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Para facilitar seus estudos:

 Leia atentamente os módulos e se achar necessário responda


NO CADERNO as atividades propostas. Elas não são
obrigatórias.

 Consulte o dicionário sempre que não souber o significado das


palavras. Se necessário, utilize o volume da biblioteca.

 Se você tiver dúvidas com a matéria, consulte uma das


professoras na sala de História.

IMPORTANTE:

NÃO ESCREVA NA APOSTILA, POIS ELA SERÁ


TROCADA POR OUTRA.

A TROCA SÓ SERÁ FEITA SE A APOSTILA ESTIVER EM


PERFEITO ESTADO.
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA

Muitas pessoas ainda pensam que estudar História é estudar o passado, é


decorar uma porção de nomes e datas, e que os bons alunos de História são aqueles
que conseguem repetir tudo o que está na apostila. ‘Santa Barbina’, que idéia mais
antiga!!
Ainda bem que podemos dizer, que a história não é simplesmente o estudo do
passado, sabe porquê? Vou lhe contar, preste atenção:
Primeiro veio uma pessoa e obrigou um homem a carregar um peso de 15
quilos nas costas. Depois, outra pessoa colocou mais 15 quilos. Assim foi, até que o
pobre homem carregava 90 quilos de peso. Em seguida, uma cara risonho deixou
que uma pena de galinha caísse lentamente sobre a pilha de pesos nas costas do
homem. Quando a pena encostou, no peso, o pobre homem não agüentou o esforço
e desabou. Pois assim que se recuperou, o homem se levantou gritando: “Cadê o
desgraçado que jogou a pena?!”
Agora, pense: a pena, sozinha, é responsável pelo homem ter desabado com
os pesos? O homem da historinha, ao botar toda a culpa no cara da peninha,
raciocinou historicamente?
...raciocinou historicamente? O que é isso?
Raciocinar historicamente é perceber que o presente não se explica só
pelo presente: é necessário encarar o presente como sendo ligado ao processo que
o produziu.
Assim, estudar a História nos permite questionar “os porquês” de alguns
grandes problemas da atualidade, como por exemplo: as nações desenvolvidas e as
“quase desenvolvidas”; os privilégios da maioria e o trabalho duro e mal pago de
tantos outros; a justa e a injusta distribuição de oportunidades na vida; a riqueza de
uns poucos e a exclusão da maioria. E mais, a discriminação, a marginalidade, a
corrupção...
Como encontrar as soluções para os problemas que estamos enfrentando hoje?
Aí colega, como diz o ditado – “chegou a hora da onça beber água”. É, temos
que voltar a historinha: é preciso encarar o presente como sendo ligado ao
processo que o produziu. A História não tem nenhum significado, se tomarmos os
fatos isolados uns dos outros. É, temos que conhecer a História, único meio de
conseguirmos construir uma sociedade mais democrática e mais cidadã, à fim de
conquistarmos um futuro mais digno e justo à maioria dos brasileiros.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Para isso, vamos iniciar o estudo da História da Humanidade, procurando


raciocinar historicamente e assim, adquirir conhecimento, consciência crítica e
comprometimento.

“Estudar História é adquirir consciência da trajetória humana.


Consciência do que fomos para transformar o que somos.”

CONCEITO DE HISTÓRIA
“História é a ciência que estuda as ações e as realizações dos homens, desde
seu surgimento até hoje”. Ela nos permite compreender o momento em que vivemos,
pois revela de que maneira as sociedades se transformaram e deram origem ao
mundo atual.

A HISTÓRIA E O TEMPO
Para você entender o que aconteceu na história, é preciso
saber o que veio antes e o que veio depois. Lembra-se da historinha?
Assim, os homens criaram o calendário, de acordo com
acontecimentos que julgavam importantes em sua História. No calendário judeu, por
exemplo, conta-se o tempo a partir do êxodo - saída dos judeus do Egito. Já os
cristãos, contam o tempo a partir do nascimento de Jesus Cristo.
Nós adotamos o calendário cristão, onde o ano 1 refere-se ao nascimento
de Jesus Cristo. As datas anteriores ao nascimento levam as iniciais a.C. (antes de
Cristo) e as datas posteriores, d.C. (depois de Cristo).
Vale dizer que, para as datas posteriores, convencionou-se usar somente as
datas sem as iniciais.
O calendário cristão é também seguido atualmente, na maioria dos países.

A DIVISÃO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE


Embora exista discussão a respeito, optaremos por ela, por ser referência
ainda importante e largamente utilizada. Assim, divide-se o estudo da História da
Humanidade em:
- Pré-história (do surgimento do homem primitivo até a invenção da escrita);
- História (da invenção da escrita até nossos dias).

Então, a invenção da escrita por volta de 4.000 a.C., é tradicionalmente


considerada o marco histórico que divide toda a trajetória do homem em dois
grandes períodos: pré-história e história.
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Veja agora, as divisões da Pré-história e da História:

Pré-história

. Paleolítico – do surgimento do homem primitivo até cerca de 10.000 a.C.;


. Neolítico – de aproximadamente 10.000 até cerca de 5.000 a.C.;
. Idade dos Metais – de aproximadamente 5.000 até cerca de 4.000 a.C. (escrita).

História

. Idade Antiga – inicio cerca de 4.000 a.C., até a queda do Império Romano em 476;
. Idade Média – de 476 (século V), até a queda de Constantinopla em 1.453 (século XV);
. Idade Moderna – do séc. XV até o XVIII - inicio da Revolução Francesa, em 1.789;
. Idade Contemporânea – se iniciou no século XVIII e prossegue até os dias atuais.

Agora, observe a linha do tempo da História da Humanidade, com todas


essas divisões:

PRÉ-HISTÓRIA HISTÓRIA

Paleolítico Neolítico Metais Antiga Média Moder. Contem.

Ano 1
1.453
5.000 a.C.
Nasce Queda
10.000 a .C Jesus Império Hoje
Bizantino
Cristo Oriente
476
Queda
Império
4.000 a.C. Romano
Aparecimento no
Invenção
das primeiras Ocidente 1.789
da
espécie Revolução
Escrita
humanas Francesa

Veja que a linha do tempo é uma forma de dispor os acontecimentos em


ordem cronológica, para facilitar o estudo da História da Humanidade. Lembre-se:
nenhum fato acontece isoladamente.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

1 – Considerando o que você já aprendeu, explique com suas palavras o que é


História.
2 – Por que o conhecimento do passado é importante no estudo da
história?

Agora, depois dos conceitos que aprendeu, você vai iniciar o estudo da
EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE.

A PRÉ-HISTÓRIA
Agora, você estudará em linhas gerais, a Pré-história – que é o estudo do
passado da humanidade antes da descoberta da escrita.
Veja então, as divisões da Pré-história e suas principais características:

1 - AS DIVISÕES DA PRÉ-HISTÓRIA

. PALEOLÍTICO: A sociedade de caçadores e coletores


Para homens e mulheres desse período, a principal preocupação era encontrar
alguma coisa para comer todos os dias. Eles caçavam,
pescavam e precisavam se defender de animais. Graças
a sua capacidade cerebral (inteligência), descobriu e
aprendeu a dominar o fogo.
Quando o clima da Terra ficou mais quente e
agradável, deixou as cavernas. Os primeiros desenhos
deixados pelo homem nas paredes dessas cavernas, são
dessa época – pinturas rupestres.
Nessa época também, começaram a lascar a
pedra para fazer facas, anzóis, agulhas e flechas que,
por sua vez, eram usados para a caça.
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Para se proteger do frio, usava a pele dos animais que se alimentava. Durante
essa época, o homem era nômade, isto é, andava sempre à procura do lugar que
tivesse mais animais para caçar e mais frutos para coletar.

. NEOLÍTICO: A revolução da agricultura e da criação de animais


O homem só aprendeu a plantar
e colher no Neolítico.
A descoberta do ciclo das
colheitas fez com que a vida do
homem mudasse bastante. Então, a
descoberta da agricultura fez com que
ele abandonasse a vida nômade.
Domesticou animais e começou a criar rebanhos; já não dependia tanto da caça, da
pesca e da coleta de frutos.
Começou a viver em grupos. O mais forte e hábil era o chefe. Polia a pedra
e os ossos dos animais que caçava, para produzir armas melhores.
Descobriu que, cozinhando a terra, conseguia fabricar vasos e vasilhas para
guardar água e armazenar o que ele colhia. Foi assim que nasceu a cerâmica. Com o
ciclo das colheitas, percebeu que não era preciso que todo o grupo trabalhasse na
terra. Então, uns faziam cerâmica, outros armazenavam, outros caçavam, enfim, era
a divisão do trabalho.
Surgem as aldeias e a vida em sociedade torna possível a transmissão oral
dos conhecimentos e das invenções entre os membros do grupo, devido à
comunicação. Sem ela seria impossível o progresso, pois as descobertas e invenções
que aconteceram, seriam perdidas com a morte do descobridor. Essas pequenas
aldeias, com o tempo, transformam-se em verdadeiras comunidades e surgem os
primeiros governos.

É bom lembrar, que essas inovações não aconteceram ao mesmo tempo em


todos os lugares do mundo.

Os habitantes da América demoraram muito tempo para desenvolver as


técnicas do Neolítico. No território que hoje é o Brasil, uma boa parte dos
habitantes não conhecia a agricultura até a chegada dos conquistadores
europeus, no século XVI.
Existem grupos de pessoas em alguns lugares do mundo que, ainda hoje,
vivem como se estivessem na Pré-história. Atualmente, algumas tribos de índios
brasileiros, por exemplo, vivem de maneira bastante parecida com a dos
homens do Paleolítico e do Neolítico.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

. IDADE DOS METAIS: Revolução tecnológica


Por volta de 5000 a.C., o homem alcançou A escrita surge da necessidade
outra importante conquista: descobriu que era de se controlar a riqueza. Quantas
possível fazer objetos de metais. ovelhas havia na região
governada pelo chefe? Quantas
O primeiro metal trabalhado por ele foi o vasilhas de cerâmica com cereais
sobraram da colheita anterior?
cobre. Posteriormente, através da fusão, misturou Etc.
cobre com estanho e obteve um material mais
resistente, o bronze. Com o bronze, começou a produzir ferramentas mais eficientes
e armas mais poderosas.

O uso de armas de metal favoreceu a prática da guerra, possibilitando


a dominação de um povo sobre outro, com a conquista de cidades,
territórios e a escravização dos vencidos.

Bem, você já entendeu que a Pré-história é o estudo do passado da


humanidade, antes da descoberta da escrita, certo?

...E o Brasil teve Pré-história?

2 - A PRÉ-HISTÓRIA BRASILEIRA

Sim, o Brasil também teve Pré-história, só que ela não se encerrou com a
escrita, pois os índios e seus ancestrais não a conheceram. Eles não deixaram
nenhuma narrativa de seus hábitos e costumes.
Sua história tem que ser pesquisada de outro modo; tem que ser reconstruída
por arqueólogos. Por essa razão, estudiosos consideram que a Pré-história brasileira
vai até o “descobrimento”, isto é, até o ano de 1.500 com a chegada dos portugueses.

...Em que época os primeiros humanos surgiram no nosso território?

Para responder essa pergunta é necessário saber quando foi que o homem se
estabeleceu na América.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

O APARECIMENTO DO HOMEM NA AMÉRICA


Existem várias teorias sobre a ocupação humana do continente americano. A
teoria tradicional afirma que as primeiras comunidades humanas, vieram de
correntes de povoamento da Ásia, atravessando o estreito de Bering,
aproximadamente em 12.000 a.C.

Observe o mapa abaixo, localize o Continente Americano, o estreito de


Bering e as setas indicando o povoamento da América.

Bem, a explicação dessa teoria se deve às descobertas arqueológicas – os


vestígios humanos mais antigos encontrados em nosso continente datam
aproximadamente de 12.000 a.C. e foram encontrados na América do Norte que,
segundo essa teoria, teria sido o primeiro território ocupado.
Entretanto, a partir de 1.970, novas descobertas arqueológicas começam a pôr
em dúvida a teoria tradicional. As descobertas mais interessantes estão aqui no
Brasil. Dentre elas, uma é do município de São Raimundo Nonato – Piauí, na gruta
do Boqueirão da Pedra Furada.

Após numerosas escavações, a arqueóloga Niède Guidon, descobriu um


incrível acervo arqueológico que inclui centenas de pinturas rupestres, muitos
esqueletos de animais e milhares de utensílios. As pinturas foram datadas em mais
de 20.000 anos e os utensílios, em mais de 56.000 anos.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Assim, as pesquisas de Niède Guidon, uma das mais conceituadas


pesquisadoras da pré-história brasileira, levam a crer que:
• os primeiros grupos humanos teriam chegado ao Continente Americano, há cerca
de 70.000 anos atrás, contrapondo os 12.000 mil anos da teoria tradicional;
• o povoamento da América do Sul, pode ter sido ao mesmo tempo ou até anterior
ao da América do Norte;
• e não seria somente pelo Estreito de Bering (acesso terrestre), mas também, por
acesso marítimo.

Veja, portanto, que as novas teorias não excluem a antiga.


Apenas mostram que o ser humano provavelmente chegou à América
não por um único caminho, mas por vários
e que isso aconteceu numa época muito mais antiga do que se pensava.

Na América, as sociedades indígenas que se formaram, tiveram


evolução diferenciada nas várias partes do Continente.
Uma prova dessa evolução diferenciada são as três grandes
civilizações americanas: Maias, Incas e Astecas.
Esses povos superaram a fase neolítica e construíram verdadeiros
impérios, provocando espanto aos europeus quando estes começaram a
chegar à América por volta de 1.492, mas isso é assunto para o módulo 3.

Mas, é importante lembrar que, apesar do surgimento desses impérios no


Continente Americano, a grande maioria dos grupos humanos que viviam na
América antes da chegada dos europeus, era de coletores-caçadores, pastores e
agricultores que NÃO descobriram a escrita.

Bem, você viu de um modo geral, como teria ocorrido a ocupação humana na
América e que as sociedades que se formaram pelo vasto Continente Americano,
tiveram evolução diferenciada, ou seja, umas atingiram o estágio da civilização e
muitíssimas outras, continuaram no estágio paleolítico e neolítico (pré-história).

E os nossos índios, superaram a fase neolítica? Quantos eram? Como viviam?

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A PRÉ-HISTÓRIA DOS INDÍGENAS BRASILEIROS


A fase de desenvolvimento das sociedades
Os lugares onde são
que aqui viviam, quando da chegada dos encontrados restos
portugueses, limitava-se ao paleolítico e ao humanos são chamados de
neolítico. SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS.

O território que hoje é o Brasil, era habitado por centenas de nações que
falavam línguas e dialetos diferentes. Esses povos apresentavam grandes diferenças
de desenvolvimento. Existiam os nômades e os que eram sedentários e agricultores.

Esses antigos habitantes deixaram vestígios por onde passaram.

Conheça alguns deles...

Pintura rupestre da Serra Pintura rupestre da


da Capivara – Piauí Chapada dos Guimarães
em Mato Grosso

Pintura rupestre da
Gruta do Boqueirão da Pedra
Furada - Piauí

O litoral brasileiro, especialmente o sul, foi habitado por vários povos


nômades. Alimentavam-se da caça, de caranguejos, ostras, camarões e peixes.
Os Sambaquis (palavra de origem indígena, que significa ‘colinas de
conchas’) – têm cerca de 10 – 6 mil anos; de 2 a 30 metros de altura e até 100
metros de diâmetro. Esses montes de conchas foram sendo formados durante
milhares de anos.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Um grupo se fixava nessas áreas,


enterravam os mortos em urnas de cerâmica
e depois abandonavam o local. A vegetação
crescia.
Depois vinha outro grupo, ocupava o
mesmo local e deixava seus vestígios. E
assim sucessivamente.

O que teria acontecido com esses antigos habitantes?

Será que foram dominados por outro povo mais rústico, exterminando
a antiga cultura?

Você sabia???
Muitas respostas ainda não temos
...que a cachoeira do Bairro da Chave, foi
à respeito dos povos pré-históricos denominada pelos indígenas de
brasileiros. Mas, não resta dúvida que, “buturantim”?
com a “colonização” houve uma Essa palavra significa
estagnação e até um retrocesso no “grande espuma branca” e deu origem
desenvolvimento das nações que aqui ao nome da nossa cidade – Votorantim.
viviam.

Os efeitos da colonização sobre os povos indígenas,


serão tratados no módulo 4.

3 – Por que seria impossível o progresso do homem primitivo sem a formação


das sociedades?

4 – Por que a história dos índios brasileiros, antes da chegada dos


portugueses, tem que ser reconstruída por arqueólogos?

Que pena!! Seu roteiro de viagem pela


PRÉ-HISTÓRIA acaba aqui.
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Lembra-se que a
História da Humanidade
foi dividida em
Pré-história e História?

Agora você estudará em linhas gerais, o primeiro grande período da


HISTÓRIA - a Idade Antiga, vamos lá?

Lembra-se que o uso das armas de metal favoreceu a prática da guerra e a


dominação de um povo sobre outro?

Então, é nesse contexto que se Oriente:


desenvolveram as Antigas Civilizações Orientais: Costuma-se denominar
Egito, Mesopotâmia, Hebreus (Palestina), Fenícia e Oriente à todas as terras que
ficam à leste (direita) da
Pérsia. Europa.

AS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES ORIENTAIS

A formação das primeiras grandes civilizações como Egito e Mesopotâmia,


localizaram-se em regiões da África e da Ásia, banhadas por grandes rios do
Oriente: o Nilo (Egito), Tigre e Eufrates (Mesopotâmia).

SAIBA MAIS...
A região da Mesopotâmia é hoje o atual Iraque. A capital
iraquiana, Bagdá, localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Agora observe os mapas abaixo. Localize a área quadriculada no MAPA


MUNDI – essa região é o Oriente Médio e parte dela está ampliada – mapa maior.

Essas terras dispostas numa grande meia-lua foram chamadas de


crescente fértil e abrangem os atuais países do Oriente Médio: Israel, Líbano,
Jordânia, Síria, Turquia e Iraque.

Na verdade, desde a Pré-história o homem procurou os rios para orientar-se


no espaço e obter água para a sua sobrevivência. As civilizações agrícolas foram as
pioneiras no processo de dominar o rio, para a construção do espaço geográfico.

Agora vamos conhecer cada uma dessas civilizações separadamente, certo?

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

1 – O EGITO ANTIGO

A civilização egípcia, que teve início por volta de 4000 a.C.,


desenvolveu-se em uma estreita faixa de terra no nordeste da
África.
Embora cercada por desertos, essa região
apresentava fatores naturais: água – o rio
Nilo fornecia água necessária à sobrevivência
e ao plantio; sólos férteis – as cheias
periódicas do rio Nilo depositavam uma rica
camada de húmus em suas margens,
fertilizando o solo.
O Egito era, assim, um verdadeiro
oásis em meio ao deserto. Por isso, o
historiador grego Heródoto afirmou: o Egito é
uma dádiva do Nilo.
Para proteger casas e vilas das
inundações, os egípcios construíram díques e
barragens. Construíram também canais de irrigação para levar a água do rio às
regiões mais distantes. Assim, aliando esforço e criatividade, os egípcios
aproveitaram os recursos naturais, fazendo surgir uma das mais Antigas
Civilizações.
Entre 2.700 e 2.600
a.C. foram construídas as
grandes pirâmides (templos
funerários destinados ao faraó
e sua família), na região de
Gizé. Os faraós Quéops,
Quéfren e Miquerinos, foram
responsáveis pelas construções Pirâmides de Gizé - as pirâmides expressam a
das mais famosas pirâmides grandeza da civilização egípcia.
egípcias.
As pirâmides tinham duas funções:
Por volta de 1.750 a.C.,
fugindo da seca e crise na RELIGIOSA – guardar o corpo do faraó com o seu
tesouro, após sua morte.
produção de alimentos, os POLÍTICA – representava a grandeza do poder do
hebreus chegam ao Egito. faraó. Quanto mais alta, maior seria o seu poder.
Os hebreus que tinham Quanto maior a base, maior seria a estabilidade e a
tranqüilidade do governo do faraó.
se estabelecido mais ou menos
clandestinamente, por causa da fome, foram perseguidos e transformados em
trabalhadores escravos.
Por volta de 1.250 a.C., porém, conseguiram deixar a região, sob o comando
de Moisés, no chamado êxodo e voltar a Palestina (atual Israel).
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

ASPECTOS GERAIS DA CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA

Ninguém era mais importante que o faraó, cuja


imagem estava associada aos deuses (Teocracia). Detinha
em suas mãos a administração e os tribunais de justiça. O
faraó tinha poderes ilimitados - Monarquia Teocrática
Absoluta.
O lugar da pessoa na sociedade era indicado pelo
nascimento. Se os pais fossem escravos, o filho também
seria. Não havia mobilidade social, isto é, não mudava o
lugar do indivíduo, na sociedade – Sociedade de castas:
privilégios de nascimento.
Eram politeístas, isto é, acreditavam em vários
Esta máscara de ouro
protegia a múmia do faraó deuses. A ordem social era mantida pela força e pela
Tutancâmon. RELIGIÃO. Os egípcios acreditavam que a alma não
morria junto com o corpo. Por isso, o corpo tinha que
ser conservado. Graças à religião, pela prática da mumificação dos cadáveres é que
se teve grande progresso na medicina.
A economia baseava-se na
agricultura, na criação de animais, na
mineração, no artesanato e comércio de
trocas naturais. Ao lado, observe a
margem fértil do Rio Nilo – à direita.

Hieróglifos, escrita egípcia que no


grego significa “sinais sagrados”.

Podemos dizer que os egípcios


foram os inventores do papel.
Eles utilizavam o papiro, um tipo de papel feito com uma planta que cresce
nas margens do Nilo, sobre o qual escreviam com tinta. Os escribas eram os
funcionários que conheciam a escrita e somente eles sabiam ler e escrever.
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

2 – A MESOPOTÂMIA ANTIGA

A estreita faixa de terra comprimida entre os rios Tigre e Eufrates, foi


chamada de Mesopotâmia, isto é, “terra entre rios”.

Essa rica planície atraiu


uma série de povos nômades,
que se encontraram e se
misturaram, empreenderam
guerras e dominaram uns aos
outros, formando o que
denominamos de Civilização
Mesopotâmica.

Apesar dos vários povos e Estados que se organizaram na Mesopotâmia, ao


longo dos séculos da Antigüidade, podemos definir alguns...

... Aspectos comuns dessa Civilização - vejamos:

. Governo – era constituído por uma Monarquia Teocrática Absoluta, isto é,


o rei tinha poderes ilimitados e era considerado uma divindade, isto é, filho dos
deuses.

. Sociedade - era dividida segundo os “privilégios de nascimento”, isto é, a


condição do nascimento determinava o que o indivíduo seria pelo resto de sua vida.
Assim, as ocupações eram hereditárias, ou seja, passavam de pai para filho.

. Religião – era politeísta – acreditavam em vários deuses. Não acreditavam


na vida após a morte.

. Economia – baseava-se principalmente na agricultura. Desenvolveram


também criação de gado, artesanato, mineração e um ativo comércio à base de
trocas.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A invenção da escrita por volta de


4.000 a.C. é atribuída aos sumérios, povo
que habitou essa região. Eles escreviam na
argila mole com o auxílio de um estilete. O
traço deixado pelas pontas, tinham a forma
de uma cunha, daí o nome de escrita
cuneiforme.
O principal rei dos caldeus, foi
Nabucodonosor. Em 585 a.C., nas suas conquistas militares, destruiu
Jerusalém (Palestina) e submeteu os hebreus, levando-os como escravos à
Babilônia, fato que ficou conhecido como o Cativeiro da Babilônia. Os
hebreus foram libertados do cativeiro por volta de 539 a.C., por Ciro, rei da
Pérsia.

Hamurábi, importante rei dos acádios, que


elaborou o 1º código de leis que se conhece: o
Código de Hamurábi, o qual tinha por base a
pena do Talião
(“olho por olho,
dente por dente”).

É considerado o
mais destacado feito
jurídico
da Antigüidade.

Você sabia que devemos aos mesopotâmicos vários elementos da


nossa própria civilização? Conheça alguns!
• O ano de 12 meses e a semana de 7 dias; a divisão do dia em 24
horas; as crenças nos horóscopos e os doze signos do zodíaco.
• Em matemática: a multiplicação; o círculo de 360 graus.

Ao mesmo tempo em que transcorria a história dos egípcios e


mesopotâmicos, surgia e se desenvolvia outras três grandes
Civilizações da Antigüidade Oriental:
os Hebreus (Palestina), a Fenícia e a Pérsia.
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

3 – OS HEBREUS

A civilização hebraica desenvolveu-se na região da Palestina (denominada


pelos relatos bíblicos de Canaã) no local onde hoje se localiza A Palestina é
Israel, na árida região localizada às margens do Rio Jordão, que a “terra
fertiliza o território e o torna propício à agricultura. prometida”
dos hebreus.
Observe o mapa abaixo e localize essa região.

Os hebreus, também chamados de judeus e israelitas, destacaram-se por


terem sido os primeiros a afirmar sua fé num único Deus – eram monoteístas.
A partir do monoteísmo e dos Dez Mandamentos apresentados nos livros da
Bíblia, foi desenvolvida a primeira grande religião monoteísta, o Judaísmo, que
influenciou a formação do Cristianismo e mais tarde do Islamismo.
Para os judeus cristãos (do cristianismo) – a Bíblia é o livro Sagrado
(contendo o Velho e Novo Testamento, pois aceitaram Jesus Cristo como o
Messias). Para os judeus (do judaísmo) – a Bíblia contém apenas o Velho
Testamento, isto porquê ainda esperam a vinda do Messias. Não aceitaram Jesus
Cristo como o Messias.

Para facilitar o estudo do povo hebreu, usaremos a divisão das três grandes
fases: a dos patriarcas, juízes e a dos reis.
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A fase dos PATRIARCAS - aproximadamente em 1.800 a.C., conduzidos


pelo patriarca Abraão, os hebreus partiram da cidade de Ur (cidade dos caldeus),
nos arredores do Golfo Pérsico no sul da Mesopotâmia, em direção à Palestina
(Canaã).
Por volta de 1.750 a.C., para fugir de uma grande seca seguida de violenta
crise na produção de alimentos, os hebreus emigraram para o Egito. Com o tempo os
faraós egípcios passaram a perseguir e a escravizar os hebreus. Por volta de 1250
a.C., os hebreus reagiram a essa situação opressiva. Liderados por Moisés, fugiram
do Egito e voltaram para a Palestina (atual Israel).

A fase dos JUÍZES - quando chegaram à Palestina, os hebreus tiveram de


disputar com os guerreiros filisteus o domínio da região. Na época, as 12 tribos
hebraicas encarregaram os juízes (chefes políticos, militares e religiosos), de
enfrentar os inimigos filisteus. Entre eles destacaram-se Gideão, Sansão, Gefté e
Samuel. Entretanto, os hebreus sob a liderança dos juízes, não estavam conseguindo
vencer os filisteus. Assim, resolveram adotar a Monarquia, entregando o comando
de todas as tribos hebraicas a um só rei.

