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PROJETO POLÍTICO-PEDAGOGICO: construindo a cidadania.

PEIXOTO, Brustello
Giselle. CAÇÃO, Maria Izaura. UNESP – Faculdade de Filosofia e Ciências, Campus
de Marília. PROGRAD.

Ao se pensar na construção de um projeto político-pedagógico primeiramente


torna-se importante a reflexão das reais finalidades da escola e de seu papel social, bem
como a análise do contexto externo, ou seja, do meio no qual a escola está inserida e
suas interações, pois, apesar de as escolas públicas fazerem parte de um mesmo sistema,
composto de regras e normatizações, cada uma possui suas particularidades.
Desse modo, cada escola, mediante seu projeto político-pedagógico,

[...] explicita os fundamentos teórico-metodológicos, os objetivos, o


tipo de organização e as formas de implementação e avaliação da
escola. As modificações que se fizerem necessárias resultam de um
processo de discussão, avaliação e ajustes permanentes do projeto
pedagógico (VEIGA, 1998, p. 13).

De acordo com Veiga (2000, p. 11), o projeto político-pedagógico é “[...]


entendido como a própria organização do trabalho pedagógico da escola como um
todo”. Sendo assim,

[...] o projeto político-pedagógico vai além de um simples


agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O projeto
não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado
às autoridades educacionais como prova de tarefas burocráticas. Ele é
construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os
envolvidos com o processo educativo da escola (VEIGA, 2000, p. 13).

Pelo fato de servir de referência ao trabalho docente e atuar como o articulador


do currículo, o projeto político-pedagógico é algo inacabado, em constante construção,
pois seus elementos são todos mutáveis, uma vez que as relações sociais, seus membros
e as circunstâncias mudam. Então, torna-se indispensável a realização de avaliações
contínuas para verificar se há necessidade de mudanças, de alteração de rumos, bem
como se os objetivos propostos pelo projeto estão sendo atingidos.
Um aspecto importante para o bom funcionamento do projeto político-
pedagógico é a autonomia da escola. Quando ela é construída, possibilita à escola o
delineamento da sua identidade, diminuindo sua dependência.

Para ser autônoma, a escola não pode depender somente dos órgãos
centrais e intermediários que definem a política da qual ela não passa
de executora. Ela concebe sua proposta pedagógica ou projeto
pedagógico e tem autonomia para executá-lo e avalia-lo ao assumir
uma nova atitude de liderança, no sentido de refletir sobre as
finalidades sociopolíticas e culturais da escola (VEIGA, 1998, p. 15).

De acordo com a LDB, artigo 22, “a educação básica tem por finalidades
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores” (BRASIL, 1996). Portanto, a educação tem como principal meta a
formação do cidadão, do humano, que atue e transforme realmente a sociedade da qual
faz parte. Cabe à escola, por meio da elaboração coletiva e efetiva execução do projeto
político-pedagógico, definir qual o tipo de cidadão deseja formar; definindo sua visão
de homem e de sociedade.
De acordo com Pimenta (1993),

Formar o novo cidadão (o cidadão necessário) no aluno significa


formá-lo com capacidade para ter uma inserção social crítica/
transformadora [...]. Assim, educar na Escola significa ao mesmo
tempo preparar as crianças e os jovens para se elevarem ao nível da
civilização atual – para aí atuarem. Isto requer uma preparação
científica, técnica e social (p. 78–79).

