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CAPÍTULO 3

A RADIAÇÃO E O BALANÇO TÉRMICO

Radiação solar

o Sol fornece 99,97% da energia que é utilizada para vários


fms no sistema Terra-atmosfera. A cada minuto o Sol irradia cerca
de 56 x 1026 calorias de energia, da qual a Terra intercepta apenas
2,55 x 1018 calorias. Embora isto represente somente meio milionési-
mo da energia solar total emitida para o espaço, calcula-se que seja
30 mil vezes maior que o consumo total anual de energia do mundo.
\O Sol, uma esfera gasosa luminosa, apresenta em sua superfície
uma temperatura de 6.000°C e emite energia em ondas eletromagnéti-
cas, que se propagam à razã'ode aproximadamente 299.300 quilômetros
por segundo~(ver Fig.3.1). A energia que se propaga radialmente a
partir do Sol leva 9 1/3 minutos para percorrer cerca de 150 milhões
de quilômetros, a distância entre a Terra e o Sol. Embora a radiaçã'o
solar se propague através do espaço sem perda de energia, a intensidade
da radiaçã'o diminui inversamente ao quadrado das distâncias do Sol.
A quantidade de energia solar recebida, por unidade de área, por uma
sUperfície,que forme ângulos retos com os raios do Sol no topo da
atmosfera, é de aproximadamente duas calorias por cm2 por minuto
ou dois langleys por minuto. Isso é chamado de constante solar,porque
tal quantidade é relativamente constante, sendo a variaçã'o(em torno
do V~or médio de 2 langleys por minuto) de aproximadamente 2%.
O Sol irradia como um corpo negro. De acordo com a lei de
Stefan.Boltzman, o fluxo de radiaçã'ode um corpo negro é diretamente
proporCionalà quarta potência de sua temperatura absoluti!
23
24 25

uma dada temperatura a emissã'o em cada comprimento de onda de um


corpo negro é a máxima possível. De acordo com a lei de deslocamento
Ultravioleta-liísível - Intravermelho de Wien o comprimento de onda de máxima intensidade de emissão
,=" Radiação de corpo negro a 6000"K 123 L.Y Mirr' I de um corpo negro é inversamente proporcional à temperatura absoluta
, , / '
I
I .'<,
" do corpo. Desta forma,
I

I
I
I "Radiação
,\
solar extraterrestre 12,0 L.Y M in"", ~ax (J.nn) = 2897 T-I .
I
I Para o Sol, o comprimento de onda de máxima emissão é aproxima-
I
I
,
I ", l ""
damente 0,5 micron (0,5 Il). Quase 99% da radiaçã'o solar é de curto
, I ,I
,
I I \
I \
comprimento de onda, de 0,15 a 4,0 Ilm. Segundo Sellers (1965),
uma classificação da composição espectral da radiação solar indica
, I \,
,
I
,

0.2 I I que 9% é ultravioleta (À~ 0,4 Ilm), 45% está na faixa visível(0,4 Ilm
I I
I I ~ À ~ 0,74 Ilm), enquanto que os 46% restantes sã'o infravermelhos
/ I I
I
I (À > 0,74 Ilm).
0.1 I
TE I 'Â quantidade de radiaçã'o solar incidente sobre o topo da atmos-
::I.
\
\
:~ 0.05
\
I
fera da Terra depende de três fatores, principalmente do período do
E I ano, do período do dia e da latitude1 A Fig. 3.2 mostra que a variação
>- I'i
GI I
I
diária da radiação solar no topo da atmosfera está em função da lati-
Õ
6 0.02
tude. A distribuição não é simétrica porque a Terra em janeiro está
Radiaca:t\
.J solar dlfusa\
em sua posição mais próxima do Sol, de modo que em todas as latitudes
.2 Absorção na ::..:~:;~ie '1 recebe-se mais radiação durante o inverno no hemisfério Norte que
I)
~
GI
c
W
0.01

0.005
~
'

-
do oxigênio
- .
e ozonlo
IO,14L.YMin'l
. ~
Faixas deabsor I
ção do vapor
., d'àgua
-
I

e do dióxÍdd
I)t",
durante o verão no mesmo (ver Sellers, 1965). A distância da Terra
para o Sol varia durante o ano, uma vez que a órbita da Terra ao redor
de carbOno ; do Sol é mais elíptica que circular. Essas variações na distância afetam
a quantidade de energia solar recebida. Por exemplo, a energia solar
0.002 recebida por uma superfície normal ao raio solar é 7% maior no dia
\
3 de janeiro, no periélio, que no dia 4 de julho, no afélio.
0.001 L 'A altitude do Sol, que é o ângulo entre seus raios e uma tangente
0.1 Q.2 0.5 1.0 2.0 5.0 10. 20. 50. 1(1).
à superfície no ponto de observaçã'o, também afeta a quantidade de
comprimento de ondat 14m I energia solar recebida. Quanto maior a altitude do Sol, tanto mais
Figura 3.1 - Comprimento das ondas eletromagnéticasde energia solar (confor- concentrada será a intensidade da radiação por unidade de área e
me Sellers,PhysicalClimatology, 1965). tanto menor será o albedõí(isto é, a proporçã'Ode radiação incidente
refletida pela superfície). Á altitude do Sol é determinada pela latitude
F = oT4 do local, pelo período do dia e pela estação. A altitude do Sol geral-
mente diminui com o aumento de latitude. Ela é elevada à tarde,
onde F é o fluxo de radiçã'o, T é a temperatura absoluta do corpo e o porém baixa pela manhã e ao entardecer. Do mesmo modo, a altitude
é a constante de Stefan-Boltzman. Os corpos negros também absorvem do So~é mais elevada no verão que no inverno.
toda a energia radiante que incide sobre eles. A maior parte dos sólidos . A quantidade total de radiação recebida em determinado local é
e dos líquidos comportam-se como corpos negros, mas os gasesnão. A também afetada pela duração do dia} A duraçã'Odo período de luz

