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Anestesias perineurais
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e regionais em equlnos
Perineural and Departamento de
I RESUMO
Descreve-se neste trabalho de revisão a fannacologia dos anestésicos locais empregados em anestesia
perineural e regional em eqüinos, bem como a localização anatômica e técnicas utilizadas para reali-
zação destes bloqueios, com suas respectivas indicações e problemas relacionados.
Unitermos: anestesia perineural, eqüinos, bloqueios
01 inúmeras ocasiões, procedimentos cirúrgicos que a mesma pode interferir em casos de bloqueios para
.J,podem ser realizados facilmente através da utili- fms de diagnóstico. Em situações em que o animal de-
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LUNA, STELlO PACCA LOUREIRO. Anestesias perineurais e regionais em eqüinos. Revista de Educação Continuada do CRMV-SP. São Paulo,
fascículo I, volume I, p. 024 - 030, 1998.
vel adicionado à 20 rnl do anestésico local) com o intuito ou 30x7 ou ainda "scalp" n2 25. A maioria dos nervo
de prolongar a duração da anestesia 1. Deve-se chamar a que podem ser bloqueados ne ta região são originários
atenção porém, que não se deve utilizar anestésicos lo- do n. trigêmio (52 par de nervo craniano), sendo que os
cais associados à vasoconstrictores em extremidades, tais bloqueios estão descritos a seguir:
como membros e cauda, devido ao risco de isquemia lo- Aquinesia (ausência de movimento e de fecha-
cal e necrose tissular. mento voluntário) induzida da pálpebra superio,3,4,S,6;
A lidocaina pode er utilizada nas concentrações o suprimento da função motora da pálpebra superior é
de 1 e 2%, de acordo com o tempo de bloqueio anestési- fornecido pelo n. auriculopalpebral, que é um ramo do
co requerido, que é aproximadamente de 1 e 2 horas res- n. facial. O bloqueio deve ser realizado nos ramos dor-
pectivamente l . Caso um tempo mais prolongado seja sal e ventral, situados na depressão da borda temporal
necessário, deve-se optar pela bupivacaína nas concen- do arco zigomático (ramo dorsal - E) e imediatamente
trações de 0,25 e 0,5 %, já que a mesma é mais lipossolú- abaixo do processo condilar da mandíbula (ramo ven-
vel e quatro vezes mais potente que a lidocaína]. Exis- tral - F) (profundidade subcutânea - volume: 3-5 ml - E
tem também soluções de bupivacaína à 0,75% com va- e F). A realização deste bloqueio, juntamente com a
soconstrictor, o que fornece um tempo de bloqueio de analgesia das pálpebras des.crita a seguir, é útil para o
mais de 4 horas. exame oftálmico, alívio de espasmo palpebral, admi-
A potência da ropivacaína é similar à da bupiva- TÚstração de medicamentos de uso oftálmico por via sub-
caína, porém tem se demonstrado que a primeira propor- conjuntival, remoção de corpo estranho na córnea e es-
ciona maior duração da ação após anestesia infiltrativa e truturas adjacentes, colheita de material para histologia
menor cardiotoxicidade2 . A ropivacaína apre enta-se em e/ou biópsia e para cirurgias oftálmicas e suturas de pál-
concentrações de 0,2%,0,75% e 1% para bloqueios pe- pebras.
rineurais e anestesia infiltrativa. Analgesia de pálpebra superior4,6,7,8: n. supra-
orbitário, localizado na emergência do forâmen supraor-
Bloqueios anestésicos perineurais bitário, 6 cm dorsal a comissura mediaI do olho. Intro-
duz-se a agulha em direção dorso-ventral (analgesia de
2/3 mediai da pálpebra superior - A). Adicionalmente deve-
Cabeça se bloquear o n. lacrimal localizado de 0,5 a 1 cm acima da
comissura lateral da pálpebra superior (pro-
fundidade subcutânea: 3-5 rnl - B)
Analgesia de pálpebra inferior e co-
missura medial do olho4 ,6,7,8: n. zigomá-
tico, situado entre a comissura lateral e me-
diaI do olho, 0,5 a 1 cm ventral a pálpebra
inferior, na porção supraorbitária do arco
zigomático (profundidade subcutânea - vo-
lume: 3-5 ml - D) e n. infratroclear, locali-
zado à 1 cm dorsal e lateral à comissura
mediaI do olho (profundidade subcutânea
- volume: 3-5 ml - C)
Analgesia do maxilar superior6,8:
Figura 1 o bloqueio do n. infraorbitário produz anal-
gesia dos dentes pré-molares, caninos e in-
Figura 1 - Locais de injeção do anestésico local para bloqueio dos nervos da cabeça, cisivos superiores, pele, palato e muco a
com as áreas correspondentes de analgesia: (A) n. supraorbitário, (B) n. lacrimal, (C) n.