Deste modo, a finalidade da escola é possibilitar que os alunos adquiram


conhecimentos científicos, tecnológicos e atitudes sociais para poderem atuar na
sociedade de forma crítica e transformadora, e é por meio do projeto político-
pedagógico que a unidade escolar poderá definir o tipo de educação a ser oferecida aos
seus alunos, para que estes possam atuar de maneira a transformar a sociedade em que
vivem.
Na apresentação da obra “Educação para além do capital”, Jinkings salienta que
Mészáros (2005):
[...] sustenta que a educação deve ser sempre continuada, permanente,
ou não é educação. Defende a existência de práticas educacionais que
permitam aos educadores e alunos trabalharem as mudanças
necessárias para a construção de uma sociedade na qual o capital não
explore mais o tempo de lazer, pois as classes dominantes impõem
uma educação para o trabalho alienante, com o objetivo de manter o
homem dominado. Já a educação libertadora teria como função
transformar o trabalhador em um agente político, que pensa, que age,
e que usa a palavra como arma para transformar o mundo. Para ele,
uma educação para além do capital deve, portanto, andar de mãos
dadas com a luta por uma transformação radical do atual modelo
econômico e político hegemônico (JINKINGS in: MÉSZÁROS,
2005, p. 12).
Assim, para Mészáros o ato de educar não é a transferência de conhecimentos,
conteúdos, mas sim a construção e libertação do ser humano para além do capital, ou
seja, para além de um sistema que privilegia o lucro, o poder e que defende seus
próprios interesses. A tarefa educacional, portanto é a de uma transformação social,
ampla e emancipadora, a de uma educação que não deva qualificar para o trabalho, mas
para a vida.
Diante desses pressupostos coloca-se a questão fundamental: para que sociedade
se quer educar?

Para sabermos que escolas precisamos construir, que cidadãos


queremos formar, nós temos que saber para que sociedade estamos
rumando. Definido o tipo de sociedade que queremos construir,
discutiremos qual a concepção de educação correspondente. A
educação é direito de todos e não deve se constituir em um serviço,
uma mercadoria, sendo transformada num processo centrado na
ideologia da competição e da qualidade para poucos (VEIGA, 1998, p.
19).

É preciso considerar, então, que a escola é composta por diversos agentes, é uma
comunidade específica, formada por educadores, educandos, pais e a comunidade que a
circunda, dentro de uma sociedade maior. Ora, a comunidade escolar está inserida num
processo histórico dinâmico, o que torna cada escola diferente das outras e todas
diferentes entre si, porém com mesmos objetivos: “a educação básica deve estar
alicerçada nas múltiplas necessidades humanas. Trata-se de um processo articulador das
relações sociais, culturais e educacionais (VEIGA, 1998, p. 20)”.
Buscando verificar como o projeto político pedagógica está sendo enfocado nas
escolas públicas, está sendo desenvolvida pesquisa participante, por meio do Núcleo de
Ensino de Marília, em uma Escola Estadual de Marília que atende alunos da 5ª a 8ª série
do ensino fundamental e alunos do 1º e 2º ano do ensino médio, com os seguintes
objetivos:

1) Diagnosticar a situação e o lugar ocupado pelo Projeto Político-


Pedagógico em escola pública do município de Marília; 2) Levantar e
categorizar as concepções e os principais problemas enfrentados pela
escola durante o processo de planejamento e de construção do seu
Projeto Político-Pedagógico; 3) Confrontar os princípios norteadores e
as metas priorizadas pela escola aos objetivos eleitos pelo Projeto
Político-Pedagógico; 4) Diagnosticar os principais entraves, fatores e
situações dificultadoras à plena consecução, desenvolvimento e
avaliação do projeto educativo da escola; 5) Analisar o processo de
execução e de avaliação das ações e metas propostas; 6) Realizar
ações planejadas com a equipe escolar, visando a alternativas de
práticas que melhor contemplem os princípios e objetivos traçados
pelo Projeto Político-Pedagógico (CAÇÃO, 2006, p. 1).

