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Abstract: Starting from the acknowledgement of the critical and challenging dimension of
some comics and cartoons, this work has the purpose of analyzing the teacher representations
found in the work Toda a Mafalda, by the Argentinean Quino, and in Through the eyes of a
child, by the Italian Francesco Tonucci. We start from the concept of representation brought
by Cultural Studies and studies on the teaching work and representation are also considered,
especially the humor in the instruction, besides both authors´ peculiarities. The analysis of 40
cartoons and stories by Tonucci, and of 66 comic strips by Quino, in which the teacher is
present or referred, allows us to synthesize some findings: the teacher appears as an image
much used in the traditional discourse, especially in the humor discourse – talkative, teaching,
disciplinarian, irritated. The issue of the evaluation is recurring in the work of both designers,
but in Tonucci´s work we found the subtle criticism to the evaluations that are currently
advised. The Italian author also satirizes some aspects of the new pedagogies in force, as well
as the new demands made to the teachers. Finally, in some strips the two authors recognize
the tiring feature of the “being a teacher”: to work with undisciplined students, to be badly
1
Trabalho resultante do Projeto de Pesquisa “Rindo de professores/as: um estudo do humor sobre a docência”, coordenado pela autora.
paid, and so on. One can say that the different ways between two players and two worlds involved
in the school – teacher versus students, school lessons versus daily experiences – are the source for
a large number of funny situations that are presented.
As histórias em quadrinhos e os das professoras, podem ser elas re- Para onde se volta nosso
cartuns têm ultrapassado, em déca- tratadas em sua identidade de “mu- olhar?
das mais recentes, o seu caráter de lher provocante”, que mexe com os
entretenimento, para assumirem seu interesses sexuais de alunos; além Especificamente no trabalho ora
papel no exercício da crítica através dessas duas possibilidades, os/as apresentado, nosso objetivo é o de
do humor. Nesse sentido, alguns professores/as podem eventual- analisar as representações de pro-
desenhistas, em especial, têm se mente levar a melhor em um con- fessora que povoam as páginas de
destacado, com sua sutileza, mor- fronto com alunos ou se revelar ob- Quino (1989) e Tonucci (1997), to-
dacidade e sagacidade, na exposi- cecados por suas disciplinas, a tal mando como inspiração teórica, por
ção de uma “outra face” de várias ponto que se desconectam da sua um lado, o conceito de representa-
instituições sociais, costumes e prá- vida cotidiana normal, digamos, e a ção oriundo dos Estudos Culturais,
ticas, seguindo uma das mais anti- impregnam do discurso formalizado que não a tomam como reflexo mais
gas funções do humor: a de questi- oriundo de seus campos de saber. ou menos fiel de uma realidade
onar e duvidar da seriedade, coe- Em qualquer dos casos acima, a ima- preexistente, mas como uma imagem
rência e lógica das ações e pensa- gem dominante é a do professor que produzida dentro de jogos de poder-
mentos humanos. Em especial, em interroga incessantemente o saber, articulada a outras represen-
se tratando de escola e educação alunado sobre conteúdos e cobra tações, por sua vez constituídas em
formal, vários quadrinistas, na se- do mesmo atitudes e obrigações que circunstâncias culturais específicas.
gunda metade do século XX, se des- a escola ocidental tradicionalmente Por outro lado, estudos sobre o tra-
tacaram nesse campo, entre eles o tem consagrado como vitais para o balho e a profissão docente, que têm
conhecidíssimo argentino Quino, cumprimento de sua função esquadrinhado tanto dimensões pro-
com sua irreverente e questionadora disciplinadora: pontualidade, sub- priamente pedagógicas – o trabalho
Mafalda e seus companheiros, e o missão, cumprimento de tarefas, etc. didático, os saberes pedagógicos, os
menos conhecido autor italiano Já outros trabalhos, embora não te- “cacoetes” da profissão –, quanto
Francesco Tonucci, que, embora nham como tema central a dimensões ligadas à ocupação do-
não trabalhe com personagens in- comicidade do professor e da pro- cente – remuneração, sentimentos,
dividualmente caracterizados e no- fessora, ao focalizarem representa- imagens sociais da mesma, nos auxi-
meados, nos traz em sua obra Com ções do mestre de maneira mais ge- liaram, ainda que de maneira menos
olhos de criança um notável e ral, paralelamente apontam algumas formalizada, na compreensão dos tex-
desconcertante painel do mundo in- situações em que ele se torna obje- tos visuais dos dois desenhistas.