~--
26 27

Equador em direção ao pólo Norte e diminui em direção ao pólo


Sul. Entre o Círculo Polar Ártico e o pólo Norte, o dia dura 24
horas. Durante o solstício de inverno do hemisfério Norte ocorre
o inverso. A duração do dia aumenta em direção ao pólo Sul, mas
diminui em direção ao pólo Norte. Também entre o Círculo Polar
Antártico e o pólo Sul, o dia dura 24 horas, enquanto em locais de
latitude semelhante no hemisfério Norte a duração da noite é de
24 horas.
Finalmente, a quantidade de energia solar interceptada pela
Terra está obviamente relacionada à energia total emitida no espaço
pelo Sol (isto é, o output solar). Como foi dito anteriormente, o output
solar não é constante, como fica evidenciado pelas ligeiras variações
v
10. de 1-2% no valor da constante solar. Essas variações estão provavel.
lJ
:J mente relacionadas ao ciclo das manchas solares, mas, pelo fato da
+- O
'';:
c
constante solar estar sujeita a erros de semelhante magnitude, nós
- 10. não podemos dizer com certeza se há ou não flutuações nos valores
da constante solar.
Os fatores acima, principalmente a distância e a altitude do Sol,
a duração do dia e o output solar produzem o padrão de recebimento
400
da energiasolar no topo da atmosfera, mostrado na Fig. 3.2. O Equador
tem dois máximos de insolação nos equinócios e dois mínimos nos
50 solstícios. As regiões polares recebem suas quantidades máximas de
insolação durante seus solstícios de verão, quando o dia é contínuo.
O padrão de distribuição da insolação é ligeiramente alterado
sobre a superfície terrestre, basicamente por causa do efeito da atmos-
fera. A atmosfera absorve, reflete, difunde e reirradia a energia solar.
Cerca de 18% da insolação é absorvida diretamente pelo ozônio e pelo
90.
S ~N FEV MAR ABR MAl ,",UN ,",UL. AGO ~ET OUT NOV DEZ
vapor d'água. O ozônio absorve toda a radiaçífoultravioleta abaixo de
meses 0,29 11m. A absorção da radiação pelo vapor d'água atinge o nível
Figura 3.2 - Variaçã'o diária da radiação solar no topo da atmdsfera em função mais alto entre 0,9 11me 2,1 11m.O COz absorv~radiação com compri-
da latitude, em langleys por dia (conforme Sellers,Physical Clima- mentos de onda maiores que 4 11m. A cobertura de nuvens impede a
tology, 1965). penetração da insolação. A quantidade de radiação refletida pelas
nuvens depende não somente da quantidade e da espessura das mesmas,
obviamente afeta a quantidade de radiaçã'orecebida. A duraçã'o do dia mas também do tipo de nuvem (ver a Tabela 3.1). Em média, aproxi-
varia com a latitude e com a estaçã'o. Nas proximidades do Equador, madamente 25% da radiação solar que atinge a Terra é refletida de volta
dias e noites são de duraçã'o quase igual durante o ano. A duraçífo do ~ espaço pelas nuvens. A radiação é também refletida pela superfície
dia geralmente aumenta ou diminui com o aumento da latitude, depen- f' .Terra.Novamente, os valores do albedo variam com o tipo de super-
dendo da estação. No verífo,por exemplo, a duraçã'odo dia aumenta do lCle(ver a Tabela 3.2). Em geral, superfícies secas ou de cores claras
--- -
-."" _. ,

~
,.J, E
.
el:'H~C
.
.' H}.,
. .";
I;.
,,,..,.,.,
JSJULI:..
'"'
~ . ~I
29
28

refletem mais radiação que superfícies úmidas. O albedo da maior diâmetros das partículas são maiores que os comprimentos de onda da
parte das superfícies varia com o comprimento de onda e com o ângulo radiação incidente. A difusão é, então, não-seletivae se dá para todos os
de incidência dos raios luminosos. A maioria dos tipos de solo e de comprimentos de onda.
vegetação, por exemplo, tem albedo muito baixo no ultravioleta,
aumentando no visível e no infravermelho. O maior albedo do gelo é,
todavia, cerca de 0,55 J.lm,com valores mais baixos tanto nos compri- Tabela 3.2 - Albedo de vários tipos de superfície.
mentos de onda mais curtos quanto nos mais longos (Sellers, 1965).
Albedo %
Raios luminosos verticais geralmente produzem albedo menor que os Superfície
raios oblíquos ou inclinados. Daí o albedo de uma dada superfície ser
14
elevado durante o nascer e o pôr-do-sol e baixo por volta do meio-dia. Solonegro e seco
8
Solo negro e úmido
7 - 20
Solonu
Areia 15 - 25
Tabela 3.1 - Albedo de vários tipos de nuvens (segundo Florestas 3 -10
Sellers, 1965; Barry e Chorley, 1976). 3 -15
Camposnaturais
20-25
Camposde cultivo secos
Tipo de nuvem Albedo % Gramados 15 - 30
Neverecém-caída 80
Cumulifonne 70 - 90 Nevecaída há dias ou há semanas 50 - 70
Cumulonimbus: grande e espessa 92 Gelo 50 - 70
Stratus (150 - 300 metros de espessura) 59 - 84 2- 4
Água,altitude solar> 40°
64 6 -40
Stratus de 500 metros de espessura, sobre o oceano Água, altitude solar 5 - 30°
14 - 18
Stratus fino sobre o oceano 42 Cidades
Altostratus 39 - 59
44 - 50
II Cirrostratus
Cirrus sobre o continente 36
Dois outros fatores que influenciam a distribuiçã'O da insolaçã'o
sobre a superfície da Terra são:
là insolação é difundida principalmente por moléculas de ar, 1. a distribuição das superfícies terrestres e aquáticas;
vapor d'água e partículas materiais dentro da atmosfer~ difusão pode 2. a elevação e aspecto das mesmas.
ser ascendente, em direçã'Oao espaço, ou descendente, em direção à
superfície da Terra. Cerca de 6% da radiação que atinge o topo da X terra e a água apresentam diferentes propriedades térmicas e
atmosfera é difundida para baixo e atinge a superfície como radiação reagem de modo diferente à insolação. A água se aquece e se resfria
difusa. Os comprimentos de onda mais curtos são afetados pela difusão mais lentamente que o sol~ssim, enquanto a água tem uma tendência
Rayleigh, que ocorre quando os diâmetros das partículas são menores de armazenar o calor que recebe, a terra, por outro lado, rapidamente
que os comprimentos de onda da radiação solar. A difusão Rayleigh o devolve à atmosfera. Estas diferenças nas propriedades térmicas das
aplica-se as partículas de raio menor que 10-1 À, principalmente às superfícies terrestres e aquáticas ajudam a produzir o que se chama de
moléculas de ar. O efeito de difusão Rayleigh é visto de maneira mais efeito de continentalidade, que será discutido no capítulo seguinte.
nítida quando a atmosfera está livre de partículas em suspensão. Então Elas são também responsáveis pelas brisas terrestres e marítimas verifi-
a luz do céu é de um azul brilhante. Por outro lado, quando há partí- cadas nas áreas costeiras e, em grande medida, são responsáveis pela
n
culas de poeira e neblina na atmosfera, a luz do céu é branca. Isto é atureza da monção asiática e por outros sistemas de ventos de monçã"o
(ver Capítulo 6).
devido ao efeito de difusão Mie (Mie scattering), que opera quando os

