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RESENHA
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Pós-Graduando em Direito Penal e Criminologia, pela Universidade Regional do Cariri - URCA
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corpo, por excelência, deveria ser o alvo da repressão penal como forma de punir o
delito cometido. O que deve afastar o homem do crime não é mais o teatro cruel das
penas corpóreas, mas a certeza de ser punido. Com esse novo pensamento, alicerçado na
obra de Beccaria, Dos Delitos e das Penas, passa-se a contestar as antigas práticas de
punição do crime pelas vis corporales. Não havendo mais o corpo para ser castigado,
objetiva-se agora atingir as instâncias mais profundas do sujeito: o intelecto, sua
vontade e suas disposição, em fim, a realidade incorpórea do sujeito, a pena é dirigida à
alma. A reclusão, a perda da liberdade, vem fazer as vezes do suplício e, com ela, surge
a idéia de gradação da pena
A pena passa a ser ditada e aplicada não mais pelos magistrados, mas sim
por um corpo burocrático de profissionais de áreas distintas: psicólogos, médicos, etc...,
que daí por diante passam a ser os responsáveis de dizer como os delinquentes se
sentiam ao cometer o crime, sua periculosidade e suas chances de recuperação, o que
instrui os juízes na aplicação da pena. A partir dessa mulitdisciplinaridade na
configuração e aplicação da pena, o corpo é confiscado pelo que Foucault denominou de
Instituições de Seqüestro, pelas quais os indivíduos são colocados dentro de um sistema
de produção, construindo uma visão de mundo de acordo com as normas e saberes
constituídos, é a inclusão pela exclusão. O corpo é confiscado pela sociedade através
dessas instituições: escolas, manicômios, prisões, cuja função é doutrinar para a nova
ordem burguesa nascente.
A função dessas instituições, junto aos sujeitos, é a de construir
internamente uma ordem fundada em preceitos pré-estabelecidos e desenvolver o temor
das penas àqueles que contrariarem o sistema, pois agora a sociedade possui um bem
jurídico comum, a liberdade, que por sua vez torna-se um bem jurídico disponível ao
Estado, através da sua supressão por meio da legalização da violência estatal.
Uma primeira crítica que é feita à obra é a sua excessiva colação de
recortes apoiados em uma extensa bibliografia; para outros, o livro torna-se pobre por
conta da obra não trazer grandes inovações, pois o mesmo baseia-se na concepção
materialista histórica de Marx ao afirmar que os regimes punitivos são determinados
pelos sistemas de produção em que estão imersos: nas sociedades antigas, a escravidão
era a punição; no feudalismo, as vis corporales; na economia comercial, as manufaturas
penais.
Foucault assevera que o sistema punitivo não pode ser explicado
unicamente pela “armadura jurídica da sociedade”, mas a partir de sua análise como
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