fantil em suas relações com o mun- to de riso. É o caso do conjunto de Embora nosso intuito não seja
do adulto. trabalhos que tomou como objeto proceder a uma comparação estrita
Por outro lado, as representa- de análise livros de literatura infanto- entre as representações de profes-
ções e imagens que colocam o pro- juvenil e foi publicado em Silveira sora de Quino e Tonucci, evidente-
fessor e a professora em cenários (2002a). Em alguns desses trabalhos, mente algumas aproximações serão
humorísticos já têm ensejado algu- analisa-se como professores de Ci- feitas e, nesse sentido, torna-se im-
mas análises, entre as quais citaría- ência às vezes são representados portante apontar algumas diferenças
mos as de Silveira (2004), em que a como estranhos, curiosos, distraí- entre as características da produção
autora analisa 300 piadas correntes dos (Wortmann, 2002), analisa-se a de ambos. As tiras da Mafalda de
que envolvem professores e profes- fala incontrolável, difícil ou em al- Quino são constituídas por peque-
soras, mostrando o quanto, como tos decibéis (Silveira, 2002b), e as nas historietas, geralmente com três
personagens centrais das piadas, os professoras de Português, por ve- a seis quadrinhos, em que os perso-
230 mestres tanto são mostrados como zes nervosas, gritonas e mal- nagens fazem parte da turma da
desconcertados por tiradas esper- humoradas, são analisadas por Dalla Mafalda: nessa turma se incluem tan-
tas de seus alunos, quanto, no caso Zen (2002). to a própria heroína, quanto familia-
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res (pai, mãe e o pequeno irmão), ção apresentada pelo desenho. vros infanto-juvenis: “A freqüência
amigos (Filipe, Susanita, Libertad, A partir de uma leitura interessa- e a recorrência da fala do professor
Manolito, Miguelito); aparecem da de ambas as obras – Toda a na sala de aula é um dos seus traços
eventualmente outros personagens Mafalda, de Quino, e Com olhos de representativos mais notáveis.” In-
do contexto social (professores, criança, de Tonucci – foram analisa- clusive, o mesmo recurso que a pes-
guardas, amigos dos pais, etc.), rara- dos 40 cartuns ou historietas de quisadora encontrou em tais livros –
mente nomeados. As historinhas são Tonucci, selecionadas pelo critério a utilização de onomatopéias que
bem estruturadas, os ambientes são de envolverem, de alguma forma, a caracterizam a fala continuada e
desenhados com detalhes e, como personagem professora – às vezes incontida – está presente nos
todos sabemos, a personagem se apenas presente através de sua fala. cartuns de Tonucci, ao representar
tornou famosa pelo teor político e Da autoria de Quino, foram analisa- as lições da professora: Os fenícios
contestatório de suas perguntas e das 66 tiras, também selecionadas eram grandes navegadores e comer-
intervenções, onde temas como as pelo critério de se referirem, de algu- ciantes bla bla bla e rosa viveu o
guerras, as questões de poder, as ma forma, à figura da professora, ora que vivem as rosas bla bla bla bla
discriminações de gênero, as regras presente na cena retratada pelo bla bla a soma de dois números bla
