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TT (ees! Mais do que a perspectiva de uma vitéria da candidata oficial, preocupa-me e a muitos brasileiros Tacidos a carga explosiva que a reveste ostensivamente, em meio a inércia chocante de formadores de opinido © pessoas de um certo nivel de informagio, extasiados pelo ambiente inebriante que contamina a atmosfera politica Decididamente nio estamos diante de um proceso eleitoral limpo, balizado pelas clissicas regras de uma repiiblica democritica, Nem tampouco contemplamos a possibilidade de uma revoluio social, embasada no contflito de classes, na potencialidade de uma mudanga estrutural. Nesse ponto, erram infantilmente os eternos prisioneiros das parandias ideol6gicas, para os quais a facg’o governante intenciona pér o Brasil na ante-sala do comunismo. Ao contrario, ¢ nisso erram também muitos esquerdistas, 0 proceso em curso em nosso pais guarda um parentesco mais préximo com a peripécia nazista na Alemanha, que fez de um simples pintor de paredes, ex-cabo do Exército, nascido na vizinha cidade austriaca de Braunau am Inn, 0 maior idolo de sua historia. SOB A EGIDE DA IDOLATRIA AUTORITARIA Aqui entre nés, desatentos ativicos, engendra-se um modelo igualmente sustentado pela idolatria cega, geradora de novos cédigos interpretativos © de fantasias téxicas de facil enraizamento no tecido social como um todo. Poucos sio os que percebem o alcance ameagador desse novo poder que mescla interesses contririos na formatagdo de um modelo aperfeigoado de autoritarismo personalista, de amago conservador e reacionario, tio sofisticado que produz a assimilagdo contente das massas convertidas num rebanho acritico ¢ envenenado pelas migalhas homeopiticas servidas como se fossem as ervas do paraiso. Mais do que um projeto politico de premissas sociais, 0 que se gesta no Brasil, a partir da afirmagio de uma lideranga inteligente, mas de formagdo priméria, vaidades, pactos ¢ ambigdes incomensuraveis, € um “estado novo” modemoso, fundado na cristalizagio do patrimonialismo escancarado, capaz, de seduzir potenciais contendores e cimentar uma arapuca inexpugnavel e longeva. A batalha deste trés de outubro é apenas uma etapa de um projeto que se pretende inesgotavel e hegeménico, em fung4o do qual se dissemina o embuste do velho cliché, que absolve os meios imorais ¢ ilicitos quando os fins so vantajosos ¢ co mpensadores. A DITADURA CIVIL NA INCUBADEIRA Tal percepgao assalta hoje a préceres de conduta ilibada, como o veterano Hélio Bicudo, que jamais podera ser alcunhado de golpista, sob pena do mais estipido ridiculo. Fundador do PT, a quem agregou seu histérico de coragem, sabedoria e dignidade nos idos adversos, 0 ex-vice de Lula no pleito paulista de 1982 encabecou um manifesto de grande alcance histérico, com assinaturas como as de Dom Paulo Evaristo Ams, Therezinha Zerbini (lider do movimento pela anistia e fundadora do PDT com Brizola), Miguel Reali Jr, José Carlos Dias e Leéncio Martins Rodrigues, cujo mével € a constatagdo de que “hoje, no Brasil, inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democritico”. Lembrado por scu combate aos “esquadrées da morte” na década de setenta, Hélio Bicudo ja pressagia o mergulho do pais numa ditadura civil, como em entrevista a A GAZETA ONLINE, transcrita na Folha de So Paulo: “o presidente da Repiiblica ignora a Constituigio, se acha acima do bem e do mal, ¢, com uma vitéria que esta delineada em favor da sua candidata, concentrara todos os poderes da Repiiblica em suas maos, além do apoio da maioria dos Estados e da populagdo em geral. Com uma pessoa com esse potencial, ¢ que no vé no ordenamento juridico do pais a maneira de estabilizar as discusses ¢ debates, o Basil pode caminhar para uma ditadura civil, sem divida". FIADOR DA CORRUPCAO COMO ARMA DO PODER Sua verberagio considera apenas os elementos explicitos de intervengdes do presidente da Repiblica em confronto com a liturgia do cargo, em particular 0 prosclitismo no corpo a corpo das ruas, que destitui da condigdo essencial de um chefe de Estado maduro, De fato, ele e seus parceiros de manifesto nio disseram da missa um tergo. Muito mais grave do que a panfletagem grotesca no exercicio do cargo de presidente de todos os brasileiros tem sido suas priticas fiadoras da corrupgdo, da cooptagio © do arrivismo, protegendo da punigdo exemplar auxiliares pilhados em atos ilicitos e estabelecendo aliangas que, sem exagero, podem se configurar como verdadeiras formagdes de quadrilhas — tudo para consolidar um poder pessoal negocidvel ¢ um estado de tolerancia hibrido, ardiloso e sorrateiro. Tem sido anestesiar pelo favorecimento com dinheiro piiblico os movimentos sociais, entidades como a UNE e os sindicatos, enquanto utiliza uma grande rede de organizagdes ndo governamentais subsidiadas para o enquadramento da sociedade numa pasmaceira inerte e abjeta, enquanto fabrica novos miliondrios amigos ¢ transforma a atividade especulativa do grande capital numa cartola dourada que faz. a festa da plutocracia. ATRAGEDIA DO TRIUNFALISMO ACRITICO Entre os muitos interlocutores na internet, deparo-me com todo tipo de partidério, preocupando-me muitas mentiras e baixarias, espargidas como se elas pudessem incluir-se vitoriosas no conflito sem pudor que denigre a potencialidade de uma sociedade sem peias. Mas outro dia tive a curiosidade de perguntar a um internauta panfletério qual a sua idad Surpreendeu-me saber que ele tinha 56 anos e era advogado civilista em Santos. Nao podia imaginar que alguém da sua vivéncia ¢ da sua cultura fosse to rasteiro no seu triunfalismo acritico, dedicando-se a cada hora a disparar e-mails sobre a inutilidade de qualquer posi¢ao que nao fosse de loas 4 candidata oficial, cuja gestagao por si j4 foi mais do que um desacato as priticas do seu atual partido: foi um atestado de dbito no que os batedores dessa agremiagio proclamavam como virtude pétrea e exemplar, a escolha a partir ou com a audiéncia das bases. ‘A partir dele ~ e de outros “articulistas” contumazes ~ todos com pretensos matizes de esquerda, deparei-me com a tragédia do adesismo, muitas vezes sob impulsos de puras paixdes, sem qualquer vantagem pessoal. Vi claramente a supremacia dos elementos subjetivos colaterais sobre os fatos coneretos, ostensivos, emblemiticos. Ao longo da minha vida jamais poderia imaginar que a cidadania sofresse de um mal crénico ~ 0 das torcidas de futebol, que xingam 0 juiz quando prejudica seu time, mas que o aplaudem freneticamente quando os favorece. Esse acumpliciamento erégeno poderd ser o fermento da grande tragédia institucional por vir. Uma tragédia que vai levar em sua torrente muitos dos que hoje participam da orgia de um poder infectado pelos virus da trapaga ou simplesmente se saciam fora dele como incorrigiveis voyeurs.

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