Embriagado por um beija-flor Nem torcer a cara de nojo Pro seu rosto marcado, Pro seu rosto suado, Banhado de dor... Olha a cara do meu amigo No chão De lama, de sujeira, de solidão Enxergar nos olhos da lua Um milhão de almas nuas De almas suas De lindas ruas Frustadas de amor... Se um dia o urubu chegar Entristecer o sol e chorar Comendo a carniça Da alegria E de uma grande chacina Com o seu rosto caído Na rua do beija-amor... Levar pra casa o retrato caído De um anjo tão bonito Rasgou o céu e se espatifou No asfalto cozido de bolor E na amargura daquele tombo Vendo o mundo passar ao largo Vendo o rio correndo ao largo De tudo que é bom... Mas não vou morrer por aqui Entristecido por assombração Nem riscar a máscara negra Do meu coração apertado Do meu peito magoado Chorando de amor...