Como procedimentos metodológicos, além de pesquisa bibliográfica e


documental, são realizadas observações das reuniões pedagógicas; observação e
participação nas reuniões de HTPC – Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo;
entrevistas com diretor, vice-diretor, coordenadores pedagógicos; professores, alunos e
pais, para que se possa conhecer suas expectativas e avaliação acerca do trabalho
desenvolvido na e pela escola partícipe e definir coletivamente ações de intervenção.
A pesquisa visa categorizar e trabalhar em conjunto com o coletivo escolar as
concepções, princípios norteadores e problemas enfrentados pela escola parceira em seu
processo de elaboração, desenvolvimento e avaliação do projeto político-pedagógico.
O primeiro contato com os membros da unidade escolar pesquisada se deu nas
Reuniões de Replanejamento Anual em julho de 2007. Na pauta estava prevista, entre
outros assuntos, a apresentação, discussão e análise do Plano Gestão.
Foi possível perceber que a elaboração do Projeto Político-Pedagógico da escola
pesquisada está de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei
federal n° 9394 de 20 de dezembro de 1996, que regulamenta, nos artigos 12, 13 e 14,
que é responsabilidade de todos os integrantes da unidade escolar a elaboração,
execução e avaliação do projeto político-pedagógico. (BRASIL, 2009). Como afirma
Veiga: “a legitimidade de um projeto político-pedagógico está devidamente ligada ao
grau e ao tipo de participação de todos os envolvidos com o processo educativo da
escola, o que requer continuidade de ações (1997, p. 14)”.
Pode-se afirmar que os objetivos contemplados pelo projeto político-pedagógico
em estudo estão de pleno acordo com as idéias de Pimenta (1993) e de diversos autores.

1. Melhorar a qualidade do ensino, motivando e efetivando a


permanência do aluno na Escola, evitando a evasão;
2. Criar mecanismos de participação que traduzam o compromisso de
todos na melhoria da qualidade de ensino e com aprimoramento do
processo pedagógico;
3. Promover a integração escola-comunidade;
4. Permitir ao aluno exercitar a cidadania a partir da compreensão da
realidade, para que possa contribuir em sua transformação;
5. Criar condições para que todos os alunos desenvolvam suas
capacidades e tenham acesso aos conhecimentos para que possam
intervir na sociedade;
6. Atuar no sentido do desenvolvimento humano e social tendo em
vista sua função maior de agente de desenvolvimento cultural e social
na comunidade, a par de seu trabalho educativo.
7. Buscar novas soluções, criar situações que exijam o máximo de
exploração por parte dos alunos e estimular novas estratégias de
compreensão da realidade (PLANO DE GESTÃO, 2007, p. 8-9).

A avaliação então torna-se imprescindível, pois ela é fundamental para o êxito


do projeto político-pedagógico, permeando todos os momentos de seu planejamento,
desde a concepção até a execução, ou seja, é o ponto de partida e de chegada. Ela “é
parte integrante do processo de construção do projeto e compreendida como
responsabilidade coletiva. A avaliação interna e sistemática é essencial para definição,
correção e aprimoramento de rumos (VEIGA, 1998, p. 27)”.
Em meados de 2006 teve inicio a atual administração da escola parceira que se
deparou com vários problemas a serem solucionados: alta rotatividade de diretores,
coordenadores e professores impedindo a elaboração de um projeto político-pedagógico
exeqüível; pequena participação dos pais e da comunidade na qual a escola se insere
devido à perda de credibilidade da Unidade Escolar em decorrência da violência tanto
dentro como fora do prédio, além da utilização e venda de drogas no portão.
Hoje, pode-se afirmar que a realidade é diferente. A partir de várias discussões
realizadas pela Direção, docentes e toda a equipe escolar, o projeto político-pedagógico
- Plano de Gestão - foi desenvolvido com a intenção clara de trazer melhorias para o
processo de ensino e aprendizagem, além de buscar a integração de professores/alunos,
pais/direção.
Durantes as reuniões pode-se perceber que, apesar dos problemas enfrentados,
docentes e direção compreenderam que os resultados da efetiva implantação e execução
do projeto em questão seriam sentidos em longo prazo e, para que isso fosse possível,
seria necessário o empenho e trabalho de todos.
O trabalho coletivo não é uma tarefa simples, sobretudo pelo fato de o ser
humano vir sendo condicionado e estimulado, durante muitos séculos, a viver e a
trabalhar individualmente (PIMENTA, 1993), mas isso já começa a mudar, no caso
dessa escola.