A fase da MONARQUIA - Saul, em 1010 a.C., foi proclamado o primeiro


rei de todos os hebreus. Seu sucessor foi Davi – que derrotou o filisteu Golias. No
reinado de Davi, os hebreus completaram a conquista da Palestina e escolheram a
cidade de Jerusalém para ser a capital do Estado Hebraico. Salomão, filho e sucessor
de Davi, construiu o que seria a mais famosa obra do seu reinado: o Templo de
Jerusalém. Entretanto, para conseguir realizá-lo, aumentou os impostos e retirou
camponeses da lavoura, obrigando-os a trabalhar nas construções. O luxo e os
abusos do poderoso governante, convivendo com a extrema pobreza dos
camponeses e pastores, ocasionou a explosão de uma série de revoltas e o fim da
unidade hebraica, provocando a divisão desse povo em dois reinos.

A divisão da Palestina - CISMA HEBRAICO

Os abusos de Salomão, culminando com revoltas A Palestina era uma


após sua morte (935 a.C.), provocaram o Cisma província romana quando
nasceu Jesus Cristo, o
Hebraico (divisão), que criou os reinos de ISRAEL no fundador do cristianismo.
norte da Palestina – capital Samaria e JUDÁ no sul –
capital Jerusalém. Divididos, foram alvo fácil para a dominação de outros povos.

Em 585 a.C., Nabucodonor, após destruir Jerusalém, conduziu os judeus


como prisioneiros para a Babilônia, fato que ficou conhecido como o Cativeiro da
Babilônia. Quando o Império Persa conquistou a Babilônia, foram libertados pelo
rei Ciro - o Grande.

19
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Os judeus
voltaram à Palestina,
mas, a partir dessa época,
NÃO mais conseguiram
conquistar a autonomia
política, pois se tornaram
províncias de vários
Impérios.

Diáspora Hebraica

No ano 70 d.C.,
os hebreus O Muro das Lamentações é a única parede que restou do
revoltaram-se contra Templo de Jerusalém. Hoje faz parte de um muro maior que
o Império Romano, cerca 2 templos muçulmanos, o Domo da Rocha (direita) e a
mesquita Al-Aqsa. Por isso, já foi motivo de discórdia entre
devido a violenta árabes seguidores do islamismo e judeus.
tributação e Estes últimos mantêm o controle sobre o muro desde 1967,
opressão que quando o Estado de Israel dominou a cidade de Jerusalém.
sofriam.
A resposta foi a mais violenta possível: Jerusalém e o seu templo foram
destruídos pelos soldados romanos e os judeus foram expulsos da Palestina.
A partir de então, começaram a fugir para outras regiões, dando início a
dispersão dos judeus pelo mundo, ou seja, a Diáspora, que iria durar mais de 18
séculos e meio. Embora espalhados pelo mundo, muitos judeus continuaram
seguindo a religião judaica, mantendo hábitos e tradições comuns ao seu povo,
alimentando a esperança de fixar-se novamente na Palestina.

O fim da Diáspora Hebraica


Por decisão da ONU (Organização da Nações Unidas), foi criado em 1948, o
atual Estado de Israel, cujo território abrange uma parte da antiga Palestina.
Saiba que, após a Diáspora em 70 d.C., a região da Palestina foi ocupada por
vários outros povos, inclusive árabes (seguidores de Maomé, que fundou o
Islamismo), onde formaram uma Palestina Árabe. Estes se opuseram
VIOLENTAMENTE à criação do Estado de Israel, o que provoca os muitos
conflitos até hoje, entre os judeus e palestinos árabes, apesar das recentes tentativas
de acordos de paz.
Veja então que, a disputa entre israelenses (religião – judaísmo) e palestinos
(religião – islamismo), têm suas raízes na Antigüidade. Os sucessivos conflitos
existentes ainda hoje na região dificultam o equilíbrio político no Oriente Médio,
por muitos denominados “um barril de pólvora”.

Os conflitos envolvendo árabes e israelenses você estudará no módulo 2.


20
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

3 – A FENÍCIA e A PÉRSIA

Por volta de 3.000 a.C., os fenícios estabeleceram-se ao norte da Palestina,


onde hoje é o Líbano, destacando-se Fenício Grego Latino
como uma civilização de navegantes
e comerciantes.
Eram politeístas. A maior e
principal contribuição dos fenícios
para a civilização foi a criação do
alfabeto, de 22 consoantes. Mais
tarde, foi aperfeiçoado pelos gregos
que, inventaram e acrescentaram as
vogais.

A antiga PÉRSIA estava localizada junto ao Golfo Pérsico – veja no mapa


da página 14. Saiba que nessa região, hoje se localiza o Irã.
O primeiro rei dos persas foi Ciro. Este, em 539 a.C., conquistou a cidade da
Babilônia e libertou os judeus do cativeiro, permitindo que voltassem à sua pátria –
Palestina.

5 – Por que as primeiras civilizações surgiram às margens de rios?


6 – O fator geográfico sozinho, isto é, a inundação do Rio Nilo, explica a
história do surgimento de uma das mais antigas civilizações do mundo? Explique.
7 - O Código de Hamurábi, (1º código de leis da Antigüidade), baseava-se
no princípio do “olho por olho, dente por dente”. Era assim que eles faziam justiça.
E hoje no Brasil, a justiça é feita da mesma maneira? Explique.

Você encerrou aqui seus estudos sobre as Antigas Civilizações Orientais.

Agora, você estudará as Antigas Civilizações Ocidentais, chamadas de


Grécia e Roma

21
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

AS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES OCIDENTAIS

Estas civilizações se desenvolveram no sul Península


da Europa, banhadas pelo mar Mediterrâneo.
Porção de terra cercada de
A Grécia está localizada na Península água, que liga-se ao continente
Balcânica e Roma (Itália) na Península Itálica. apenas por um dos lados.

Agora, observe no mapa abaixo, a localização da Grécia e de Roma.

Veja agora, cada uma delas separadamente.

1 - CIVILIZAÇÃO GREGA

Uma civilização que nos deixou vasto legado cultural, nos mais variados campos.
Foi dos gregos que herdamos, por exemplo, os conceitos de
cidadania e democracia.

A democracia foi a fabulosa herança deixada pelos atenienses ao mundo,


possibilitando a atuação do povo na política.
22
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A Grécia é constituída de várias regiões montanhosas. A dificuldade de


comunicação entre os povos, devido ao relevo montanhoso, favoreceu o surgimento
das cidades-estados, ou
pólis (palavra grega que
significa cidade). As
maiores cidades gregas
foram Esparta e Atenas. Os
gregos nunca formaram um
Estado unificado, isto é, um
único governo para todo o
povo.
O que eram
cidades-estados?
Eram cidades que se
organizavam de maneira OS JOGOS OLÍMPICOS - HERANÇA GREGA
independente e se Os brasileiros - André Domingos, Vicente Lenílson, Claudinei
defendiam sozinhas. Quirino e Édson Ribeiro comemoram a medalha de prata nos
Jogos Olímpicos de 2000 em Sydney / Austrália.
Eram como se
fossem pequenos Estados, com governo e costumes próprios. Apesar disso, as
cidades gregas apresentavam unidade cultural, expressa em elementos como: a
língua, a crença e os jogos olímpicos, dos quais participavam todos os gregos.

Nas cidades-estados, o cidadão grego foi conquistando direitos


e contribuindo para a vida social.
Sentia-se como membro da pólis e NÃO como um objeto submisso e
manobrado pelos governantes.

Bem, você já sabe que a Grécia estava dividida politicamente em cidades-


estados e que as duas maiores foram Esparta e Atenas, certo? Agora, conheça um
pouquinho de cada uma delas.

ESPARTA
Esparta localizava-se numa das planícies mais férteis da Grécia e isso
favoreceu o desenvolvimento da agricultura. Desde sua origem, Esparta foi
militarista e oligárquica. A camada dominante espartana era formada pelos
descendentes dos dórios, fundadores da pólis. Eram considerados os cidadãos
espartanos - os esparciatas. Conservavam para si os direitos de participação na vida
política e representavam apenas 20% da população espartana. Somente eles
ocupavam os cargos do governo.
23
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A esse governo, que tem a participação de apenas um grupo, que exclui e


domina os demais, denomina-se - Oligarquia. O restante da população espartana,
80% - era formada pelos comerciantes,
artesãos e escravos; não possuíam
direitos políticos, apenas obrigações.
A camada dominante dedicava-se
exclusivamente às atividades militares,
reservando os trabalhos produtivos para
as camadas consideradas inferiores.
Para conservar seus privilégios e
manter o controle absoluto sobre as
camadas dominadas, a camada
dominante preocupou-se com uma
educação militar voltada à criação de
bons soldados para defender a pólis. Os meninos eram educados pelo Estado,
recebendo basicamente instrução física, a partir dos 7 anos de idade. Aliás, desde o
nascimento, o Estado se preocupava com as crianças. Quando nasciam com algum
defeito físico, eram jogadas a um abismo.

ATENAS

A cidade de Atenas foi fundada pelos jônios. Apesar do solo pouco fértil, a
economia ateniense foi
essencialmente Pólis ateniense – no alto é a acrópole.
agrícola, nos primeiros
tempos.
A proximidade
com o mar e a
existência de bons
portos, favoreceu o
desenvolvimento do
comércio marítimo,
que se tornou mais
tarde, a atividade
econômica principal
dos atenienses.
Tornaram-se
excelentes marinheiros, chegando a dominar grande parte do comércio pelo
Mediterrâneo.

24
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A sociedade ateniense estava dividida em três classes principais:


- Eupátridas: descendentes dos fundadores da cidade; homens proprietários, que
haviam prestado o serviço militar - eram os cidadãos atenienses. Votavam nas
assembléias e participavam dos cargos do governo. Constituíam a minoria da
população - cerca de 10%.
- Metecos: eram os estrangeiros livres que viviam em Atenas e não tinham direitos
políticos, mas eram obrigados a prestar o serviço militar.
- Escravos: formavam a grande maioria da população ateniense.
No governo de Atenas, houve um período de monarquia, depois oligarquia e,
diante dos abusos da nobreza, muitos atenienses (comerciantes, artesãos,
camponeses) começaram a exigir reformas sociais. Nessa fase, as lutas políticas
levaram à instalação de uma nova forma de governo – a democracia.
Clístenes assumiu o poder em Atenas (510-507 a.C.), para aprofundar as
reformas sociais e introduzir o regime democrático na cidade, cujo princípio básico
dizia que “todos os cidadãos têm o mesmo direito perante as leis”.
Democracia é entendida como A democracia ateniense era, portanto,
governo do povo, mas em Atenas só elitista (porque só uma minoria tinha direitos),
beneficiava a minora, os eupátridas. patriarcal (porque excluía as mulheres) e
Cerca de 90% da população – os escravista (porque eram os escravos que
sustentavam a riqueza dos senhores).
escravos, os estrangeiros, as mulheres
e as crianças, não eram considerados
cidadãos e assim, não tinham direitos políticos, sendo excluídos da vida
democrática.

Aquela democracia e cidadania dos gregos não são as mesmas de hoje.


No Brasil e em muitos outros países, o significado de democracia foi se
ampliando no decorrer do século XX.
Ela deixou de ter apenas um sentido político, isto é, direito que o cidadão
tem de votar e de receber voto. Hoje, democracia é também igualdade de
direitos entre todos os membros da sociedade, independente de religião, cor,
sexo, grau de instrução ou condição econômica.
Assim, além dos nossos direitos civis e políticos, a democracia abrange
também o direito de todos aos bens econômicos e sociais, isto é, direito à
alimentação, moradia, transporte, saúde, educação, lazer, emprego e outros
indispensáveis para uma vida digna nas sociedades atuais.
O princípio básico da democracia atualmente é que, todos os cidadãos, sem
exceção, têm o mesmo direito perante a lei.
Hoje, de fato, democracia é entendida como governo do povo.

25
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Mulheres, estrangeiros e
até crianças têm direito
de participação e
voto nas assembléias
populares atuais.

Na foto, assembléia dos


metalúrgicos em Santo
André/São Paulo.

Continuando...

Em Atenas, a educação
também iniciada aos 7 anos,
compreendia leitura, escrita,
ginástica, música e pintura.
Não existia aquela
preocupação com a formação de
um soldado, mas de um cidadão. O
objetivo da educação ateniense era
conscientizar os cidadãos da
liberdade individual e das
responsabilidades sociais no
contexto da democracia.
Em Atenas, o voto para a expulsão de um cidadão era escrito num
pedaço de argila chamado óstrakon (tinha
formato de uma ostra). Era condenado ao
ostracismo, o cidadão considerado uma
ameaça ao regime democrático. Consistia na
suspensão dos direitos políticos do cidadão e
na sua saída da cidade. Somente depois de 10
anos, a pessoa podia voltar à cidade e
recuperar todos os direitos de cidadão.

A DECADÊNCIA DO MUNDO GREGO

O choque de interesses entre Atenas e Esparta, somando-se à rivalidade,


provocou um conflito armado entre essas cidades – foi a Guerra do Peloponeso.
Lutando entre si por várias décadas, as cidades-estados se enfraqueceram e entraram
em decadência, sendo alvo fácil de conquistas.
26
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

8 - Compare a democracia da Grécia Antiga com a democracia atual do


Brasil e responda:
a) Quem eram os cidadãos de Atenas?
b) Quem são os cidadãos hoje, no Brasil?

É sobre ele, o mais poderoso e o último Império da Antigüidade,


que teve aproximadamente sete séculos de duração,
que falaremos a seguir: ROMA.

2 - CIVILIZAÇÃO ROMANA

Os romanos construíram uma das mais formidáveis


civilizações da Antigüidade. Entre seu legado está a língua latina,
que deu origem a várias línguas contemporâneas e o direito romano, que resistiram
ao tempo e influenciaram profundamente todo o mundo ocidental. Na cultura,
devido as conquistas militares, deve-se destacar a grande influência dos gregos
sobre os romanos.

Agora você vai conhecer um pouquinho dessa civilização.


Vamos lá?

Durante a MONARQUIA, de 753 - 509 a.C., a economia em Roma era a


agricultura. A sociedade estava constituída, basicamente, de três camadas sociais,
dispostas segundo os privilégios de nascimento.

27
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

 patrícios: Eram os grandes proprietários de terras. Na qualidade de


cidadãos romanos, desfrutavam de direitos políticos;
 plebeus: comerciantes, artesãos e camponeses. Constituíam a grande maioria da
população romana. Eram livres, mas não tinham direitos de cidadãos;
 escravos: prisioneiros de guerra que, nesse período, era em pequeno número.

Na REPÚBLICA, de 509 - 27 a.C., o Senado Romano passou a governar a


cidade e tornou-se o órgão político principal de Roma; era monopolizado pelos
patrícios.
Afastados da vida política e sendo a maioria, os plebeus passaram a exigir
seus direitos de participar das decisões do governo, pois só tinham deveres a
cumprir: lutar no exército e pagar impostos. Cansados de tanta exploração,
recusaram-se a servir o exército, provocando um golpe na estrutura militar de Roma,
iniciando uma longa luta política contra os patrícios; esse fato ficou conhecido como
luta entre patrícios e plebeus – depois de dois séculos, conseguiram alguns
direitos. Dentre eles:
• A criação dos Tribunos da Plebe, isto é, os plebeus passaram a ter
representantes nas Assembléias, que até então, era restrita aos patrícios. O
tribuno tinha poderes para cancelar qualquer decisão do governo que
prejudicasse os interesses da plebe.
Os principais beneficiados por esses
direitos, foram os plebeus ricos; que se
enriqueceram com os saques que faziam nos
territórios dominados. Assim, a maioria da
plebe, continuou submetida à margem da
política e da sociedade.
Saiba que, de 509 à 52 a.C., Roma
conquistou quase todo o mundo conhecido
da época. Nas guerras, dominaram o Mar
Mediterrâneo e toda região ao seu redor; os
romanos se referiam a isso orgulhosamente
como “mare nostrum” (nosso mar).
As conquistas aumentaram o poder do governo romano, vale dizer, o poder
dos patrícios, por causa dos saques e dos pesados tributos que os conquistados eram
obrigados a pagar a Roma.
Mas, trouxeram também, várias conseqüências à cidade de Roma e sua
população. Veja algumas delas:

28
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

• A abundância de riquezas - provocou a modificação dos hábitos da sociedade


romana. Criou entre eles a ociosidade, a corrupção, o amor ao luxo e a
decadência moral. Fez com que se preocupassem mais com suas festas que com
o povo.
• Soldados empobrecidos – os plebeus, por serem obrigados a servir nos exércitos
romanos, abandonavam sua terra e perdiam a colheita. Quando retornavam a
Roma, não havia ajuda do governo para que pudessem cultivar a terra novamente
e para não morrer de fome e sobreviver, vendiam suas terras a preço baixo e
migravam para a cidade, engrossando a massa de desocupados, pobres e
famintos.
Veja que, ao mesmo tempo em
que as conquistas beneficiaram os
patrícios, introduziram em Roma, vários
problemas sociais. O aumento da massa
de plebeus pobres e miseráveis tornava
cada vez mais tensa, a situação social e
política de Roma. Restava a essa massa
urbana viver à custa do Estado.
A plebe morava nos bairros
pobres, amontoando-se em
Observe a foto. Situação semelhante você pode
construções de 3 a 4 observar no Brasil. O migrante nordestino – famílias
andares, que facilmente inteiras – abandona seu pedaço de terra em busca de
desabavam ou se melhor condição de vida nas grandes cidades
brasileiras.
incendiavam. Além da falta
de higiene, da miséria e da O motivo? O mesmo. Não recebem ajuda
governamental, no sentido de realizar projetos de
fome, a população da cidade irrigação no combate à seca. A maior parte dos que vêm
era vítima de freqüentes do campo para tentar a vida na cidade, acaba tendo que
epidemias. Embora fosse a morar em favelas, pois não conseguem pagar uma
capital de um grande habitação melhor – a região Sudeste recebe muitas
pessoas nessas condições.
império, a cidade era suja e
malcheirosa.
A miséria e o desconforto desses bairros plebeus, ofereciam um contraste
chocante com o luxo das mansões, que se erguiam nos pontos mais elevados das
colinas.

As Reformas dos irmãos Graco


Diante do clima de tensão, os irmãos Tibério e Caio Graco, que eram
Tribunos da Plebe, tentaram promover uma reforma social para melhorar as
condições de vida da massa plebéia. Tibério (133-132 a.C.), apresentou o
Projeto da Lei Agrária, visando a distribuição de terras entre os soldados pobres. A
aristocracia (grandes proprietários de terras) se opôs de todas as formas.
29
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Tibério foi assassinado, a mando dos nobres do Senado, que se sentiram


ameaçados pelo apoio popular que ele vinha recebendo.
Tempos depois, Caio (123 a.C.), tentou uma nova Reforma Agrária. Mais
uma vez o Senado reagiu violentamente e ocorreram novos conflitos. Caio Graco
suicidou-se e milhares de seus seguidores foram perseguidos e condenados à morte.

Diante da omissão do governo brasileiro em promover a reforma


agrária, milhares de agricultores sem terra invadem latifúndios improdutivos,
isto é, as grandes propriedades, que não estão cumprindo a função social da
terra que é produzir, gerando empregos com salários justos, proporcionando
benefícios ao povo. Esse é o motivo de tantas invasões.
Mas o que é reforma agrária?
É, em primeiro lugar, dar terra aos camponeses para que eles possam
trabalhar, sustentar suas famílias e também vender os produtos que sobram,
para alimentar outros brasileiros que vivem nas cidades.
Em segundo lugar, para que a reforma agrária funcione, não basta
somente distribuir as terras.
É preciso que o governo dê recursos e assistência técnica aos
camponeses, colocando à sua disposição máquinas agrícolas, agrônomos
etc., para que eles possam produzir mais..., mais... e, quem sabe, acabar com
a fome das nossas crianças..., da nossa gente...!

30
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Sem salário justo e explorados Para não morrer de fome,


pelos patrões, os bóias-frias se muitas pessoas recorrem ao
submetem para não perder o ‘lixão’ das grandes cidades.
”emprego”.

Continuando...

É na fase do Império – no ano 1 – que nasceu Jesus Cristo.


Observe a mudança na forma de contar o tempo
(d.C. – depois de Cristo).

É no IMPÉRIO, de 27 a.C – 476 d.C. (depois do nascimento de Jesus


Cristo), que as lutas políticas
internas chegaram ao fim. Depois
das disputas pelo poder entre três
generais romanos, Otávio - general
vitorioso, se tornou o primeiro
Imperador Romano. Os patrícios
(cidadãos romanos) interessados em
manter seus privilégios, apoiaram a
instalação de um governo forte
(ditador), que garantisse a
estabilidade política e econômica em
todo o Império.
No Brasil (1964), os militares deram um golpe e assumiram o
Assim, o Senado comando do país. Passaram por cima do Congresso Nacional
Romano (patrícios) e a Ditadura Militar (1964-1985) teve poderes excepcionais.
concedeu a Otávio títulos, Diziam que vieram “salvar a pátria”.
que lhe concedia poderes Mas só os ricos não ficaram com medo.
máximos em Roma. Um deles, o de Augusto, que significava “filho dos deuses.”
31
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Dentre as medidas de seu governo temos:

• A política do pão e do circo: diariamente eram programadas, nas arenas


romanas, uma série de diversões sangrentas e agressivas, entre gladiadores e
animais. Durante os espetáculos, eram distribuídos rações de trigo aos plebeus.
Tratava-se de uma política de Otávio, com o objetivo de desviar a atenção e
distrair a multidão desocupada, pois nas condições em que viviam, poderiam se
revoltar e provocar sérios distúrbios sociais.

O Cristianismo
Durante o governo de Otávio Augusto, a Judéia era uma das regiões dominadas pelo
Império Romano. Foi nela que surgiu uma nova religião: o cristianismo.
Jesus dizia que sua missão era estabelecer o reino de Deus e que esse reino não
pertencia a este mundo. Mas o povo da Judéia, oprimido pela dominação romana, esperava
a chegada do Salvador; o Messias concebido como guerreiro, que viria combater os romanos
e construir o reino de Deus na terra - (desse pensamento originou-se o judaísmo: religião
atual dos judeus). Jesus é condenado à pena de morte pela crucificação. Isso explica por
que sobre a cruz, foi colocado um letreiro: “Jesus Nazareno, rei dos Judeus”. Não era
apenas uma ironia. Era o motivo da sua condenação: a suposta pretensão de se tornar rei,
desafiando o poder romano.
A religião romana era politeísta e era um dos fundamentos do Estado. Venerava-se
o Imperador que, depois da sua morte, ocupava lugar entre os deuses. Todas as seitas e
crenças eram toleradas em Roma, com exceção do cristianismo, cujos seguidores foram
perseguidos com extrema violência. Isso porquê se recusavam a participar dos cultos aos
deuses romanos e não reconheciam o caráter divino atribuído aos imperadores. Os cristãos
eram monoteístas e por isso, não aceitavam a religião romana. Foram considerados
inimigos de Roma. Além do mais, tornavam-se ainda mais perigosos para o poder romano,
pois o cristianismo tinha uma grande penetração entre os pobres e escravos, e estes eram
numerosos no Império, facilmente poderiam se rebelar.

Após a morte de Otávio Augusto, o trono romano foi ocupado por vários
imperadores. Conheça dois:

• CONSTANTINO (306 – 337)

- Os cristãos foram perseguidos em Roma; muitos foram submetidos à tortura


nos circos, apenas para divertir o público. Constantino se converteu ao cristianismo
e promulgou o Edito de Milão (ano de 313), estabelecendo a liberdade de culto em
todo o Império, acabando com a perseguição aos cristãos.
- Consciente dos problemas de Roma, decidiu mudar a capital do império
para a parte oriental. Para isso, remodelou a antiga Bizâncio (cidade fundada pelos
gregos) e fundou Constantinopla, que significa “cidade de Constantino”.

32
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

• TEODÓSIO (379 – 395) – divisão do Império Romano


- Oficializou o cristianismo como religião do Estado Romano. Paralelo ao
processo de oficialização do cristianismo, organizou a Igreja Católica, que adotou a
estrutura do Império Romano.
- Em 395, diante da ameaça de invasão dos povos bárbaros (povos que não
falavam o latim e não tinham cultura semelhante à romana), o Imperador Teodósio
dividiu o Império Romano com a finalidade de fortalecer cada uma das partes do
Império, para vencer a ameaça das invasões.
. Império Romano do Ocidente - capital em Roma e
. Império Romano do Oriente - capital Constantinopla.
Observe no mapa abaixo, essa divisão:

Entretanto, o Império Romano do Ocidente (Roma), não teve organização


interna para resistir aos sucessivos ataques desses povos.
O Império foi sendo corroído por uma longa crise social, econômica e
política. Dentre os fatores que contribuíram para essa crise, temos:
 Aumento dos impostos e crescimento do número de miseráveis entre a plebe,
comerciantes e camponeses.
 Desordens sociais e rebeliões das massas internas e dos povos dominados e, por
fim, as invasões dos povos bárbaros que apenas agilizaram a decadência.

Em 476, o último imperador de Roma, Rômulo Augusto, foi deposto por


Odoacro, rei dos heréculos, um dos povos bárbaros. É a queda e desintegração do
IMPÉRIO ROMANO NO OCIDENTE.
33
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

9 - “A Lei da Reforma Agrária proposta por Caio Graco em 133 a.C., teve
como objetivo dividir as terras do Estado em benefício às famílias pobres.”
Agora responda:
a) Qual é o motivo das lutas pela Reforma Agrária hoje no Brasil?

O grande IMPÉRIO ROMANO acabou assim? Nada mais?


E o que aconteceu com o Império Romano do Oriente?

O Império Romano do Oriente – capital Constantinopla, ficou conhecido


como IMPÉRIO BIZANTINO que, por sua vez, resistiu às invasões bárbaras e
perdurou ainda por 11 séculos. O Império Bizantino chegou ao fim em 1453 (século
XV), quando os turcos otomanos (religião-muçulmana), liderados pelo sultão
Maomé II, conquistaram Constantinopla.

Lembre-se que o Império Bizantino resistia às invasões bárbaras e se


desenvolvia, certo!!

Agora você estudará a IDADE MÉDIA e aí ficará sabendo a


continuação deste assunto, tá!!

34
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A IDADE MÉDIA

A Idade Média abrange o período histórico entre a queda ao Império Romano


do Ocidente no ano de 476 – séc. V – e a tomada de Constantinopla pelos turcos
(muçulmanos) no ano de 1453 – séc. XV.
A Idade Média é o segundo grande período da História e para facilitar o
estudo dessa fase, os historiadores costumam dividir esse longo período – mil anos –
em duas fases:
 A ALTA IDADE MÉDIA
 A BAIXA IDADE MÉDIA

Saiba que o símbolo desse período é o castelo medieval. Ele representa


segurança e proteção para uma população basicamente rural, em estreita
dependência dos poderosos senhores de terras.