l,-
30 31

As superfícies terrestres e aquáticas comportam-se, por diversas


do), enquanto as vertentes voltadaspara o Norte (o ubac ou lado
razões, de maneira diferente com relaçã'Oà insolaçã'o. Em primeiro
ensombrado) permanecem cobertas por florestas.
lugar, o albedo da superfície terrestre é geralmente maior que o da A distribuição latitudinal anual média de insolação sobre a
superfície aquática. O albedo para as superfícies terrestres geralmente Terra é mostrada na Fig. 3.3. O gráfico indica que as maiores quanti-
varia de 8 a 40%, ao passo que, para uma superfície aquática em dades de insolação são recebidas nas zonas subtropicais, que apresentam
repouso, o albedo é geralmente menor que esses valores, apesar de que valoresligeiramente mais elevados do que a zona equatorial, com mais
pode ser superior a 50% quando o ângulo de elevaçã'Osolar é de aproxi-
nuvens. Os valores da insolação diminuem em direção ao pólo, atin-
madamente 15°. Em segundo lugar a superfície aquática é transparente,
de modo que os raios do sol podem penetrar mais profundamente nela gindo seu mínimo em torno das latitudes de 70-800N e de 60-70° no
hemisfério Sul. A distribuição anual de insolação sobre o globo, calcu-
do que na superfície terrestre, relativamente opaca. Em terceiro lugar, lada por Budyko, é mostrada na Fig. 3.4. Os valores mais elevados,
a transferência de calor na água se dá principalmente por convecçã'o, maiores que 200 K1y/ano são encontrados nos principais desertos do
um método mais eficiente e mais rápido de transferência de calor do mundo, onde até 80% da radiação solar incidente sobre o topo da
que o lento processo de conduçã'o, pelo qual o calor é transferido no atmosfera durante o ano atinge o solo. Valores menores que 100 K1y/
solo. Em quarto lugar, o calor específico da água é maior do que o da ano ocorrem acima da latitude de 40° (em direção aos pólos) sobre os
terra. A água deve absorver cinco vezes mais energia calorífica para oceanos e acima das latitudes de 50° sobre os continentes, assim como
elevar sua temperatura em nível igual ao de uma massa de solo seco em torno do Equador, na África Central.
semelhante. Também para iguais volumes de água e solo a capacidade
térmica da água excede de duas vezes a do solo. Finalmente, como a Q+q
180
água está sempre facilmente disponível para a evaporaçã'ona superfície
aquática, a evaporaçã'oaí é contínua, ao passo que sobre a terra a evapo- 160
raçã'o somente ocorre se o solo estiver úmido. Uma vez que a evapora- 140
çã'o é um processo de resfriamento que envolve a utilizaçã'o de energia, )o
ela deve ser considerada em qualquer comparaçã'o das propriedades ;t 120
térmicas das superfícies terrestres e aquáticas. o 100
A elevaçã'o e o aspecto da superfície terrestre exercem controle .<t
o
sobre a distribuiçã'o da insolaçã'o sobre a mesma, particularmente ~
o
80
numa microescala ou numa escala local. Os valores de insolaçã'Oem ~ 6
altitudes elevadas, sob céus claros, sã'o geralmente maiores que os veri-
ficados em lugares próximos ao nível do mar, no mesmo ambiente.
Isto porque a massa de ar menor sobre locais situados em elevadas 8O"N 6O"N 400N 200N 0° 200S 40'S 600S
LATITUDE
altitudes assegura menor interferência da atmosfera sobre a insolaçã'o.
O aspecto relaciona-se com a direçã'o para a qual uma dada vertente Figura 3.3 - Distribuiç!ro latitudinal
da insolação anual (conforme Sellers,
está voltada. Algumas vertentes estã'o mais expostas ao sol que outras. PhysicalClimatology. 1965).
Nas médias e altas latitudes, as vertentes voltadas para a direçã'Odos
pólos geralmente recebem menos radiação do que as vertentes voltadas
A distribuição dos valores de insolação de dezembro e de junho,
para o Equador. Nos vales alpinos da Europa, por exemplo, os estabe-
lecimentos humanos e os cultivos estão notadamente concentrados calculada por Budyko, é mostrada na Fig. 3.5. Em dezembro, os valores
de insolação sã'o mais elevados no hemisfério Sul que no hemisfério
sobre as vertentes voltadas em direção ao Sul (o adret ou lado ensolara- Norte, enquanto a situaçãO inversa ocorre em junho. Em dezembro os
J."I

32 33

100 00 60 40 20 o 20 40 60 80 100 1XJ 140 160 180


'IX) 80 60 40 XJ O 20 40 60 80 10) 120 1.0 160 180 160

Figura 3.5 (a) - Distribuição global da insolação em dezembro, em kg cal/cm2


Figura 3.4 - DistnbuiçA'o global da insolaçA'o anual, em kg cal/cm2 por ano (con- por mês (conforme Budyko, 1958).
forme Budyko, 1958).

valores mais elevados de insolação, acima de 18 kg cal/cm2, ocorrem na


África Meridional, na Austrália Central e na América do Sul. Excetuan-
do-se os valores relativamente altos que ocorrem sobre a zona de
savanas da África Ocidental e do SudlrO,os valores de insolação geral-
mente diminuem continuamente em direção ao pólo Sul. Além do
Círculo Polar Ártico a insolaçífo é zero, pois esta área está continua-
mente na escuridão. Em junho, as maiores quantidades de insolaçífo
ocorrem na zona subtropical do hemisfério Norte. Os valores de insola-
Çífo diminuem ligeiramente em direçífo ao pólo Norte, porém mais 6 ~ ~ 6
4 ~ o c/ 4
rapidamente em direçífo ao pólo Sul. Além do Círculo Polar Ártico,
2 2
os valores de insolaçlro sífo, aproximadamente, 14 kg cal/cm2. Por
XJ o XJ 40 60 80 100 120 140 16J 180 16J 140
outro lado, no hemisfério Sul, os valores de insolaçlro sífo menores
que 2 kg cal/cm2, acima da latitude de 400S. Durante esse período, a Figura 3.5 (b) - Distribuição global da insolação em junho, em kg cal/cm2 por
área situada além do Círculo Polar Antártico está continuamente na mês (conforme Budyko, 1958).
escurid1fo.