ocidentais para a educação das cri- quadrinista, ora constituindo tema bla a Groenlândia é delimitada ao
anças e os variados tipos de precon- de conversa do grupo de Mafalda. norte bla bla ao sul bla bla as vér-
ceito são questionados. Já os dese- Dados os limites do presente tra- tebras. Já Quino, entre outros qua-
nhos de Tonucci têm outra caracte- balho, não será possível esquadri- drinhos, nos traz uma cena tradicio-
rística: por vezes temos apenas um nhar todas (ou quase) as possibili- nal em escolas de talhe mais clássi-
(1) cartum retratando uma situação dades analíticas dos desenhos de co, digamos. Frente a uma turma de
dada ou, no caso de haver vários ambos os autores; nos deteremos em crianças perfiladas no primeiro dia
desenhos que representam situações algumas delas, ilustrando-as even- de aula, a diretora pomposamente usa
sucessivas, o autor não utiliza, via tualmente com alguns dos desenhos. da palavra para dar as suas boas vin-
de regra, a delimitação em quadri- das: E a vós, os mais pequeninos,
nhos, mas efetua uma organização Uma professora que pela primeira vez vindes a este
especial do espaço da página. Não conforme o velho templo do saber, garanto-vos que
há, nos desenhos analisados, a cria- figurino nele achareis um segundo lar, onde
ção e a nomeação de personagens cada professora vos dará aquilo que
específicos; com economia de tra- A imagem da professora como cada mãe dá a seus filhos: AMOR..
ços, o desenhista nos traz crianças aquele adulto que, na instituição es- A professora deve ensinar – des-
que se diferenciam por pequenas colar, cumpre a reiterada função de sa caracterização dificilmente have-
características (o cabelo, a presença ensinar “conteúdos”, de disciplinar rá alguma discordância no mundo
ou não de óculos, o gênero aponta- os alunos e de garantir a continuida- ocidental, e tanto Quino quanto
do pela roupa) e uma professora qua- de, a ordem e o formato da escola, Tonucci a ilustram com freqüência.
se só representada por um perfil de aparece nas historietas de ambos os Na tira de Quino (Figura 1), a mestra
cabelos crespos, vestido e salto alto. desenhistas. Dentro de uma tradição exerce a tradicional prerrogativa de
Por vezes, apenas os balões da voz verbalista continuada, a professora chamar um aluno, Manolito
da professora aparecem. Diferente- é continuamente representada como (Manelinho, no original português),
mente dos desenhos sobre a uma incessante palradora, de acor- no caso, para responder a uma per-
Mafalda, os desenhos de Tonucci do, aliás, com o que Silveira (2002b) gunta relacionada ao conteúdo por
trazem pequenos títulos que enqua- afirma, a partir de sua análise de li- ela desenvolvido: a família silábica
dram e/ou contextualizam as cenas
retratadas, tais como: Primeiro dia
na escola: o encontro... / Animação
ou reanimação / Homenagem a
Piaget / “Deve-se observar atenta-
mente o comportamento da crian-
ça”, etc. Às vezes, é justamente des-
ses títulos que advém o humor, em 231
função da discordância que se esta-
belece entre sua referência e a situa- Figura 1.