Agora você iniciará os estudos em linhas gerais sobre a primeira parte da


IDADE MÉDIA - A ALTA IDADE MÉDIA, que vai do ano de 476 – século V
até o século X, vamos lá?

A ALTA IDADE MÉDIA

Vamos lá! Mas, e o tal povo do deserto?


Quem são eles?

São os árabes!
Sobre esse povo do deserto, você estudará agora, ta!

35
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

1 – IMPÉRIO ISLÂMICO
O Império Islâmico teve origem entre Recordando... Península: porção de
os povos que habitavam a península Arábica, terra cercada de água, que liga-se ao
localizada entre o mar Vermelho e o Golfo continente apenas por um dos lados.
Pérsico.

Veja no mapa abaixo, a localização da península Arábica – saiba que essa


região fica no Oriente, tá? (Oriente: Costuma-se denominar Oriente à todas as
terras que ficam à leste - direita da Europa).

O clima da península Arábica é quente e seco. Quase todo o território é


deserto, principalmente no interior. Somente próximo ao litoral é que existem áreas
férteis – os árabes que habitavam essa região, dedicavam-se à agricultura e,
principalmente, ao pastoreio.
Já os árabes do deserto eram nômades, viviam do pastoreio e lutavam entre si
pela posse dos oásis, isto é, pequenas áreas do deserto com um poço natural e
alguma vegetação, com o que garantiam sua sobrevivência e a de seus rebanhos.
Até o século VI os árabes foram politeístas, isto é, tinham vários deuses.
NÃO tinham unidade política nem religiosa.

36
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Maomé e o Islamismo
Maomé (570-632) vivia
O Islamismo prega a submissão total do homem
em Meca e trabalhava como à vontade de Alá (Allah, deus em árabe), o deus
comerciante, viajando com único, criador de todo o universo.
caravanas pelo deserto. Devido Essa submissão é chamada de islão, e aquele que
a sua profissão, entrou em tem fé em Alá é denominado muçulmano (do árabe
contato com diferentes povos e muslim, aquele que se subordina a deus).
religiões. Chamou sua atenção,
sobretudo, o monoteísmo (um só Deus) dos judeus e dos cristãos.
Dizendo ter tido visões do anjo Gabriel, onde Deus o escolhera para criar
uma nova religião
monoteísta, Maomé,
conseguiu difundir o
islamismo por toda a
Arábia, unificando as
diversas tribos em
torno da religião.
Então, através
da identidade
religiosa, essas tribos
uniram-se a religião
monoteísta fundada
por Maomé - o
islamismo ou religião
muçulmana. Da antiga religião politeísta, Acreditavam que essa PEDRA –
conservou-se o costume de fazer provavelmente um meteorito – tinha
peregrinação ao centro religioso dos poderes mágicos, por ter caído do céu.
Acreditavam também que inicialmente era
muçulmanos em Meca e, ainda hoje, o branca e que com o passar do tempo,
culto à Pedra Negra é um importante como as pessoas teriam começado a tocar
símbolo da religião muçulmana. a pedra em busca de ajuda divina, ela teria
absorvido os pecados dessas pessoas e,
por isso, mudado de cor.

Os princípios religiosos do
Islamismo foram detalhados no livro
sagrado dos muçulmanos: Corão ou
Alcorão (palavra que, em árabe,
significa 'a leitura').
Um restaurador do Egito trabalha na
recuperação do maior e mais antigo
exemplar conhecido do ALCORÃO – livro
sagrado dos muçulmanos.

37
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Entre os principais preceitos do Islamismo temos:


• Crer em Alá, o deus único, e em Maomé, o seu grande profeta.
• Fazer cinco orações diárias, curvado na direção de Meca.
• Ir, em peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida.
• Promover a guerra santa aos infiéis.

Expansão: A Guerra Santa


Após a morte de Maomé, o povo árabe passou a ser governado pelos califas
(em árabe significa sucessor). Os califas concentravam poderes religioso, político e
militar.
O dever de espalhar a religião, justificaria a guerra santa islâmica, o Jihad.
Assim, os islamitas passaram a acreditar que “a espada é a chave do paraíso”, ou
seja, se uma pessoa morre lutando para impor sua religião, tem garantido seu lugar
no paraíso.
Com a guerra santa contra os infiéis (aqueles que não acreditaram nas
revelações de Maomé), os califas expandiram os territórios muçulmanos para muito
além da península Arábica.
No final do século VII, rapidamente dominaram a Palestina (chamada de A
Terra Santa pelos cristãos), o Egito e todo o norte da África. Em 711 – século VIII
– avançaram para a Europa atravessando o estreito de Gibraltar e penetraram na
península Ibérica (Portugal e Espanha).
Península Agora observe no mapa abaixo a expansão árabe.
Ibérica
(Portugal e Localize a seta indicando a península Ibérica e o estreito de
Espanha) Gibraltar.

Estreito
de
Gibraltar

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Controlando todo o mar


Mediterrâneo e tendo livre navegação pela sidoSaiba que, apesar da expansão ter
feita em nome da religião
região, os ÁRABES impediram o comércio muçulmana, ao se estabelecerem nas
marítimo da Europa com o Império terras dominadas, os árabes acabaram
Bizantino (Oriente). sendo tolerantes para com as pessoas
de outras religiões. Era uma tática
Após um período áureo de para administrar e controlar um
conquistas durante a Idade Média, o Império tão grande.
Império Islâmico entrou em decadência no
século XIV. Na península Ibérica, os árabes permaneceram até 1492, precisamente o
ano da descoberta da América.

Embora o Império Islâmico tenha se desintegrado, ainda hoje, grande parte


das populações do norte da África e do Oriente Médio apresentam características da
civilização islâmica, tendo como base a RELIGIÃO MUÇULMANA.
Essa religião exerce influência em cerca de 75 nações do mundo, sendo
seguida por mais de 1 bilhão de pessoas.

Tire da cabeça a idéia preconceituosa de que os árabes são povos


ignorantes, sujos ou terroristas. Na Idade Média, os europeus “babavam” de
admiração, medo e inveja dos árabes. Afinal, eles eram muito mais ricos,
organizados e instruídos. O Ocidente aprendeu muito com a astronomia, a
medicina e a matemática dos árabes. Basta lembrar que os nossos algarismos
(0, 1, 2, 3, 4, 5...) foram inventados por eles – algarismos arábicos! Nas trocas
comerciais, os árabes introduziram cheques, recibos, cartas de créditos e
etc.
Os árabes
difundiram na Europa
inventos chineses
tais como: o papel, a
bússola, a pólvora, o
cultivo do arroz, do
algodão e o cultivo
da cana-de-açúcar.
Fabricaram tecidos,
tapetes, jóias,
cerâmicas e vidro.
Na literatura Mesquita do século XII no atual Irã. As mesquitas são templos
religiosos de louvor para os muçulmanos.
- suas lendas e contos
são apreciados ainda hoje. Um dos mais populares é As mil e uma noites.
Nas artes – produziram uma arquitetura admirável: uso do arco com
ornamentos geométricos - o arabesco, presente em mesquitas e palácios.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

10– Explique o que possibilitou a unificação das diversas tribos árabes.

Com a Segunda Guerra Mundial Em 638, os árabes muçulmanos


e a perseguição de Hitler aos judeus, tomaram a Palestina do Império
Bizantino e se tornaram as populações
milhares deles migraram da Europa para a
absolutamente majoritárias da região.
Palestina. Após a guerra, o mundo
encontrou-se abalado diante do
extermínio do povo judeu nos
“campos de concentração
nazistas”.
Esse clima favoreceu a
decisão da ONU em aprovar um
plano de divisão da Palestina.
Num pedaço dele seria
criado um Estado para o povo
judeu; noutro, um Estado para
os palestinos. Os países
árabes ficaram furiosos. Para As rivalidades entre palestinos e israelenses têm um
eles havia uma grande momento de trégua em Jerusalém. Os muçulmanos
ajoelham-se voltados para Meca, curvam-se e oram, sob o
injustiça: os palestinos, olhar de militares israelenses.
maioria na região, ficariam
com um território menor – veja o quadro na página seguinte. Apesar de tudo, foi
desse modo que se fundou o Estado de Israel.
A partir da criação do Estado de Israel em maio de 1948, milhares de judeus
começaram a migrar para Israel. No entanto, a grande massa de judeus que chegou à
região, despertou a revolta das populações árabes que viviam na Palestina.
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Não se esqueça que Jerusalém é a cidade sagrada para judeus porque é a


“terra prometida”, para os cristãos porque é onde nasceu Jesus Cristo e para os
muçulmanos porque é o local onde Maomé subiu aos céus.

Assim, deveria ser o centro mundial da harmonia entre todos os homens, no


entanto...

03/10/2001.
A visita do
líder
israelense
Ariel Sharon
a Jerusalém,
desencadeou
lutas violentas
entre
palestinos e
soldados
israelenses.

No centro do Rio de Janeiro existe a famosa rua da Alfândega.


Nela, trabalham lado a lado comerciantes de origem árabe e judaica.
Sem atentados, sem ódio, sem guerras.
Aliás, a maioria torce pra seleção brasileira de futebol.

Não existem “inimigos históricos”.


Todos os homens, podem conviver em paz.
Basta haver um mínimo de liberdade e igualdade de direitos.

Nas conversações de paz no Oriente Médio, nenhuma outra questão – com


exceção do controle sobre os territórios ocupados por Israel é tão discutida como a
do uso da água, escassa na região e insuficiente para as populações locais, em
constante crescimento. Deixadas sem solução, as disputas pela água podem se tornar
a causa da próxima guerra na região.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Uma das primeiras medidas tomadas pelos israelenses depois da vitória na


guerra de 1967, foi decretar que a água na Cisjordânia e na faixa de Gaza era um
recurso estratégico e estava sob controle militar.
Desde então os árabes não conseguem permissão para cavar poços, enquanto
os israelenses perfuraram dúzias deles para os campos militares e para as suas
colônias de povoamento. Praticamente todos os assentamentos judeus na Cisjordânia
recebem água corrente, enquanto 51% dos vilarejos e aldeias árabes dependem
basicamente da coleta das águas das chuvas. Isso diminuiu drasticamente as terras
árabes irrigadas, enquanto as terras israelenses aumentaram bastante.
Na faixa de Gaza a situação é ainda mais séria: o uso da água subterrânea já
esgotou os lençóis existentes no subsolo e agora a água do mar Mediterrâneo está
sendo usada, mas ela tem um gosto horrível. Em suma, somente um plano de
cooperação no uso da água irá amenizar esse problema, uma negociação sobre o uso
racional desse recurso entre israelenses e árabes. Alguns estudiosos afirmam que
somente a distribuição das terras não trará a paz para a região, se não houver um
acordo sobre o uso comum da água.
(Extraído: Geografia Crítica - J. William Vesentini – Vânia Vlach, volume 3, página 199, 2000, editora Ática).

11 – Entre alguns povos, a religião tem papel fundamental na vida social e


política, servindo, inclusive, como elemento de identidade e união. Árabes e
israelenses são exemplos disso. Mas a religião que une também promove guerras.
O que você sugere para que haja paz entre esses dois povos?

12 – Analisando a situação brasileira, você acha que aqui no Brasil, a ÁGUA


e a TERRA podem gerar tensões e conflitos? Comente com suas palavras.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

2 - INVASÕES BÁRBARAS

Você aprendeu no módulo 1 que o Império Romano do Oriente resistiu às


invasões bárbaras e conseguiu sobreviver, transformando-se no Império Bizantino.
Já a decadência do Império Romano do Ocidente (Roma) no ano de 476 –
século V, foi acelerada pela invasão de povos bárbaros que, após sucessivos ataques,
conquistaram e ocuparam a Europa.

Quem eram os bárbaros?

Os romanos chamavam de bárbaros todos os povos que viviam fora de seu


território e não tinham cultura romana, isto é, não falavam a língua romana – latim –
nem possuíam os mesmos costumes e tradições que os romanos.
Os diversos povos bárbaros tinham um modo de vida bem parecido entre eles.
Eram pastores e agricultores. Não viviam em cidades, não usavam moeda, não
tinham um governo organizado e não conheciam a escrita. Alguns desses povos
eram nômades e pouco comercializavam.
Vindo
em busca de
novas terras e
riquezas, os
bárbaros
invadiram,
atacaram,
saquearam e
destruíram as
cidades do
Império
Romano de
forma violenta,
com guerras,
destruição e
mortes – no século V.
Saiba que, após as invasões do
Para salvar a vida, a população (das século V, a Europa Ocidental
cidades) fugiu para o campo, para as continuou a usar o mar Mediterrâneo
grandes fazendas em busca de proteção. como meio de comunicação com o
Isso fez com que a vida urbana, Império Bizantino.
praticamente desaparecesse.
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Veja no mapa abaixo, os Reinos Bárbaros – séc V, que se formaram na


Europa após essa onda de invasões.

A população
dos reinos
bárbaros que
se formaram,
REINO DOS era uma
FRANCOS
mistura dos
romanos
sobreviventes
com os
dominadores
bárbaros. A
maioria desses
reinos, porém,
teve vida
curta.
Por
volta do século
VI, dos vários
reinos que se
formaram,
somente os
francos conseguiram se estruturar e expandir seus domínios. Localize no mapa esse
reino – é a França atual. O apogeu desse poderoso reino foi durante o Império
Carolíngio – de Carlos Magno (768-814).

Carlos Magno – um rei bárbaro

Suas realizações lhe valeram o


apelido de Magno que, em latim, quer
dizer “grande”. Ao lado – o papa está
coroando Carlos Magno - ano 800.
Carlos Magno, que era
convertido ao cristianismo, tinha um
sonho: reconstruir a unidade do
Antigo Império Romano e, para isso,
realizou uma série de conquistas
militares.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Submeteu diversos povos bárbaros e apoderou-se de um vasto território,


ampliando o domínio dos francos. As conquistas trouxeram-lhe fama, poder e
estabilidade ao cotidiano dos europeus.

Carlos Magno procurou elevar a


cultura do povo franco. Ele mesmo
aprendeu a ler com 35 anos de idade.
Fundou escolas nos mosteiros e
no próprio palácio real. Isso contribuiu
para a preservação e a transmissão da
cultura Grega e Romana, pois grande
parte do conhecimento que temos hoje
da literatura da Antigüidade deve-se ao
trabalho de coleta e cópia desenvolvidos
nessa época.
As bibliotecas geralmente
ficavam nos mosteiros. Os livros eram
copiados manualmente pelos monges chamados de copistas.
Muitas obras da Antigüidade só chegaram até nós devido ao trabalho desses
monges. Saiba que os membros do clero, formava a elite cultural da Idade Média.
Além de seus membros serem os poucos que sabiam ler e escrever, eram
praticamente os únicos a ter acesso aos livros existentes.
Após a morte de Carlos Magno, o Reino Franco foi dividido entre seus netos,
mas entrou em decadência. As principais causas foram as novas invasões dos
séculos IX e X, contra a Europa.

...o que? ...novas invasões contra a


Europa? não acredito! Tudo ia tão bem!

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A decadência da vida urbana é uma das principais marcas


desse período que se inicia.
A economia tornou-se estritamente agrícola:
a produção dos campos apenas dava para alimentar os servos e
sustentar os senhores feudais.

...decadência da
...agricultura?
vida urbana??
...servos?
...senhores feudais?

Cruzes!! Que horror!!


Do que estamos falando??

Estamos falando do Feudalismo: um modo de organização da sociedade


baseado no trabalho dos servos que predominou na Europa Ocidental durante a
Idade Média.

É o que você estudará agora, vamos lá?

3 - FEUDALISMO
O feudalismo se firmou na Europa com as novas invasões do século
IX ao X – especialmente a dos árabes, normandos e húngaros. Essas novas
invasões aumentaram o clima de insegurança da população européia e provocou
novos problemas de ordem econômica.

As características do feudalismo eram:


• poder político descentralizado;
• economia auto-suficiente;
• forte influência Religiosa.

46
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

O domínio Quando os árabes (muçulmanos) dominaram o


árabe era inconteste. Mediterrâneo, no séc. VII e a península Ibérica
Nos dizeres de um (Portugal e Espanha) no séc. VIII, acentuou a
historiador árabe: decadência comercial da Europa, que passou a
voltar-se para a terra tornando-se dependente dela –
“...os europeus não o feudalismo forma-se na Europa Ocidental.
conseguiam fazer
flutuar no A paralisação do comércio no Mediterrâneo
Mediterrâneo levou os europeus a regredirem bastante. Os reis
sequer uma tábua...” europeus,
incapazes de
lutar e enfrentar os novos invasores que
se lançavam de todos os lados, deixaram a
cargo de cada nobre, a obrigação de
proteger suas próprias terras.
Nas últimas décadas do século IX, o
benefício, isto é, a doação de terras pelo rei
aos nobres, se tornou hereditário e começou
a ser chamado de feudo e seus proprietários
de senhores feudais. Nobre feudal
A insegurança proveniente dos contínuos ataques de
salteadores e guerreiros, que aniquilavam vilas e cidades, levou a população
européia à pedir proteção aos senhores feudais e, em troca dessa proteção,
trabalhavam nos feudos (terra) – eram os servos. A vida tornou-se rural, as cidades
desapareceram totalmente, a moeda deixou de circular; enfim, modificou-se
amplamente o panorama econômico da Europa.
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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

• O PODER POLÍTICO ficou descentralizado. Durante mais de 300 anos, a


Europa esteve
fragmentada
(dividida) em
centenas de
pequenos
Estados
independentes –
os feudos (ao
lado), pois,
quem detinha o
poder político
era o senhor
feudal e não o rei. Este continuava existindo, porém, exercia autoridade somente
dentro da sua propriedade.
Assim, é correto afirmar que, durante o feudalismo, perdeu-se a noção de
Estado, isto é, não havia mais um REI com condições de proteger todo o território
do seu país. A autoridade máxima em cada feudo era exercida pelos donos de
propriedade – os senhores feudais.

Com isso, os que possuíam terras ganharam força, prestígio e


passaram a sujeitar seus dependentes.
O rei se enfraqueceu e os grandes senhores de terras
tornaram-se os donos do poder.

No feudalismo, tinha
poder quem tivesse
terra, e o poder sobre
ela significava
também poder sobre
as pessoas.

No Brasil, vastas
extensões de terras
pertencem a poucas
pessoas...

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

• A SOCIEDADE FEUDAL era estamental, isto é, a posição social de um


indivíduo dependia do seu nascimento. O clero – aqueles que oravam; a nobreza
– aqueles que guerreavam e os servos - do trabalho deste último dependia a
sobrevivência de todos.
O servo encontrava-se preso à terra, isto é, não tinha liberdade para deixar
o feudo em que vivia e trabalhava. Não podia ser vendido, trocado ou punido
com a vida, como se fazia com o escravo. Não podia também ser expulso do
feudo. Além das inúmeras obrigações para com o seu senhor, era obrigado ainda
a pagar o dízimo (10%) da sua produção à Igreja.

• A ECONOMIA FEUDAL baseava-se na agricultura e no pastoreio. O feudo era


auto-suficiente, ou seja, produzia praticamente tudo aquilo de que os seus
habitantes necessitavam. Trocava-se, geralmente, um produto pelo outro. Os
grandes senhores feudais cunhavam sua própria moeda, que circulava em suas
propriedades.

Veja que, ao longo dos séculos, a população da Europa Ocidental


deixou de viver numa sociedade comercial e urbana como a do
Império Romano e passou a viver numa sociedade rural e agrária,
na qual o poder político era descentralizado.

Nesses tempos a influência da religião na vida das pessoas era marcante.


Desde o momento em que acordavam até o momento de se deitarem, as pessoas
faziam orações. Pediam a ajuda divina ou o perdão por seus atos e agradeciam a
Deus pelo que lhes acontecia.

É o que você estudará agora, tá?

4 - A IGREJA NA IDADE MÉDIA


Senhora de terras e almas

Lembra-se que o Imperador – Teodósio (379 – 395), oficializou o


cristianismo como religião do Estado Romano? Então, paralelo a oficialização do
cristianismo, organizou-se a Igreja Católica. Durante a Idade Média, a Igreja
Católica continuou a crescer e tornou-se a instituição mais poderosa do Ocidente.
Uma das principais preocupações do clero era a conversão daqueles que não eram
cristãos.
49
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A Igreja Católica teve sucesso nessa tarefa, pois, a maioria dos bárbaros se
converteram ao cristianismo e isso deu à cultura européia medieval uma unidade,
caracterizada pela forte influência da Igreja. Com isso, pouco a pouco a Igreja foi se
fortalecendo e dando unidade à nova sociedade que se formava na Europa.

...Mas como foi que a Igreja


conseguiu crescer em
importância numa época tão
turbulenta?

Em parte, isso foi possível porque, muito antes


A IGREJA CATÓLICA,
da queda de Roma, a Igreja era uma instituição
por apresentar-se como
solidamente organizada e também, ao converter os intermediária entre Deus e
bárbaros, passou a controlar grandes áreas os homens, fez do clero
territoriais, afastando-se de suas funções religiosas, uma classe tão importante
mas adquirindo grande poder político e econômico. quanto a nobreza, no
comando do Feudalismo.
Sua riqueza vinha, principalmente, das
doações de terra e dinheiro que recebia dos fiéis e dos dízimos que cobrava dos
servos nos seus gigantescos feudos.
Assim, com grande poder econômico, diversos bispos, arcebispos e papas se
importavam mais com a vida material do que com a religião cristã. Vários deles
viviam no luxo e dedicavam-se ao comércio de relíquias e cargos eclesiásticos.
Toda vez que alguma pessoa não se comportava de acordo com as regras da
Igreja, era punida. Essa punição variava conforme a gravidade da falta cometida e
era estabelecida pelo clero: ia desde a obrigação de ir à igreja fazer orações extras
até o caso extremo em que a pessoa era condenada HERESIA: era a negação de
à morte na fogueira. uma verdade da Igreja.
HEREGE: Era considerado
O Tribunal da Inquisição criado em 1183, herege aquele que fosse
tinha a finalidade inicial de cuidar para que as contrário a doutrina católica.
pessoas não se desviassem dos ensinamentos da
Igreja. Esses desvios eram
A ATUAÇÃO DO TRIBUNAL DA INQUISIÇÃO É,
chamados de heresias e as
ATUALMENTE, SERIAMENTE CRITICADA POR
pessoas que as praticavam PENSADORES E AUTORIDADES DA IGREJA
eram consideradas hereges. CATÓLICA.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

De um modo geral, a cultura medieval apresentava a mulher como um ser


mau por natureza, “porta de entrada do demônio na sociedade”, culpada por levar o
homem ao “pecado do sexo”.
Afirmava-se que a prova dessa proximidade da mulher com o diabo, era o
fato de que as mulheres menstruam e os homens, não. Além disso, a medicina
caseira era geralmente praticada por mulheres: por isso, algumas acabavam sendo
denunciadas como bruxas. Às vezes, os denunciantes eram médicos, que temiam a
concorrência dessas mulheres. É importante lembrar que a Igreja só admitia a
relação sexual com a finalidade de gerar filhos, obedecendo à máxima bíblica:
“Crescei e multiplicai-vos”.
No modo de pensar medieval, fortemente influenciado pela religião, havia três
situações em que a mulher não era considerada demoníaca: se era virgem, se era
mãe e esposa ou se era religiosa, vivendo no convento. Em todas essas situações,
estava submetida à autoridade de um homem: o pai, o marido ou o bispo e o papa.

Houve casos de pessoas condenadas por terem sido consideradas


bruxas; outras, porque suas pesquisas científicas ou as explicações que davam
a fenômenos naturais eram diferentes dos que a Igreja aceitava.

Nascida em Domrémy (França),


de uma família de camponeses pobres,
Joana D’Arc (1412 – 1431) dizia-se
inspirada por santos, com a missão de
salvar a França da invasão inglesa, na
Guerra dos Cem Anos. À frente do
exército cujo comando o rei Carlos VII
lhe concedeu, obteve muitas vitórias.
Mas, Joana D’Arc é capturada
pelos ingleses, e entregue a um Tribunal
de Inquisição que a acusava de feitiçaria e
de heresia (por usar roupas masculinas – a
armadura). Joana Dárc é julgada e
condenada à fogueira em praça pública,
como herege e feiticeira.

Tinha então 19 anos de idade.

51
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

13 – “Durante o feudalismo perdeu-se a noção de Estado”. Explique a


frase.

Bem, agora você estudará em linhas gerais a segunda parte da IDADE


MÉDIA – A BAIXA IDADE MÉDIA, que vai do século XI até o século XV no
ano de 1453.

A BAIXA IDADE MÉDIA

A partir do século XI até o século XV, a Europa passou por profundas


transformações econômicas, políticas e sociais, que levaram à desagregação do
feudalismo e ao nascimento do capitalismo, que você estudará mais a frente.
Os principais acontecimentos que definiram essa crise foram: as Cruzadas e
o Renascimento Comercial e Urbano.

Lembra-se que os árabes muçulmanos,


conquistaram Jerusalém, considerada
a Terra Santa pelos cristãos??

Então, você iniciará os estudos sobre A Baixa Idade Média, e ficará sabendo
qual a solução encontrada pelos cristãos para reconquistar Jerusalém - a Terra Santa.

E mais, se deu ou não certo, ta!

52
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

1 – AS CRUZADAS
As Cruzadas foram expedições organizadas por cristãos do Ocidente –
incentivados pelo Papa – para reconquistar Jerusalém, ocupada pelos muçulmanos,
considerados “infiéis” pela Igreja Católica – esse era o objetivo religioso.
Saiba que as Cruzadas aconteceram do final do século XI até meados do
século XIII. Essas expedições receberam o nome de Cruzadas, porque as pessoas
usavam estandartes e roupas com uma cruz como símbolo. Delas participaram
milhares de católicos de todas as partes da Europa. Desde o mais pobre camponês
até a mais alta
nobreza feudal,
dirigiram-se à
Jerusalém.
Saiba que
que, além do
objetivo religioso,
havia o objetivo
político, pois a
convocação de
cavaleiros, pelos
reis, para participar
das cruzadas representaria o enfraquecimento da nobreza (senhores feudais), pois
muitos dos convocados não retornariam. Dessa forma, o Neste mesmo tempo,
poder dos reis se fortaleceria. os cristãos também
estavam lutando para
O objetivo comercial também marcou presença: expulsar os árabes
como a conquista de terras no Oriente e a disputa de muçulmanos da península
rotas comerciais no mar Mediterrâneo, embora isso se Ibérica (Portugal e
ocultasse sob a justificativa religiosa. Espanha), tá?