infratroclear, (D) n. zigomático, (E) auriculopalpebral dorsal e (F) ventral, (G e H) n. oral e nasal. Este nervo está localizado no
infraorbitário e (K e L) n. mentoniano (desenho modificado de SKARDA, 19966 ). forâmen infraorbitário; abaixo do múscu-
lo elevador naso-Iabial superior, 4 cm dor-
As anestesias perineurais na cabeça apresentam sal e cranial à borda anterior da crista facial. A agulha
algumas vantagens, na medida que possibilitam a reali- deve ser introduzida em direção ântero-posterior (pro-
zação de intervenções cirúrgicas com o animal em posi- fundidade 0,5-1,0 cm - volume: 5 ml - H e G).
ção quadrupedal, facilitando a manipulação do mesmo. Analgesia do ramo anterior da mandíbula5 ,6,8:
Utiliza-se para estes bloqueios agulha de insulina (25x5) n. mentoTÚano, situado na emergência do forâmen men-
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LU A, STELlO PACCA LOUREIRO. Anestesias pcrineurais e regionais em eqüinos. Revista de Educação Continuada do CRMV-SP. São Paulo,
fasciculo I, volume I, p. 024 - 030, 1998.
Membros
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fascículo 1, volume I, p. 024 - 030, 1998.
mediai, abaixo da articulação metacarpo (ou metatarso)- proximal da borda anterior do rádio-ulna, margeando
falangeana, paralelo à veia e artéria digital (profundida- a veia cefálica (profundidade subcutânea - volume: 5-10
de subcutânea - volume: 3-5 ml - E) ml- H).
Analgesia dos dois terços anteriores do casco:
ramo dorsal (anterior) do n. digital, localizado nas faces Membro Posterior (Figura 4)6,8,9,10,11,12,13
lateral e mediaI, abaixo da articulação metacarpo (ou me- Os bloqueios referentes à porção distaI do meta-
tatarso)-falangeana (profundidade subcutânea - volume: tarso são realizados da mesma forma que anteriormente
3-5 ml - I). Este bloqueio produz analgesia distaI ao lo- descritos para o membro anterior.
caI de injeção, incluindo as fa-
langes proxilnal, média e dis-
tai, ramos dorsais do ligamen-
to suspensor e tendão exten-
sor digital comum.
A
Analgesia distai a ar-
ticulação metacarpo-falan-
geana: n. sesamóide abaxial A
(n. digital palmar ou plantar
mediaI e lateral), localizado c
na superfície abaxial ventral
mediaI e lateral da borda pro-
ximal dos sesamóides proxi-
mais (bilateral), acompanha-
do por artéria e veia (profun-
didade subcutânea - volume: ?
3-5 ml - D).
Analgesia distai ao ter- p
L
ço posterior do metacarpo ou Figura 4
metatarso: bloqueio 4 pontos
no n. digital mediai e lateral,
Figura 4 - Locais de injeçào do anestésico local para bloqueio dos nervos da porçào proximal do mem-
situado entre os tendõe fle- bro posterior, com as áreas correspondentes de analgesia: (A) n. fibular, (8) n. tibial e (C) n. safeno.
xores e o ligamento suspensor Considerar o corte sagital realizado no terço médio da tíbia. Vista lateral (L), mediai (M), posterior (P) e
do boleto (profundidade 1- 2 anterior (A) (desenho modificado de SKARDA, 19966).
