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O CONTO

Calcula-se que o hábito de ouvir e de contar histórias venha acompanhando a


humanidade em sua trajetória no espaço e no tempo. Em que momento o
primeiro agrupamento humano se sentou ao redor da fogueira para ouvir as
narrativas fantásticas ou didáticas capazes de atrair a atenção e o gosto dos
presentes e de deixar, no rastro de magia em que eram envolvidas, uma lição
e/ou um momento de prazer?

O que se pode afirmar é que todos os povos, em todas as épocas, cultivaram


seus contos. Contos anônimos, preservados pela tradição, mantiveram valores
e costumes, ajudaram a explicar a história, iluminaram as noites dos tempos.

De Sherazade (uma voz de mulher que conta mil e um contos nas Mil e uma
noites, fazendo, dessa forma, a compilação dos contos mais conhecidos no
final da Idade Média) aos contistas contemporâneos, a narrativa curta tem sido
observada com especial interesse.

A fórmula de compilação e narração de contos até então mantidos no ideário


popular adotada nas Mil e uma noites foi largamente adotada e repetida por
muitos autores nos anos subseqüentes (Veja-se, por exemplo, o Decamerão,
de Bocaccio).

Aos poucos, novas modalidades de contos foram surgindo, diferenciando-se


dos contos infantis e dos contos populares, regidos agora por uma nova
maneira de narrar, de acordo com a época, os movimentos artísticos que essa
época produziu e o estilo individual do autor/narrador.

Luzia de Maria, no volume O que é conto, da coleção Primeiros Passos,


introduz seu leitor na discussão das várias modalidades de conto, começando
por distinguir “o conto como forma simples, expressão do maravilhoso,
linguagem que fala de prodígios fantásticos, oralmente transmitido de gerações
a gerações e o conto adquirindo uma formulação artística, literária,
escorregando do domínio coletivo da linguagem para o universo do estilo
individual de um certo escritor”. [1]

E surgiram os contos de humor, os contos fantásticos, os contos de mistério e


terror, os contos realistas, os contos psicológicos, os contos sombrios, os
contos cômicos, os contos religiosos, os contos minimalistas, os contos
estruturados de acordo com as técnicas da narrativa.

Ricardo Piglia assegura que o segredo de um conto bem escrito é que, na


realidade, todo conto conta duas histórias: uma em primeiro plano e outra que
se constrói em segredo. A arte do contista estaria em entrelaçar ambas e, só
ao final, pelo elemento surpresa, revelar a história que se construiu abaixo da
superfície em que a primeira se desenrola. As duas histórias encontram-se nos
pontos de cruzamento que vão dando corpo a ambas, embora o que pareça
supérfluo numa seja elemento imprescindível na armação da outra.
A história visível e a história secreta, segundo ele, recebem diferentes
tratamentos no conto clássico e no conto moderno. No primeiro, uma história é
contada anunciando a outra; nos contos modernos, as duas histórias aparecem
como se fossem uma só.

Na forma reduzida do conto, a intensidade da busca: “O conto se constrói para


fazer aparecer artificialmente algo que estava oculto. Reproduz a busca
sempre renovada de uma experiência única que nos permita ver, sob a
superfície opaca da vida, uma verdade secreta.” [2]

As qualidades que lhe são apontadas são a concisão e a brevidade, ou seja, é


estruturado com uma linguagem densa, com o máximo de economia de
palavras. Sua dimensão se dá no sentido da profundidade.

O conto de feição clássica se organiza numa cadeia de acontecimentos que


centralizam o poder de atração, apresentando, conseqüentemente, ação,
personagens, diálogos. Caracteriza-se como narração de um episódio, uma
única ação, com começo, meio e fim, concentrado num mesmo espaço físico,
num tempo reduzido. Destaca-se por sua unidade de tempo e de ação.