Mas, para o camponês oprimido e marginalizado pelo senhor feudal, o


sacrifício da vida valia a pena. Afinal, o Papa havia prometido o perdão dos
pecados a quem combatesse nas cruzadas.
Milhares de católicos e muçulmanos mataram e morreram em nome de Deus
e a Terra Santa não foi reconquistada.

Não foi reconquistada? Barbaridade tchê!!


Quer dizer que nada mudou com as
Cruzadas?

53
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Claro que mudou! Para os europeus do Ocidente, as Cruzadas resultaram em


vantagens econômicas:
• fim do domínio muçulmano no mar Mediterrâneo e
• um grande aumento do comércio entre a Europa e o Oriente.
Veja então que, as Então, é possível você concluir que:
Cruzadas permitiram a • As CRUZADAS reabriram o comércio no
reabertura do Mediterrâneo ao Mediterrâneo e ligaram novamente a Europa ao
comércio da Europa, que Oriente.
estava sob o controle dos • Embora não tivessem atingido seus objetivos
muçulmanos, lembra-se? religiosos, o certo é que as CRUZADAS
afastaram do Mediterrâneo os muçulmanos;
Saiba que ao voltarem conferiram liberdade a muitos servos e
do Oriente para a Europa, os provocaram a morte de um bom número de
senhores feudais, favorecendo o fortalecimento
cruzados trouxeram consigo
dos reis europeus.
novos costumes.
Tinham conhecido temperos (especiarias: cravo, canela, pimenta...), tecidos,
perfumes, tapeçarias e outros produtos orientais. Passaram a apreciá-los e a
consumi-los e assim o comércio VOL...

Já sei! Já sei! Deixe eu falar.

Agora entendi! O consumo dos


produtos do Oriente, provocou a VOLTA do
comércio, não é mesmo?

Isso mesmo! E é sobre o renascimento comercial na Europa, que vamos


estudar agora, tá?

2 – RENASCIMENTO COMERCIAL e a
volta das CIDADES

O consumo dos produtos orientais, faz surgir na Europa um grande mercado


consumidor.
As cidades de Veneza e Gênova (Itália), passaram a dominar a maior parte do
comércio pelo Mediterrâneo e Sul da Europa, estimulando os europeus ricos a
consumirem artigos de luxo (perfumes, tecidos finos e jóias) e especiarias (cravo,
canela, pimenta) produzidos no Oriente. Assim, buscavam essas mercadorias e
revendiam na Europa.

54
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Lembra-se que os invasores bárbaros haviam destruído a maior parte das


cidades, e a maioria da população tinha ido viver no campo?
E que nos feudos que se formaram na Idade Média, a produção era para o
próprio consumo e não havia comércio?

Então, as Cruzadas impulsionaram o desenvolvimento do comércio e o


comércio estimulou o aumento da
produção artesanal. Assim, comércio e
artesanato, fizeram com que as antigas
cidades se desenvolvessem e outras
fossem criadas.

E como era a vida nas cidades


medievais?

As cidades medievais não


ofereciam boas condições de conforto
e higiene, em virtude de seu
crescimento rápido e desordenado.
Esse crescimento, porém, era
limitado pelas muralhas. Ninguém
Cidade da Idade Média. Observe que parte queria morar fora dos muros da
das casas, as mais antigas, estão dentro dos cidade, com medo de ser assaltado.
muros da cidade, enquanto outras, por falta Como não era possível destruir
de espaço no interior, foram construídas do
os muros e a população aumentava, as
lado de fora.
casas cresciam para cima, chegando a
ter até três andares. A maior parte das
casas era de madeira, o que favorecia
os incêndios, que às vezes destruíam
completamente uma cidade.
Nas cidades não existiam
calçadas nem esgotos. À noite, quase
não havia iluminação. De dia, também,
as vielas permaneciam bastante
sombrias.
As pessoas circulavam pela
cidade no meio dos animais que
As condições de vida nas favelas atuais são muito comiam os restos de
semelhantes às existentes nas cidades medievais. alimentos jogados pelas
janelas.
55
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Diante do crescimento do As cidades medievais receberam o nome de


comércio, o sistema Feudal teve seu BURGOS. Seus habitantes eram os
processo de decadência acelerado. A burgueses, pessoas enriquecidas com o
comércio e que, rapidamente, ultrapassaram
nobreza perdeu prestígio e não os nobres em importância econômica.
acompanhava o renascimento
comercial e urbano, além de ter perdido espaço e poder para uma nova classe social:
a burguesia.

Com a volta do comércio uma nova riqueza passou


a ser considerada: a riqueza em dinheiro e não mais riqueza
em terras, como na época feudal.

Desde a consolidação do cristianismo, os judeus passaram a ser


perseguidos na Europa. A partir da primeira Cruzada (1096), os massacres
acentuaram-se.
Uma época de intolerância religiosa. Nessa E por que essas
imagem os judeus estão de branco.
perseguições?

Além da questão
religiosa (que os judeus
adeptos do Judaísmo não
acreditam que Jesus é o
Messias), existia o ciúme
da classe mercantil que
concorria com os
comerciantes judeus.
Através da teoria da
usura, a Igreja Católica
condenava o empréstimo
a juros.
Como os judeus não eram cristãos,
Usura é tudo que é pedido em
não temiam as ameaças de que seriam troca de um empréstimo, além
queimados na fogueira do inferno. do próprio bem emprestado.
Ex.: empréstimos a juros.

Para o homem burguês, o mais importante era ganhar dinheiro e viver no


conforto e até no luxo. Por isso, trabalhava intensamente, procurando aumentar
cada vez mais os negócios e os lucros, para se enriquecer.

56
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

À medida que os burgueses se fortaleciam e se enriqueciam, os senhores


feudais – ricos só em terras –
começavam a se enfraquecer.

Como os primeiros
cambistas trabalhavam
junto a um banco de
madeira, receberam o
nome de banqueiros.

Veja que a BURGUESIA ganhava força e importância,


enquanto isso, os SENHORES FEUDAIS iam, aos poucos,
perdendo o imenso poder que possuíam.

Saiba que, do século XI ao XIII, a Europa viveu um clima de relativa


prosperidade. Sua população cresceu de modo constante, seu comércio reanimou-se
e suas cidades floresceram.
Entretanto, no
séc. XIV e XV, o
mundo europeu foi
atingido por uma série
de graves problemas
que muito contribuíram
para o:
Declínio
do feudalismo

A agricultura
feudal entrou em crise devido à falta de terras férteis, pois estas estavam
desgastadas pelo intenso uso. Curvada pela fome, a população européia contraía
doenças com grande facilidade. Entre 1347 e 1350, por exemplo, a Europa foi
duramente atingida pela peste negra, epidemia contra a qual não se conhecia
nenhum remédio.
A peste negra matou milhares de pessoas na Europa. Essa imagem da cidade
de Florença, na Itália, retrata a situação da época: os mortos eram colocados na
entrada das casas e recobertos com um pano, até que trabalhadores – com o nariz e a
boca protegidos para não respirar o ar “empestado” – os levavam em caixões ao
cemitério.
57
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Nas cidades medievais,


espremidas entre as
muralhas e sem
qualquer tipo de
saneamento, doenças
contagiosas, como a
peste negra,
propagavam-se com
assustadora rapidez.
Na foto – cidade de
Ávila na Espanha.

Nessa mesma
época, desenrolava-se
na Europa a Guerra
dos Cem Anos (1337
– 1453), entre França
e Inglaterra.
O conflito também tinha causado um número elevadíssimo de mortes e
afetado ainda mais a produção agrícola.
Durante a Guerra dos Cem Anos,
Para manter seus rendimentos e fazer as armas de fogo foram usadas
frente a essas catástrofes, muitos senhores pela 1a vez na Europa. Isto deu
feudais passaram a exigir dos servos mais aos franceses superioridade frente
obrigações. Dessa opressão resultou uma grande aos ingleses.
revolta dos camponeses - a Jacquerie.
Com isso o feudalismo foi se desagregando lentamente e cedendo espaço a
um outro modo de organização da sociedade: o capitalismo, que você estudará mais
à frente.
Assim, ao chegar o século XV, a Europa começou a passar por
transformações sensíveis, que estavam a anunciar o mundo MODERNO...

...o mundo que a burguesia começou a criar.

Mas isso é assunto para o módulo 3, quando você estudará o terceiro período
da História – a IDADE MODERNA.

O fim da Guerra dos Cem Anos coincide com o fim da Idade Média.
Nesse ano (1453), enquanto, no Ocidente, a França recuperava os
territórios invadidos pela Inglaterra, no Oriente os turcos (religião
muçulmana) se apoderavam de Constantinopla, capital do Império
Bizantino (ou Império Romano do Oriente).

A queda do Império Bizantino marca o FIM DA IDADE MÉDIA e


INÍCIO DA IDADE MODERNA
58
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Corporação de Ofício - Uma das características mais interessantes na


organização das cidades medievais foi o intenso desenvolvimento do
artesanato. Visando à
defesa dos seus
interesses, garantia de
preços, controle da
concorrência e
oportunidades mais
amplas de comércio, os numerosos artesãos da Baixa Idade Média passaram a
se organizar em corporações de ofícios, associações que incluíam todos os
especialistas de um determinado ramo. Por exemplo: corporações de alfaiates,
pedreiros, ferreiros...
Semelhantemente,
na atualidade temos os
sindicatos – que é uma
forma de organização
criada pelos trabalhadores
com o objetivo de
defender seus interesses e
obter melhores condições
de salário e trabalho.

Universidades - as universidades surgiram perto das catedrais e


estavam vinculadas à Igreja, detentora do saber durante toda a Idade Média.
Estudantes e professores logo se organizaram em corporações e grêmios.
Graças a essa organização, as universidades logo conquistaram o privilégio
da autonomia perante os reis e o Papa.
Universidade de Oxford,
Inglaterra, fundada no
século XII.
.

59
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Estrangeiros - Diversas cidades européias, como Paris na França e


Londres na Inglaterra, se
formaram ou se
desenvolveram como locais de
passagem de mercadores de
todas as partes.
Hoje, esses centros
urbanos abrigam pessoas de
vários lugares do mundo.
São estrangeiros que
buscam melhores condições de
vida e emprego. O racismo e o
preconceito contra o imigrante
tornaram-se sérios problemas
para essas cidades. Grupos
radicais saem ou promovem,
na calada da noite, atentados
contra os estrangeiros.

14 – Qual é a importância de um Sindicato para o trabalhador?


15 – Pesquise no dicionário, o significado da palavra xenofobia, depois
relacione ao que você leu no “saiba mais - estrangeiros” e responda:
a) O que é xenofobia?
b) Existem pessoas que têm costumes bem diferentes dos nossos,
principalmente por causa da religião e das diferenças sociais. Como você
encara essas diferenças? Explique.

A partir de agora, você estudará dois movimentos que ocorreram na Europa


no início da IDADE MODERNA, mas que estão relacionados com as mudanças
que se iniciaram na Baixa Idade Média.

Esses dois movimentos foram: o Renascimento Cultural e a Reforma Religiosa.


Agora você estudará cada um separadamente, vamos lá?

60
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

O RENASCIMENTO CULTURAL

Você acabou de estudar que o desenvolvimento do comércio e o


desenvolvimento da produção artesanal resultou no desenvolvimento das cidades.
Com o desenvolvimento das cidades surgiu uma nova classe social: a
burguesia que se aliou ao rei – o que levou posteriormente à formação das
monarquias nacionais, que você estudará no módulo 3. Essas transformações vieram
acompanhadas de uma nova visão do mundo, que se manifestou na arte e na cultura
de maneira geral.
A cultura medieval se caracterizava pela religiosidade. A Igreja Católica,
controlava as
manifestações culturais
e dava uma
interpretação religiosa
para todos os
fenômenos da natureza,
da sociedade e da
economia.
A esta cultura deu-se o nome de A CRIAÇÃO DO HOMEM
teocêntrica (‘teo’= Deus; ‘cêntrica’ = Capela Sistina no Vaticano em Roma/ Itália.
centro. Deus era o centro de todas as Autor renascentista: Miguel Ângelo
coisas).
Essa VISÃO RELIGIOSA DO MUNDO não
combinava com a experiência burguesa. Essa nova
classe social devia a sua posição social e econômica ao
seu próprio esforço e não à vontade divina.
O sucesso dos negócios dependia da observação,
do raciocínio e do cálculo, enfim, dependia do próprio
homem e não de Deus. Essas características se opunham
Saiba que na a mentalidade medieval.
Idade Média, as Veja então que, a burguesia
obras de arte tinha uma visão materialista do
eram de autoria
mundo. Queria usufruir na terra o
coletiva,
portanto, o resultado de seus esforços. O
artista era burguês era essencialmente
anônimo e MONA LISA – famoso quadro
individualista. Quase sempre, o do autor renascentista
NÃO era seu lucro implicava que outros Leonardo da Vinci.
valorizado. tivessem prejuízo.
61
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Por volta do século XIV, houve então um grupo de intelectuais – os


humanistas – que passaram a adotar uma nova concepção do homem e do mundo.
O humanista era o indivíduo que traduzia e estudava os textos e as obras dos
gregos e romanos e se inspirando nesses textos e obras é que nasceu a valorização
do homem como centro do universo.
Esses intelectuais (os humanistas) romperam com os valores medievais e o
homem passou a ser o centro de todas as coisas.
Assim, a visão de mundo dos humanistas gerou um movimento de renovação
cultural ocorrida nos fins da Idade Média e no começo da Idade Moderna. A essa
renovação denominamos Renascimento, no sentido de fazer renascer os valores
gregos e romanos.
Características do Renascimento Cultural
O Renascimento significou uma nova arte, o começo do pensamento
científico e uma nova literatura. Nelas estão presentes as seguintes características:
• Antropocentrismo (o homem como centro do universo) – valorização do
homem como ser racional. Para os renascentistas o homem era visto como a mais
bela e perfeita obra da natureza. Com capacidade criadora e poder de explicar os
fenômenos à sua volta.
• Racionalismo – a razão humana é a base do conhecimento. Assim, rejeitava-se a
fé e adotava apenas a razão humana como fonte de conhecimento. A solução dos
problemas do mundo estava no emprego da razão e não da fé religiosa.
• Individualismo – a afirmação do artista como criador individual da obra de arte,
se deu no Renascimento. O artista renascentista assinava suas obras, tornando-se
famoso.
• Naturalismo – significou a aceitação da natureza em geral. O naturalismo torna-
se evidente através das pinturas e esculturas de corpos nus.

O Renascimento se iniciou na
Itália, pois lá foi no passado, o
centro da civilização romana. Os
vestígios das antigas construções e
esculturas romanas serviram de
modelo para as criações dos artistas
do Renascimento. Mas não foi um
fenômeno exclusivamente italiano.
Ele espalhou-se por diversos países
europeus, onde se adaptou às
características locais.
62
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Na Inglaterra, William Shakespeare, renascentista –


escreveu mais de quarenta peças de teatro.
Algumas delas são representadas até hoje, como por
exemplo: ROMEU E JULIETA – página anterior.

Saiba que não foi apenas o lado artístico que


apresentou inovações. Talvez o aspecto mais revolucionário
do Renascimento esteja no fato de que a ciência moderna teve
aí suas raízes – é o renascimento científico.
Com efeito, a Idade Média se caracterizou por um descaso total às ciências.
Quando se rompeu com o passado medieval, houve também o rompimento com
as explicações de natureza religiosa - desta forma nasceu a Ciência Moderna:
fruto da nova mentalidade voltada para a crítica e para o racionalismo.

O homem renascentista
passava a crer somente naquilo que
pudesse ser provado.

Os ricos mecenas, como


eram chamados os patrocinadores do
novo conhecimento, contribuíram com
seu dinheiro para o desenvolvimento e a
difusão da arte renascentista. Eles
financiavam e protegiam os sábios e
artistas.
A burguesia enriqueceu, mas a
maior parte da população européia
continuava morando no campo. A
Saiba que um dos perseguidos principal fonte de riqueza ainda era os
pela Inquisição foi GALILEU GALILEI, frutos da terra.
por ter contrariado a Igreja ao afirmar
que a Terra girava em torno do Sol. As transformações que ocorreram
Julgado pelo TRIBUNAL DA no início da Idade Moderna
INQUISIÇÃO, negou a sua teoria para
escapar da fogueira.
também provocaram
mudanças na vida religiosa.

Os cristãos que eram representados somente pela Igreja Católica,


sofreram uma divisão, dando origem ao movimento da Reforma
Protestante.
63
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A REFORMA PROTESTANTE

Podemos definir a Reforma Religiosa como o movimento que rompeu a


unidade religiosa da Europa ocidental, dando origem a NOVAS IGREJAS cristãs.
Com ela, a Igreja Católica perdeu o monopólio religioso que mantivera durante a
Idade Média.
Em toda a Idade Média, a Igreja foi a mais sólida instituição. Dominara tudo
e todos, impondo normas, padrões de comportamento e disciplinando as pessoas.

A Reforma Religiosa foi um movimento que provocou três transformações:


• quebrou a unidade da Igreja; DOGMA:
• duvidou da autoridade do papa; verdade religiosa
• negou dogmas religiosos. fundamental.

A Reforma Religiosa é do mesmo tempo do Renascimento, e também pode


ser explicada pelas transformações econômicas e sociais ocorridas na Europa, na
passagem da Idade Média para a Idade Moderna.

O renascimento comercial criou uma nova mentalidade econômica na


Europa. O lucro e a cobrança de juros passaram a ser essenciais para os negócios, e a
Igreja condenava essas práticas, pois era contra a acumulação de riquezas. Assim,
para a burguesia interessava uma nova igreja, que apoiasse e justificasse seus
negócios.
A Reforma Protestante começou em 1517 – século XVI, na Alemanha,
liderada por Martinho Lutero. Lutero – doutor em Teologia – era um padre
agostiniano (ordem religiosa fundada por Santo Agostinho), nascido em 1483 em
Eisleben, Alemanha, portanto era alemão.
A Igreja nessa época passava pela pior crise de sua História: crise
disciplinar, moral e doutrinária. Havia indisciplina no clero, que visava apenas
interesses econômicos. Mais ainda, os cargos eclesiásticos (padres, bispos e papas)
eram abertamente negociados. Então, diversos motivos levaram os mais diferentes
grupos a apoiarem Lutero e suas idéias, o qual se transformou numa nova religião.

A burguesia apoiou Lutero:


• porque desejavam acabar com as limitações impostas pela Igreja às suas
atividades econômicas;
• porque era individualistas e humanistas opondo-se às concepções da Igreja.

64
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Os reis apoiaram Lutero:


• porque queriam acabar com o poder político da Igreja;
• porque desejavam confiscar os bens da Igreja;
• porque a Reforma acabaria com a unidade cristã na Europa e acabaria também
com a autoridade do Papa e isso interessava aos reis, pois significaria o fim da
intromissão do Papa nos negócios internos do reino.

O povo apoiou Lutero:


• porque estava abandonado espiritualmente, numa época angustiante;
• porque Lutero apresentava-lhes solução para seus problemas.
Lutero já vinha discordando da Igreja há algum tempo em uma série de
pontos doutrinários. Mas foi a questão das indulgências que desencadeou o
rompimento de Lutero com a Igreja.

Indulgências? O que é isso?

Indulgência: perdão das penas (do


pecado) a serem cumpridas no Purgatório,
concedidas pela Igreja ao fiel. Inicialmente,
esse perdão era conseguido através de ações
caridosas, preces e participação nas lutas para
combater os infiéis, mas, a Igreja, pretendendo
angariar dinheiro, passou a vendê-la por enormes quantias. (Acima venda de
Indulgências)
Em 1517, o Papa Leão X incumbiu o frade Tetzel de percorrer várias regiões
da Europa, distribuindo indulgências em troca de contribuições em dinheiro. Com o
dinheiro arrecadado, o papa pretendia terminar a construção da Basílica de São
Pedro, em Roma.
Basílica de São Pedro no Vaticano
em Roma/Itália.

65
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Lutero, escandalizado com essa salvação comprada, simplesmente negou o


valor dessas indulgências e afixou na porta da Igreja de Wittenberg, um manifesto
público – as famosas 95 teses – em que protestava, expunha elementos da sua
doutrina religiosa e alertava a população contra a atitude do papa.

Veja o que dizia a tese 86 de Lutero:

“Por que o papa, cuja fortuna é maior que a dos mais ricos nobres,
não constrói com seu próprio dinheiro
ao menos a Basílica de São Pedro,
em vez de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?”

O Papa Leão X condenou Lutero através de uma Bula (carta do papa dirigida
a todos os fiéis e de caráter solene). Lutero queimou o documento e acabou sendo
excomungado.
Em 1521, numa reunião
convocada por Carlos V, imperador da
Alemanha, Lutero reafirmou suas idéias e
mais uma vez foi condenado. Ajudado por
alguns nobres, refugiou-se num castelo e
lá traduziu a Bíblia para a língua alemã.
Dentre seus fundamentos, o
luteranismo pregava a “justificação pela
fé”, isto é, a salvação é alcançada por
meio da fé em Deus e NÃO pela prática
das boas-obras, como pregava a Igreja.
Com essa idéia, Lutero condenava e
dispensava a atuação de Igreja para a Da esquerda para a direita:
salvação das almas dos fiéis. MARTINHO LUTERO –
Em pouco tempo as idéias de Lutero se propagaram, ganhando adeptos em
toda a Alemanha. Novas religiões apareceram em outros países, como o Calvinismo
(de João Calvino) na Suíça e o Anglicanismo na Inglaterra.
Saiba mais...
Saiba mais... Em 1529, os católicos tentaram
impor o Catolicismo aos príncipes
JOÃO KNOX, discípulo de luteranos, e como eles protestaram,
Calvino, organizou a Igreja passaram a ser
Presbiteriana na Escócia. chamados “protestantes”.
66
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Conheça alguns resultados da Reforma Protestante:


• Os cristãos dividiram-se entre católicos e protestantes.
• Durante mais de um século, várias guerras religiosas abalaram os
países europeus.
• Algumas taxas e impostos cobrados pela Igreja foram abolidos.
• A Igreja procurou renovar-se, através da Contra-Reforma.

...Contra-Reforma? Como assim?

A Igreja Católica, passado o primeiro susto, tentou reagir à propagação das


novas religiões. A este fato damos o nome de Contra-Reforma, isto é, movimento
da Igreja Católica contra a Reforma Protestante. A Igreja teve de tomar várias
medidas para enfrentar o movimento reformista de Lutero.

Dentre os principais objetivos da Contra-Reforma temos:


• Combater e impedir a expansão do protestantismo;
• Reorganizar a Igreja e as ordens religiosas, reafirmando sua doutrina;
• Divulgar a fé católica na América, na Ásia e na África.

Os PRINCIPAIS INSTRUMENTOS usados pela Igreja Católica para


conter a Reforma Protestante foram:

 Concílio de Trento: Foi uma reunião dos bispos na cidade de Trento. Esse
Concílio, após uma reunião demorada (18 anos), decidiu entre outras coisas:
- condenou a doutrina protestante da salvação somente pela fé;
- escolheu oficialmente a Bíblia traduzida por são Jerônimo (as demais
traduções eram proibidas);
- confirmou o valor das indulgências, do culto dos santos e das imagens;
- criou o Index, uma relação de livros proibidos pela Igreja.

 A Companhia de Jesus: Essa ordem Foi “notável” o trabalho de


foi fundada por Santo Inácio de catequese que realizaram junto
Loiola e reconhecida pelo papa em aos indígenas da América,
1540. Os padres jesuítas dedicavam-se reunindo-os em missões religiosas
à pregação do Evangelho, às obras de e criando escolas. No BRASIL,
destacaram-se os padres Manuel
caridade, ao ensino e à conversão dos da Nóbrega e José de Anchieta.
indígenas do Continente Americano.
Os padres jesuítas, dedicando-se à educação e, sobretudo, à catequese,
conseguiram barrar as novas religiões em muitas regiões, especialmente na
América.

67
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

 O Tribunal da Inquisição: Esse


tribunal, que já existia, foi
revitalizado. Na época da
Contra Reforma, a Inquisição
punia os casos de heresia. Na cena
ao lado, o inquisidor força o
torturado a negar sua nova
fé. O Tribunal da Inquisição,
perseguia também os judeus, pois
estes emprestavam dinheiro a
juros.

Os castigos eram severos e muitas


vezes a condenação consistia na morte pela
fogueira.
Especialmente em Portugal, Espanha
e Itália, o Tribunal da Inquisição conseguiu
evitar a propagação das novas religiões.
Tanto é verdade que, atualmente, Portugal,
Espanha e Itália são países católicos.
Todos esses fatos – aparecimento de
novas religiões e reação da Igreja –
exaltaram os ânimos, levando a um clima de
intolerância religiosa, responsável pela eclosão de muitíssimas guerras que
ensangüentaram a Europa no final do século XVI e início do século XVII.

68
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

A IDADE MODERNA

Agora você estudará o terceiro período da História – a IDADE


MODERNA.

A FORMAÇÃO DO ESTADO MODERNO

Caro aluno, como já vimos antes, no final da Idade Média na Europa,


aconteceram grandes transformações.
Na sociedade que estava se formando, a riqueza já não vinha
exclusivamente da terra, mas também do comércio e das atividades artesanais.
E nessa nova sociedade, surgiram também os Estados Nacionais, que é o
assunto que veremos a seguir.

O surgimento dos Estados Nacionais

Imagine só, se você viajasse ao século X e perguntasse a um francês ou a um


alemão onde tinham nascido, eles nunca pensariam em responder na “França” ou na
“Alemanha”. Simplesmente porque os Estados Nacionais da Alemanha e da França
ainda não existiam. O mesmo acontecia em toda Europa.

A situação se alterou nos séculos XV e XVI quando se formaram os Estados


Nacionais.

O que significava isso?

Significa que a autoridade do rei passou a valer sobre um país inteiro. Em


vez de cada feudo ter suas próprias leis, passaram a existir leis nacionais, isto é, que
valiam para toda a nação. Saiba que formou-se um exército nacional obediente ao
rei, e o Estado passou a cobrar impostos de todo mundo (só não pagavam os nobres
e a Igreja).
Perceba que o rei passou a ter uma grande importância. Ele comandava o
exército, elaborava as leis, controlava os impostos e a moeda.
69
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Estado Nacional era o


governo centralizado nas
mãos de um rei. Ele
mantinha sob seu domínio
todo território nacional e
impunha as leis, a justiça e a
ordem.

Agora veja, o rei existia para atender aos interesses da nobreza. Foi ela que
lutou para criar o Estado Nacional (ou Absolutista) e colocar o rei à sua frente.
Todavia, os nobres feudais não exerciam o poder político diretamente:
subordinavam-se ao Estado, obedientes ao rei, em nome da segurança mútua.

O monarca (o rei) era absolutista não porque seu poder fosse ilimitado, mas
porque estava acima das leis.