do Solé 6.000°C. Como foi mostrado pela lei de deslocamento de Wien,


Radiação terrestre apreSentada anteriormente, a maior parte da radiação emitida pela
Terra está na faixa espectral infravermelha de 4 J.lmaté 100 J.lm,com
[Ã superfície da Terra, quando aquecida pela abs°!lão da radiaçfO Um máXimoem torno de 10 J.lm. A radiaçífoterrestre é também cha-
solar, torna-se uma fonte de radiaç1fode ondas longa!:.-Atemperatura ~ada de radiação noturna, uma vez que ela é a principal fonte radiativa
média da superfície da Terra é somente 10°C, enquanto a temperatura e energia à noite. E importante notar, contudo, que a radiaçã'o infra-
J,'

32 33

100 ao 60 40 20 o 20 ~ 60 00 100 1~ 140 160 180


m w ~~~o ~~~oo~-~~-~
Figura 3.5 (a) - Distribuição global da insolação em dezembro, em kg cal/cm2
Figura 3.4 - DistribuiçA'o global da insolaçA'o anual, em kg cal/cm2 por ano (con- por mês (conforme Budyko, 1958).
forme Budyko, 1958).

valores mais elevados de insolação, acima de 18 kg cal/cm2, ocorrem na


África Meridional, na Austrália Central e na América do Sul. Excetuan-
do-se os valores relativamente altos que ocorrem sobre a zona de
savanas da África Ocidental e do Sud!fO,os valores de insolação geral-
mente diminuem continuamente em direção ao pólo Sul. Além do
Círculo Polar Ártico a insolação é zero, pois esta área está continua-
mente na escuridão. Em junho, as maiores quantidades de insolação
ocorrem na zona subtropical do hemisfério Norte. Os valores de insola-
Ção diminuem ligeiramente em direção ao pólo Norte, porém mais 6 ~ ~ 6
4 ~ o c/ 4
rapidamente em direção ao pólo Sul. Além do Círculo Polar Ártico,
2 2
os valores de insolaç!fo são, aproximadamente, 14 kg cal/cm2. Por
~ o 20 40 60 00 100 120 140 1tO 100 1tO 140
outro lado, no hemisfério Sul, os valores de insolaç!fo são menores
que 2 kg cal/cm2, acima da latitude de 400S. Durante esse período, a Figura 3.5 (b) - Distribuição global da insolação em junho, em kg cal/cm2 por
área situada além do Círculo Polar Antártico está continuamente na mês (conforme Budyko, 1958).
escurid!fo.

do Solé 6.000°C. Como foi mostrado pela lei de deslocamento de Wien,


Radiação terrestre apreSentada anteriormente, a maior parte da radiação emitida pela
Terra está na faixa espectral infravermelha de 4 J.Lmaté 100 J.Lm,com
[Ã superfície da Terra, quando aquecida pela abso~[o da radiaç!O Um máXimoem torno de 10 J.Lm.A radiação terrestre é também cha-
solar, torna-se uma fonte de radiaç!fode ondas 10nga~A temperatura :ada de radiação noturna, uma vez que ela é a principal fonte radiativa
média da superfície da Terra é somente 10°C, enquanto a temperatura e energia à noite. E importante notar, contudo, que a radiação infra-
34 35

vermelha nã'o é necessariamente terrestre, já que os constituintes atmos. aproximadamente 280 kg cal/cm2, por ano, descrescendo para menos
féricos também irradiam energia nos comprimentos de onda infra. de 150 kg cal/cm2 por ano em torno do pólo Norte e para menos de
vermelhos. Em segundo lugar, a radiaçã'o infravermelha ocorre tanto 120 kg cal/cm2 por ano no pólo Sul.
durante o dia quanto à noite. Ela é somente dominante à noite porque
a radiaçã'osolar é, entã'o, interrompida.
Admite-se comumente que a superfície da Terra emite e absorve 200
energia como um corpo cinza no comprimento de onda infravermelho, 180
de modo que o fluxo de radiação terrestre (I t) é dado pela equação da gCI 160
forma:
,!:! c. 140
o o
It = eaT4 ~ 11 120
~ ~ 100
onde e é a emissividade infravermelha, a é a constante de Stefan. .-
8 õc 80
ti CI ;e""o I atmo~fe"'o
Boltzmann e T é a temperatura absoluta da Terra. A capacidade de .S ~ 60
emissão infravermelha própria de várias superfícies sã'o dadas na Ta. '3 40
bela 3.3. A capacidade de emissão de um corpo negro é 1,0. A capa- 20
cidade de emissão infravermelha é equivalente à capacidade de absorção 90"8
60 30 o 30 60
infravermelha, isto é (1 - 0:1), onde 0:1 é o albedo infravermelho. 9QON
L.ATITUDE

Figura 3.6 - Distribuição latitudinal da radiação terrestre anual


(conforme Sellers,Phys~cal Climatology, 1965).
Tabela 3.3 - Capacidade de emissã'o infravermelha de
várias superfícies

Superfície Emissividade Radiação atmosférica

Água 92 - 96 Como o 8.010,a atmosfera ab,sorve ~ emiJ~ eJ1~rgiaradiante.