O conto contemporâneo, reflexo da nova narrativa que se foi construindo nas


últimas décadas, substituiu a estrutura clássica pela construção de um texto
curto, com o objetivo de conduzir o leitor para além do dito, para a descoberta
de um sentido do não-dito. A ação se torna ainda mais reduzida, surgem
monólogos, a exploração de um tempo interior, psicológico, a linguagem pode,
muitas vezes chocar pela rudeza, pela denúncia do que não se quer ver.
Desaparece a construção dramática tradicional que exigia um
desenvolvimento, um clímax e um desenlace. Em contrapartida, cobra a
participação do leitor, para que os aspectos constitutivos da narrativa possam
por ele ser encontrados e apreciados. Exige uma leitura que descortine não só
o que é contado, mas, principalmente, a forma como o fato é contado, a forma
como o texto se realiza.

[1] REIS, Luzia de Maria R. O que é o conto. São Paulo: Brasiliense, 1987, p.
10.

[2] PIGLIA, Ricardo. Teses sobre o conto. Caderno MAIS, Folha de São Paulo,
domingo, 30 de dezembro de 2001, p. 24.

O Crime Perfeito - Conto Policial


Eu estava cobrindo o plantão de outro detetive no hotel Iate Plaza na av.
Abolição. Depois de um período sem nada para fazer, no terceiro dia o
subgerente procurou-me com urgência para resolver um problema no quarto 906.
Subimos os dois pelo elevador e encontramos a porta entreaberta. Uma das
camareiras se encontrava no meio do quarto, o rosto lívido a olhar a mancha de
sangue que se formava no chão e que vinha abundantemente do guarda-roupa.
Sem precisar forçar, abri lentamente a porta e um cadáver já enrijecido desabou
de costas sobre mim, ensopado de sangue e, para o meu espanto, antes de
constatar mais alguma coisa, outro corpo que estava apoiado no primeiro também
surgiu. No que me afastei destes, mais um terceiro corpo saiu de dentro do
guarda-roupa tornando a cena ainda mais medonha, pois se tratava de uma
senhora com aproximadamente 70 anos.

Ouvindo um baque, voltei-me para trás e vi que a camareira havia desmaiado e o


subgerente parecia em estado de choque a olhar para os mortos. Imediatamente,
chamei-o pelo nome para que voltasse a si e pedi-lhe que chamasse um médico e,
claro, a polícia.

Depois de ter estendido os corpos sobre o chão do quarto, passei a analisá-los em


busca de pistas. Os dois rapazes que se encontravam frente a frente dentro do
guarda-roupa aparentavam certa diferença de idade, estavam bem vestidos e eram
bem apessoados. Examinando o ambiente minuciosamente encontrei um balde de
gelo com uma garrafa de espumante ainda fechada e duas taças, o que indica que
um dos três mortos não estava convidado. Uma bolsa de verniz preta no chão
que, provavelmente pertencia à senhora, continha algum dinheiro, além de
objetos pessoais da indumentária feminina. No mais, tudo estava no lugar,
aparentemente nada havia sido roubado, nem dinheiro, nem cartões de crédito e
nem objetos pessoais de valor. A cama não fora desfeita e nenhum outro objeto
fora quebrado, não houve briga entre assassino e vítimas. Todos foram rendidos e
entraram ainda vivos dentro do guarda-roupa. A senhora estava de frente, um dos
homens de costas para ela e o primeiro a ser encontrado de frente para este.

Em busca de informações sobre os hóspedes junto ao hotel, soube que no quarto


do crime estava hospedado Yossi Filho, a vítima que caíra primeiro por cima de
mim. Um milionário da indústria de sapatos de couro, 42 anos, filho de judeus,
branco, olhos azuis e cabelos lisos, desses que quando muito curtos ficam
espetados. Casado e pai de um menino de dois anos. O segundo estava
hospedado no numero 910, no outro lado do corredor e chamava-se Alan David
Soares. Solteiro, 25 anos, moreno, cabelos escuros e curtos, olhos castanhos,
estatura mediana, residente na cidade de Belém do Pará, trabalhava no comércio
de roupas femininas. A senhora não estava hospedada no hotel, mas tratava-se de
Maria de Lourdes David, avó de Alan.
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Literatura Contemporânea