em - volume: 5 ml - A) e n.
metacarpiano ou metatarsiano mediaI e lateral, localiza- Analgesia distai ao tarso (inclusive): Da mesma
Q Q
do entre o ligamento suspensor do boleto e o 2 e 4 os- forma que no membro anterior, três nervos devem ser
sos metacarpianos (profundidade até 2,5 em - volume: 5 bloqueados simultaneamente, sendo um situado na face
ml - C). Na Figura 3 pode ser observada a área de anal- lateral e dois situados na face mediai dos membros. O n.
gesia abrangida após estes bloqueios. Uma outra opção tibial localiza-se na face mediai do terço médio da tíbia,
para a analgesia desta região é a anestesia infiltrativa cir- borda anterior do tendão flexor digital superficial (Aqui-
cular, ou seja ao redor do membro. les), entre o músculo gastrocnêrnio e o tendão flexor di-
Analgesia distai ao carpo (inclusive): Três blo- gital profundo, 10 a 15 em acima da articulação do tarso
queios devem ser realizados simultaneamente. O n. ul- (profundidade até 2,0 em - volume: 10 ml- B). O n. safe-
nar está localizado na face posterior, na transição entre a no situa-se na face mediaI, acima da articulação fêmuro-
face lateral e mediai do membro, no terço caudal do rá- tíbio-rotuliana, dorsal e paralelo à veia afena (profundi-
dio, 10 em acima do osso acessório do carpo, numa de- dade subcutânea - volume: 10 ml - C). O n. fibular deve
pressão situada entre os músculos flexor carpo ulnar e o ser bloqueado em dois pontos, o ramo superficial e o
ulnar lateral (profundidade de 0,5-1,0 em - volume: 5-10 profundo. Este nervo está localizado na face lateral do
ml - G). O n. mediano localiza-se na face mediai, terço membro posterior, entre o músculo extensor digital late-
proximal e médio do rádio-ulna, junto a borda posterior ral e comum; 10 em proximal ao maléolo lateral da tíbia
do rádio (profundidade até 4,0 em - volume: 10 ml - F). (profundidade de 1-2 em - superficial - e 5 em - profun-
O n. músculo-cutâneo situa-se na face mediai, terço do - volume: 10 + 10 ml - A).
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Figura 6
Figura 5
Figura 5 - Locais de injeção do anestésico local para bloqueio para- Figura 6 - Local de injeção do anestésico local para anestesia epidu-
vertebral, com a área correspondente de analgesia, sendo (A) ramo ral (A), com a área correspondente de analgesia (Co-l e Co-2: Iª e 2ª
dorsal e (8) ventral do n.espinhal. Considerar o corte sagital realiza- vértebras coccígeas) (desenho modificado de SKARDA, 19966).
do na altura do foramen intervertebral de LI (desenho modificado de
SKARDA, 19966 ).
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deve-se aspirar para se certificar que não haja uma injeção da ropivacaína 1%, da lidocaína 2% com vasoconstric-
intravenosa inadvertida. O período de latência é de até 30 tor e da associação de lidocaína e ropivacaína em éguas,
minutos e o volume de anestésico local a ser injetado é de utilizando-se um volume de 0,018 ml/kg. Observou-se
0,015 rnlfkg, já que um volume maior pode ocasionar ata- um período médio de latência de 17, 15 e 7 minutos e
xia, perda da motricidade e até decúbito, levando a sérios um período analgésico médio de 285, 163 e 202 minutos
riscos de traumatismo. Normalmente observa-se um rela- respectivamente, demonstrando a viabilidade do uso da
xamento da cauda e do esfíncter anal até 10 minuto após a ropivacaína na espécie eqüína e de uma maior duração
aplicação do anestésico local, porém a analgesia para o ini- de ação proporcionada pelo uso deste novo anestésico.
cio da cirurgia é obtida apenas após 20 a 30 minutos. Em Analgesia da região abdominal ventral 9 : o
situações em que se deseja uma analgesia mais anterior, ou bloqueio do n. torácico lateral deve ser realizado na
seja, por exemplo na cérvix, deve-se complementar com altura entre a 6ª co tela e o terço proximal do úmero.