Neverecém-caída 82 - 99,5 Embora a atmosfera seja quase transparente à radiaçã'o em ondas
Areia seca 89-90
cürtas, ela apresenta alta capacidade de absorção d~r:lc1i:lção infra-
Areia úmida 95
Solo nu e úmido 95 - 98 V~lhà./ Os pililcipais absorventes da radiaçã'o infravermelha dentre
os constl1uintes da atmosfera são o vapor d'água (5,3 101ma 7,7 101me
Deserto 90 - 91
Pradaria secade montanha 90 além de 20 101m),o ozônio (9,4 101ma 9,8 101m),o bióxido de carbono
Mata de arbustos 90 (13,1 101ma 16,9 101m)e as nuvens, que absorvem radiação em todos os
Floresta 90 comprimentos de onda. Enquanto a atmosfera absorve somente 24%
Pelehumana 95 da radiação solar que atinge a Terra, que é de ondas curtas, somente
9% da radiação terrestre infravermelha é liberada diretamente no
espaço, principalmente através da chamada janela atmosférica, consti-
A distribuiçã'o latitudinal média da radiaçã'o terrestre infraver- tuída de comprimentos de onda na faixa de 8,5 101m- 11,0 101m. Os
melha é mostrada na Fig. 3.6. Os valores mais elevados de radiaçãO 91% restantes sã'oabsorvidos pela atmosfera. Esta capacidade da atmos-
terrestre infravermelha aparecem nas baixas latitudes, onde são de fera à radiação infravermelha em relaçã'o à sua transparência à radiaçã'o

l....... L
36 37

de ondas curtas é geralmente chamada de efeito de estufa. Em outras Tabela 3.4 - Disposição global da radiação solar incidente
palavras, a atmosfera age cO}1loo vidro numa estufa, admitindo a radia- no topo da atmosfera durante um ano médio,
ção solar, mas não permitindo que a radIâdo terrestre salaparãcrespaço. em Kly/ano (segundo Sellers, 1965).
A atmosfera reirradia a radiação terrestre e solar absorVIaa,em parte
para o espaço e em parte de volta para a superfície terrestre (contra- Energia solar incidente no topo da atmosfera 263
radiação). As nuvens são radiadores particularmente eficazes que agem Refletida pelas nuvens 63
Refletida por moléculas, poeira e vapor d'água 15
como corpos negros. A nebulosidade e a temperatura das nuvens mais 78
Total refletido pela atmosfera
altas podem, assim, ser mapeadas por satélites que usam sensores Reflexão da superfície da Terra 16
infravermelhos, tanto de dia quanto à noite. O resfriamento radioativo Total refletido pelo sisteina superfície-atmosfera 94
das camadas das nuvens é estimado em cerca de 1,5°C por dia (Barry e Absorvido pelas nUVl'ns 7
Chorley, 1976). Acredita-se que sem a contra-radiação atmosférica, a Absorvido por moléclllas, poeira e vapor d'água 38
Total absorvido pela atmosfera 45
superfície da Terra seria 30 -40°C mais fria do que é agora. 124
Absorvido pela superfície da Terra
Total absorvido pelo sistema superfície-atmosfera 169

Balanço de radiação
Tabela 3.5 - Disposição global da radiação infravermelha
z'Balanço de radiação significa a diferença entre a quantidade de no sistema superfície-atmosfera, durante um
radiação que é absorvida e emitida por um dado corpo ou superfíci~ ano médio, em Kly/ano (segundo Sellers,
Em geral, o balanço de radiação na superfície terrestre é positivo 1965).
de dia e negativo à noite. Também no decorrer do ano como um todo,
o balanço de radiação na superfície da Terra é positivo, enquanto o da Radiação infravermelha emitida pela superfície terrestre 258
atmosfera é negativo. Para o sistema Terra-atmosfera como um todo, Liberada no espaço 220
Absorvida pela atmosfera 238
o balanço é positivo entre as latitudes de 300S e 400N, e negativo no 355
Radiação infravermelha emitida pela atmosfera
restante. Esses padrões de balanço de radiação têm implicações na Liberada no espaço 149
circulação geral da atmosfera, como será discutido posteriormente Absorvida pela superfície terrestre como contra-radiação 206
(Capítulo 5). Radiação efl'tiva que sai da superfície terrestre 52
A equação do balanço de radiação é da forma: Radiação eft'tiva que sai da atmosfera 117
Radiação efl'tiva que sai do sistema superfície~tmosfera 169

R = (Q +q)(l-a) +I.-It

onde R é o balanço de radiação e a radiação líquida, (Q + q) é a soma a radiação efetiva que sai do sistema superfície-atmosfera é de 169
da radiação solar direta ou difusa incidente sobre a superfície da Terra, Kly por ano. Is&osignifica que para o sistema superfície-atmosfera, o
a é o albedo superficial, I. a contra-radiação da atmosfera e I t é a balanço de radiação ou radiação líquida é zero (ver Tabela 3.6). A
radiação terrestre. A energia solar incidente sobre o topo da atmosfera atmosfera absorve 45 Kly de energia por ano, enquanto a radiaçã'o
da Terra é de cerca de 263 Kly por ano. Somente 169 Kly de energia ef~~va que sai da atmosfera é 117 Kly. Isso deixa um balanço de
são absorvidos pelo sistema superfície-atmosfera, sendo os 94 Kly radiação negativo de 72 Kly. Para a superfície da Terra o balanço é
restantes refletidos de volta para o espaço. Este total constitui cerca POsitivoe chega a 72 Kly. Embora o balanço de radiação médio durante
de 36% da energia total incidente no topo da atmosfera terrestre e é o ano seja - 72 l(ly, 72 Kly e zero para a atmosfera, para a superfície e
chamado de albedo planetário. Como é mostrado nas Tabelas 3.4 e 3.5, para o sistema superfície-atmosfera, respectivamente, há variações