do P. No caso específico, o humor da juvenis, filmes, etc.. atividades imposta pela instituição
tira não coloca a professora na Julgo importante registrar o quan- escolar. Também nas tiras de
berlinda, mas advém da expectativa to o humor de tiras de Quino e dese- Mafalda, personagem aluna mais
de Mafalda de que o colega, tradici- nhos de Tonucci provém, por vezes, madura, mais crítica, mais politizada,
onalmente um aluno malsucedido em do costumeiro “descompasso” en- e seus amigos, freqüentemente
sua carreira escolar, diga um palavrão tre o universo escolar – trazido na inconformados com o teor das regras
– tipo de palavra vedada no cotidia- figura da professora – e o mundo que e conteúdos escolares, encontra-se
no escolar. Embora Manolito sim- se desenrola “lá fora” – concretiza- com freqüência tal desencontro
plesmente enuncie a palavra “políti- do nas respostas, expectativas e pen- como fonte do humor. Assim, na Fi-
ca”, Mafalda a considera um pala- samentos dos alunos. Em achado gura 2, Miguelito reclama a Mafalda
vrão, pelas conotações negativas semelhante ao de Silveira (2004), em que a professora havia ensinado
que tal termo carrega. sua análise de piadas, este é um filão uma notícia de 1492 (a descoberta da
A mestra também deve disciplinar freqüentemente explorado pelos de- América), como se o ensino de His-
corpos e mentes infantis, e essa senhistas que analisamos. No caso tória não tivesse mais significado
faceta aparece nas historietas de de Tonucci, que trabalha mais espe- num tempo de tanta ênfase à
ambos os desenhistas. Assim, a pro- cificamente com um personagem alu- contemporaneidade e à novidade
fessora de Libertad, uma das origi- no criança, de alma infantil (ao con- como o atual...
nais personagens de Quino, reage trário da precocidade política de
com indignação à recusa da aluninha Mafalda), esse descompasso é insis- Avaliando sempre: uma
em “apontar o rio Neuquén” e grita: tentemente explorado. Ele está pre- tarefa de professora
Sou a tua professora e tens obriga- sente, por exemplo, numa tira em que,
ção de me respeitares!! Também face ao pedido da professora de que Dentre as atribuições de uma pro-
Tonucci, ao narrar os “passeios ins- todos os alunos levem prendedores fessora conforme o velho figurino,
trutivos”, reproduz a profusão de de roupa no dia seguinte, quatro cri- certamente está a prática das formas
ordens disciplinadoras magistrais anças são retratadas ao entrarem na mais tradicionais de avaliação, e a
para os pequenos alunos: Crianças, escola imaginando diferentes usos destacamos em item específico devi-
hoje vamos passear! Sairemos para para tais prendedores – como ins- do ao expressivo espaço que ela
ver o bairro! / Em frente, em fila de trumentos para brincadeiras, como toma nos desenhos de ambos os
dois / Dêem-se as mãos... não se dis- enfeites de cabelo, como suportes autores. Manolito, o personagem de
traiam... / ...Não desçam da calça- para a feitura de brinquedos, etc. Na Quino, que é mais ligado a questões
da... / E agora, vamos voltar para a cena seguinte, os mesmos quatro alu- comerciais e costuma interpretar o
aula e cada um de vocês desenha- nos saem com objetos padronizados mundo sob tal ponto de vista, recla-
rá o que mais impressionou. Talvez feitos com seus prendedores de rou- ma, por exemplo, da constância com
seja interessante apontar que, a essa pa, enquanto se ouve a voz da mes- que a professora coloca MAU em
última ordem, um aluninho desenha tra: Levem este lindo porta-canetas seus trabalhos, sem considerar que
justamente a nuca do coleguinha ao papai. Efetivamente este é um dos ele é um “cliente” (nesse sentido, o
que passou todo o passeio na sua grandes motes do desenhista italia- jovem personagem parece prefigurar,
frente... no – o confronto entre a em décadas, a lógica atual da educa-
Acima, já citamos uma passagem multiplicidade de possibilidades de ção neoliberal). Já em outra tira, a
em que a irritação da professora é ação ou de produção que o aluninho professora, da qual apenas aparece
retratada por Quino; também projeta para o espaço escolar, por um a voz, questiona Miguelito sobre os
Tonucci a ilustra, através da repro- lado, e a padronização e restrição de “nossos antípodas”. Ao ouvir a es-
dução do grito – CHEGA!!! – da pro-
fessora, que reage a uma história in-
conveniente de um aluninho. Afinal,
ser perguntadora, disciplinadora,
ensinante e irritada parece que faz
parte das imagens de professor/a em
vários produtos culturais não
232 compromissados com ideários peda-
gógicos mais oficiais, digamos – his-
tórias em quadrinhos, livros infanto- Figura 2.
