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Cíntia Lo Bianco
Ponciana Bezerra
Sônia de Jesus
Tamires Orestes
Rio de Janeiro
09/2010
ANÁLISE DO FILME UMA MENTE BRILHANTE SOB O OLHAR
DA ESQUIZOFRENIA
Rio de Janeiro
09/2010
“Na realidade não é a pessoa que se expressa através da
personagem, mas a personagem que parece manter viva a
pessoa”.
J. Badaracco (1986)
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise do filme Uma Mente Brilhante,
associando-o aos temas abordados em sala de aula e delineando todos os aspectos pertinentes
à esquizofrenia: sua definição, aspectos históricos, evolução da doença, formas clínicas e
sintomas, causas e hipóteses, aspectos terapêuticos e tratamentos. O presente estudo procura
explicar, de forma clara, como é a verdadeira atitude comportamental de um indivíduo
esquizofrênico, qual é a sua relação com a família e amigos e desmitificar este portador para
que ele não mais sofra preconceito, que possa organizar seu pensamento e voltar a viver em
sociedade.
1- INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------------6
2- ESQUIZOFRENIA – DEFINIÇÃO-------------------------------------------------------------8
3- ASPECTOS HISTÓRICOS-----------------------------------------------------------------------9
4- EVOLUÇÃO----------------------------------------------------------------------------------------11
5- FORMAS CLÍNICAS E SINTOMAS---------------------------------------------------------12
6- CAUSAS E HIPÓTESES-------------------------------------------------------------------------16
7- ASPECTOS TERAPÊUTICOS E TRATAMENTOS--------------------------------------17
8- CONCLUSÃO--------------------------------------------------------------------------------------20
9- BIBLIOGRAFIA-----------------------------------------------------------------------------------21
1-INTRODUÇÃO
Este trabalho visa uma análise comparativa do filme Uma Mente Brilhante em relação
à esquizofrenia abordada em sala de aula. Apresentaremos ao longo do trabalho uma
perspectiva acerca do tema, explicando fatores pertinentes à evolução histórica do conceito de
saúde mental, como também a sintomatologia, suas causas, tipos e aspectos terapêuticos,
dando ênfase à esquizofrenia paranoide, tipo de psicose que a personagem John Nash
desenvolve no decorrer da vertente cinematográfica.
O roteiro é baseado no livro escrito por Sylvia Nasar, A Beautiful Mind. A Biography
of John F. Nash, publicado em 1998. Na película conta-se a história real de John Forbes Nash.
Relata quatro décadas de pesadelos pincelados com sonhos bons. Setembro de 1947: tudo
começa com a chegada de Nash ainda jovem, à Universidade de Princeton. Nash possuía a
mania de fazer um movimento repetitivo com a mão na cabeça. Isolando-se de tudo e de
todos, recusava sua participação nas atividades básicas da universidade, de forma que não
assistia às aulas, era sempre focado em seus cálculos matemáticos, buscando a perfeição em
tudo; era calado, tímido, sempre solitário, não convivia com os colegas, entre outros fatores.
Nash tinha como objetivo a busca por uma ideia original. O colega Charles o
incentivava a procurar a ideia original fora do limite de seu quarto. Ele chegou a ficar por dois
dias dentro da biblioteca sem se alimentar em função da busca por sua exímia tese. Foi numa
conversa de bar que Nash teve um “insight” sobre sua “Ideia Original”, uma teoria
revolucionária aplicada à economia moderna e que viria contestar os 150 anos de pesquisas e
teorias de Adam Smith, fundador da Economia.
Em sua primeira aula, verifica-se que os métodos de ensino utilizados por ele não
atingem o objetivo, pois trata os alunos com arrogância e frieza. Lecionando, Nash acabou
despertando a atenção de uma aluna, Alícia, com a qual criou um vínculo afetivo, casando-se
com ela e tendo um filho. Tudo parecia estar bem entre o casal, até que ele começou a sofrer
perseguições de pessoas desconhecidas. Em outubro de 1954, Nash teve uma grande
alucinação que criou em sua mente a certeza de que estava sendo perseguido. Não resistiu à
pressão e deixou que a paranoia tomasse conta de si.
Conhecedor de sua superioridade intelectual, Nash admite que é melhor conviver com
os números do que com as pessoas. O seu objetivo era criar uma teoria dinâmica que fosse
capaz de explicar todos os acontecimentos e circunstâncias, físicas ou emocionais, sejam
originadas pela natureza ou pelo homem.
Durante muitos anos, Nash lutou contra a sua doença que fez com que se imaginasse
um espião decifrador de códigos para o FBI. Esse período de sua vida é a parte principal do
filme e a brilhante atuação de Russel Crowe nos faz viver e sentir as emoções e a turbulência
psicológica da personagem.
Essas inexplicações surgem não sabe-se de onde, mas é nesse turbilhão que se
ultrapassa as raias da locura, da média. É por esse motivo que genialidade e loucura se
misturam frequentemente, não por acaso, mas por uma quase necessidade.
John Nash está incluído nesta classificação: exemplo dramático dos dissabores da
esquizofrenia e concomitantemente, portador de uma inteligência singular.
2-ESQUIZOFRENIA – DEFINIÇÃO
Para definir saúde é muito importante que associe essa palavra à saúde mental, pois é
parte integrante dessa definição. A Organização Mundial de Saúde – OMS explica saúde
como “um equilíbrio da personalidade considerada na sua globalidade bio-psicossocial”.