L
38 39

Tabela3.6 - Balanço de radiação durante um ano médio, em K1y/ Acima de 40° de latitude, o déficit radiativo da atmosfera ultra-
ano.
passa o excedente da superfície, de modo que o balanço radiativo do
sistema superfície-atmosfera, nessas áreas, é negativo. Ao contrário,
ganho perda total líquido
nas baixas latitudes, em direção ao Equador, abaixo da latitude de 40°,
o balanço radiativo global é positivo. Para não permitir que os trópicos
Superfície terrestre 124 52 72
45 117 -72
se tornem mais quentes e os pólos mais frios, há uma transferência
Atmosfera
Superfície-atmosfera 169 169 O meridional de energia das latitudes baixas para as médias e altas latitu-
des. Esta troca horizontal de calor sobre a superfície da Terra é provo-
cada também, em parte, pelo aquecimento diferencial dos continentes
e oceanose ocorre principalmente através da:
sazonais e anuais em qualquer zona latitudinal considerada. Comd é
mostrado na Fig. 3.7, a atmosfera é, de maneira uniforme, uma depres. 1. transferência de calor sensível em direção aos pólos, pela circulação
são radiativa em todas as latitudes, enquanto a superfície terrestre é atmosférica e pelas correntes oceânicas das baixas latitudes;
uniformemente uma fonte de calor, exceto próximo aos pólos. Para 2. liberação do calor latente quando o vapor d'água, levado das baixas
que a superfície da Terra não se aqueça e a atmosfera não se esfrie, latitudes em direção aos pólos, se condensa na atmosfera.
é transferida energia excedente da superfície da Terra para a atmosfera
a fim de que o déficit desta seja reposto. Esta troca vertical da energia Portanto, temos dois modos para a transferência de calor dentro
OCOrreprincipalmente por: do sistema superfície-atmosfera: da superfície terrestre para a atmos-
1. evaporação da água da superfície terrestre e condensação do vapor fera e do Equador para os pólos. Esta transferência é a raison d'être
na atmosfera para liberar o calor latente; da circulação geral da atmosfera e deve ocorrer de tal forma que
2. condição de calor sensível da superfície terrestre para a atmosfera; nenhuma parte do sistema superfície-atmosfera se aqueça ou se esfrie
3. convecção, isto é, difusão turbulenta de calor da superfície terrestre, de maneira significativano período de um ano. A magnitude do fluxo
na atmosfera. de aquecimento meridional necessária para manter esse equiHbrio é
120 mostrada na Fig.3.8. Como se vê nesse diagrama, o fluxo de aqueci-
mento meridional é mais alto entre as latitudes 40° e 50° em cada
-° 100
c hemisfério,e é ligeiramente mais alto no hemisfério Norte.
o 80
..
& 60
....
40
~
DI o balanço de energia da Terra
c 20
o Excesso
:2
'3 Balanço de energia é um conceito usado na c1irnatologiapara
G
o -20
relacionar o fluxo de radiação líquida à transferência de calor latente
'õ e de calor sensível,entre outros, na equação sob a forma:
c~ -40
: -60 ~Ra--- = LE + H + G + Âf + P
'O
o
x
-80 ---[ b-' , ..."'~ -' --- '-'---- ~
'- --
R
~
~ -100
9O"N 00 ;>t) 60 50 40 30 2) 10 o 10 20 30 40 50 60 ;>t) 80 9O"S onde R é o balanço de radiação ou radiação líquida, LE é o calor
LATITUDE
latente da evaporação, H é o calor sensível, Âf é a advecção horizontal
Figura 3.7 - Distribuição latitudinal do balanço de radiação total de valor pelas correntes, G é o calor transferido para dentro ou
(conforme Sellers, Physical Climatology, 1965). para fora da armazenagem e P é a energia usada para a fotossíntese.

~
40 41

Valores latitudinais médios dos componentes da


A quantidade de energia usada para a fotossíntese é muito pequena Tabela3.7 - equação do balanço de energia da superfície terrestre,
(cerca de 5% da radiação líquida). Sobre as superfícies continentais,
!:if é desprezível por ser muito pequeno, enquanto na equação de em Kilolangleys por ano (segundo Sellers, 1965).
balanço térmico anual o termo de armazenamento de calor pode ser Teu..
Oceanos Continentes
negligenciado ou considerado constante. Isto acontece porque o calor Zona R LE H R LE H li!
armazenado na primavera e no verão é liberado no outono e no inverno. Latitudinal R LE HÃ!

Igualmente, o calor armazenado de manhã e no começo da tarde é -9 3 -10 -2


perdido no fInal da tarde e à noite. Deste modo, para os oceanos a 80 - 900N 1 9 -1 -7
equação do balanço de energia pode ser escrita: -
70 800N
14 6 21 20 10 -9
-
60 700N 23 23 16 -26 20
28 14 -12
-
50 600N 29 39 16 -26 30 19 11 30
38 17 -7
R =LE+H+Ãf -
40 500N 51 53 14 -16
-16
45
60
24
23
21
37
48
73 59 24 -10
30 - 400N 83 86 13
e para as superfícies continentais pode ser escrita: 20- 300N 113 105 9 -1 69 20 49 96 73 24 -1
10- 200N 119 99 6 14 71 29 42 106 81 16 9
R=LE+H. O- 100N 115 90 4 31 72 48 24 105 72 11 22

...
-
O 900N 72
105
55
76
16
10
1
19
.,Q O-100S 115 84 4 27 72 50 22
1'2 '" 10- 200S 113 104 5 4 73 41 32 104 90 11 3
,.
...
1'0 Ct 20- 300S 101 100 7 -6 70 28 42 94 83 16 -5
0'8 ii,
'" 30- 400S 82 80 8 -6 62 28 34 80 74 11 -5
o n 41 21 20 56 53 10 -7
u 0'6 õ' 40 - 500S 57 55 9 -7
~ 50- 600S 28 31 10 -13 31 20 11 28 31 11 -14
a.
. Ct
10 11 -8
51 Ct 60 - 700S 13
'" -2 3 -4 -1
.!! Ct
., 70- 800S
Q 80- 900S -11 O -11 O
õ'
O- 900S 72 62 11 -1
-8 -1'6 1$. Globo 82 74 8 o 49 25 24 72 59 13 O
o -2" -0'6 ~

I~ -3'2 -0'8
e
to a
Qj -4'0
.... -1'0 [ enquanto a Tabela 3.8 mostra o balanço de energia anual dos oceanos
~ ..4-8
oto -+2 e dos continentes. Tanto no oceano como no continente, os maiores
~ -H
9O"N80 70 60 50 ~ 30 20 10 O 10 3) 30 «I 50 «) 70 ao 90"$ valores de radiação líquida são encontrados nos trópicos. Nas baixas
Latitude latitudes, os valores de radiação líquida sobre os oceanos são mais
elevados do que os que se verifIcam sobre as superfícies continentais.
Figura 3.8 - Magnitudedo fluxo meridional de calor a fim de manter o equilí- Isto acontece por causa do albedo relativamente elevado da superfície
brio da circulação geral da atmosfera (conforme Sellers,PhysicaI
Qimatology, 1965). terrestre nessa área e pelo fato das áreas terrestres nessa zona serem pre.
dOminantementedesérticas,com pouca ou nenhuma cobertura de nuvens.
A radiaç1fosolar absorvida nessa zona é, portanto, menor que a radiação
A Tabela 3.7 mostra os valores latitudinais médios dos compo- efetiva liberada, e é maior sobre os continentes do que sobre os ocea.
nentes da equação do balanço de energia para a superfície terrestre nos. Acima de 50° de latitude, em ambos os hemisférios, os valores de
I

