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ELISIO ESTANQUE Aesitente Estagario da Faculdeae ae Eonomie 48 Universgade de Cormora A TROPA DE ELITE: MITOLOGIAS E REALIDADES Contribuigées para um estudo de caso —os comandos* © presente sociedade porupuese aesde 1974 bul pare 9 sstude finetund®, 8 "inaa usr Coe tarBs Gomandos~entendenaovos el)e ats gue ponto person no ‘ie sua rhcularte com a instlurdo Seu tmaginare oe vaiores mires Milter @ 2 Sociedaao Gin # pre: Hoaicona's (pattovamo, ialdoce Deuce so tur anaier como. unt osia ropa de son 8 pate Sartado porate 't transormacbes Sinai. que nroducim ur nove Ponto de partida para este texto inseriu-se ink cialmente num projacto mais vasto de andlise comparativa das varias forgas militares wespecials> em Portugal (Comandos, Péra-quedistas e Fuzileiros). Tendo © mesmo sido interrom- pido por circunstancias varias, decidi-me, apesar disso, a tra- zer a poblico alguns elementos desse trabalho, iniciado no Regimento de Comandos em Julho de 1985 (nessa altura ainda no ambito de um trabaino académico de tim de curso no ISCTE). esperando com isso contribuir para o connect mento de uma corpo militar muito comentado publicamente, mas em grande medida ignorado do lado de ¢4 da fachada, Concebidos como uma tropa altamente treinada para acgbes ofensivas anti-guerriina contra os movimentos de libertagao das ex-colénias, os comandos viram a sua existén- cia rapidamente legitimada © glorificada perante a Nagao. ‘Apontados como 0 exemplo maximo de efieacia no combate 0s «turras», 08 seus sfeitos herdicos- foram propagandeados ~ io tote benaliciou doa comentrios « sugrstdes dos membros do cis oe rls ac EGE ao cio edhlonl cu ROSE e 9 ealmicle © apoio resenidos. No lvantamenta.mpiica fur param ammo» ottgat Ane Pauls Nunes, Soto Comarateo Poss 139 rocande 9 cam lovantou @ cabeps transportango 02 fines smarravos fas aguns poucos Vira comand brio que nde tresses ‘more ninguer’= 140 Elisio Estanque pela doutrina oficial salazarista, ao longo dos tiltimos anos do colonialismo portugues. A sua acgao no terreno de combate serviu assim de alimento simbélico & auto-estima, coesdo interna @ espirito de corpo, traduzidos na sua insignia: «A Sor- te Protege 0s Audazes. Pode, pols, afirmar-se que a guerra colonial justificou a existéncia dos comandos, quer perante si proprios, quer perante a sociedade. Ora, uma ver desaparecida @ sua princi- pal razao de ser, serd oportuno perguntar quals os novos fac- totes que vém permitir a preservacio dum corpo militar «de elite» destinado a combater um inimigo que ja nao existe. ‘Mas, mais do que analisar as causas que levaram manutengao dos comandos no Portugal o6s-colonial, tentarei antes partir do facto real da sua existéncla noje, para invest gar em que medida @ institucionalizagao da democracia @ as transformagoes soclais entretanto ocorridas introduziram alteragoes no seio deste corpo militar. Quais as novas fontes de justificagao resultantes do novo. ‘enquacramento politico-social? Até que ponto persiste ainda esta unidade operacional a ideia mitica das missoes de comoate om Attica, que tanto alimentaram a sua glorla? Em que campos ¢ possivel agora escalpelizar um capital simb6lico que possa ser ostentado perante a sociedade como prova da especificidade destes combatentes altamente treinados para a ‘querra? Que indicios se podem detectar no interior deste Corpo militar da sua capacidade de readaptagao face a uma sociedade culo modelo organizativo se atasta cada vez mais, daquele que Ihe serviu de berco? Uma vez colocadas estas interrogacoes, importa esclar cer que a sua importancia se traduz mais na perspectiva ans lita @ linnas de orientacao adoptadas do que nas respostas {que suscitam. De facto, dada a complexidade destas questoes @ as limitacdes inevitévels de uma andlise necessariamento exploratéria, nao # possivel captar na globalidade a realidade ‘multifacetada que as suporta. Trata-se, portanto, de contribulr para visualizar alguns aspectos |julgados significativos na res- posta as questoes acima referidas Tratando-se de uma abordagem centrada nas relagoes centre @ instituigao militar e a sociedade «civil, irel por isso socorrer-me de um instrumento tedrico que tem inspirado muitos estudantes sobre esta tematica: é 0 conceito de rel cionamento civi-miitar, que tratarel sumariamente no ponto seguinte, procurando aproximé-lo da perspectiva que adoptei de considerar 0 ponto de vista dos actores concretos desta tunidade militar. (Os =comandos= constituem uma unidade muito pequena, se