Não existia nenhuma Constituição, nem eleições ou partidos políticos. Nada


acontecia sem autorização do rei. Foi por isso que o rei absolutista francês Luís XIV
afirmou: “O Estado sou eu”.

Onde é que entrava a burguesia nisso tudo? A unificação do Estado nacional


representava um reforço do mercado interno. Além disso, o Estado Absolutista
dava força para os negócios da burguesia.

O motivo era simples: quanto mais dinheiro a burguesia ganhasse, mais


impostos ela poderia pagar.

O Estado absolutista visava conciliar os interesses da aristocracia dominante


com os do grupo mercantil em ascensão. Ou seja, tentava harmonizar os interesses
dos nobres com os dos burgueses.

Quase todos os postos importantes da burocracia estatal, isto é, os cargos dos


funcionários do Estado, só podiam ser ocupados por nobres. Essa era uma fonte de
renda, pois o nobre que ocupava um cargo público recebia um gordo pagamento do
governo.

Ora, o Estado cobrava impostos dos artesãos, dos camponeses e da burguesia


e os repassava aos nobres através de pagamentos de rendas.

70
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Agora observe no esquema abaixo, como funcionava a sociedade na época:

Agora vamos examinar em linhas gerais


a formação dos principais Estados Nacionais:

• PORTUGAL
Tal como a Espanha, Portugal teve quase todo seu território tomado pelos
árabes muçulmanos, que invadiram a península Ibérica (Portugal e Espanha) no
século VIII, lembra-se? A religião dos moradores do norte da península Ibérica
permaneceu a católica, portanto eram cristãos.
Depois de muitas guerras, os árabes foram expulsos daquilo que hoje é o
território de Portugal. Em 1139, Portugal se tornou um país independente, com reis
da dinastia (família) de Borgonha. A centralização do poder aconteceu por
necessidades militares (um comando central) e se consolidou com a Revolução de
Avis, em 1385, quando o lado vencedor de uma guerra civil entre nobres coroou o
primeiro monarca absolutista, o rei D. João.

71
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

• ESPANHA

Durante séculos, os espanhóis disputaram palmo a palmo com os mouros os


territórios da Península Ibérica. No começo era apenas uma briga feudal por terras.
Depois, lutou-se pela Reconquista do espaço cristão. No calor dos combates,
os vários reinos da Espanha foram se unindo até o encontro final dos reinos de
Aragão e Castela, com o casamento dos soberanos Fernando e Isabel, em 1469.
Diga-se de passagem que Castela, terra da rainha, era muito mais rica que Aragão.
Os árabes foram totalmente expulsos com a retomada de Granada em 1492, mesmo
ano em que Colombo, a serviço do casal de reis católicos, partiu para a América.

• FRANÇA

A monarquia francesa vinha se fortalecendo desde o século XIII. Mas entre


1337 e 1453, estourou a guerra dos Cem anos contra a Inglaterra.
Na verdade, não foi uma
guerra que durou um século, mas
sim um largo período em que volta e
meia aconteciam batalhas.
É bom lembrar que essa era a
época da famosa crise do século
XIV, da peste negra (que chegou a
eliminar um terço da população
européia) e das revoltas
camponesas (jacqueries).
Os conflitos ocorreram no território francês. Anos,Durante a Guerra dos Cem
as armas de fogo foram
Suas origens estavam no esforço da França em usadas pela 1a vez na Europa. Isto
recuperar terras ocupadas pela Inglaterra. Por causa deu aos franceses superioridade
dessa guerra, o rei francês pôde cobrar impostos da frente aos ingleses.
nação inteira e assim ampliou o poder central. No
final do conflito, o Estado Absolutista já estava mais ou menos montado, mas, foi
necessário mais algum tempo para que se consolidasse.

• INGLATERRA

Na guerra dos Cem Anos, a Inglaterra cobiçava a região de Flandres (mais


ou menos um pedaço da Bélgica e da Holanda de hoje), rica pela manufatura de
tecidos e pelo comércio. Mas a guerra só deu certo mesmo para os nobres ingleses
que, junto com um bando de soldados mercenários, saquearam regiões inteiras da
França. Derrotada, a Inglaterra viveu uma crise de autoridade monárquica, isto é,
autoridade dos reis. Estourou uma guerra civil entre as duas famílias que
pretendiam o trono, os York e os Lancaster.
72
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Foi a Guerra das Duas Rosas (1453-1485), em que essas flores mais
famosas serviam para adornar as tumbas dos soldados mortos no conflito. No final,
depois de muitas mortes, Henrique VII foi coroado rei, inaugurando a dinastia
Tudor.

Dois países que não se unificaram

A Itália e a Alemanha só conseguiram formar seus Estados nacionais no


século XIX. No século XVI, a Itália estava dividida em vários pequenos Estados,
muitos deles repúblicas controladas por importantes cidades comerciais, como
Gênova e Veneza. O papa era um rei feudal, controlando terras e súditos, fazendo
leis, comandando exércitos e se envolvendo em guerras.

Responda em seu caderno as questões propostas:


1. Explique o que você entendeu sobre os Estados Nacionais.
2. Diga qual é a importância dos reis para a formação desses Estados Nacionais.

Os Teóricos do Absolutismo

Você viu até aqui, a formação dos Estados Nacionais certo? Veja agora
como alguns pensadores da época tentaram compreender, orientar e justificar o
absolutismo, isto é, o poder dos reis absolutistas.
• Jean Bodim – (Francês que viveu entre 1530 – 1596), ele era bem claro
quando escrevia que os reis tinham “direito de impor leis aos súditos sem
o consentimento deles”, mas reconhecia que o rei deveria respeitar os
ricos, pois não podia “tomar propriedade dos outros sem um motivo
razoável”.
• Jacques Bossuet – (1627 – 1704), foi outro francês que formulou a
doutrina do direito divino. Ele dizia que o rei estava no trono por
vontade de Deus.
• Maquiavel – (1469 – 1527), foi um dos grandes pensadores políticos do
seu tempo. Para ele só um homem cheio de virtudes, como a ousadia e
perspicácia, seria capaz de fundar o Estado italiano.
Sua famosa obra “O Príncipe” é uma espécie de manual que ensinaria a
este homem destemido como unificar um país.

73
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Saiba que nem todos os pensadores aderiram ao absolutismo, pois pensavam


de maneira diferente. Conheça alguns deles:

• Thomas Morus – (1478-1535) escreveu “A Utopia”, na qual descreve um


Estado ideal, sem propriedade privada e com o governo eleito
democraticamente. Trata-se de uma obra cheia de ironia.
Por causa de suas idéias, a mando do rei Henrique VIII, o machado
cortou-lhe a cabeça, mas suas idéias permanecem até hoje.
• Etienne de La Boétie (1530 – 1563) escreveu o Discurso da Servidão
Voluntária, em que faz uma pergunta extraordinária: Por que existe o
poder e não apenas a amizade entre as pessoas? Por que tantos aceitam se
submeter a uns poucos, certamente mais fracos por sua condição de
minoria? É como se os homens quisessem livremente se tornar escravos.

Responda em seu caderno a questão proposta:


3. Você concorda com os teóricos desse período que procuravam justificar a
centralização do poder nas mãos dos reis? Justifique a sua resposta.

A EXPANSÃO MARÍTIMA

Você já aprendeu sobre os


Estados Nacionais, certo?
Agora você verá que,
apesar da formação dos Estados
Nacionais e do crescimento das
cidades em toda Europa, durante
muito tempo, o europeu viveu
limitado geograficamente, isto é,
não sabia da existência da
América e Oceania, e mal
conhecia a África e a Ásia.
Note então, que a Europa
precisava crescer economicamente - expandir-se, buscar novas soluções para seus
problemas internos (que veremos mais adiante).
Foi no sistema capitalista nascente que se encontraram as soluções para
atender muitas dessas necessidades.
74
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Capitalismo - Influência ou
predomínio do capital, do dinheiro, em que
os meios de produção tem como base
essencial o capital privado, isto é, o
dinheiro de particulares.

O CAPITALISMO transforma tudo num negócio.

A saúde (medicina) vira negócio;


a educação vira um negócio;
a alimentação vira um negócio;
a cultura vira um negócio...

Tudo passa a ser regido pela batuta do lucro.

Tudo isso, meus caros, porque na verdade,


o capitalismo não tem o menor apreço
nem o menor respeito pelo homem.

75
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Veja que o desenvolvimento do capitalismo foi impulsionado pela expansão


marítimo-comercial da Europa, nos séculos XV e XVI.

Dessa expansão resultaram o descobrimento de novas rotas de comércio para


o Oriente e a conquista e colonização da América. Fatores econômicos, sociais,
políticos e culturais ocorreram para a expansão marítima e comercial européia.
Vejamos esses fatores:
Entre os produtos mais procurados pelo comércio europeu figuravam as
especiarias (cravo, canela, pimenta, etc.) e os artigos de luxo (porcelanas, tecidos
de seda, marfim, etc.).
Esses produtos tinham procedência oriental (Ásia e África) e chegavam à
Europa após percorrer longo e difícil trajeto por terra e mar, o que encarecia muito
seu preço final. No século XV, esse lucrativo comércio era praticamente
monopolizado por ricos comerciantes de Gênova e Veneza (importantes centros
comerciais).

Navegando pelo mar Mediterrâneo, recebiam os produtos do Oriente,


principalmente no porto de Constantinopla, e depois revendiam por altos preços na
Europa. Setores da burguesia européia, a princípio desvinculados dos genoveses e
venezianos, empenharam-se em romper o monopólio desses comerciantes. Para
isso, buscaram descobrir rotas alternativas de comércio com o Oriente.
Os turcos conquistaram Constantinopla, em 1453, e bloquearam o comércio
de especiarias realizado pelo mar Mediterrâneo. Esse fato uniu a burguesia européia
na busca de um novo caminho até os fornecedores orientais.
Veja que, descobrir novos caminhos para o Oriente significava também,
conquistar novos mercados consumidores para o artesanato e as manufaturas
européias, além disso, a Europa necessitava de gêneros alimentícios e de matérias-
primas. Essas necessidades só poderiam ser atendidas com a ampliação de mercados
fora do continente europeu.
Os metais preciosos europeus eram permanentemente desviados para o
Oriente, na compra de especiarias e artigos de luxo. As minas de ouro e de prata da
Europa já não produziam quantidade suficiente de metais preciosos para a cunhagem
de moedas. Para solucionar esse problema, os europeus precisavam descobrir novas
minas em outras regiões.

É bom que você saiba que os Estados Nacionais,


adotaram certas medidas onde o rei controlava toda a economia do país
através do mercantilismo.

76
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Era a política econômica dos reis absolutos. Através do


mercantilismo, o rei controlava o funcionamento da economia de seu país,
com o objetivo de fortalecer o seu poder.

A expansão comercial aumentaria os poderes do rei,


manteria os privilégios da nobreza e elevaria os lucros da
burguesia.
Assim, os Estados Nacionais deram todo apoio à
expansão marítima. Agora fica fácil entender o que os Estados
Nacionais têm a “ver” com a Expansão Marítima, não é
mesmo?
Perceba que, os participantes da expansão marítimo-comercial européia
tinham um outro objetivo: propagar a Religião Católica.
Na verdade, os líderes envolvidos na expansão marítima, eram movidos,
sobretudo, pela ambição de:

MAIS”
“VALER MAIS ”, o que significava TER MAIS...
conseguindo produtos orientais, encontrando ouro, enfim, enriquecer-se e...
SER MAIS, projetar-se socialmente.

Então, você pode concluir que a expansão tornou-se possível graças ao


desenvolvimento científico-tecnológico, que permitiu as navegações à grandes
distâncias, graças ao uso da bússola, do astrolábio e do quadrante; da invenção da
caravela pelos portugueses; o aperfeiçoamento dos mapas geográficos; e a aceitação
da noção de que a Terra é redonda.

Responda em seu caderno as questões propostas:


4. Diga qual a relação entre Estados Modernos e expansão marítima.
5. Quais desenvolvimentos científico-tecnológicos auxiliaram as grandes
navegações?

77
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Navegações Portuguesas

Saiba que Portugal foi o primeiro país da Europa a se lançar às grandes


navegações no século XV. Conheça os fatores que contribuíram para o pioneirismo
português:

• Centralização administrativa – realizada durante a dinastia (família de) Avis, a


centralização administrativa de Portugal permitiu que a monarquia passasse a
governar em sintonia com os projetos da burguesia.
• Mercantilismo – com a centralização político-administrativa, Portugal assumiu
características de um Estado Absolutista. E a política econômica adotada por
esse Estado foi o mercantilismo. A prática mercantilista atendia tanto aos
interesses do rei, que desejava fortalecer o Estado para aumentar seus poderes,
quanto aos da burguesia, que desejava aumentar seus lucros e acumular mais
capital.
• Ausência de guerras – no século XV, enquanto vários países europeus estavam
envolvidos em confrontos militares, Portugal era um país sem guerras. A
Espanha, por exemplo, ainda lutava pela expulsão dos árabes. A França e a
Inglaterra encontravam-se envolvidas na Guerra dos Cem Anos. Essas guerras
contribuíram para atrasar a entrada desses países na história das grandes
navegações.
• Posição geográfica – a posição geográfica de Portugal, banhado em toda a sua
costa oeste pelo Oceano Atlântico, facilitou a expansão portuguesa por mares
nunca antes navegados. A expansão Marítima Portuguesa teve como marco
inaugural a conquista de Ceuta, em 1415, no norte da África.

Saiba que, D. Henrique, que recebeu o título de “O Navegador”, participou


da conquista de Ceuta e ao regressar para Portugal, em 1416, organizou no sul do
país um centro de pesquisas de navegação na vila de Sagres, a chamada Escola de
Sagres, que se tornou o mais avançado centro de navegação da época. O principal
objetivo de D. Henrique era atingir o Oriente e apossar-se do seu comércio.

Navegando pela costa do continente africano, os portugueses foram


estabelecendo feitorias (postos comerciais) pelo litoral, nas quais realizavam
lucrativos comércios. Obtinham ouro, sal, marfim, pimenta e escravos para trabalhar
na Europa. Por volta de 1550, cerca de 10% da população de Lisboa (capital de
Portugal) era constituída de escravos negros.

78
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

FEITORIA – entreposto comercial


comercial geralmente fortificado,
que os portugueses iam estabelecendo pelo litoral. Negociando
com os nativos, os portugueses recebiam e armazenavam nas
feitorias, os produtos que seriam transportados para a metrópole.

A grande aventura marítima portuguesa, que durou quase um século,


culminou com a chegada de Vasco da Gama às Índias. Realizava-se o grande sonho
de Portugal: descobrir um novo caminho para o Oriente.
Em 1500, uma nova expedição foi organizada por Portugal para as Índias.
Porém chegaram a uma terra até então desconhecidas por eles : o Brasil.

Agora observe no mapa abaixo, as Navegações Portuguesas:

79
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Responda em seu caderno a questão proposta:


6. Demonstre os fatores (de forma resumida) que contribuíram para o
pioneirismo português na expansão marítimo-comercial do século XV.

Navegações Espanholas

Podemos notar que na Espanha, o movimento da Reconquista (luta através


da qual a Espanha queria recuperar territórios perdidos) prolongou-se até fins do
século XV. Envolvida na atividade militar, a Espanha atrasou, em relação a
Portugal, seu ingresso na expansão marítima, como já vimos antes.
Colombo, convicto da natureza arredondada da Terra, pretendia atingir o leste
viajando em direção a oeste. Seu plano estava teoricamente certo. Porém, entre a
Europa e a Ásia, havia outro continente, a América.
Com três caravelas (Santa Maria, Pinta e Ninã), Colombo partiu do porto
de Palos no dia 3 de agosto de 1492. Dois meses depois, em 12 de outubro de 1492,
Colombo avistava sinais de terra.
Colombo chegou pela primeira vez à América e pensou ter chegado nas
Índias. Por pensar ter chegado nas Índias, ele chamou os habitantes da América de
Índios.
Colombo fez mais três viagens à América sempre pensando ter atingido às
Índias. Morreu sem saber que havia chegado num novo continente. Posteriormente,
outros navegadores esclareceram o engano de Colombo. Entre eles estava o amigo
Américo Vespúcio. O Continente recebeu o nome de América em homenagem ao
Américo Vespúcio.

Veja que, depois da viagem de Colombo, sucederam-se outras viagens. Entre


elas destacaram-se:

♦ 1500 - Vicente Pinzón chega até a foz do rio Amazonas, chamando-o de mar
Doce;
♦ 1513 - Vasco Nunez de Balboa atinge o Oceano Pacífico;
♦ 1519 - Fernão Magalhães inicia a primeira viagem de circunavegação através do
mundo, terminada em 1521.

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HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Você sabia que a expansão marítima pelo Atlântico, nos séculos XV


e XVI, consumiu muito dinheiro e também muitas vidas. Bastava uma
tempestade, com ventos fortes e vagalhões imensos que o navio podia
sofrer rombos no casco ou ter seus mastros e velas arrancados. Os
naufrágios eram freqüentes.
Os alojamentos da tripulação eram rústicos e apertados. As viagens
eram longas e muito desconfortáveis. De Lisboa ao nordeste do Brasil, o
percurso durava cerca de dois meses. A ausência prolongada de legumes e
verduras (fontes de vitamina C) na alimentação causava uma doença
comum entre marinheiros, chamada escorbuto.
Além disso, as más condições de armazenamento dos víveres
obrigava a tripulação a, por exemplo, beber água malcheirosa ou comer
produtos deteriorados, como bolachas já atacadas por fungos ou insetos.
Houve viagens como a circunavegação (1519-1521), em que, esgotados os
mantimentos, a tripulação teve de comer pedaços de couro amolecidos na
água do mar, serragem de madeira e até ratos.

Agora, observe no mapa abaixo as navegações Espanholas.

81
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Espanha e Portugal
foram os primeiros países
europeus a realizar as grandes
navegações.
Por isso, acharam que
poderiam dividir as terras
“descobertas” (na verdade não
foram descobertas, pois já
haviam outros povos morando
aqui) entre si.
Em 1494 assinaram o
Tratado de Tordesilhas, que se
baseava numa linha imaginária.
As terras a oeste dessa linha
seriam da Espanha, e do outro
lado de Portugal.
Foi a partir disso que
Portugal tratou de tomar posse
de seu pedaço do Brasil,
mandando Pedro Álvares Cabral
para cá em 1500.

Os Portugueses chegam ao Brasil

Veja que a descoberta do novo caminho


para às Índias provocou grande alegria na corte
portuguesa.
Vasco da Gama retornou em 1499, com
um carregamento que superou em sessenta
vezes o custo da expedição.
Diante do sucesso, o rei de Portugal, D.
Manuel, resolveu enviar às Índias uma esquadra
para estabelecer sólida relação comercial e
política com os povos do Oriente. A esquadra, a
mais bem aparelhada que Portugal já havia
organizado, compunha-se de treze navios e
conduzia aproximadamente 1500 pessoas.
82
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Faziam parte da tripulação experientes navegadores, como Bartolomeu Dias,


Nicolau Coelho e Gaspar Lemos. O comando coube a Pedro Álvares Cabral,
fidalgo (nobre) português de 32 anos, sem grande experiência marítima.

A esquadra partiu de Lisboa em 9 de março de 1500. No dia 22 de abril, um


monte alto e arredondado foi avistado e, mais ao sul, uma extensa faixa de terras
baixas. Por estarem na semana da Páscoa, o monte recebeu o nome de monte
Pascal, e a terra foi batizada de Vera Cruz.

Posteriormente, alteraram-lhe para Terra de Santa Cruz, que permaneceu


por algum tempo. A partir de 1503, aproximadamente, deu-se à nova terra o nome
de Brasil, devido a grande quantidade de árvore pau-brasil existente no litoral.
No dia 23 de abril, a esquadra de Cabral estabeleceu os primeiros contatos
com os indígenas brasileiros, por meio do comandante Nicolau Coelho.

Conheça parte da carta que o escrivão Pero Vaz de Caminha mandou ao rei
de Portugal, descrevendo o lugar onde os navios ancoraram e as impressões gerais
que os portugueses tiveram sobre as possibilidades da terra.

“Essa terra, é muito chã e muito formosa.


Nela até agora não podemos saber se haja ouro, nem prata,
nem nenhuma coisa de metal...,
porém a terra em si é de muito bons ares:
as águas são muitas, infindas: em tal maneira é graciosa que,
querendo-a aproveitar, dar-se-á nela de tudo;
porém o melhor fruto, que nela se pode fazer;
me parece que será salvar essa gente...”

Ora, e o que o escrivão estava querendo dizer com essa última frase?

83
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Referia-se à tarefa de
converter os indígenas à fé cristã.
Em outros trechos da Carta de
Caminha, fica claro que os primeiros
contatos entre portugueses e
indígenas, embora cautelosos, foram
de cordialidade, porém tal
relacionamento desapareceria em
pouco tampo.
Em seu lugar surgiu o brutal
confronto do conquistador com as populações indígenas.

Você estudará mais sobre a História do Brasil logo à frente.

A Colonização Espanhola

A conquista colonial de diversos povos do mundo, resultante da expansão


marítimo-comercial, foi considerada um direito inquestionável da Europa. Por quê?
Por uma razão muito simples, considerando a civilização européia superior às
demais civilizações, os europeus julgavam-se no direito de submeter os povos do
resto do mundo, impondo-lhes sua cultura.
É importante que você entenda que a crença na superioridade da civilização
européia baseou-se principalmente nos seguintes pontos:
• a Europa acreditava ser um povo superior desde o nascimento;
• a Europa julgava conhecer a única e verdadeira fé religiosa: o cristianismo;
• a Europa acreditava possuir o mais avançado estágio de desenvolvimento
técnico, científico e artístico.
Veja que, com esse conjunto de idéias, os europeus justificaram a brutal
conquista dos povos da América, da África e da Ásia. Era o preço pago para se
exportar a civilização européia.
Antes da chegada de Colombo, diversos povos viviam na América: os povos
pré-colombianos. Essa denominação tem como base a chegada de Colombo ao
continente americano – aliás, um referencial europeu.

84
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Em fins do século
XV, havia no continente
americano mais de 3 mil
nações indígenas.

Observe o mapa ao
lado.
Muitas dessas ASTECAS
nações eram aparentadas, MAIAS
outras eram bem
diferentes entre si.
Falavam línguas diversas e
tinham culturas distintas.
INCAS

Na América, as
sociedades indígenas que
se formaram, tiveram
evolução diferenciada nas
várias partes do
Continente.
Uma prova dessa evolução diferenciada, são as três grandes civilizações
americanas: Maias, Incas e Astecas.
Esses povos atingiram o estágio da civilização e construíram verdadeiros
impérios, provocando espanto aos europeus quando estes começaram a chegar à
América por volta de 1.492.

Para saber mais, vamos conhecer um pouquinho desses povos.

• Civilização Maia

Desenvolveu-se na península do Yucatán, na América Central. Alcançou seu


apogeu no século VII. A economia dos maias baseava-se principalmente no cultivo
de milho, feijão e batata-doce. Eles não conheciam o uso do ferro, da roda, do arado
e do transporte realizado por animais. A sociedade era dirigida por poderosos
sacerdotes.

85
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

No setor cultural, os maias


construíram grandes templos,
pirâmides e observatórios de
astronomia; criaram um
calendário bastante preciso e um
sistema de escrita;
desenvolveram a pintura mural e
a arte cerâmica.

Na época da chegada do
colonizador espanhol (final do
século XV), a civilização MAIA
estava sendo dominada pelos
ASTECAS.

• Civilização Asteca

Desenvolveu-se a partir do século XII, na região do atual México. Povo


guerreiro, os
astecas eram
governados por
um rei poderoso,
que vivia na
cidade de
Tenochtitlán, atual
cidade do
México).
Plantavam
milho, feijão,
cacau, algodão,
tomate e tabaco.
Além disso, comercializavam bens, como tecidos, peles, cerâmicas, sal, ouro
e prata. Desconheciam o uso do ferro, da roda, dos animais de carga.
Dominavam, entretanto, a técnica de ourivesaria (trabalhos manuais em
ouro), da cerâmica e da tecelagem.
Os astecas construíram grandes templos religiosos, desenvolveram a escrita
primitiva e um calendário próprio.
A história da conquista do Império Asteca pelos espanhóis, teve início em
fevereiro de 1519, quando Hernán Cortes desembarcou na Península do Yucatán.
86
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Informado da grande quantidade de ouro existente no Império Asteca, Cortês


decidiu atacá-lo. Combinando violência e habilidade, Cortés prendeu o imperador
asteca Montezuma e saqueou a cidade de Tenochtitlán.

• Civilização Inca

Desenvolveu-se na região que


hoje corresponde ao Peru, ao Equador,
a Bolívia e ao norte do Chile. Alcançou
seu período de maior esplendor por
volta do século XIV. É importante
você saber que o Império Inca chegou
a ter uma população de 20 milhões de
habitantes.

O império Inca, com


capital
na cidade de Cuzco (cordilheira dos
Andes), era governado por um
imperador considerado um deus, filho
do Sol (o Inca) .

Para governar, o Imperador Inca contava com chefes militares, governadores


de províncias, sacerdotes e muitos funcionários.

A economia dos incas baseava-se no cultivo de milho, batata e tabaco,


desenvolveram a tecelagem, a cerâmica, a metalurgia do bronze e do cobre: sabiam
trabalhar metais preciosos, como ouro e a prata e utilizavam a lhama como animal
de carga. Construíram palácios, templos, estradas
pavimentadas, aquedutos e canais de irrigação.
Não desenvolveram um sistema completo de
escrita, mas sabiam registrar números e
acontecimentos através dos quipos – eram cordões
coloridos nos quais se davam nós como forma de
registrar as informações.

A conquista do Império Inca foi iniciada a


partir de 1531, por Francisco Pizarro. Em 1533,
Pizarro conseguiu invadir a capital inca, desestabilizando todo o Império.

87
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Quantos milhões de pessoas viviam na América


antes da chegada do europeu no final do século XV?

É impossível responder a essa pergunta com precisão. Calcula-se entretanto,


que existia em todo o continente americano (com 42 milhões de km2) uma
população de aproximadamente 88 milhões de habitantes, concentrada
principalmente na América Central e no norte da América do Sul.
Era uma massa populacional tão grande que correspondia a cerca de 20% da
humanidade.
Também são variadas as estimativas sobre
a população indígena total que vivia no Brasil.
Algumas indicam cerca de 2,5 milhões de índios,
no início do século XVI, enquanto outras
apontam aproximadamente 5 milhões.
Nesse mesmo período, Portugal e Espanha
não possuíam juntos 11 milhões de habitantes.
Veja que foram principalmente portugueses e
espanhóis que conquistaram brutalmente os
povos americanos. Uma das mais sangrentas
conquistas registradas em toda a história humana.