L
43
42

radiação líquida sobre as superfícies continentais e oceânicas são quase O fluxo de calor sensível ou troca turbulenta de calor aumenta
os mesmos. Isso porque nessas regiõeso albedo da superfície oceânica é do Equador para os pólos sobre os oceanos. Ao contrário, o fluxo de
relativamente alto, devido à baixa altitude. Próximo aos pólos a calor sensível das superfícies continentais é maior nas zonas sub-
radiação líquida é negativa, uma vez que a radiação efetive que sai tropicais .e dimmui tanto em direção aos pólos quanto em direção ao
excede a pequena quantidade de radiação absorvida pelas superfícies Equador. Acima da latitude de 700 há um fluxo descendente ou nega-
altamente reflexivas cobertas de gelo e de neve. Quanto à Terra ~m seu tivo de calor sensível, porque a superfície da Terra geralmente é mais
conjunto, a radiação líquida é cerca de 70% maior sobre os oceanos fria dI..'que o ar sobre ela. Para a Terra como um todo, a transferência
do que sobre os continentes (Sellers, 1965). de calor sensível das áreas continentais supera a dos oceanos por um
Nos continentes, o fluxo de calor latente (LE) é mais alto no fator de três (Sellers, 1965).
Equador e geralmente diminui em direção aos pólos. Porém, o fluxo Na Tabela 3.8 vemos que 90% da radiação líquida dos oceanos
de calor latente sobre os oceanos é mais elevado nos subtrópicos entre é usada para evaporar a água e os 10%restantes são usados para aquecer
as latitudes de 10° e 30° e diminui tanto em direção ao Equador quanto o ar pela condução e convecção. Em contraste, o fluxo de calor latente
em direção ao pólo. O fluxo de calor latente sobre os oceanos é geral. e o fluxo de calor sensível são formas igualmente importantes de perda
mente duas vezes ou mais elevado do que sobre o continente, onde de calor nos continentes. Para a Terra no seu conjunto, o fluxo de calor
existe menor quantidade de água para evaporar. Para a Terra como um latente é responsável por 82% da radiação líquida e a troca turbulenta
todo, as taxas de evaporação dos continentes ~o, apenas, cerca de um de calor é considerada como sendo 18%.
terço das dos oceanos. Os valores latitudinais médios dos componentes do balanço de
calor, mostrados na Tabela 3.7, e os valores médios dos componentes
do balanço térmico para os continentes e oceanos, mostrados na
Tabela 3.8 - Balanço de energia anual dos ocenos e dos continentes em Tabela 3.8, mascaram grandes variações espaciais que somente podem
Kilolangleys por ano (segundo Sellers, 1965). ser vislumbradasnos mapas-múndi. As distribuições globais de radiação
líquida anual, de fluxo de calor latente e de fluxo de calor sensível são
Área R LE H t::.f H/LE apresentadasna Fig. 3.9. A Fig. 3.9(a) mostra que:
1. os valores de radiação líquida anual são mais elevados nas baixas
Europa 39 24 15 O 0.62
Asia
latitudes e decrescem em direção aos pólos, a partir da latitude de
47 22 25 O 1.14
Américado Norte 40 23 17 O 0.74 250;
Américado Sul 70 45 25 O 0.56 2. os valores de radiação líquida são pouco mais elevados nos oceanos
África 68 26 42 O 1.61 do que nos continentes, nas mesmas latitudes, principalmente por
Austrália 70 22 48 O 2.18
Antártica causa da maior absorção da radiação sobre os oceanos e da menor
-11 O -11 O
Todos os continentes 49 25 24 O 0.96 quantidade de radiação que é liberada;
3. os valores de radiação líquida são bem inferiores nas áreas continen.
Oceano Atlântico 82 72 8 2 0.11
Oceano fndico 77 0.09
tais áridas do que nas áreas continentais úmidas, por causa da maior
85 7 1
OceanQPacífico 86 78 8 O 0.10 quantidade de radiação perdida em áreas continentais áridas sob
OceanoÁrtico -4 5 -5 -4 -1.00 c~usrelativamente limpos.
Todos os oceanos 82 74 8 O 0.11
HemisférioNorte 72 55 16 1 0.29 IatenteAse Figuras
de calor3.9(a) e 3.9(b)
sensível mostram que
são distribuídos de ambos os fluxos sobre
modo diferente de calor
as
HemisférioSul 72 62 11 -1 0.18 superfícies continentais e oceânicas. O fluxo de calor latente é mais
Globo 72 59 13 O 0.22
elevado sobre as superfícies oceânicas e nas baixas latitudes, onde ele

.......
44 4S

ultrapassa 120 K1y por ano. Ele atinge seu nível mínimo nas áreas
áridas, onde há pouca energia disponível. A mais considerável troca de
calor sensível ocorre nos desertos tropicais, onde mais de 60 Kly por
ano são transferidos para a atmosfera. A mais baixa quantidade ocorre
nas áreas de correntes frias, onde há calor sensível negativo, visto que
I1111
as massas de ar quente continentais movem-se ao longo das correntes
frias, transferindo energia para os oceanos (Barry e Chorley, 1976).

Figura3.9(c) - Distribuição global do fluxo de calor sensível, em kg cal/cm2


por ano (conforme Budyko, 1958).

Por causa da escassez de dados de radiação sobre a maior parte


do mundo, temos de confiar nas estimativas derivadas do uso de várias
fórmulas.Embora os satélites forneçam atualmente uma visão geral da
.2°--.......
troca de radiação no sistema Terra-atmosfera, algumas dúvidas estão
~ 20 ° :.D «J tO 60 100 120 WJ 160 16) 1tO 140 1:.D 100
ainda para ser solucionadas. Na seção seguinte, a medição de radiação
Figura 3.9(a) - Distribuição global da radiação líquida anual, em kg cal/em' serábrevemente discutida. A medição de vários componentes da equa.
por ano (conforme Budyko, 1958). ção do balanço de radiação é necessária para um mapeamento mais
detalhado e preciso da distribuição desses parâmetros sobre a superfí-
cie da Terra ou sobre uma parte dela. O mapeamento mais detalhado
doscomponentes do balanço de radiação em nível regional ou zonal é 1III

ainda baseado em valores estimados, derivados de várias equações


empíricas.Tais mapas, embora detalhados, não podem ser considerados III~I

mais precisos que os mapas de distribuição global destes parâmetros,


quesão freqüentemente baseados em medições reais.