Autores contemporâneos - parte I

A) CONTO

Gênero enganoso, pois qualquer um pode escrever um conto e


pouquíssimos sabem fazê-lo com relevância e transcendência, esta
é a forma preferida pelos autores jovens brasileiros desde a década
de 1970. Muitos desses contistas produziram obras de reconhecida
importância. São os herdeiros da grande arte de Dalton Trevisan
e Rubem Fonseca. Entre os mais significativos, figuram:

CAIO FERNANDO DE ABREU (1948-1996). Ficcionista da


geração dos anos 70, Caio Fernando de Abreu expressa, sobretudo
em seus contos – O ovo apunhalado (1975; Pedras de Calcutá
(1977); Morangos mofados (1982) –, os dramas existenciais de
jovens que viveram, ao mesmo tempo, a ditadura militar, a
derrocada dos ideais esquerdistas e a liberalização dos costumes.
Ou seja, jovens que assistiram ao malogro das soluções
coletivistas e à emergência do individualismo burguês em sua
plenitude. A saída dos desencantados personagens do escritor
gaúcho é o mergulho na contracultura, na vida alternativa, no
culto quase desesperado da droga e em experiências amorosas
fugazes e transgressoras. É um mundo sofrido e sem esperança em
que os aspectos exteriores da realidade são introjectados pelos
protagonistas, resultando em angústia, desespero e náusea.

DEONÍSIO DA SILVA (1948). Contista e romancista


catarinense, apresenta em suas histórias breves - Exposição de
motivos(1976); Cenas indecorosas (1976); A mesa dos
inocentes(1978) – um significativo painel de pequenas cidade do
interior sul-brasileiro no exato momento (década de 1970) em que
novos comportamentos sociais e afetivos abalavam a rígida
sociedade patriarcal. Em tom sarcástico, o autor fustiga o
conservadorismo e a natureza repressiva da velha ordem, vendo na
revolução dos costumes um fator de progresso e libertação
individual. Escritos em linguagem coloquial, os contos de
Deonísio da Silva estabelecem, algumas vezes, uma dimensão de
obscenidade (no sentido da obra satírica de Gregório de Matos),
ao celebrar a força dos instinto como forma de protesto contra a
velha ordem.

Entre seus romances, dois deles – A cidade dos padres(1986) e


Avante soldados, um passo para trás (1992) – situam-se, por sua
força desmistificadora e sua dicção irreverente, entre os mais
significativos romances históricos da ficção contemporânea
brasileira. O primeiro aborda a experiência missioneira dos
jesuítas, no século XVIII, e o segundo, um episódio da Guerra do
Paraguai, já tratado pelo Visconde de Taunay (A retirada de
Laguna).

JOÃO ANTONIO (1937-1996) Um dos escritores que mais


contestaram a ditadura nos anos de 1970, o carioca João Antonio
pagou o preço de uma aproximação de parte de sua obra à
ideologia populista, muito em voga na época. Esta ideologia,
levada para o plano artístico, caracteriza-se pela celebração das
camadas populares a partir de uma perspectiva relativamente
idealizada das mesmas. Ela desencadeia uma espécie de
“estetização da miséria”, como se pode ver, por exemplo, nos
contos de Leão-de-chácara (1975) e na pequena novela Lambões
de caçarola (1978). No entanto, na década anterior, o ficcionista
havia produzido em São Paulo, onde morava, um livro de contos
extraordinariamente significativo: Malagueta, Perus e Bacanaço
(1963). Nesta obra, João Antônio expunha, de forma simples e
lírica (mas contundente), flagrantes da vida minúscula de
personagens suburbanos, registrando especialmente o drama dos
jogadores de sinuca, os últimos malandros paulistas, condenados
ao desaparecimento pela urbanização feroz da cidade. Contos
como Meninão do caixote, Afinação da arte de chutar tampinhas e
o próprio conto-título do livro estão entre as melhores histórias
curtas brasileiras de todos os tempos.