anestesia infiltrativa no local, já que esta região não é Este nervo é palpável no sentido dorso-ventral (pro-
abrangida por este bloqueio. Tendo em vista que a vulva fundidade subcutânea - volume: 20 ml). Com este
é inervada pelos nervos espinhais emergentes das vérte- bloqueio pode se realizar pequenas suturas de pele,
bras sacrais 52 e 53, em algumas situações se faz neces- mas sua grande utilidade é para a espécie bovina, como
sária, a anestesia infiltrativa da transição entre a pele e a bloqueio aux..i Iiar para realização de desvio lateral de pêni
mucosa vulvar. (rufião).
Por ser uma técnica imples e de baixo custo a Analgesia para orquiectomia 6 ,9: inicialmente
anestesia epidural é indicada para realização de cirurgi- deve-se realizar uma anestesia infiltrativa subcutânea sob
as na cauda, cirurgias corretivas de urovagina, vulvo- forma de cordão no local da incisão (5 ml), seguido de
plastias, parto distócico, fetotornia, pt'olapsos de reto ou injeção perineural no cordão espermático com agulha
vagina, em casos de dilaceração de reto e períneo pós- 100x10 aplicando o anestésico próximo ao anel inguinal
parto (fístulas retovaginais) e mesmo em casos de cólica externo (lO ml de cada lado). Uma segunda opção seria
para controle de tenesmo, quando deseja-se realizar pal- a injeção de 20 ml de anestésico local no centro de cada
pação retal. testículo (intratesticular), aguardando-se um período de
Caso se utilize lidocaína 2 % para a anestesia epi- latência de 10 minutos.
duraI obtém- e um período analgésico em torno de 90
minutos l6 , sendo que a adição de adrenalína pode pro- Problemas relacionados às anestesias
longar um pouco este período. Uma boa opção para re- perineurais e regionais
dução do período de latência e aumento da duração do
bloqueio eria o uso de 0,17 mg/kg de xilazina diluída Em algumas situações, pode ocorrer falha no blo-
em 6 a 10 ml de solução fisiológica. O período de latên- queio anestésico, sendo que as principais causas seriam:
cia com a utilização desta droga é em torno de 15 minu- localização errônea do nervo, volume inadequado, dilui-
tos e a duração varia de 165 a 180 minutosl 7 . Neste caso ção ou hemodiluição do anestésico, presença de tecido
a sedação e ataxia são pouco evidentes, não havendo al- fibroso ou reação inflamatória, impedindo a difusão do
terações cardiorrespiratórias significantes I7 ,18,19. Uma anestésico e presença de outras regiões dolorosas que
opção ainda melhor seria a associação de 0,22 mg/kg de não aquela inervada pelo nervo. Deve ser rigoroso o cui-
lidocaína 2% e 0,17 mg/kg de xilazina 2%, já que e te dado com anti-sepsia, evitando-se contaminação do lo-
protocolo produz um período de latência curto em torno caI, bem como deve-se evitar movimentos transversais
de 5 minutos e uma duração mais longa (330±6 minu- da agulha, que possam causar lesão ou secção dos ner-
tos), do que cada droga usada isoladamente, agilizando vos. Com relação a bloqueios dos nervos digitais e meta-
assim o início da cirurgia e reduzindo a necessidade de carpianos ou metatarsianos, deve-se tomar cuidados re-
complementação anesté ica 16. Em um trabalho recente dobrados para que não se cause tendinite dos flexores
realizado em nosso universidade20 , comparou-se o uso digitais superficial e profundo.
SUMMARY
This review describes the pharmacology of the local anesthetics used for perineural and regional
anesthesia in horses, with the anatornicallocalization, techniques, respective indications and
related problems.
Uniterms: perineureal anesthesia, equine, nerve blocks
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LUNA, STELlO PACCA LOUREIRO. Anestesias perineurais e regionais em eqüinos. Revista de Educação Continuada do CRMV-SP. São Paulo,
fascículo I, volume 1, p. 024 - 030,1998.
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nos ensinou e a Benedito Vinicio Aloise pela
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