Saiba que as armas do conquistador europeu, eram


superiores as dos povos pré-colombianos. Essa
superioridade verificou-se no:

 uso da pólvora – (armas de fogo), desconhecidas dos


povos pré-colombianos;

 uso do cavalo – dava grande mobilidade ao


conquistador durante os combates. Animal
desconhecido dos povos da América;

 uso do aço – armas feitas de aço.

A superioridade do armamento europeu não explica a vitória do conquistador


sobre os nativos americanos. Os índios eram numericamente superiores, chegando a
representar cerca de 500 a 1000 índios para cada europeu.

88
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Na luta entre os nativos, o conquistador contou também com a


chamada “guerra microbiana”, isto é, diversas doenças infecciosas trazidas pelo
europeu (sarampo, tifo, varíola, malária, gripe, etc.). Essas doenças eram letais para
os índios, que não tinham resistência imunológica à elas. Tais doenças provocaram
grandes epidemias, matando aldeias inteiras.

Contaminado por essas doenças, que ignorava e não sabia combater, o


indígena sofria duplo impacto (físico e psicológico), pois supunha, muitas vezes,
estar sendo castigado pelos seus deuses. Desse modo entregava-se ao mais desolador
sentimento de apatia.
Saiba que, aos povos pré-colombianos que sobreviveram, o conquistador
europeu impôs costumes que modificaram bastante o modo de vida de suas
comunidades. Populações inteiras foram aprisionadas e removidas de suas regiões
de origem para trabalhar como escravos para o conquistador.

Milhares de famílias indígenas foram desmembradas. Pais foram separados


dos filhos, maridos foram separados das mulheres. Fora de seu meio natural, a
população indígena sofreu com as mudanças no tipo de alimentação e no ritmo de
trabalho. Enfim, a economia indígena foi completamente desestruturada.

Responda em seu caderno a questão proposta:


7. Leia o texto e justifique a frase: “A superioridade do armamento europeu,
não explica a vitória do conquistador sobre os nativos americanos.”

A América Espanhola no século XIX

É importante você não se esquecer que quando falamos em América


Espanhola, estamos nos referindo ao período em que a América foi invadida,
conquistada e colonizada pelos espanhóis. É bom lembrar também, que
anteriormente vimos a conquista dos povos da América em fins do século XV e
agora veremos a dominação desses povos já no século XIX .

Por volta de 1830 a maioria dos países da América já tinha proclamado a


independência. Entretanto, as diferenças entre eles eram bastante claras.

89
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Os Estados Unidos da América já começavam a se tornar o país mais


industrializado do planeta. A América Latina, dominada pela herança colonial,
ficava para trás, afinal, foram séculos de exploração, conforme o que estudaremos
mais adiante.
América Latina, é o nome que
recebe a parte do Continente Americano
que vai do México até a Argentina e que
foi colonizada por portugueses e
espanhóis.

Quando estudamos os povos do Continente Americano, encontramos


dificuldades em achar documentos produzidos pelos povos pré-colombianos. Isso
ocorre devido à violência da conquista, dominação e destruição de documentos
dessas culturas.
Portanto, quando explicamos o que ocorreu na América nesse período,
falamos em visão eurocentrista, isto é, onde prevalecem os valores dos europeus
(colonizadores) sobre os povos dominados.

Bem, você aprendeu um pouco da América pré-colombiana, certo?


Então não se esqueça que nesse período os europeus ainda não
haviam se estabelecido no continente.

Agora você vai estudar a América Colonial (fase da dominação européia no


continente Americano) e a América Independente (fase da busca e da conquista
de autonomia em relação às metrópoles: Portugal , Espanha e Inglaterra).

A AMÉRICA COLONIAL

Saiba que, a conquista e colonização do território americano, realizadas a


partir do século XV como já vimos anteriormente, pelos reinos ibéricos (Portugal e
Espanha), tinham por objetivo suprir as necessidades do comércio europeu. A
medida que Portugal e Espanha foram centralizando o poder nas mãos do rei,
iniciaram a expansão marítima comercial (que também já vimos), provocando uma
competição cada vez mais acirrada entre eles.

90
HISTÓRIA – ENSINO MÉDIO - 1ª série

Inicialmente entre Portugal e Espanha, pioneiros dessa expansão e um pouco


mais tarde, França e Inglaterra entraram nessas competições.
A disputa por novos mercados, exigida pela própria expansão comercial dos
países europeus, trouxe a valorização das terras americanas e a necessidade de
colonizá-las frente à ameaça de perdê-las para um competidor, isto é, esses países
com medo de perder essas terras, apressaram-se em colonizá-las.
Entraram nessa disputa principalmente, Portugal, Espanha, Inglaterra e
França, gerando dois tipos de colônia:
• de exploração - que ocorreu na América do Sul: tudo o que era produzido
aqui, era para atender as necessidades da metrópole;
• de povoamento - que ocorreu na América do Norte: tudo que o era
produzido na região, era para atender as necessidades dos colonos.

Agora observe no esquema abaixo, algumas características dos dois tipos de


colonização:

Colônia de Exploração Colônia de Povoamento

Latifúndio: grandes propriedades. Pequena propriedade familiar


Monocultura: cultivo de um só
produto. Policultura e desenvolvimento de
Trabalho compulsório: escravidão manufaturas
e servidão indígena.
Mercado externo: produção destinada Trabalho livre e “servidão por
à metrópole. contrato”
Pacto colonial: as colônias
funcionavam de acordo com os Mercado interno e Liberdade
interesses da metrópole. econômica

91
Também é importante lembrar que as colônias de exploração até o século
XVIII, eram mantidas pela coroa num rígido controle sobre o comércio colonial,
operando por meio de portos únicos, que abasteciam a colônia com as mercadorias
européias e de frotas armadas, ou seja, comboios de navios que realizavam a viagem
da Espanha à América.

Responda em seu caderno a questão proposta:


8. Cite duas diferenças entre colônia de exploração e colônia de
povoamento.

E como funcionava a
colônia Espanhola?

Veja que a mineração de ouro e de prata representou a atividade principal até


a segunda metade do século XVII. Essa atividade mineradora, além de abastecer a
metrópole com esses metais preciosos, exigiu a organização de uma economia
secundária, isto é, que suprisse as necessidades não só da área mineradora mas
também, as de outras regiões da colônia.
Assim, desenvolveu-se a agricultura e a pecuária, que eram praticadas em
grandes propriedades chamadas haciendas, cuja produção era voltada para o
mercado interno e principalmente para a exportação.

Saiba que o cultivo da terra não foi feito somente com plantas trazidas pelos
europeus como cana-de-açúcar, mas utilizou-se também plantas originárias da
América como tabaco, cacau e milho.
Nessas grandes propriedades – haciendas, a mão-de-obra utilizada, tanto na
mineração como na agricultura e pecuária foi a indígena, em um sistema de
verdadeira servidão coletiva. Nas haciendas, o trabalho era realizado através da:

• Mita: Era um trabalho É importante você saber que, além da


remunerado, forçado e utilizado mão-de-obra indígena, também foi
especialmente na mineração. utilizada em larga escala a mão-de-obra
escrava africana.
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Esse sistema já era utilizado pelos incas e astecas, com o nome de


“cuatequil”. Esse tipo de trabalho era feito através de revezamento, ou
seja, um grupo de indígenas trabalhava determinados meses do ano, sendo
depois substituído.

• Encomienda : Esse trabalho era realizado geralmente na agricultura e era


forçado. Bem você viu alguns aspectos econômicos da sociedade colonial,
certo?

Agora veja a divisão das classes sociais formadas a partir da dominação


espanhola:

• A camada dominante, ou a elite colonial, dividia-se em:


- Chapetones – eram pessoas nascidas na metrópole, que possuíam todos
os privilégios e ocupavam os altos cargos políticos, religioso e militar.
- Criollos – eram filhos de espanhóis nascidos na
América. Eram grandes mineradores e
proprietários de terra. Não ocupavam cargos
políticos. Possuíam somente poder econômico.
Pagavam pesados impostos para sustentar a os
chapetones. Boa parte deles havia estudado na
Europa e defendiam a liberdade na economia e
política.
Os criollos reivindicavam o fim do
monopólio comercial, a liberdade para
desenvolver atividades econômicas e a
possibilidade de ocupar altos cargos na Os criollos
administração.
No meio da elite criolla, apareceu o chefe político
local - o caudilho, cujo poder repousava no latifúndio e
na fidelidade de seus seguidores. No começo do século
XIX, formou-se na sociedade colonial um
militarismo, que se vinculou aos interesses da elite
criolla.
Caudilho – é um indivíduo que exerce uma
liderança política e militar sobre um determinado
grupo de pessoas. É a partir dessa liderança
que ele exerce o poder. Podemos
dizer que

93
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

o caudilho tem a capacidade de acaudilhar outros indivíduos. Mas o que


exatamente quer dizer acaudilhar?
É comandar como um chefe local.

• A camada intermediária, ou classe média urbana, mantinha vínculo


social, econômico e político com as camadas dominantes. Desenvolvia
atividades profissionais como comerciantes, advogados, médicos,
professores, artesãos, etc.

• A camada dominada ou classe popular, era formada pela grande


maioria da população. Nessa camada estavam desde os trabalhadores
livres do meio rural e urbano – os mestiços – até a maioria dos
trabalhadores escravos, que incluíam negros e índios.

A relação entre a colônia e a metrópole foi sempre conflitante, pois seus


interesses eram divergentes. Os primeiros movimentos de libertação da América
Espanhola começaram no século XVIII. Entre eles destacamos a Revolução
Comunera, no Paraguai (1717) , e a Revolta no Peru, liderada por Tupac Amaru -
(1780) . Ambas foram reprimidas de forma violenta pelos espanhóis. Tupac Amaru,
teve a língua cortada e depois foi esquartejado.
Outro movimento que ocorreu a partir de 1791, foi a revolta dos escravos, em
São Domingos, liderada por um ex-escravo, François Toussaint. No começo do
século XIX, os escravos controlavam toda a ilha, porém, em 1803, Toussaint foi
executado.
Mesmo assim, o processo de emancipação continuou e, em 1805, o seguidor
de Toussaint, Dessalines, proclamou a independência da ilha adotando o nome de
Haiti.

Saiba que no século XIX, a Europa estava profundamente abalada pelas


guerras realizadas por Napoleão Bonaparte – as chamadas guerras napoleônicas.

Através dessas guerras, a Espanha foi invadida por tropas francesas, seu rei
(Fernando VII) foi aprisionado e o país mergulhou em uma luta contra as forças
invasoras. Isso permitiu que surgissem grupos políticos nas colônias em condições
de proclamar a sua independência.
Note então que, dessa forma, a dominação napoleônica foi importante para a
emancipação das colônias espanholas, pois trouxe às claras as contradições do
sistema colonial espanhol.

94
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Havia também alguns grupos interessados em aproveitar a fragilidade da


administração colonial espanhola e separar definitivamente a colônia da metrópole.
A primeira manifestação nesse sentido ocorreu no vice-reinado de Nova Espanha
quando, em 1810, os padres Hidalgo e Morellos passaram a liderar um movimento
de emancipação do México.

O padre Miguel Hidalgo liderou uma rebelião camponesa que exigia a


liberdade, a igualdade étnica e a reforma agrária, com a distribuição de terras para os
trabalhadores. Um ano depois, o movimento foi sufocado e Hidalgo executado.
O padre Morellos continuou a luta e teve o mesmo fim. A independência
definitiva do México só veio ocorrer em 1821, declarada pelo general Itúrbide.

No vice-reinado do rio Prata, em 1810, o general Belgrano expulsou o vice-


rei nomeado pela junta de Sevilha, formando a junta de Buenos Aires, de governo
autônomo.

Essa junta enviou exércitos para o Paraguai e Alto Peru, a fim de assegurar
sua supremacia sobre essas regiões.

Entretanto os paraguaios, recusando-se a aceitar a dominação de Buenos


Aires, foram às armas, lutaram e venceram a guerra, declarando a independência em
maio de 1811. Nascia a nação livre paraguaia.

No Paraguai, o Dr. Gaspar Francia instalou uma ditadura. Enquanto isso, os


criollos argentinos convocaram, em 1813, a primeira assembléia nacional da
Argentina, momento em que se adotou o nome de Províncias Unidas do Rio do
Prata.

Após a guerra, a restauração absolutista na Espanha correspondeu à tentativa


de recolonização da América espanhola.

Todavia, os criollos argentinos rebeldes não desistiram e, em 1816,


formalizaram a independência definitiva, no Congresso de Tucumán, criando a
República Argentina.

Aos poucos, o antigo vice-reinado do Prata foi se diluindo em Estados


Nacionais soberanos. Nesse processo surgiu o Uruguai, em 1828.

95
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

O vice-reinado Peru também se fragmentou em nações livres: a Colômbia, em


1819, o Equador, em 1822, o Peru, em 1821, e a Bolívia, em 1825.

As Capitanias Gerais da Venezuela e do Chile também se emanciparam, em


1811 e 1818, respectivamente.

OS PAÍSES CAPITALISTAS E OS INTERESSES


NOS NOVOS PAÍSES

Saiba que a Inglaterra e os Estados Unidos, reconheceram os novos Estados


latino-americanos. A Inglaterra via nas novas nações um mercado promissor para
seus produtos.
A burguesia industrial norte-americana, temerosa do avanço capitalista inglês
na América Latina, procurou assegurar seus interesses por meio da Doutrina
Monroe, de 1823, a qual preconizava “A América para os americanos”, ou seja,
almejava o promissor mercado latino-americano para os produtos norte-americanos.

“Interessados em ampliar mercados e


negócios na América Latina, o capitalismo
europeu, com o inglês na vanguarda, não
tinha qualquer interesse em que as
estruturas dos países do Novo Mundo
sofressem qualquer alteração. E com razão,
pois tal como se encontravam serviam
perfeitamente aos interesses europeus,
que, desta forma, poderiam manter tais
países em uma posição de dependência em
todos os planos”.

AMÉRICA INDEPENDENTE
Veja que a situação política e econômica da América Latina pouco mudaram
com a independência. Os criollos continuaram exercendo o poder do mando,

96
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

enquanto grande maioria da população permanecia sendo explorada nas grandes


propriedades.
Saiba que os países latino-americanos não desenvolveram suas indústrias. A
realidade social dominante era o latifúndio, propriedade privada da maioria
criolla. Dessa forma, a concentração de renda em suas mãos permitiu-lhe o controle
econômico, político e social - fator que contribuiu para aumentar cada vez mais sua
riqueza. Essa realidade contrastava com outra: a grande massa da população rural
que trabalhava a serviço dos grandes proprietários, foi marginalizada e excluída das
grandes decisões do Estado, servindo de manobra para os interesses dos
latifundiários.
Observe no
mapa ao lado as datas
da independência de
cada colônia latino-
americana.

Nos novos
países, os donos dos
meios de produção
tornaram-se os donos
do poder político e
adaptaram seus
interesses excluindo a
maioria da população
da participação e
decisão política.

As elites
nacionais, lideradas por
caudilhos, apossaram-
se do Estado e
adotaram o regime
republicano, de forma
centralizada e tradicional.

É importante lembrar que ao longo do século XIX e princípios do século XX,


o caudilhismo foi reforçado e teve suas bases ampliadas. Com o apoio dos
acaudilhados, os líderes conquistaram o poder pela força, instaurando governos
autoritários.
97
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

BRASIL COLÔNIA
A terra que os portugueses conquistaram

Caro aluno, você aprenderá um pouco mais sobre o Brasil-colônia, isto é, o


período em que o Brasil foi explorado política e economicamente por Portugal, a
partir de 1500, até os primeiros momentos de crise do sistema colonial (século
XVIII).
Puxa! É muita coisa, não? Afinal a crise do sistema colonial resultará na
Independência (1822), que será um dos assuntos da próxima apostila. Realmente, é
bastante coisa, mas nós, orientadoras de História, queremos que você se preocupe
em entender os rumos da História e não em decorar datas e nomes difíceis!
Observe na linha do tempo abaixo, o período da História do Brasil que você
estudará agora: o processo de ocupação das terras portuguesas, a divisão em
Capitanias Hereditárias e o início da produção açucareira.

COLÔNIA
1500 1530 1533 ± 1600 1750 1822

início da
exploração auge da
produção início do
do produção de
açucareira processo de
pau-brasil ouro
expansão
ocupação do território territorial
através das capitanias
hereditárias

Mas, antes de iniciarmos o estudo em História do Brasil, vamos dar um


pulinho (imaginário, é claro!) até a Europa e verificar o que se passava por lá e o
que se pensava, afinal foi das cabeças de alguns europeus que saiu a brilhante idéia
de colonizar o Brasil.
98
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Em virtude do declínio do comércio de especiarias (cravo, canela, pimenta,


entre outros temperos) com as Índias e da necessidade e urgência em proteger as
terras americanas dos invasores estrangeiros, a ocupação dessas terras se fez
necessária – era a colonização.
A posse e a exploração das colônias,
Mercantilismo significaria o fortalecimento do poder real e a
Era a política econômica expansão do comércio europeu.
dos reis. Através do
mercantilismo, o rei controlava
Surge nessa época o Mercantilismo - por
o funcionamento da economia essa política, o Estado (REI) se “intrometia” na
de seu país, com o objetivo economia, criando regulamentos para a produção,
de: proibindo certas importações de mercadorias,
 Fortalecer o seu poder e protegendo alguns negócios, etc.
enriquecer a burguesia, Para os homens da época, que defendiam o
 Acumular metais preciosos,
mercantilismo, um Estado seria forte quando
 Obter balança comercial
juntasse uma grande riqueza em metais
favorável.
preciosos (ouro e prata).

Esses metais seriam conseguidos através do comércio externo, ou seja, cada


país faria de tudo para exportar (vender) muito e importar (comprar) pouco. E como
alcançar esse objetivo? Aí é que o Estado (REI) se intrometia. Em primeiro
lugar, criando impostos alfandegários para diminuir as importações. Para que
o país tivesse o que exportar, o Estado estimulava o desenvolvimento das
manufaturas nacionais e buscava colonizar novas áreas.

99
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Observando a figura da página anterior, você pode notar que as colônias


constituíram-se em fornecedoras, a preços baixíssimos, de produtos altamente
valorizados no comércio europeu (o açúcar, por exemplo) e se tornaram
consumidoras dos artigos da metrópole (país que as dominava); isso favorecia a
acumulação de capital pela burguesia.
Você percebeu que o interesse dos países europeus nas colônias americanas
era a exploração dos recursos naturais, (especialmente os metais preciosos) e o
cultivo de gêneros tropicais (açúcar, tabaco e algodão).
As colônias serviam de retaguarda econômica para as suas metrópoles,
complementando a sua produção e ampliando o seu mercado.

Agora responda em seu caderno:


09. Identifique o principal interesse dos países europeus nas colônias
americanas.

CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA COLONIAL

No sistema colonial havia dois pólos opostos: a metrópole (país


dominador da colônia) e as colônias (região dominada pela metrópole).

As colônias subordinavam-se política e economicamente às suas metrópoles.

O centro de decisão e controle das atividades econômicas e político-


administrativas das colônias estava, pois, na Europa.

No sistema colonial mercantilista, chamamos


de:
 Metrópole – o país dominador da colônia.
 Colônia de exploração – a região dominada pela metrópole.
 Pacto Colonial – a relação de domínio político-econômico que
a metrópole exercia sobre a colônia.
 Regra básica do Pacto Colonial – a colônia só podia produzir
o que a metrópole não tinha condições de fazer. Por isso, a
colônia não podia concorrer com a metrópole. A função da

No funcionamento do antigo sistema colonial, apresentavam-se dois tipos de


colonização: povoamento e exploração.

100
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

• As colônias de povoamento caracterizaram-se


pela produção voltada para o seu próprio consumo, por
pequenas e médias propriedades, mão-de-obra livre e
policultura (cultivo de vários produtos). Exemplos
desse tipo de colonização foram as colônias nortistas da
América Inglesa. Os colonos que para lá se dirigiam
tinham objetivos diferentes daqueles dos conquistadores portugueses e espanhóis.
Encontraram nessa região americana um meio físico-geográfico semelhante ao
europeu, o que lhes permitiu produzir os mesmos gêneros que estavam acostumados
a produzir na Europa.

• As colônias de exploração eram o modelo típico do


colonialismo mercantilista, para cujo funcionamento era fundamental o
exclusivo metropolitano.
O exclusivo metropolitano (ou o monopólio colonial)
determinava que toda a produção vendida pela colônia fosse destinada
à sua metrópole. Por outro lado, a colônia só podia comprar o que
necessitasse da sua respectiva metrópole.
Conforme você está observando, o exclusivo
implicava uma relação básica: a produção colonial era
voltada para a metrópole e não para o consumo interno da
colônia. O monopólio garantia que o fluxo de gêneros tropicais e
de capital (dinheiro) se dirigisse para a Europa.
O uso da mão-de-obra escrava africana se harmonizava com esta função
primordial do sistema colonial. Mesmo que fosse possível, não se justificaria a
utilização da mão-de-obra assalariada, pois, com isso, uma parte da renda gerada na
colônia não seria revertida para a metrópole (porque seria utilizada no pagamento
dos trabalhadores).
Os proprietários coloniais compravam escravos dos traficantes
metropolitanos e, dessa forma, transferiam para o exterior uma parte significativa da
renda gerada pela produção colonial. O dinheiro da venda do negro retornava à
Europa.
Pela mesma razão, não interessava à metrópole a escravidão do índio, pois a
sua captura e venda seriam negócios internos da colônia e, portanto, os ganhos deste
comércio não seguiriam para a Europa.

101
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

UMA HISTORINHA MUITO REALISTA

Imagine que, um dia, o nosso planeta seja surpreendido pela visita de seres
extraterrestres do planeta Gronk. Esses gronkianos são fisicamente iguaizinhos a
nós, humanos, mas tem uma tecnologia militar super avançada.
Os gronkianos saltam da nave e lançam um olhar de desprezo para a gente.
Bocejam e depois avisam que acabaram de “descobrir” um “novo planeta”: o nosso!
Ou seja, a partir de agora, eles se consideram no direito de mandar aqui.
São desagradáveis. Caçoam da gente e nos tomam por primitivos.
Somos chamados de “selvagens”, e eles nem se preocupam em saber como
é a nossa cultura, se temos valores morais, se fazemos arte, se amamos.
Cobiçam nossa namorada e nossa irmã e, depois as estupram.
Amarram os homens e os escravizam. Todos nós, sejamos brasileiros,
franceses, indianos ou búlgaros, vamos ser obrigados a falar
o idioma gronkiano e a venerar os seus deuses. Nossas
cidades são arrasadas para que eles instalem o que
chamam de “benfeitorias”. É um quadro terrível. Acho que todos concordam que
deveríamos resistir aos invasores, não é mesmo? Todavia eles têm mais armas.
Torturam os humanos, inclusive as crianças. Não temos a menor chance.
Transmitem doenças que não existiam na Terra. Nossos cientistas não têm tempo de
descobrir a cura e o nosso organismo não resiste: a peste gronkiana mata milhões de
humanos. Continuemos o pesadelo. Passam-se os séculos. Quase todos os humanos
foram mortos pelos ocupantes. Os que sobraram tentam sobreviver na única área
permitida a eles: o “deserto do Amazonas”.
Nas escolas gronkianas, os estudantes aprendem que, um dia , no ano de 1208
d. G. (depois dos gronkianos), os bravos pioneiros descobriram o planeta azul (ex-
Terra). Foram grandes heróis ao submeter os selvagens humanos. Trouxeram a
civilização. São os “conquistadores”.
Na TV Gronk, passa um filme onde os mocinhos gronkianos atiram nos
humanos para salvar as donzelas gronkianas.
Até que os geólogos gronkianos descobrem jazidas minerais no deserto
amazônico. Área de reserva humana. Não importa. As grandes empresas gronkianas
se deslocam para lá e não hesitam em agredir os últimos humanos. Os jornais,
contudo, falam que o “progresso chegou à região”.
Amigo aluno, você é esperto e, portanto, já percebeu que a nossa historinha
realista, na verdade, está falando do drama dos povos indígenas.

102
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Agora responda em seu caderno:


10. Os livros didáticos costumam falar que Pedro Álvares Cabral “descobriu” o
Brasil em 1500. Tal como os gronkianos..., foi mesmo uma “descoberta”, ou será
que foi uma “invasão”? Justifique.

Quando falamos em “índio”, nós já


estamos cometendo uma violência. É como
se a gente dissesse que todos os grupos
indígenas são iguais, tudo padronizado.
Assim como ingleses e italianos são
diferentes uns dos outros, também o são os
vários povos indígenas: no idioma, na
cultura e na organização social. Há quem calcule
que, em 1500, havia entre dois milhões e quatro
milhões de índios no Brasil (compare com
Portugal, que na época só tinha um milhão de A origem do nome
habitantes); esses indígenas estavam reunidos em “índio”
1400 tribos, que falavam mil línguas. Dessas mil
línguas existentes antes do “descobrimento”, Quando Cristovão Colombo
chegou à América (1492), ele
87% estão extintas (ou seja, desapareceram!), em não sabia que tinha descoberto
razão do extermínio de muitos povos e da perda um novo continente. Acreditava
de territórios. que estava na Índia.
Os índios gostavam de dizer aos Por isso, chamou os habitantes
portugueses que aqui havia os tupis de “índios”. Poucos anos
depois, os europeus constataram
(habitantes do litoral) e os tapuias
que a América era um novo
(do interior).
Hoje, os cientistas costumam dividir os grupos indígenas de acordo com o
os idiomas e dialetos que falam (ou falavam...). São basicamente três:
 O tronco Tupi – com sete grupos, o mais importante sendo o tupi-guarani;
 O tronco Arawak;
 O tronco Macrojê.

103
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Os indígenas continuam desrespeitados em seus direitos básicos, como


primeiro povo habitante do Brasil. A precariedade das condições de vida de muitas
tribos, a destruição do meio ambiente e de suas tradições culturais, o contato com o
homem branco e a falta de ações de saúde dirigidas aos povos indígenas tem
provocado graves problemas nessas comunidades, como a disseminação de doenças,
o consumo de álcool e até suicídio.
A grande maioria está confinada em reservas limitadas, que lhe foram
impostas sem levar em conta seus interesses, ficando muitas vezes afastadas de suas
terras de origem. Como se isso não bastasse, até 1993 aproximadamente 50% dessas
reservas ainda não tinham tido os seus limites demarcados, favorecendo constantes
invasões. E mesmo as áreas já demarcadas foram invadidas por garimpeiros,
madeireiros, fazendeiros e posseiros, bem como por projetos agrícolas e de
colonização. Por isso são freqüentes os conflitos com os indígenas, que procuram
defender suas terras.
Um exemplo disso é o caso dos índios ianomâmis, que antes da década de 80,
ocupavam uma área de 9,4 milhões de hectares e viviam praticamente isolados do
homem branco. Na década de 80, grande quantidade de garimpeiros começou a
invadir o território dos ianomâmis. E, para agravar essa situação, esse território foi
reduzido pelo governo brasileiro para 2,4 milhões de hectares.
O contato dos ianomâmis
com a “civilização” foi desastroso.
A doença, a fome e a prostituição
tornaram-se fatores de verdadeira
destruição para esse povo. O que
ocorre com esses indígenas,
resultado da irresponsabilidade do
governo federal, que deveria
expulsar os garimpeiros da região,
pode ser traduzido em uma única
palavra: EXTERMÍNIO.