LUIZ VILELA(1942) Ainda que tenha escrito romances e


novelas, é no conto que o mineiro Luiz Vilela encontra sua melhor
expressão. Em obras como Tremor de terra (1967); No bar (1968);
Tarde da noite (1970); O violino e outros contos (1989) e Contos
sempre novos (2000), o autor filia-se à tradição ocidental do
realismo (Maupassant e Tchecov), valorizando tanto o conto
anedótico quanto o conto de atmosfera. É nesse último tipo que
Vilela sente-se mais à vontade, criando pequenas narrativas em
que o clima lírico e/ou dramático resulta de rápidos diálogos, sutis
observações sobre o cotidiano e instantâneos da existência,
especialmente de crianças e de jovens que, em geral, são os
personagens mais convincentes de sua ficção. Contribui para o
efeito sugestivo desses contos a utilização de uma linguagem de
rara espontaneidade, cuja execução atinge a excelência nos
diálogos, sempre vivos e coloridos.

SERGIO FARACO (1940). Contista sul-rio-grandense vem


produzindo uma obra de grande esmero formal e de extraordinária
riqueza humana – Hombre (1978); Noite de matar um homem,
(1986); Dançar tango em Porto Alegre, (2000). Seus contos
articulam-se em torno de dois pólos básicos: uma temática
fronteiriça, centrada nos remanescentes da antiga sociedade
pastoril (o universo gauchesco) que tentam manter intactos os
valores de seus antepassados em meio à decomposição daquela
forma de vida, condenada ao desaparecimento pela modernização
do país;
e uma a temática urbana em que se movimentam personagens
dilacerados pelo desejo sexual, pela solidão e pela crueldade da
vida social.

SERGIO SANT’ANA (1941). Ficcionista mineiro radicado no


Rio de Janeiro, Sergio Sant’Ana tem como obras principais: Notas
de Manfredo Rangel (1973); O concerto de João Gilberto no Rio
de Janeiro (1982); Senhorita Simpson (1989). Seus contos giram
em torno de angústias urbanas típicas do novo Brasil: solidão,
desamparo existencial, violência, sexualidade irrefreável. Seus
protagonistas são seres esmagados por estruturas que não
compreendem, buscando inutilmente um sentido para a vida. Tudo
isso é apresentado numa prosa requintada, em que o autor exibe
um excepcional domínio da carpintaria do gênero. Já os seus
romances,(Confissões de Ralfo, 1975; Simulacros, 1977), parecem
perder-se no experimentalismo, não alcançando o mesmo nível
dos contos.

Entre tantos outros contistas expressivos, pode-se também citar


Aldyr Garcia Schlee, escritor bilíngüe, que vive na zona
fronteiriça entre Brasil e Uruguai, e constrói uma obra – Contos de
sempre (1983) Uma terra só (1984) – inspirada na solidão do
pampa, nas lembranças de guerras, nos dramas elementares da
gente que vive nos pueblos, valendo-se, por vezes, de uma
estrutura semântica híbrida (português e espanhol); Carmo
Bernardes, que renova a ficção de temática rural goiana com
algumas poucas, mas significativas obras – Areia branca (1975) e
Idas e vindas (1977); Domingos Pellegrini Jr., contista
paranaense que apresenta um conjunto de livros influenciados por
Máximo Gorki e outros mestres do realismo social – O homem
vermelho(1977); Os meninos (1977); As sete pragas (1979) – nos
quais registra a desesperada luta de indivíduos de extração
subalterna (motoristas, pequenos agricultores, prostitutas, etc,)
contra uma “máquina social” de grande crueldade que procura
triturá-los; Lorenzo Cazarré que em suas obras – Enfeitiçado por
todos nós (1984) e Noturnos de amor e morte (1989) – apresenta
alguns contos inesquecíveis, focalizando angustiantes experiências
infantis e juvenis, transcorridas em Pelotas, sua cidade natal;
Márcia Denser, que, por meio de uma linguagem densa e criativa,
vem criando uma surpreendente obra – (Tango fantasma, 1976), O
animal dos motéis (1981) Diana caçadora (1986) – em que o
erotismo feminino, a violência e a angústia sexual e existencial
associam-se intensa e ousadamente; e, por fim, Wander Piroli
que com A mãe e o filho da mãe (1966) e A máquina de fazer
amor (1980) constrói uma ficção de forte fundo social em que
personagens de origem humilde enfrentam a coisificação da
realidade, encontrando apoio junto aos seus e na própria família,
disso resultando “a preservação do humano dentro de um sistema
degradado”(A. Hohlfeldt).
Grafias urbanas: antologia de contos contemporâneos
conto/livro de Adilson Miguel (org.)