As perturbações mentais são doenças que tem por características perturbações
emocionais, cognitivas e comportamentais, na medida em que se afetam a capacidade de
pensar e se adaptar à realidade, a capacidade de desempenhar funções sociais e a capacidade
de lidar com os problemas básicos do dia a dia.
3-ASPECTOS HISTÓRICOS
É essencial fazer uma breve evolução sobre o conceito de doença mental ao longo dos
anos. Através da medicina greco-romana, Hipócrates procurou inserir a razão em contraste
com o empirismo, demarcando que “a explicação para as doenças deveria ser feita através
do raciocínio e da observação”.
Philippe Pinel, com a libertação dos doentes mentais em Bicêtre, ajudou de modo
definitivo para que as pessoas com distúrbio tivessem a possibilidade de obter assistência
médica e para que a consciência da sociedade fosse receptiva em relação ao que era a doença
mental.
4-EVOLUÇÃO
1- O tipo paranoide é a forma mais comum da doença e também a que tem uma
melhor prognose. Suas características são: ideias delirantes; persecutórias ou alucinações
auditivas. Há o predomínio dos sintomas positivos, tornando o indivíduo muito desconfiado e
às vezes, muito agressivo. O doente pode ainda apresentar uma postura superior ou de
comando. Costuma caminhar de um lado para o outro conversando com sua alucinação,
alguém que não é real. Pode também olhar para trás diversas vezes tomado por uma mania de
perseguição, achando que está sendo seguido.
3- Devido a ação de fármacos, o tipo catatônico é curável e portanto, não tem muita
frequência hoje em dia. Suas características são definidas por: atividade psicomotora alterada,
podendo ir da imobilidade motora à atividade motora excessiva; flexibilidade cérea; mutismo;
negativismo extremo; estereotipias (tornar algo ou alguma situação fixa ou inalterada) e risos
sem motivo.
6-CAUSAS E HIPÓTESES
A causa da esquizofrenia ainda é desconhecida por ser uma das doenças mentais que
apresentam uma complexidade maior atualmente. Talvez não haja apenas uma causa, e sim
várias que possam justificar o surgimento da doença, todavia, existem algumas hipóteses que
apareceram como tentativas de explicar a esquizofrenia. Podem até ter algum fundamento,
mas isoladamente, não particularizam a causa.
Indivíduos cujas mães se infectaram com o vírus da gripe Influenza A2 tiveram uma
tendência para desenvolverem a esquizofrenia. Contudo, alguns trabalhos realizados não
possibilitam a constatação de uma relação direta com o vírus. Como causa também foi
associado o retrovírus.
A terapia de grupo pode ser eficaz assim como a individual. Pode ser útil, pois
desenvolve a confiança e oferece um grupo de apoio aos pacientes, em que sintam-se à
vontade para poder conversar sobre o que quiser com a finalidade de conduzir as alucinações
auditivas e lidar com o estigma social da doença. Há uma troca de experiências que leva cada
paciente a um aprendizado. O terapeuta serve como um facilitador, encorajando o paciente a
falar e assim apoiando-o para futuras mudanças.
5- Tratamento hospitalar – Para o paciente que sofre uma crise psicótica aguda, a
hospitalização dá um breve intervalo – uma chance de voltar a ter convivência com a família,
amigos e pessoas em geral e de se orientar psicologicamente de maneira organizada.
O medicamento antipsicótico diminui a maior parte dos sintomas positivos. A
hospitalização oferece um lugar seguro para evitar que os pacientes provoquem danos a si
mesmos ou aos outros. O efeito da internação é breve, as defesas são recuperadas e o paciente
pode voltar ao seu estado normal. O paciente pode iniciar a terapia dentro do hospital e depois
continuar o tratamento fora; o mesmo acontece com a reabilitação psicossocial.
Este distúrbio psicótico pode vir junto com sentimentos de culpa e vergonha, portanto,
o apoio familiar e social é indispensável para a prevenção da recaída, bem como na aceitação
do indivíduo em relação à sua doença e aos aspectos terapêuticos.
Embora este tema provoque uma reação bastante negativa na sociedade, atualmente
esta doença ainda é pouco abordada, girando em volta vários tabus e preconceitos. O
conhecimento em relação à doença, além de reduzir o preconceito, evita o diagnóstico tardio,
pois, quanto mais cedo se identificar a doença, melhores serão as formas de tratamento e mais
eficaz será a reabilitação.
A permissão de John Nash em tornar pública sua luta contra a esquizofrenia, primeiro
com o livro e depois com o filme, fez com que se tornasse um modelo da doença. Por esse
motivo, acelerou a propagação do conhecimento sobre seus sintomas, o sofrimento de seus
portadores e a limitação de seu tratamento. Este conhecimento semeado sobre esta doença
possibilitou aos portadores uma maior ressocialização e uma melhor forma de expressão
acerca de suas aptidões. Concomitantemente, ao analisar a vida de John Nash, permite-se um
olhar realista do que vem a ser a esquizofrenia.
BIBLIOGRAFIA
BORGES, Hélio. Entrevista concedida aos autores. 20 de agosto de 2009, cópia mimeo.
D'AMBROSIO, Ubiratan. “Uma Mente Brilhante. John Forbs Nash Jr”. Cópia Mimeo.
HOLMES, David S. Psicologia dos transtornos mentais. Porto Alegre, Artes Médicas, 1997,
cópia mimeo.
SIMON; SCHUSTER. A Beautiful Mind. A Biography Of John F. Nash. New York, 1998.
Publicado no Brasil como Uma Mente Brilhante; traduzido por Sergio Moraes Rego; Rio de
Janeiro; Editora Record; 2002; cópia mimeo.