Extraído: SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica do Brasil.


Ed. Nova Geração,1997,p.11.

OBSERVE NA PRÓXIMA PÁGINA O MAPA COM AS ÁREAS


INDÍGENAS ATUAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO.

104
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

A chegada de Pedro Álvares Cabral, como todos sabem, aconteceu no dia 22


de abril de 1500, para tomar posse das terras pertencentes a Portugal. Num primeiro
momento, o Brasil não demonstrou interesse aos portugueses, assim a Coroa
portuguesa não procurou colonizá-lo, pois estava mais interessada no comércio com
as Índias, que se localiza no Oriente.
Se não havia colonização, então os portugueses não fundariam nenhuma
cidade.
De vez em quando, vinham alguns navios para pegar pau-brasil.
O pau-brasil era um gênero estancado, isto é, de monopólio real. Só podia
explorá-lo, aquele que tinha autorização do monarca (rei) português. O explorador
ainda dava parte dos lucros (geralmente 20%) ao governo português.
Quem cortava a madeira e levava para os navios eram os índios; em troca
desse trabalho, os portugueses davam objetos (“bugigangas”) que os índios
apreciavam. Essa troca tem o nome de escambo.

105
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Para
armazenar o
pau-brasil,
ferramentas e
armas, foram
construídos
depósitos em
alguns pontos
do litoral.
Chamavam-se
feitorias.
(Observe a figura acima)

As feitorias, além de não estabelecerem o povoamento português em terras


americanas, não conseguiram evitar a presença constante de contrabandistas de pau-
brasil, principalmente franceses. Era necessária, portanto, a ocupação efetiva através
da colonização das terras da América portuguesa.

Segundo qualquer dicionário, colonizar significa povoar e explorar


economicamente uma região deserta. Um grupo de pessoas se instala e, para viver,
organiza-se para produzir. No Brasil, isto só aconteceu 30 anos depois do
“descobrimento”.
O comércio com as Índias já não dava tanto lucro como antes e as constantes
invasões francesas ao Brasil preocupavam Portugal.
Então, a partir de 1530, a Coroa portuguesa decide tornar lucrativa as terras
brasileiras, além de manter a esperança de que fossem encontradas aqui, riquezas
minerais em proporções semelhantes às localizadas nas colônias espanholas.
Para dar início a essa empresa colonizadora foi organizada uma expedição
(excursão), comandada por Martim Afonso de Sousa, em 1530. Seus principais
objetivos foram:
 percorrer todo o litoral brasileiro e, quando julgasse necessário, explorar o
interior, em busca de ouro e prata;
 expulsar os franceses que fossem encontrados;
 organizar núcleos de povoamento e defesa;
 aumentar o domínio português até o rio da Prata, abrangendo, portanto, terras
que não pertenciam a Portugal pelo Tratado de Tordesilhas.

106
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

Na volta do rio da Prata, em


1532, Martim Afonso de Sousa
fundou, no litoral do atual estado de
São Paulo, São Vicente, que foi a
primeira vila do Brasil.
Ao regressar a Portugal,
Martim Afonso de Sousa encontrou
Dom João III (rei de Portugal), já
começando a organizar o regime de
capitanias hereditárias para o Brasil.
Por esse regime, o rei concederia a
particulares largas faixas de terra
denominadas capitanias hereditárias.
Os agraciados (donatários) deveriam
fundar povoações, nomear
funcionários, exercer a administração
e a justiça nas suas respectivas
capitanias.
Esse regime oferecia ao
Estado a vantagem de poder explorar
as terras sem grandes custos, pois a decadência do comércio com o Oriente (Índias)
abalara as finanças portuguesas, e a ocupação das terras americanas era
empreendimento dispendioso (muito caro), exigindo grandes capitais.
Para atrair donatários (administradores das capitanias) às terras americanas, o
rei cedia-lhes uma série de privilégios, amplos poderes e títulos.
Os direitos e os deveres dos capitães-donatários vinham prescritos nas Cartas
de Doação e nos Forais e eram praticamente iguais para todos os donatários.Neles se
estabelecia que aos donatários cabia a fundação de vilas, a concessão de sesmarias
(lotes de terra) e outros direitos. Ao rei estavam reservados os impostos
alfandegários, o monopólio das drogas e especiarias, o “quinto” (20%) dos minerais
preciosos e o dízimo “devido a Deus”(mas que ficava com o seu intermediário, o
rei!)
As capitanias não podiam ser vendidas ou arrendadas, pois os donatários não
eram proprietários, apenas recebiam a posse da capitania. Eram hereditárias, mas
indivisíveis: apenas o filho primogênito herdava a capitania.
O regime de capitanias não deu certo por uma série de razões: falta de
recursos, desinteresse dos donatários, carência de apoio material da Coroa e a
distância da metrópole. Além disso, a excessiva descentralização administrativa
desse regime, ou seja, cada um governando por si, sem um governo central, não
trazia resultados satisfatórios para a Coroa portuguesa.

107
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

GOVERNO-GERAL
Foi buscando a centralização administrativa da colônia que D. João III criou,
em 1548, o Governo-Geral, cuja sede foi a capitania da Bahia de Todos os Santos. A
criação do Governo-Geral não significou o fim das capitanias, mas retirou dos
donatários muitas de suas regalias. O donatário passou a ter a função básica de
capitão-mor: a defesa do território.
Ao governador-geral cabia: conceder terras (sesmarias) aos “índios
amigos”(suprema ironia: doar aos índios suas próprias terras!) e a particulares com
posses; impedir a escravização dos índios, assim como a distribuição de armas a
eles; defender a costa (litoral) de ataques, promovendo para este fim a construção de
navios e obrigando os senhores de engenho a construir torres e fortes para proteger
suas propriedades; explorar as terras do interior; percorrer todas as capitanias e
prestar contas ao rei.
O primeiro governador-geral foi Tomé de Sousa (1549 a 1553), em cuja
administração foi fundada a primeira capital do Brasil (Salvador), onde foi
estabelecido o primeiro bispado e construídos os edifícios públicos (casa dos
governadores, casa da Câmara, cadeia, igreja matriz, armazém para a alfândega). Foi
também no seu governo que se deu a introdução do gado trazido de Cabo Verde e a
instalação de vários engenhos de açúcar. Em sua comitiva vieram seis padres da
Companhia de Jesus sob a chefia de Manuel da Nóbrega.
Em 1553 chegou o segundo governador-geral, Duarte da Costa, que enfrentou
sérias dificuldades na sua administração: revoltas indígenas na Bahia, invasão
francesa na baía de Guanabara e atritos com os colonos.
Na nova leva de jesuítas que chegou com o segundo governador veio o jovem
José de Anchieta, um dos fundadores do Colégio de São Paulo de Piratininga
(1554), na capitania de São Vicente, que deu origem à cidade de São Paulo.
O terceiro governador-geral foi Mem de Sá, que se destacou por ter
expulsado os franceses do Rio de Janeiro.
O quarto governador-geral, D. Luís Fernandes de Vasconcelos, não chegou à
assumir o cargo, pois foi assassinado em alto-mar por piratas franceses.
Entre 1572 e 1578 a administração colonial foi dividida, por ordem do rei D.
Sebastião, em dois Governos Gerais: Governo do Norte, sob a chefia de D. Luís de
Brito e Almeida (sede em Salvador) e Governo do Sul, sob a responsabilidade de D.
Antonio Salema (sede no Rio de Janeiro). Esta divisão visava proteger os litorais Sul
e Norte de invasões estrangeiras. Em 1578, como a divisão não deu os resultados
esperados, ocorreu a reunificação, sendo nomeado Lourenço da Veiga como
governador-geral.

Agora responda em seu caderno:


13. As capitanias deram certo? Justifique. Por que foi criado o Governo-Geral?

108
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Numa monarquia absolutista, regime que vigorava nos países europeus da


época, o poder é exercido por uma pessoa, rei ou imperador. Quando ele morre, o
trono passa para o herdeiro mais imediato. Em 1578, governava Portugal o jovem rei
D.Sebastião. Sua maior preocupação era combater os árabes do norte da África, na
intenção de se tornar conhecido como o mais valoroso perseguidor de infiéis. Com
esse objetivo partiu para a África, à frente de 18 mil homens. Como resultado dessa
aventura, que muitos consideraram absurda, além de ver seu exército ser esmagado
pelos árabes, D. Sebastião perdeu a vida, deixando vago o trono português. Como
não tinha filhos, seu tio-avô e herdeiro mais imediato, o cardeal D. Henrique, foi
proclamado rei de Portugal.
D. Henrique já era velho quando assumiu o trono em 1578 e acabou
falecendo no início de 1580. Sua morte provocou muita disputa entre os vários
pretendentes ao trono, cada qual se julgando com maiores direitos. Finalmente, por
força de palavras, dinheiro e armas, Filipe II, rei da Espanha e tio de D. Sebastião,
acabou por ser aclamado rei de Portugal, tentando realizar seu sonho de “União
Peninsular”, isto é, a união num só império dos dois países que formavam a
península Ibérica, Espanha e Portugal, e de todas as suas colônias. Com o domínio
espanhol, o Brasil passou a pertencer à Espanha.
Durante os 60 anos da União Ibérica, a administração do Brasil praticamente
não sofreu alterações: os funcionários do governo português foram mantidos, o
idioma oficial continuou sendo o português, as leis e os costumes pouco mudou.
Mas as conseqüências da União Ibérica, no plano internacional, repercutiram
diretamente no Brasil.
Observe no
mapa ao lado os
domínios
ibéricos, ou
seja, os
domínios
espanhóis no
século XVI.

109
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

CONSEQÜÊNCIAS DA UNIÃO IBÉRICA


A Holanda e outras províncias do norte da Europa pertenciam à Espanha. Em
1581, porém, depois de muitas lutas, conquistaram a independência, proclamando a
República. A capital dessa república era a cidade de Amsterdã, considerada mais
importante centro comercial da Europa.
Como represália (vingança), Filipe II proibiu as colônias pertencentes ao
império espanhol de comerciarem com os holandeses, impondo-lhes um bloqueio
econômico, conhecido como embargo espanhol.
Por causa da União Ibérica, o Brasil também ficou proibido de comercializar
com a Holanda. Na época, porém, os holandeses controlavam a lucrativa operação
de transporte, refino e distribuição colonial do açúcar brasileiro. E não pretendiam
perder a fonte fornecedora de açúcar: os engenhos do Nordeste brasileiro.
Reagindo ao bloqueio econômico espanhol, os holandeses fundaram a
Companhia das Índias Ocidentais, em 1621. Decidiram, por meio dessa Companhia,
conquistar o Nordeste brasileiro e se apoderar da produção de açúcar.
Após rápida e frustada tentativa de se estabelecerem na Bahia, em 1624 e
1625, os holandeses ocuparam com sucesso a capitania de Pernambuco, a mais rica
capitania da época, devido à produção açucareira. A partir dessa base, estenderam
seu domínio sobre grande parte do litoral nordestino, onde permaneceram de 1630 a
1654.

Para cuidar da
administração, os
holandeses enviaram
ao Brasil o conde João
Maurício de Nassau Siegen,
nomeado governador-geral do
Brasil holandês.
Maurício de Nassau chegou ao
Brasil em 1637 e logo pôs em
prática uma habilidosa política
administrativa. Pretendia pacificar
a região e conseguir a colaboração
dos luso-brasileiros (habitantes da
colônia). Dentre as principais
medidas adotadas em seu governo,
destacam-se:

110
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

♦ concessão de créditos – a Companhia concedeu créditos aos senhores de


engenho, que se destinaram ao reaparelhamento dos engenhos, à recuperação
dos canaviais e à compra de escravos, reativando a produção açucareira;
♦ tolerância religiosa – as diversas religiões (catolicismo, judaísmo,
protestantismo etc.) foram toleradas pelo governo de Nassau. Os holandeses
não tinham como objetivo expandir a fé religiosa. Entretanto, a religião
oficial do Brasil holandês era o calvinismo, sendo, por isso, a mais
incentivada;
♦ vida cultural – o governo de Nassau promoveu a vinda de artistas, médicos,
astrônomos, naturalistas. Entre os pintores, estava Franz Post e Albert
Eckhout, autores de diversos quadros inspirados nas paisagens brasileiras. No
setor científico destaca-se Jorge Marcgrave, um dos primeiros a estudar nossa
natureza e Willen Piso, médico que pesquisou a cura das doenças mais
comuns da região.
Maurício de Nassau ganhou prestígio como administrador, mas surgiram
desentendimentos entre ele e a Companhia da Índias Ocidentais. Os líderes da
Companhia o acusaram de furtar dinheiro e quiseram limitar seus poderes. Por sua
vez, Nassau acusava a Companhia de não entender os problemas locais e agir com
excessiva ganância. Esses desentendimentos levaram à saída de Nassau do cargo de
governador, em 1644.

PORTUGAL LIBERTA-SE DA ESPANHA


E RETOMA PERNAMBUCO

Em 1640, Portugal libertou-se da Espanha. O duque de Bragança recuperou a


coroa portuguesa e pôs fim ao domínio espanhol. Ao assumir o trono, recebeu o
título de D. João IV, iniciando a dinastia de Bragança (ou seja, a partir daí se
sucederiam governantes da mesma família, a família Bragança). Esse episódio ficou
conhecido como Restauração do trono português.
Voltando a ser reino independente, Portugal negociou um acordo de paz de
dez anos com os holandeses, que ainda ocupavam o Brasil.
Depois da saída de Maurício de Nassau do Brasil, a administração holandesa
tornou-se extremamente dura. Interessada somente em aumentar seus lucros, a
Companhia das Índias Ocidentais passou a pressionar os senhores de engenho para
que aumentassem a produção, pagassem mais impostos, liquidassem as dívidas
atrasadas. A Companhia ameaçava confiscar os engenhos de seus proprietários, caso
as exigências não fossem cumpridas.
Até mesmo a tolerância religiosa havia acabado. Os católicos passaram a ser
proibidos de praticar livremente a sua religião.
Reagindo a essas pressões, os habitantes da colônia iniciaram em 1645, a luta
pela expulsão dos holandeses, conhecida como Insurreição Pernambucana.
111
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Depois de sucessivas derrotas, os holandeses renderam-se em 1654. Com


isso, Portugal retomou seu domínio na região açucareira do Nordeste do Brasil.
Terminada a União Ibérica, Portugal encontrava-se mergulhado em grave
crise econômica, pois dependia do comércio colonial e, devido ao domínio espanhol,
havia perdido grande parte de suas colônias para holandeses, franceses e ingleses.
Portugal procurava arduamente encontrar soluções para sair da crise econômica. Por
um lado, acabou recorrendo à Inglaterra e assinou diversos tratados (contratos)
econômicos.
Por outro, adotou uma política rigorosa em relação ao Brasil, uma das poucas
colônias que ainda lhe restavam. D. João IV dizia que o Brasil era sua “vaca de
leite”.
Pelos tratados assinados com a Inglaterra, Portugal receberia, basicamente, a
proteção política e produtos manufaturados, em troca de vantagens na exploração
colonial concedida aos ingleses.

Inicialmente o Brasil estava limitado pelo Tratado de


Tordesilhas (por esse Tratado as terras a serem descobertas,
foram divididas entre Portugal e Espanha, as terras a leste
pertenceriam a Portugal e as terras a oeste pertenceriam a Espanha) e
o povoamento concentrou-se por muito tempo apenas no litoral. Os
portugueses aqui chegavam e fundavam
feitorias e pequenas vilas sempre próximas ao mar. Poucos se atreviam a
penetrar na mata densa, em direção ao interior do território.
Várias expedições (excursões) militares foram organizadas pelo governo
português para ocupar e defender as terras brasileiras ameaçadas pela presença de
estrangeiros, principalmente franceses, e explorar o território brasileiro em busca de
ouro. Várias expedições oficiais foram organizadas com esse objetivo (encontrar
ouro). Essas expedições, chamadas entradas, não ultrapassavam os limites
estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas.
Além das entradas, surgiram, a partir do século XVII, expedições organizadas
e patrocinadas por particulares, chamadas bandeiras. A pé ou a cavalo, as bandeiras
entravam pelo sertão e ultrapassavam a linha de Tordesilhas, o que colaborou para a
ampliação do território brasileiro. Aliás, durante o período da União Ibérica, a
divisão estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas perdeu a validade, uma vez que
tudo pertencia à Espanha.

112
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Como essas expedições partiam, geralmente da Vila de São Paulo, a cidade


ficou conhecida como “capital dos bandeirantes”. Motivos econômicos explicam por
que São Paulo tornou-se o centro da formação de bandeiras. A Vila de São Paulo
recebeu grande parte da população pobre que morava em São Vicente. Gente que
fugia da miséria provocada pelo declínio da empresa açucareira no litoral vicentino.
Em busca de uma alternativa para sobreviver, essa população dirigiu-se para São
Paulo e começou a dedicar-se ao apresamento
(captura) de índios para vendê-los como escravos.
As bandeiras de apresamento perseguiram,
inicialmente, os índios que não tinham contato com o
homem branco. Posteriormente, passaram a atacar
também os índios catequizados, que habitavam os
aldeamentos organizados por jesuítas. Os compradores
de escravos preferiam os índios desses aldeamentos,
pois já sabiam trabalhar na lavoura e realizar alguns
ofícios.
As bandeiras de apresamento tornaram-se um
grande negócio durante o período do domínio
holandês no Brasil (1637-1654). Isso porque, além do
Brasil, os holandeses conquistaram também algumas colônias portuguesas na África,
fornecedoras de escravos negros.
Ao conquistar essas colônias, os holandeses desmontaram o tráfico negreiro
organizado pelos portugueses e só permitiram a vinda de escravos para as áreas sob
o seu domínio.
Nas regiões do Brasil que estavam fora
da dominação holandesa, começou a haver
falta de escravos para as atividades produtivas.
As bandeiras de apresamento passaram a
fornecer escravos índios para essas regiões,
suprindo a carência de mão-de-obra.
As bandeiras de apresamento foram
responsáveis pela escravização e morte de
milhares de índios brasileiros.
Os bandeirantes (observe-os na figura ao
lado), com extrema violência, agiam como se
estivessem numa caçada a animais ferozes.
Entre os principais matadores e escravizadores
de índios, destacam-se Manuel Preto e Raposo
Tavares (e ainda o homenageiam como nome
de rodovia, não é demais?).
A matança e a escravização dos índios
tinham autorização da Coroa, porque isso era
considerado “guerra justa”. Como é “linda” a justiça dos poderosos!
113
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

O povoamento do Brasil deve muito aos tropeiros, que iam buscar mulas e
burros no Rio Grande do Sul para vender nos arredores de São Paulo. Daí, os
animais negociados seguiam para os engenhos e zonas de mineração. Nesse tempo,
burros, mulas e cavalos eram o principal meio de transporte de pessoas e cargas. Ao
redor dos mercados de animais, muitas vilas se formaram.
As viagens dos tropeiros eram longas e cansativas. Para descanso dos
viajantes havia muitas pousadas e em torno delas também nasceram povoados.
A Feira de Muares de Sorocaba era muito conhecida. Os muares criados à
solta nos campos gaúchos e paranaenses, eram comercializados, aqui na nossa
região.

Na figura
ao lado, você
pode observar a
ponte sobre o Rio
Sorocaba na
época da feira de
muares.

O Brasil atual é aproximadamente três


vezes maior do que era pelo Tratado de
Tordesilhas. Bandeirantes, missionários,
militares, criadores de gado e colonos foram
importantes no processo de ocupação territorial
e de estabelecimento das fronteiras.
Os portugueses ampliaram as fronteiras
do Brasil, mas foi preciso uma série de tratados
(acordos) para oficializar juridicamente a
situação.

114
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

O que você estudou até agora foi a política colonial, ou seja, a forma pela qual
Portugal governou o Brasil-colônia. Mas ele tinha que produzir alguma coisa para
gerar lucros, você não acha? É isso o que vamos estudar agora.

Portugal procurou pelo ouro. Não encontrou. Ele só seria descoberto, bem
mais tarde, no século XVIII. Mas o clima do Brasil era excelente para plantar.
Plantar o quê?

Sem dúvida, a experiência que Portugal adquiriu como produtor de açúcar em


suas ilhas no Atlântico (Madeira e Cabo Verde) contribuiu muito na seleção desse
produto para ser cultivado no Brasil e na forma de produção a ser adotada.

Produzir AÇÚCAR no Brasil


seria bom porque:
♦ as condições ecológicas do
Brasil e das ilhas de Cabo Verde
e da Madeira eram bem
semelhantes;
♦ o açúcar era uma das especiarias
mais apreciadas no mercado
europeu, sendo muito bem pago;

♦ a experiência portuguesa, nas


ilhas do Atlântico, de produção e
comercialização do açúcar poderia ser aproveitada no Brasil;

♦ pelo seu valor no mercado, o açúcar poderia atrair investimentos;

♦ o problema do transporte poderia ser resolvido pela colaboração dos navios


holandeses;

♦ para o problema da mão-de-obra, a solução também não seria difícil: havia


os índios, que poderiam ser obrigados a trabalhar na lavoura canavieira, e,
caso não se adaptassem, restava o recurso dos africanos, muitos deles já
escravizados pelos portugueses.

115
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

AS CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO AÇUCAREIRA

O LATIFÚNDIO
A intenção era produzir em larga escala (muito) para exportação.
Por isso, eram necessárias grandes propriedades, ou seja, latifúndios.

O Brasil hoje, não é o mesmo da


colonização. Mas somos um país que continua
tendo muita terra sem gente (latifúndio
improdutivo, usado para a especulação e muita
gente sem terra).
Se você mora no campo e não tem uma
terrinha para plantar, como é que vai
sobreviver? Tem de trabalhar para alguém.
O latifundiário (dono das terras) se
aproveita disso e paga ao bóia-fria (nome que
se dá ao trabalhador do campo que é
empregado por temporada) um salário
mixuruca e o explora ao máximo.

MONOCULTURA EXPORTADORA

A colonização deu certo antes de tudo por causa do açúcar. Era produzido
um único produto, com grande valor comercial e altamente lucrativo no mercado
europeu.

Na Europa do século XVI, o açúcar


trazido pelos árabes, era tido como especiaria
raríssima, e por isso vendido a peso de ouro.
Quando uma princesa se casava,
poderia ser de bom gosto dar-lhe de presente
quilos de açúcar.

MÃO-DE-OBRA ESCRAVA

Hoje em dia, é fácil para o proprietário ter pessoas trabalhando na empresa


dele. É só anunciar emprego. Uma porção de gente só poderia sobreviver se
oferecendo para ele. No capitalismo, o trabalhador é inteiramente livre para optar
entre ganhar o salário mixuruca que o patrão oferece ou morrer de fome
desempregado.
116
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

No Brasil do século XVI, isso ainda não era possível. Quem iria se oferecer
para o fazendeiro? Os índios tinham suas terras e sua comunidade. Não precisavam
do branco para sobreviver. A população em Portugal era pequena e, portanto, não
poderia mandar muita gente para a Colônia. Além disso, havia muita terra inabitada
no Brasil. Certamente, gente pobre correria para tentar ocupá-la, em vez de ficar se
submetendo a algum latifundiário.
Como então, obrigar as pessoas a trabalhar para os latifundiários? A resposta
é essa mesmo: escravidão.
Não seria de Portugal que viriam essas pessoas, pois sua população, em
meados do século XVI, era escassa.
O colonizador insistiu em escravizar o índio, procurando aproveitá-lo, agora,
na empresa açucareira. Entretanto, a escravização do índio não era tão conveniente
ao sistema colonial mercantilista. À coroa portuguesa interessava uma solução mais
lucrativa, ou seja, o uso de mão-de-obra africana, o que alimentaria o tráfico
negreiro.
A preferência pelo africano pode ser compreendida como mais um elemento
da engrenagem do sistema colonial. Os ganhos comerciais com a captura do
indígena ficavam dentro da colônia, entre aqueles que se dedicavam a esse tipo de
atividade. Já os lucros do comércio negreiro dirigiam-se para a metrópole, ou seja,
para a burguesia envolvida neste comércio e para a coroa, que recebia impostos. Por
isso, a escravidão negra foi incentivada, enquanto a do índio foi desestimulada e até
mesmo proibida. Percebe-se, então, que a “opção” pela escravidão negra foi, na
verdade, uma imposição do sistema colonial.
O açúcar era branquinho e gostoso, mas o trabalho era amargo e
negro. O jesuíta Antonil, no século XVIII, cunhou a famosa frase: “Os
escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho...”
O trabalho do escravo estava em tudo ali. A jornada diária podia
chegar a 16 horas, sem descanso. Um escravo que começasse a trabalhar
com 15 anos de idade estava num bagaço ao chegar aos 25 anos. A vida
média dos escravos era de 10 anos!
Horrível! Trabalho debaixo do sol tórrido, dia após dia, sem descanso.
As mãos sangravam, as costas ardiam, o estômago roncava. E prosseguia o
serviço. No fim do dia, muitas vezes a ração era um feijãozinho com farinha!
Por falar em feijão, você sabia que foram os negros que “inventaram” a
feijoada? Pois é! Ás vezes, eles recebiam alguns miúdos que restavam dos
animais cuja carne era consumida na casa-grande. Cozinhando o pé, a orelha
e etc. com o feijão plantado por eles, você já sabe no que vai dar, não é?

Mas os negros procuraram sempre reagir contra a escravidão.


Fugiam em busca de “liberdade”, e fundavam comunidades, que eram
chamadas de quilombos. Foram numerosos os quilombos no Brasil colonial, e o
mais famoso deles foi o “Quilombo dos Palmares”. Palmares foi o maior dos
quilombos, o terror dos latifundiários. Foi formado por negros fugidos, na época da
invasão holandesa a Pernambuco. Eles rumaram em direção à Serra da Barriga, em
Alagoas.
117
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

A república de Palmares agrupava mais de 20


mil pessoas, que viviam da coleta, da caça, da pesca e
da agricultura. Era um Estado poderoso e organizado
em classes sociais, que resistiu por 65 anos.
Palmares era o pesadelo dos opressores, que
organizavam expedições militares para eliminar o
quilombo, mas eram derrotados pela astúcia dos
negros. ZUMBI foi o último rei de Palmares e,
para ele não haveria PAZ enquanto existisse a
escravidão.
Depois de tantas derrotas para os quilombolas
(moradores do quilombo), o governo contratou o
bandeirante Domingos Jorge Velho, que acabou
vencendo Palmares em 1695.
Palmares durou quase um século e para destruí-
lo, os portugueses usaram mais soldados do que os
necessários para expulsar os holandeses. Matando Zumbi, os senhores de escravos
pretendiam intimidar
os negros. Entretanto, Zumbi permaneceu vivo como símbolo da resistência negra à
violência da escravidão.
Atualmente comemoramos o Aniversário da Morte de Zumbi no dia 20 de
Novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.