Editora: Scipione
144 pp
ISBN 978852627669-7
Lançamento: 1/4/2010
Autores: Fernando Bonassi; Bruno Zeni; Veronica Stigger, João Anzanello Carrascoza,
Ivana Arruda Leite, Simone Paulino, Marcelino Freire, Miguel Sanches Neto, Ferréz,
Rodrigo Lacerda.

A proposta de Grafias urbanas: antologia de contos contemporâneos, lançamento da


Editora Scipione, é apresentar olhares diversos de escritores contemporâneos para a
vida urbana. São dez textos inéditos que demonstram uma forte inquietação criativa e,
ao mesmo tempo, sensibilidade e atenção para os problemas da nossa realidade,
constituindo uma amostra importante da produção literária atual.
Organizada pelo editor Adilson Miguel, a antologia reúne escritores de destaque na
literatura brasileira contemporânea. São novos olhares sobre um tema que já tem
tradição na nossa literatura, mas que vem ganhando cada vez mais destaque no cenário
atual, visto que já são quase 80% dos brasileiros vivendo em cidades. “Mais do que
retratar nossas mazelas, o que parece nortear os escritores é o desejo de expor o fracasso
de um conceito de modernização que vê a cidade como padrão civilizatório”, afirma o
organizador na apresentação do livro.
Os contos trazem histórias sobre tipos bastante variados: jovens de condição humilde
que aspiram a uma vida melhor; gente de classe média que vive a cidade como um lugar
de prazer, realização e medo; pessoas que tentam lidar com a violência, a desigualdade e
os diferentes caminhos urbanos de nosso tempo. São traficantes, novos ricos,
presidiários, moradores de rua, crianças, jovens e adultos de classe média, todos
protagonizando contos impactantes e inventivos.
Segundo Ana Paula Pacheco, professora de teoria literária da USP que assina a orelha
do livro, “apreender e entender o tempo presente são aspirações máximas, partilhadas
pela literatura séria e pelo leitor crítico. O leitor desta antologia encontrará uma
literatura de fato interessada pelo presente, com todos os riscos que isso implica”.
Além de confirmar a preocupação dos escritores contemporâneos com os problemas que
atingem as nossas cidades e, por extensão, o nosso país, os contos de Grafias urbanas
são ótimos exemplos do mais autêntico exercício de criação literária.
O volume conta ainda com um projeto gráfico especial da Rex Design e duas variações
de capa, elaboradas com fragmentos de fotos de uma instalação do artista plástico
Zezão, que remetem à estética do grafite, dos cartazes de rua e da diversidade visual
urbana
I Concurso do Melhor Conto Curto de 2010

Com o início das férias, achamos um bom momento para promover o

I Concurso do Melhor Conto Curto de 2010.

As regras são estas:

O Conto deverá ter no máximo 560 toques. Ou seja, 4 twitters no máximo.

Coloquem seus contos aqui, como comentários, até Novembro de 2010.

Mensalmente divulgaremos os 3 Melhores Contos do Mês, para avaliação de todos os


visitantes deste site.

Em Dezembro, faremos a seleção final, escolha do público em geral.

O objetivo é incentivar jovens e adultos a escreverem coisas interessantes, de forma


objetiva e curta.

Infelizmente, o mundo moderno não tem tempo para floreios e longos rodeios de
literatura. Precisamos de textos interessantes que prendam o leitor sem muito
tempo para leitura, como antigamente. Jornalistas sempre se preocuparam com isto.

Eis um conto, que ganhou o prêmio norte americano Conto de 55 Palavras, que traduzi
com 550 toques.

Cena Num Motel


“Cuidado. A arma está carregada”, disse ele rudemente entrando no quarto do motel.

Uma loira sensual, segurando a arma desajeitadamente pergunta: “Você pretende


usá-la contra sua esposa?”