Os docentes afirmam que foi percebida uma diminuição nos casos de violência,
entre os alunos e para com os profissionais da educação, por meio da atuação séria e
comprometida dos novos gestores, que sempre buscaram formas de atingir a
comunidade interna e externa.
Durante as reuniões do Conselho de Escola, a direção ressalta que o projeto
político-pedagógico tem como principal objetivo formar pessoas conscientes da
necessidade de serem agentes ativos, críticos, solidários, éticos, compromissados,
unidos e capazes de transformar o ambiente em que estão inseridos, possibilitando,
assim, a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
É importante ressaltar que o Plano de Gestão está disponível em todos os
computadores da Unidade Escolar e pode ser lido e utilizado por alunos, professores,
funcionários e pais. Por outro lado, a direção busca trazer, sempre, os pais dos alunos
para participarem das atividades escolares. Para que isso fosse possível, foram
realizados eventos como a Feira de Ciências, um Bingo e outras festas, além das
reuniões de pais e mestres.
Outro ponto importante a ser ressaltado sobre o projeto político-pedagógico em
estudo é o fato de que ele foi desenvolvido com a intenção de realmente nortear o
trabalho desenvolvido dentro da escola. Desse modo, reservou-se um período, durante a
reunião de replanejamento, para a adequação dos planos de ensino ao projeto
pedagógico da escola.
Portanto,
construir um projeto pedagógico significa enfrentar o desafio da
mudança e da transformação, tanto na forma como a escola organiza
seu processo de trabalho pedagógico como na gestão que é exercida
pelos interessados, o que implica o repensar da estrutura de poder da
escola (VEIGA, 1998, p. 15).

Como as escolas não são iguais, o projeto político-pedagógico não é igual para
todas elas. Por isso, ao elaborar seu projeto, a escola deve ter consciência das suas
potencialidades e limites, além de conhecer sua realidade, para poder transformá-la. O
projeto político-pedagógico é, então, um processo que a escola vivencia em busca da
construção de sua identidade.

Para que a escola seja palco de inovação e investigação e torne-se


autônoma é fundamental a opção por um referencial teórico-
metodológico que permita a construção de sua identidade e exerça seu
direito à diferença, à singularidade, à transparência, à solidariedade e à
participação (VEIGA, 1998, p. 31).

Por meio da elaboração coletiva e efetiva execução do projeto político-


pedagógico, tendo total clareza do tipo de homem que deseja formar e para qual tipo de
sociedade, cabe à escola fazer valer o direito de seus alunos de receberem uma educação
emancipadora. Assim, “[...] é necessário romper com a lógica do capital se quisermos
contemplar a criação de uma alternativa educacional significativamente diferente
(MÉSZÁROS, 2005, p. 27)”.
REFERÊNCIAS

BARROS, W. M. R. PLANO DE GESTÃO: 2007 – 2010. Marília, 2007.

BRASI. Lei n. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. Net, Brasília, DF: 1996. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm> Acesso em: 30 abr 2009.

CAÇÃO, M. I. O lugar do projeto político-pedagógico na escola pública: entre a


concepção e ação. Núcleo de Ensino de Marília: PROGRAD, 2006.

JINKINGS, I. Apresentação. MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. São


Paulo: Boitempo, 2005, p. 9-14.

MÉSZÁROS, I. A educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2005.

PIMENTA, S. G. Questões sobre a organização do trabalho na escola. In: BORGES, A.


S. (Org.). A autonomia e a qualidade do ensino na escola pública. São Paulo: FDE,
1993. Série Idéias n. 16.

VEIGA, I. P. A. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção coletiva. In:


VEIGA, I. P. A. (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção
possível. 11. ed. Campinas: Papirus, 2000.

VEIGA, I. P. A. Perspectivas para reflexão em torno do projeto político-pedagógico. In:


VEIGA, I. P. A. e RESENDE, L. M. G. de (Orgs). Escola: espaço do projeto político-
pedagógico. 3. ed. Campinas: Papirus, 1998.

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