comparada com a instituigao militar global onde ostao Mitologias e Realiga ingeridos: por sua vez, esta ultima é igualmente uma unigade reduzida, que nao se pode desligar das outras instituicdes, estatais, as quais sdo parte do sistema mais vasto que ¢ a sociedade. A ilustragao serve apenas para sublinhar a idela de inter- dependéncia entre sistemas © sub-sistemas, Apesar desta constatagao, ndo deixa de ser possivel e legitimo, em termos analiticos, separar diferentes logicas organizativas @ orienta- 6es colectivas, ainda que estreitamente relacionadas. Assim, Comandos/instituieao Militar/Sociedade, poderao ser analiti- camente entendidos como actores socials separados, com logicas e orientagoes préprias, embora se trate de diferentes rivels de uma realicade unica e complexa. Se admitirmos um procedimento metodolégico deste tipo, 6 entao possivel encaminhar a andlise do sequinte modo: —Qual a percepgao que estes militares tém de si pro- prios? —Qual a sua orientagao face a sociedade? Qual a orientagao da sociedade face aos comandos? =Qual a sua fungéo no conjunto da Instituigao Militar global? No presente texto irei dedicar uma maior atengao as duas primeiras dimensoes, embora nao deixe de fazer algumas Foteréncias ao terceiro aspecto. Assim, comegarei por situar brevemente 0 concelto de srelacionamento civil-militars, para ‘a partir dai, tentar uma aproximacao a realidade portuguesa. Nesse sentido, irei recorrer as contribuigdes de ©. Moskos, omeadamento a sua teoria do «modelo plural» de organiza ‘Gao das Forcas Armadas nas sociedades democraticas 0% Gentais. A adaptagao desta teoria a instituigao militar portu- ‘guesa obriga-nos a ter presente a sociedad global onde esta ‘se insere, em particular os aspectos concretos que Ihe conte- om a especiticidade prépria do uma formacao social situada na Europa, mas cujo estatuto “semi-periterico»() deriva em grande parte da ligagao umbilical com Arica, quor no periodo Colonial, quer agora com os novos paises. Organizacao, profisso e ideclogia sao categorias con- ‘ceptuais tradicionaimente utilizadas pela produgao cientifica ‘eentrada na chamada area da «Sociologia Militar. Embora tendo presente a importancia dessas tr6s dimensdes, a0 abordar a instituigao aqui em causa, nao irei proceder a enhuma separacdo formal entre elas, antos tomarei como ano de fundo 0 conceito de relagdes scivis-militaress, Mas (0) Sob 9 cons _ picado sociedade pore soca, vor Sanioe (70680), Vojce mom Fortuna (1084) A Tropa de Eile: 2—Tradigao e Modernidade fa Instituig&o Militar: As relagées Civis- -Militares 141 142 Elisio Estangue se de facto se trata de reflectir sobre um corpo militar especi- fico, inserido num espago fisico bem detinido (0 quartel), procurando articular as dimensoes interna e externa, ha que Nnotar que 0 «civil» @ 0 «militar» nfo constituem realidades totalmente distintas, como parece indicar o raferido Biné- mic. Por um lado, 0 problema do relacionamento civit-militar remete-nos para a heranga que o Estado burgués nos legou desde a sua fundagao e que se traduziu na consagragao da ideia de que as Forgas Armadas s80 um corpo «a parte» — mecanismo ideoldgico que as classes dominantes exploram, reproduzindo alé aos nossos dias 0 divércio e a ignarancia mitua entre duas esferass, sociologicamente interligada: ‘mas oficial e ideologicamente tidas como soparadas. Por outro lado, este conesito sugere um outro problema, ‘que nos envia para a questao da oposig&o Militar/Palitico © reflecte as tenses, sempre presentes nas sociedades demo- ccraticas ocidentais, entre a elite politica © a militar, como ‘consequéncia da adopgdo da férmula de Clausewitz, de ‘acordo com a qual 0 ponto de vista militar deve submeter-se 420 politico (2). Este tema, ndo obstante a sua importancia € actualidade na sociedade portuguesa, fica no entanto fora das Preocupagoes da presente abordagem, mais centrada na ‘questao da profissionalizagio do corpo de oficiais desta uni- dade e dos efeitos, quer ao nivel da ideologia (cinstitucionals) ‘quer da organizagao (-corporativas),induzidos pela nova dind- mica social gerada em clima de paz e democracia politica 'Na realidade, embora situados no campo das relagoes civis-militares, estamos aqui a procurar abranger campos de relagdes socials que transcendem o binémio militar-politico. Entendendo o militar ac nivel da sua vivéncia no interior da Instituigde, absorvendo os valores e rituais que Ihe s80.pré- prigs, ele nao deixa de ser ao mesmo tempo velcula de

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