Medição da radiação

Muitos instrumentos podem ser usados para medir os componen-


tes do balanço de radiação, mas geralmente são de elevado custo se
o 20 ~ tO ao 100 120 140 160
comparados aos instrumentos meteorológicos mais comuns, tais como
Figura 3.9(b) - Distribuição global do fluxo de calor latente anual, em o termômetro ou o pluviômetro. Há cinco tipos básicos de instrumentos
kg cal/cm2 por ano (conforme Budyko, 1958). paramedir a radiação:

~...
46 47

1. pireliômetros, que medem a intensidade solar, isto é, a radiação solar 'Tabela3.9 - Medição de alguns componentes da radiação com instru-
mentos usados à sombra e expostos ao sol.
de raios diretos, em incidência normal. Estes são de elevado custo
porém são os mais precisos de todos os instrumentos de medid~
da radiação. Por isso são usados como padrões de calibração; Piranômetro Pirradiômetro Radiômetro líquido
2. piranômetros, que medem a radiação total, em ondas curtas vindas
do céu, incidente numa superfície horizontal na Terra; R
Expostoao sol Q + q Q+q+lt
3. pirgeômetros, que medem a radiação infravermelha; R-Q
A sombra q q + It
4. pirradiômetros, que medem ao mesmo tempo a radiação infraver- Q Q Q
melha e a radiação solar; ExPosto-sombra

5. radiômetros
de radiação. líquidos, que medem a radiação líquida ou o balanço
Q. radiação de raios solares diretos; q, radiação difusa; It. radiação registrada
Alguns desses instrumentos medem diferentes parâmetros quando na atmosfera; R. radiação líquida.
estão à sombra, como é indicado na Tabela 3.9. Portanto, é possível
medir a intensidade solar usando-se dois piranôme,tros um à sombra
e o outro exposto ao sol, ou alternadamente, mantendo ora à sombra
ora ao sol um único piranômetro. O pirradiômetro ou o radiômetro é coberto por uma camada escura de cobre, enquanto um reservatório
líquido podem ser usados de modo semelhante para obter os valores de álcool et11ico puro no interior da esfera é aberto para a bureta,
da radiação solar de raios diretos em uma superfície horizontal (Q). através de um pequeno tubo capilar (ver Fig. 3.10). Conforme a esfera
A intensidade solar (Qn) pode então ser obtida dividindo-se Q pelo de interior escuro absorve radiação e é aquecida, uma parcela do líqui-
co-seno do ângulo do zênite solar. O albedo, capacidade de reflexão do evapora-se,para somente se condensar de novo no fundo da bureta.
de uma dada superfície, pode também ser medido, usando-se dois A quantidade de líquido destilado num dado momento está direta-
piranômetros, um dos quais voltado para baixo, ou com um único mente relacionada à quantidade de radiação solar absorvida. O instru-
piranômetro, o qual é invertido periodicamente. O piranômetro voltado mento, que é colocado numa abertura no- solo, com o vidro esférico
para cima registrará a radiação solar total (Q + q), enquanto o piranô- exposto à insolação, pode ser lido de hora em hora ou diariamente.
metro voltado para baixo regis~rasomente a radiação (Q + q) 0:.O albedo Após cada leitura, o instrumento é reajustado, invertendo-se o mesmo
é, então, obtido tirando-se a média das duas leituras. Portanto, os de tal maneira que o álcool possa retornar para o reservatório.
piranômetros são muito úteis e versáteis. Além de medir a radiação O registrador de luz solar CampbeIl-Stokes é usado para medir
solar total que incide numa superfície horizontal, podem ser usados a duração do período do dia com luz (ou insolação). Ele consiste de
para medir a radiação solar total que incide numa superfície inclinada, uma esfera de vidro que dirige os raios do sol para um cartão sensível
a intensidade solar, o albedo e a radiação celeste difusa (q). graduado em horas e preso numa meia bola de metal, com a qual a
esfera se mantém concêntrica. Este instrumento é geralmente montado
Pelo fato desses instrumentos de medida de radiação serem
sofisticados e de custo elevado, geralmente não são usados na maior nUm pilar de concreto de aproximadamente 1,5 metro de altura do
solo. A luz brilhante do sol queima uma trilha ao longo do cartão
parte dos trópicos. Em vez disso, a insolação nestas áreas é freqüente-
mente calculada usando-se o integrador de radiação Gunn BeIlani sensível, enquanto os períodos nublados ficam em branco. A duração
ou o registrador de luz solar CampbeIl-Stokes.O integrador de radiação total dos períodos ensolarados de um dia é obtida medindo-se o com-
primento total do traço marrom no cartão. Valores de insolação estão
Gunn BeIlani pode ser descrito como um tipo esférico de piranômetro.
Ele tem duas esferas de vidro concêntricas, montadas na extremidade intimamente relacionados com a duração de períodos ensolarados
de uma bureta graduada em milímetros, até 40 mI. O interior da esfera e podem ser calculados usando-se uma equação de regressão da forma:

L
48 49

Q = Qo(a + bn/N) (ver, por exemplo, Davies, 1966; Ojo, 1970). Equações empíricas
semelhantesexistem em grande número para calcular valores de radia-
onde Q é a insolação medida, Qo é a insolação possível, isto é, a radia. çãOlíquida (Penman, 1948). A confiabilidade desses cálculos é, con-
ção incidente no topo da atmosfera, que se pode obter das Tabelas tUdo,questionável, particularmente quando equações obtidas em uma
Meteorológicas Smithsonianas, n é a duração medida do período de área são usadas em outras. Portanto, tais cálculos devem ser tratados
brilho solar e N é a duração possível (ou máxima) do período de brilho com cuidado.(A rede de estações que medem a radiação, atualmente
solar, que se pode obter nas Tabelas Meteorológicas Smithsonianas existente no mundo, de modo particular nos trópicos, necessita ser
(Smithsonian Meteorological Tables). consideravelmente aperfeiçoada, em vista do importante papel da
radiação em nosso ambiente climático e biótico, e como principal
fonte de energiapara o uso do homem:'?
Tubo capi lar-
Reser-vatór-io
de álcool Esfer-a de cobr-e
enegr-ecida Referências Bibliográficas
Esfer-a de vidro
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i
!jj

Figura 3.10 - O integrador de radiação Gunn-Bellani.

A equação acima tem sido usada por vários autores para calcular e
mapear os valores de radiação solar de vários países e regiões do mundo

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