Agora responda em seu caderno:


11. Escolha uma das características da produção açucareira, e faça um
comentário pessoal sobre ela.

Engenho de açúcar era o nome da grande propriedade agrícola voltada para a


produção de açúcar. Os proprietários ficaram conhecidos como senhores de
engenho.

As principais instalações do engenho eram:


 Moenda – onde se moia a cana para a extração do caldo;
 Caldeira – onde o caldo era purificado;

118
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

 Casa de Purgar – onde o caldo acabava de ser purificado.


As principais construções se constituíam em:

 Casa-grande – habitação do senhor de engenho;


 Senzala – moradia dos escravos;
 Estrebarias, oficinas, etc.

Observe a representação de um engenho:

ASCENSÃO E QUEDA DO AÇÚCAR

A economia baseada na lavoura canavieira experimentou, durante o período


colonial, significativa expansão estendendo-se cada vez mais para novas regiões. Os
dois principais núcleos iniciais foram Pernambuco, Bahia e depois São Vicente.
Essa rápida expansão fez com que o Brasil, já no final do século XVI e até meados
do século XVII, se transformasse no maior produtor e exportador mundial de açúcar.

119
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

No entanto, apesar da grande produção e dos bons preços que o açúcar


brasileiro encontrava nos mercados internacionais, não eram altos os lucros obtidos
pelos engenhos produtores, pois os intermediários é que ficavam com a maior parte
dos lucros.
Como vimos anteriormente, os holandeses dominavam o comércio de açúcar
na Europa. Compravam o açúcar de Portugal, quando não o produziam eles mesmos
no nordeste brasileiro, e o vendiam aos consumidores europeus.
Expulsos do Brasil em 1654, os holandeses dirigiram-se para as Antilhas, na
América Central. Aí, com base na experiência que haviam adquirido no Brasil,
começaram a cultivar grandes plantações de cana. Isso teve duas conseqüências
prejudiciais ao Brasil:
 Os holandeses não precisaram mais do açúcar brasileiro para vender na
Europa, pois tinham a sua própria produção nas Antilhas;
 Produzindo eles mesmos o açúcar, puderam vendê-lo a um preço mais baixo
que o de Portugal, levando a uma queda dos preços internacionais.
Diminuindo as vendas e os preços do açúcar, baixaram os lucros do comércio
açucareiro português e, ao mesmo tempo, caiu a produção. Além do açúcar holandês
das Antilhas, outro concorrente contribuiu para a decadência do açúcar brasileiro: o
açúcar de beterraba, que nessa época, já era produzido em grande escala na Europa.
Enquanto a produção açucareira decrescia mais rapidamente em Pernambuco,
outros centros como Bahia e Rio de Janeiro começavam a projetar-se como
importantes produtores. Já no final do século XVII, a Bahia era o principal centro
produtor de açúcar do Brasil.
A partir do início do século XVII, embora em escala bem inferior à do açúcar,
começou a ser cultivado outro produto, de origem indígena e com ampla aceitação
na Europa: o tabaco. Seu principal centro produtor foi a Bahia.
Além de ser vendido na Europa, o tabaco era muito utilizado como moeda no
tráfico de escravos, pois tinha grande valor nas costas africanas.
Nas décadas finais do século XVII, Portugal se preocupava em encontrar uma
nova fonte de riquezas que pudesse substituir, ao menos em parte, o que já não
ganhava com a economia açucareira. A busca de metais preciosos tinha sido sempre
um objetivo dos colonizadores. Com a decadência do açúcar, esse objetivo foi
reforçado.
Como já existiam muitas expedições aventurando-se à procura de ouro no
interior do Brasil, a Coroa portuguesa ofereceu várias recompensas aos bandeirantes
que descobrissem metais preciosos. As primeiras grandes minas do Brasil central
foram descobertas já na última década do século XVII, em 1693 e 1694, e fizeram
nossos colonizadores sorrir novamente de satisfação, ante a perspectiva de novos
lucros.

120
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

A notícia da descoberta do ouro rapidamente se


espalhou provocando grande corrida de aventureiros em
direção a Minas Gerais.
Além da população colonial, a sede de ouro atingiu a
população do reino português. Calcula-se que, anualmente, de três a
quatro mil portugueses vinham para a região das minas.
Com tanta gente chegando, a região das jazidas sofreu brusca
transformação. Nos lugares desertos do sertão, a corrida do ouro fez nascer cidades
da noite para o dia.
Os paulistas descobridores do ouro de Minas Gerais sentiam-se no direito
exclusivo de explorá-lo. Queriam ser os “donos” das jazidas (minas de ouro).
Muitos portugueses, vindos da metrópole ou moradores da própria colônia,
correram para Minas Gerais com o objetivo de apoderar-se das jazidas descobertas.
Ocorreram, então, violentos conflitos entre paulistas (os que moravam aqui) e
portugueses (que vieram para se apoderar das minas). Esses conflitos ficaram
conhecidos como Guerra dos Emboabas.

A Guerra dos Emboabas – 1708


Os portugueses eram conhecidos como emboabas, palavra de
origem tupi que servia para designar “os que não haviam nascido na
região”, os “forasteiros”. O principal chefe dos emboabas foi Manuel
Nunes Viana, que liderou tropas contra os paulistas, vencendo-os
nas regiões de Sabará e Cachoeira do Campo. Em 1709, ocorreu uma
sangrenta matança de diversos paulistas, no chamado Capão da
Traição, por um exército emboaba de mil homens, comandados por
Bento do Amaral Coutinho.
Procurando acabar com o conflito, a coroa portuguesa interveio
na região e passou a exercer austero controle econômico das minas.
Em julho de 1711, D. João V elevou São Paulo à categoria de cidade,
separando-a administrativamente da região das minas.
Você pode notar, caro aluno, que a vontade dos colonos, ou seja,
daqueles que viviam na colônia sempre foi sufocada em sangue, se
fazendo prevalecer a vontade daqueles, que queriam de alguma
forma lucrar a custa do trabalho de outros.

121
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

O final da Guerra dos Emboabas foi desfavorável aos paulistas e os levou a se


lançarem à procura de novas jazidas de ouro em outras regiões do Brasil. Isso
resultou na descoberta de ouro na região Centro-Oeste, em Goiás e Mato Grosso.

Como você sabe, Portugal sempre buscou o lucro nas relações econômicas
com o Brasil, e pensando nisso, com a descoberta do ouro, ele procurou organizar a
exploração das minas da maneira que fosse mais beneficiado com isso.

Todas as minas pertenciam a Portugal, que concedia lotes, (que eram


chamados de datas), aos mineradores que explorassem o ouro. O trabalho,
entretanto, era realizado por escravos negros, em locais denominados lavras.

Vendo no ouro a possibilidade de salvar sua economia, Portugal logo criou


leis especiais e organizou um rígido esquema administrativo para controlar a região
mineradora.

INTENDÊNCIA DAS MINAS

O principal órgão do esquema administrativo português era a Intendência das


Minas, criado em 1702. Esse órgão tinha várias funções:

♦ administrativa – era responsável pela distribuição de terras para a exploração


do ouro e pela fiscalização da mineração;

♦ judicial – era responsável pelo julgamento das questões referentes à


mineração;
♦ tributária – era responsável pela cobrança de impostos.

O imposto cobrado pela exploração das jazidas correspondia a um quinto


(20%) de qualquer quantidade de metal extraído. Cobrar o quinto era a principal
função da Intendência das Minas.

122
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

CASAS DE FUNDIÇÃO

Em pó ou em pepitas, o ouro
circulava livremente, o que
dificultava a cobrança do quinto.
Para tornar mais eficiente esse
controle, o governo português criou
as Casas de Fundição, onde todo o
ouro era obrigatoriamente fundido e
transformado em barras. Ao receber o
ouro, as Casas de Fundição já
retiravam a parte que correspondia ao
imposto devido ao Rei. O ouro Em Vila Rica, atual Ouro Preto, os mineradores eram
restante era devolvido à circulação, obrigados a entregar na Casa dos Contos (ou casa de
com um selo que comprovava o fundição) todo o ouro extraído de suas minas. Aí o ouro
era fundido, transformado em barras e um quinto dele
pagamento do quinto. Era o “ouro era separado para o governo português.
quintado”, que poderia ser
legalmente negociado. Quem fosse encontrado com ouro em pó ou com barras não
quintadas poderia sofrer severas penas, que iam desde a perda de todos os seus bens
até a prisão perpétua em colônias portuguesas na África.
Diversos mineiros revoltaram-se contra a criação das Casas de Fundição, que
dificultavam o comércio de ouro dentro da capitania, facilitando apenas a cobrança
de impostos.
Além do ouro, merece destaque a exploração de diamantes, que ocorreu, a
partir de 1729, no Arraial do Tijuco, atual cidade de Diamantina, em Minas Gerais.

CRISE DA MINERAÇÃO
Com a intensa exploração do ouro, até mesmo as jazidas mais ricas
rapidamente se esgotaram. Na segunda metade do século XVIII, a produção do ouro
caiu brutalmente; porém, o governo português não acreditava que as jazidas estavam
se esgotando. Preferia crer que a escassez do metal devia-se ao contrabando. Por
isso, foi aumentando as formas de controle e as pressões sobre os mineiros.

Em 1750, a coroa portuguesa determinou que a soma final do quinto deveria


atingir 100 arrobas de ouro por ano. Os mineiros não conseguiam extrair ouro
suficiente para pagar os impostos, e as dívidas foram se acumulando.

Em 1765, foi decretada a derrama, cobrança de todos os impostos atrasados.


Na execução da derrama, as autoridades não pouparam nem os mineiros
empobrecidos, que acabaram perdendo seus poucos bens.

123
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

CONSEQÜÊNCIAS DO CICLO MINERADOR


O ciclo do ouro trouxe uma série de conseqüências para o Brasil. Vejamos:

♦ Expansão territorial e populacional – o ouro atraiu muitas pessoas para o


interior do território brasileiro, contribuindo para o desbravamento do sertão
e para o aumento da população colonial.
♦ Mudança do centro econômico – em 1763, a capital da colônia foi
transferida da cidade de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro. A
mudança da capital demonstra o deslocamento do centro econômico do
Nordeste açucareiro para a região mineradora do Sudeste. O Rio de Janeiro,
com seu porto marítimo, permitia o transporte de ouro, facilitando a
comunicação com a metrópole.
♦ Revoltas contra Portugal – o ouro também colocou em oposição os
interesses dos colonos brasileiros e os interesses de Portugal. A exploração
da metrópole sobre a colônia se intensificou no período do ciclo do ouro, e
setores da classe dominante colonial se revoltaram. Explodiram, então,
diversas revoltas da colônia contra a metrópole.

COM QUEM FICOU O OURO BRASILEIRO ?


A produção aurífera brasileira foi bastante significativa nos primeiros 70
anos do século XVII. Nesse período, o Brasil produziu mais ouro do que toda a
América espanhola em 357 anos. A quantidade de ouro extraído do Brasil
correspondeu a 50% de toda a produção mundial entre os séculos XV e XVIII.
Toda essa riqueza, porém, não foi utilizada para o desenvolvimento da
colônia. É inegável que a região de Minas apresentou visível progresso econômico
e cultural como mostram as igrejas, as ruas e os edifícios da época. Contudo a
maior parte do ouro brasileiro escoou para fora do Brasil, servindo ao
enriquecimento de outras nações.
Nem mesmo Portugal lucrou com o ouro brasileiro – apesar de ter recebido
um quinto de toda a produção. A balança comercial portuguesa equilibrou-se
momentaneamente, mas não o suficiente para livrar-se da dependência
econômica em relação aos ingleses.
Ao se libertar da Espanha (1640), Portugal contou com apoio militar e
político da Inglaterra. Em troca dessa ajuda, os ingleses foram submetendo a
economia portuguesa, através de diversos tratados.
Assim, a grande beneficiária do ouro brasileiro foi a Inglaterra, que, pelo
Tratado de Methuen (Tratado dos Panos e Vinhos), 1703, fez de Portugal e suas
colônias grandes mercados consumidores de suas manufaturas.
Exportando produtos agrícolas para a Inglaterra, e dela importando as
caras e importantes manufaturas (que eram produtos feitos com trabalho manual,
por exemplo, os tecidos eram feitos em teares manuais), Portugal se encontrava
sempre em dívida com a Inglaterra. E, para pagar sua dívida externa, recorria ao
ouro brasileiro e desenvolvia o capitalismo industrial inglês.

124
HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

PECUÁRIA: NEGÓCIO INTERNO DA COLÔNIA


A pecuária desempenhou
importante papel na economia colonial.
Além de abastecer a população (carne e
couro), os animais serviam de força
motriz, ou seja, eram usados para
movimentar os engenhos e outras
máquinas e serviam como meio de
transporte.
As principais atividades
econômicas do Brasil-colônia tinham
como finalidade atender ao mercado
externo (que era interesse de Portugal,
não é mesmo?), como é o caso da
produção de açúcar, do tabaco e da mineração. Ao contrário dessas atividades de
exportação, a pecuária era uma atividade econômica local. Representava um negócio
interno da colônia.
Assim, a pecuária não se enquadrava plenamente nas regras do sistema
colonial mercantilista, sendo, por isso, pouco incentivada pela metrópole.
A pecuária desenvolveu-se em duas regiões: as caatingas do Nordeste e as
campinas do Sul.

No início, a pecuária desenvolvida no Nordeste tinha como finalidade


fornecer carne e força motriz (mover moendas) aos engenhos de açúcar. Depois,
com a exploração do ouro, a criação de gado passou a atender também a demanda
das regiões mineradoras, ampliando seu mercado. Os métodos de criação no sertão
nodestino eram rudimentares (simples), e as fazendas tinham baixa produtividade.
Além da carne fresca, a pecuária nordestina também fornecia a carne seca
para o consumo. Esse tipo de carne solucionou o problema de conservação do
produto para a comercialização em locais distantes, afinal nesta época eles não
tinham geladeira, nem freezer! O couro também era muito importante, sendo
inclusive exportado.
No Sul, a pecuária foi a única atividade importante do período colonial,
fazendo nascer uma sociedade tipicamente pastoril. A atividade básica foi a
produção de couro e posteriormente, surgiu a indústria do charque, que conduziu à
evolução dos métodos de criação e abriu novas possibilidades ao comércio da carne.
A indústria do leite era pouco desenvolvida, estando longe de rivalizar-se com a
existente em Minas Gerais. Em compensação o Sul, favorecido pelas baixas
temperaturas, era a única região produtora e consumidora de manteiga.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

E COMO ERA A SOCIEDADE COLONIAL?


Nós já tratamos da política (como foi administrado) e da economia (o que foi
produzido), agora só falta saber como era a estrutura social do Brasil-colônia, ou
seja, quem viveu aqui e como se relacionaram entre si.
Como você já sabe, a sociedade colonial era formada por índios, negros e
portugueses. Os primeiros, sempre submetidos pelos portugueses, o que nos mostra
uma enorme desigualdade social, desde o início de nossa colonização.

-> A SOCIEDADE AÇUCAREIRA

Nos primeiros séculos da colonização, a vida dos povoadores girava em torno


da empresa açucareira. Assim, a sociedade colonial estruturou-se com base nos
engenhos de açúcar.
O engenho era um mundo mais ou menos fechado, onde a vida das pessoas
estava submetida às ordens de uma autoridade suprema: o senhor de engenho. Sua
autoridade não se limitava apenas à propriedade açucareira, mas espalhava-se por
toda a região vizinha, invadindo vilas e povoados, através de sua influência política.
O poder social do senhor de engenho tinha como base o poder econômico.
Por sua vez, o poder econômico do senhor de engenho era sustentado pela terra,
pelos escravos e pela exportação de açúcar.
A sociedade açucareira dividia-se, essencialmente, em dois grupos sociais
opostos: senhores e escravos. Entre esses grupos, havia uma faixa intermediária de
pessoas que serviam aos interesses dos senhores.

São características da sociedade açucareira:


♦ Ruralismo – a vida da sociedade desenvolvia-se no engenho. Portanto o
campo era o centro dinâmico da sociedade;
♦ Patriarcalismo – o senhor de engenho era o patriarca ( chefe masculino)
todo poderoso da sociedade. Concentrava em suas mãos o poder econômico,
político e ideológico;
♦ Estratificação social – praticamente não havia mobilidade social, isto é, as
pessoas não subiam nem desciam de sua posição social de origem. Por
exemplo, um escravo nunca se tornaria um senhor de engenho.

Embora, na colônia, o senhor de engenho fosse todo-poderoso, seu poder era


pequeno se comparado ao da burguesia metropolitana (comerciantes portugueses),
que ficava com quase todo o lucro gerado pela comercialização do açúcar, enquanto
ao senhor de engenho cabia apenas uma pequena parcela.

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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

-> A SOCIEDADE MINERADORA

A exploração do ouro era a principal preocupação das pessoas que moravam


na região das Minas Gerais. Em função do ouro, organizaram suas atividades,
fazendo nascer importantes cidades, como Vila Rica (atual Ouro Preto), Congonhas
do Campo, Mariana, Sabará e São João Del Rei.
A rendosa exploração do ouro fez de Minas Gerais um excelente mercado
comprador de alimentos, roupas, ferramentas etc. Inúmeros comerciantes de
Portugal e da própria colônia abasteciam a sociedade mineira com os produtos de
que ela necessitava. Minas tornou-se um grande centro consumidor, gerando um
importante mercado interno na economia colonial. No Nordeste açucareiro, a
instalação dos engenhos deu origem a uma sociedade rural, dominada pelo senhor de
engenho.
Em Minas Gerais, a exploração do ouro deu origem a uma sociedade urbana
e heterogênea, da qual faziam parte comerciantes, funcionários do rei, profissionais
liberais e uma multidão de escravos. Os escravos chegaram a representar, em 1786,
cerca de 50% da população total que vivia em Minas Gerais.
Na sociedade mineradora, a ascensão social era relativamente mais fácil do
que no Nordeste açucareiro. Se, explorando o ouro, um homem se tornasse rico,
podia freqüentar as altas rodas sociais.
Comparando-se a mineração com a empresa açucareira, verifica-se que o
trabalho nas minas, além de menor quantidade de equipamentos e instalações, exigia
mão-de-obra menos numerosa. Disso se conclui que os investimentos de capital na
mineração eram menores que os necessários ao funcionamento de um engenho. Por
isso, o acesso a condição de minerador foi relativamente mais fácil do que o acesso à
condição de senhor de engenho.

Agora responda em seu caderno:


12. Em qual sociedade (açucareira ou mineradora), as pessoas tinham maiores
possibilidades de enriquecimento? Explique.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

A IGREJA MODELANDO A SOCIEDADE

A religião sempre foi muito importante para os portugueses. A igreja


católica exerceu importante papel na organização da sociedade colonial
brasileira. Isso ocorreu porque o Estado português e a Igreja tinham fortes
vínculos. O catolicismo era a religião oficial em Portugal e, obrigatoriamente, todos
os súditos do rei deviam ser católicos. Havia também um acordo entre o papa (chefe
da Igreja) e o rei português que determinava uma série de deveres e direitos da coroa
em relação à Igreja. Esse acordo, conhecido como “padroado”, estabelecia, por
exemplo:
Deveres da Coroa Portuguesa
♦ Garantir a expansão do catolicismo em todas as terras conquistadas pelos
portugueses;
♦ Construir igrejas e cuidar de sua conservação;
♦ Remunerar os sacerdotes pelo seu trabalho religioso.

Direitos da Coroa Portuguesa


♦ Nomear bispos e indicar a criação de dioceses ( região eclesiástica
administrada pelo bispo);
♦ Recolher o dízimo (décima parte dos ganhos ofertados pelos fiéis à Igreja).

ORDENS RELIGIOSAS
Entre as ordens religiosas que atuaram no Brasil Colônia, citam-se os
franciscanos, os beneditinos, os carmelitas e, principalmente, os jesuítas.
Essas ordens religiosas vieram para o Brasil com a tarefa de evangelizar e
educar índios e colonos. Espalhando-se pelo território, construíram ao longo do
tempo, grande patrimônio econômico, formado por engenhos, fazendas de gado,
imóveis urbanos e objetos valiosos doados por ricos católicos.

JESUÍTAS
Assumindo o papel de “soldados da
religião”, os jesuítas tinham como objetivo
conquistar índios e colonos, convertendo-os
ao catolicismo. A arma utilizada nesta
conquista espiritual foi a educação escolar,
que enfatizou o ensino religioso, a
catequização. Por isso, imediatamente após
sua chegada à Bahia, durante o governo de
Tomé de Sousa, fundaram uma escola de nível elementar para os colonos.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

A obra dos jesuítas espalhou-se rapidamente por diversas regiões do Brasil,


como São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.
A COMPANHIA DE JESUS deteve o monopólio do setor educacional no
Brasil por mais de dois séculos, de 1549 a 1759 (ano em que foram expulsos do
reino português e de suas colônias pelo marquês de Pombal). Houve vários
momentos de conflito entre padres da Igreja e autoridades da coroa. Tornou-se
comum, por exemplo, a participação de padres em rebeliões coloniais. Apesar disso,
de modo geral, a Igreja e o Estado português atuavam em harmonia.
Nesse sentido, cabia ao Estado administrar a colônia, e à Igreja ensinar a
obediência a Deus e ao rei.

A VIDA CULTURAL NO BRASIL COLÔNIA


Durante o período colonial, como você notou, a vida política e econômica do
Brasil esteve totalmente submetida ao governo português. O ensino e a cultura
dependiam muito do que era determinado em Lisboa, mas também da iniciativa da
Igreja (como você viu logo acima), que controlava essas atividades em todo o
império português.
Os primeiros textos e pinturas elaborados no Brasil foram feitos por viajantes
europeus. Fossem exploradores ou estudiosos, esses europeus se preocuparam em
narrar e pintar os costumes dos povos indígenas, os percalços (dificuldades) dos
europeus, a natureza tropical, os perigos e as fantasias do Novo Mundo.
Nos primeiros séculos de ocupação, toda e qualquer atividade intelectual na
Colônia foi dificultada pelo governo português. Estudiosos foram proibidos de fazer
pesquisa, assim como gráficas, foram proibidas de
funcionar. Apenas a Igreja tinha autonomia para
desenvolver atividades culturais.
A situação só se alterou no começo do século
XIX, com a transferência da Corte portuguesa para o
Brasil, mas esse assunto você estudará mais a frente.
A elite colonial (os ricos e poderosos que
viviam aqui), valorizava o que era europeu:
comportamento, moda, costumes, arte, etc. Por isso,
os artistas procuravam imitar a arte produzida na
Europa. No final do século XVIII começaram a
surgir em Minas Gerais, os primeiros sinais de uma
produção artística original e independente. Os
artistas mineiros de origem humilde, conseguiram
recriar o estilo barroco, difundido na Europa no
século anterior, projetando igrejas e fazendo Profeta esculpido em
esculturas em madeira e pedra-sabão. Um dos nomes pedra-sabão por Aleijadinho.
que mais se destacou foi o de Antonio Francisco
Lisboa, o Aleijadinho.
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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas do Campo (Minas


Gerais). As estátuas dos profetas do Antigo Testamento, se encontram neste
santuário e foram esculpidas em pedra-sabão por Aleijadinho.

Os jovens das famílias ricas que iam estudar na Europa no século XVIII,
ao voltarem para a Colônia, não traziam apenas novos ideais políticos, mas
também uma mentalidade artística diferente, voltada a representar a vida de
forma simples e racional. Esses estudantes foram responsáveis pelo
desenvolvimento do arcadismo na Colônia.

Agora responda em seu caderno:


13) “A cultura durante todo o período colonial era “cópia” da cultura
européia.” Justifique a frase após a leitura do texto.

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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

BIBLIOGRAFIA

♦ Proposta Curricular para o Ensino de História - Ensino Médio – Secretaria


de Estado da Educação – Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas
– São Paulo – 2ª Ed. – 1992.

♦ Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio. Apresentação dos


Temas Transversais – Ministério da Educação e do Desporto – Secretaria da
Educação – Brasília – 1997.

. SCHMIDT, Mário. Nova História Crítica da América. São Paulo, Editora


Nova Geração, 1998.
. SCHMIDT, Mário. Nova História Crítica: Moderna e Contemporânea.
Ensino Médio. São Paulo, Editora Nova Geração, 1998.

. SCHMIDT, Mário. Nova História Crítica do Brasil. Ensino Médio. São Paulo,
Editora Nova Geração, 1998.
. COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral – vol. Único. São Paulo,
Editora Saraiva, 1999.
. BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História Geral: Antiga e Medieval – vol. 1.
São Paulo, FTD, 1997.
. ARRUDA, José Jobson e PILLETTI, Nelson. Toda a História, Ensino Médio.
São Paulo, Editora Ática, 1999.
. VESENTINI, J. William. Sociedade e Espaço - Geografia Geral e do
Brasil, Ensino Médio. São Paulo, Editora Ática, 1997.
. PILETTI, Nelson. História do Brasil. Ensino Médio. São Paulo, Editora Ática,
2001.
. PEDRO, Antonio e LIMA, Lizânias de S. História Geral – Compacto para o
Vestibular. Editora FTD, 1999.

. CD-Rom ALMANAQUE ABRIL 2001 – BRASIL e MUNDO, Editora Abril,


multimídia.
. ORDOÑEZ, Marlene e QUEVEDO, Júlio. História, Editora IBEP, 1998.
. CD-ROM CLIPART, Brasil 500 anos, Editora Ondas, 2000.
. JOBSON, José Arruda. História Total. Vol.3 e 4. São Paulo, Editora Ática,
2001.

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HISTÓRIA - ENSINO MÉDIO - 1ª série

ESTA APOSTILA FOI ELABORADA PELA


EQUIPE DE HISTÓRIA DO CEESVO
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO SUPLETIVA
DE VOTORANTIM

PROFESSORAS: DENICE NUNES DE SOUZA


MEIRE DA SILVA OMENA DE SOUZA
ZILPA LAURIANO DE CAMPOS

COORDENAÇÃO: NEIVA APARECIDA FERRAZ NUNES

DIREÇÃO:

ELISABETE MARINONI GOMES


MARIA ISABEL R. DE C. KUPPER

VOTORANTIM, 2003.
(Revisão 2007)

OBSERVAÇÃO

MATERIAL ELABORADO PARA USO


EXCLUSIVO DO CEESVO,
SENDO PROIBIDA A SUA COMERCIALIZAÇÃO.

APOIO

PREFEITURA MUNICIPAL DE VOTORANTIM

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