método. O segundo, um depoimento do jogador da seleção brasi-
leira de futebol Roberto Carlos, demonstrando apoio à encenação de seu colega de profissão Rivaldo, corrobora a tese de que a
“malandragem”, o “levar vantagem em tudo”, é a conduta a ser adotada quando o objetivo é vencer. O texto 3, verbete do Dicio-
nário Aurélio Eletrônico, define ética como o conjunto de juízos sobre os comportamentos humanos, que podem ser qualificados
como certos ou errados, de acordo com os valores de uma sociedade. O último, de Renato Janine Ribeiro, defende que a ciência
não comporta preconceitos. Embora possa atentar contra a ética, não o faz necessariamente, já que as conquistas científicas
dependem do crivo humano para serem postas em prática.
Encaminhamentos possíveis
Não há como defender que a ética não tem importância alguma para a vida em sociedade. Sem nenhum padrão de julga-
mento, sem critérios para premiações ou condenações, a integridade social fica sob grave ameaça: seria o triunfo da barbárie
sobre a civilização, o retorno à lei do mais forte, sem qualquer mediação moral.
Tendo isso em vista, o candidato poderia ressaltar que, numa sociedade competitiva, como é o caso da capitalista, os indi-
víduos são incitados a recorrer a todos os meios a seu alcance para conquistar seus objetivos. Nesse contexto, alguns dos valo-
res sociais, como a noção de cidadania e de respeito ao semelhante, são menosprezados em detrimento do individualismo, até
mesmo como uma estratégia de sobrevivência. Isso explicaria por que, na vida cotidiana, testemunhamos tão freqüentemente
a diversas manifestações de selvageria.
Por outro lado, haveria a possibilidade de se defender uma atitude ideal: mesmo nessa sociedade competitiva, só é válido
superar os concorrentes pela competência, respeitando os limites do outro e as regras de boa convivência social. Valorizar-se-ia
aqui a consciência comunitária como critério máximo para a definição do que seja ético, pondo relevo, sobretudo, nas conse-
qüências negativas do amoralismo para a vida social: fraudes, corrupção, violência.
As vinte questões tiveram como base quatro textos de gêneros variados. A prova foi criativa e bem humorada, abor-
dando aspectos gramaticais e lexicais em função dos contextos, nos quais também foi verificado um nível aprofundado de
leitura. Neste sentido, o exame foi exemplar.
Entretanto, faltou cuidado na editoração, pois nota-se a falta de numeração das linhas do texto referente às questões de
5 a 13 e na forma gráfica do advérbio não na questão 8 — sem grifo e negrito, diferentemente do que ocorreu na questão 13.
Há que se lamentar ainda o descuido ocorrido na elaboração da questão 10 (ver comentário).
Português
No tocante à Língua Portuguesa e ao Entendimento de Textos, o grande mérito da prova é o de apresentar questões
cuja solução depende, não de um conhecimento teórico-gramatical da língua, mas da habilidade para reconhecer, em tex-
tos de várias modalidades, os mecanismos lingüísticos criadores dos mais variados efeitos de sentido.
Em relação às questões de Literatura, a Banca soube sintetizar uma considerável diversidade de conteúdos: movi-
mentos literários, referências a escritores de estilos fortemente individualizados, propostas estéticas de autores con-
sagrados, figuras de linguagem, além de textos em conexões intertextuais.
Só podemos elogiar a pertinência crítica dos conteúdos avaliados, de razoável complexidade, e a formulação clara e
precisa dos enunciados, exceções feitas às questões 31, 38 e 40 (vide respectivas resoluções comentadas).
A Banca foi muito feliz tanto na escolha dos textos, feita com bom gosto e criteriosa variedade, como na maneira lúci-
da e criativa com que os abordou.
Ir bem neste exame é realmente dar provas de um domínio competente e funcional dos múltiplos recursos expressivos
da língua.
Na proposta de Redação, a partir de uma coletânea de textos, pede-se ao candidato que produza uma dissertação em
prosa sobre um assunto fundamental na vida social brasileira: a ética. Trata-se de um tema nada surpreendente para
alunos bem preparados. A proposta segue, assim, a linha mais usual dos vestibulares atuais.