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te interessado em problematizar o Você também quer estes aqui? (ao ções lógicas matemáticas, Tonucci
caráter das avaliações mais recente- oferecer mais blocos de construção desenha uma “Homenagem a Piaget”
mente apregoadas. Assim, em uma para o aluninho). Em outro hilariante (sic), sob a forma de uma historieta
tira intitulada “Deve-se observar desenho, a professora parece se es- em que a professora aplica o teste de
atentamente o comportamento da merar em seguir uma receita pedagó- conservação da massa ao pequeno
criança”, o desenhista italiano repro- gica atualizada para explicar corres- aluno, que responde “erroneamen-
duz um menino em várias atividades pondência entre conjuntos, ao ma- te” à pergunta “Onde há mais?”, em
da educação infantil – montando blo- nusear material concreto e descre- face da comparação entre dois volu-
cos, brincando, participando de ver concomitantemente suas ações: mes iguais de massa, distribuídos em
teatrinho, colocando um casaco – e Queridas crianças, hoje brincare- uma única bola, por um lado, e em
a professora, que o “espiona”. Ao mos com as quantidades. No círcu- cinco bolinhas, por outro. A lógica
chegar em casa, o aluninho (no caso, lo grande, há cubos e, no círculo infantil, não captada pela professo-
uma espécie de miniMafalda) fala à pequeno, há bolinhas. Em qual cír- ra, é mostrada no diálogo do peque-
sua mãe: Mamãe, estou preocupa- culo há mais objetos? Se colocar- no aluno e sua mãe: – O que vocês
do... Acho que a professora está sus- mos uma bolinha ao lado de cada fizeram na escola hoje? – Bom, a
peitando de mim... Não por acaso, cubo, vocês verão que sobram cu- professora queria me convencer que
vários analistas das novas pedago- bos. Isto quer dizer então que...O um é igual a cinco...
gias já apontaram o caráter de con- efeito cômico se origina do breve di- Mas as novas exigências que se
trole e vigilância das novas avalia- álogo entre duas alunas, que fazem à professora não se restringem
ções, constantemente descritas desmistifica a pretensa simplificação a aplicações da teoria piagetiana à
como libertadoras... da operação concreta feita pela pro- escola: assim, a conveniência de au-
fessora: – Mas, o que ela está falan- las de educação sexual faz parte da
A professora exigida por do? – Nada, ela quer explicar de agenda dos mestres atuais, e isso é
novos discursos maneira simplificada que 6 é o do- ilustrado pelo cartum da Figura 5.
bro de 3. Ainda na área das opera- Evidentemente perturbada – o rubor
De certa maneira, ao final do tópi-
co precedente, já efetuamos uma li-
gação com o presente subtítulo,
onde comentamos brevemente os
desenhos em que os autores retra-
tam as novas exigências e preceitos
que se colocam para as professoras,
a partir das pedagogias mais recen-
tes, em geral inspiradas pelas áreas
psi. Quino é bastante parcimonioso
nessa área, e, evidentemente, isso
está relacionado à época em que os
desenhos foram feitos: os anos com-
preendidos entre 1964 e 1973, quan-
do, possivelmente na escola argen-
tina (e também diríamos que na bra-
sileira), esses novos ventos ainda
sopravam de forma tímida. Tonucci
já é bastante mais contundente nos
seus cartuns; em um deles, intitulado
“Entre a casa e a escola”, uma pro-
fessora de escola “ativa” incentiva
o aluno da educação infantil a fazer
muitas e variadas atividades: E ago-
234 ra, crianças, vamos pintar com as
mãos / Mais uma volta... depressa! /
Figura 5.