“Não seja uma idiota. Pretendo contratar um assassino profissional.”

“Alguém como eu?", disse ela sussurrando.

“Que imbecil contrataria uma mulher para um trabalho destes?"

“Não seja tão machista. Sua esposa, por exemplo”, disparando um tiro certeiro no
amante infiel.

Professores de português, de jornalismo, de blogs, eis um exercício interessante para a


sala de aula. Boa sorte!
clarck duque said...

Caminho pela Niemayer, à noite. O tempo está nublado, e não há ninguém. Do mirante
do Leblon vejo o mar invadindo o bairro, avançando pelos prédios, todos transformados
em cortiços! De repente estou dentro de um carro, num dos túneis da cidade. O trânsito
está parado. Ligo o rádio e ouço que não posso continuar, houve uma fuga em massa de
presidiários. Um incêndio de grandes proporções escurece a cidade. Cobriram o Cristo
Redentor com um cinturão de balas! Da aliança entre as facções criminosas ergue–se
um déspota, um Pai para a bandidagem, um bárbaro, prestes a se converter ao islã.
Subitamente estou na fila das barcas. A Praça XV foi tomada pela multidão, a última
viatura da polícia vai ser incendiada. Não estão vendendo mais passagens, a ponte foi
bombardeada, um monstro está nadando na baía de Guanabara! Roubo um carro e pego
a estrada. Passo pelo Trevo das Margaridas devastado, antiga rodovia Presidente Dutra.
Abro o porta luvas e acho uma fita de rock’n’roll. É o Black Sabath. Olho pelo
retrovisor, a bandidagem está no vácuo. É uma fuga do Rio, e eu acelero, deixando na
estrada uma muralha de fogo.

Edgar Braga Buchara said...

A velha e o monstro

Chovia torrencialmente quando o carro do vendedor misteriosamente estourou dois


pneus. Já era madrugada e a estrada estava deserta. Ele se arrependera de não ter
pernoitado na cidade anterior. Fumou um cigarro. A chuva estiou e ficaram apenas os
relâmpagos e os trovões.
Ele era experiente em viagens noturnas e já dormiu no carro outras vezes, mas, desta
vez, sentiu medo. Cochilou. Vozes empestadas de sofrimento acordaram-no num
sobressalto! Assustado olhando em sua volta, percebeu que estava em frente a um sítio.
As luzes estavam acesas, então decidiu ir pedir ajuda. No caminho viu vários carros
parados próximo a casa. Devia ser oficina, pensou.
Bateu palmas. Insistiu. Até que uma velha carcomida pela osteoporose e com voz rouca
lhe atendeu. Com fineza ela lhe ofereceu um chá quente. Após ter bebido todo chá ele se
sentiu totalmente drogado. Então a velha pegou seu antebraço com firmeza e o levou
para um quarto e deitou-o numa cama fétida. Debaixo da cama saiu um Monstro
horrível. Desesperado, grogue e sem forças, ele ainda viu a velha sorrindo cinicamente
saindo do quarto e fechando a porta.

Edna Maria de Oliveira Ferreira said...

_ Macabea estará viva? Ou não era Macabea?


Aquela mulher de passos inseguros, mal administrados pelas pernas e pelo resto de si
mesma; com vestes desajeitadas e ares de quem nada tem a oferecer, lembrou-me
Macabea.
Aproximei-me e fixei meus olhos aos dela. Sua retina revelou-me muito mais do que
todas as minhas leituras: com ela aprendi que a vida é dura!
As Macabeas vão existindo sempre. Cada uma a seu tempo. O que muda é justamente e,
tão somente, o tempo. Mas as Macabeas, ah!essas são sempre Macabeas. Há que se
mudar os anseios do homem e aí, sim, talvez tenhamos Macabeas mais dignas.
SERGIO SANT’ANA (1941).

LUIZ VILELA(1942

SERGIO FARACO (1940).

JOÃO ANTONIO (1937-1996)

DEONÍSIO DA SILVA (1948).

CAIO FERNANDO DE ABREU (1948-1996).

Carmo Bernardes,

Domingos Pellegrini Jr

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