Educação Unisinos
aluninho e da professora é sucedida mais recentes visões pedagógicas. chatice? In: R.M.H. SILVEIRA (org.),
pela explosão de alegria de ambos, O caráter extenuante e estressante Professoras que as histórias nos con-
que jogam para o alto seus objetos do ofício de mestre também serve de tam. Rio de Janeiro, DP&A, p. 155-
172.
escolares e desandam a correr desa- pano de fundo para o humor sobre a
LEMES, A. 2005. A escola do Chico Ben-
baladamente para longe do prédio professora, profissional que precisa,
to: representações do universo escolar
escolar. Como anuncia o título do de- ainda, se adequar aos novos discur- em HQs de Mauricio de Sousa. Canoas,
senho, para ambos é chegada a hora sos pedagógicos. Deixamos para tra- RS. Dissertação de Mestrado. Progra-
do desejado “Tchau, escola!” balho posterior, entretanto, outras ma de Pós-Graduação em Educação da
temáticas menos recorrentes nos de- ULBRA.
Últimas palavras senhos de ambos os autores anali- QUINO. 1989. Toda a Mafalda. Lisboa,
sados, quais sejam as questões de Publicações Dom Quixote.
SILVEIRA, R.M.H. (org.). 2002a. Profes-
Sem que nosso intuito tenha sido gênero envolvidas em algumas situ-
soras que as histórias nos contam. Rio
aqui esgotar as leituras e interpreta- ações, a paixão do aluninho pela pro- de Janeiro, DP&A.
ções dos mais de cem desenhos de fessora, a ênfase a algumas práticas SILVEIRA, R.M.H. 2002b. Gritos, pala-
Quino e Tonucci, apenas rastreamos escolares tradicionais, como a “pes- vras difíceis e verborragia: como a pro-
e agrupamos os traços mais eviden- quisa” escolar, a cópia, etc. Tais fessora fala na literatura infantil. In:
tes com que a professora comparece temáticas, aliadas à possibilidade de R.M.H. SILVEIRA (org.), Professoras
aprofundamento das aqui focaliza- que as histórias nos contam. Rio de
em tais desenhos. Temáticas tradici-
Janeiro, DP&A, p. 47-66.
onais do humor sobre a escola ali das, apontam para a complexidade e
SILVEIRA, R.M.H. 2004. “Juquinha e a
comparecem, como a exibição de uma interesse da análise do discurso dos professora” – um estudo de piadas so-
professora controladora, ensinante, quadrinhos e cartuns sobre a educa- bre a escola e a docência. In: VI Coló-
perguntadora contumaz e irritada, ção, na medida em que, com mais quio sobre Questões Curriculares – II
confrontada com alunos que não contundência e economia semântica, Colóquio Luso-Brasileiro sobre Ques-
atendem aos preceitos escolares, não eles colocam o dedo nas feridas de tões Curriculares, Rio de Janeiro, RJ.
estudam o suficiente e dão respos- uma escola que se reconhece em crise, Anais...
TONUCCI, F. 1997. Com olhos de crian-
tas absurdas do ponto de vista da por um lado, mas que, por outro, não
ça. Porto Alegre, Artes Médicas.
cultura escolar. O desencontro entre escapa às injunções da racionalidade
WORTMANN, M.L. 2002. Sujeitos estra-
esses dois “lados” – professora e moderna que a vê como uma potente nhos, distraídos, curiosos, inventivos,
alunos, ensinamentos e cultura es- máquina “produtora de cidadãos”. mas também éticos, confiáveis, des-
colar e vivências mundanas e cotidi- prendidos e abnegados: professores de
anas – é responsável por grande parte Referências ciências e cientistas na literatura
das situações cômicas criadas, com infanto-juvenil. In: R.M.H. SILVEIRA
(org.), Professoras que as histórias nos
especial ênfase às situações de ava- DALLA ZEN, M.I. 2002. Representações
da professora de português na literatu- contam. Rio de Janeiro, DP&A, p. 19-
liação, tanto de corte tradicional, 46.
quanto aquelas informadas pelas ra infanto-juvenil – elas têm o vírus da
236
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