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A última sessão de cinema

Gabriel Luis Rosa – 12 de setembro de 2008

Os cinéfilos da Grande Florianópolis entrarão em luto neste domingo: o Cine York, a


charmosa sala de cinema em São José, fechará suas portas. Após dez anos de
funcionamento, o estabelecimento não resistiu – como tantas outras salas de cinema da
região – à força dos shopping centers e dos downloads de filmes pela internet.

O Cine York foi fundado em setembro de 1998 por Gilberto Gerlach, sócio-
fundador do Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, junto com parentes, que são
responsáveis pelo bar no térreo do prédio, o Bar-Cine York. O contrato garantia o aluguel
livre durante dez anos para a sala de cinema, mas o prazo está perto de terminar. "Os
Gerlach decidiram, então, que não valeria mais a pena manter a sala funcionando", explica
a esposa do sobrinho de Gilberto, Adriana Gerlach, que trabalha no bar. "É muito caro e
difícil trazer os filmes pra cá enquanto eles são novidades. Muitas vezes, o filme está
passando aqui, mas também já pode ser alugado nas locadoras".

O bar, no entanto, não fechará junto com o Cine York. Como os dois
estabelecimentos são de donos diferentes, continuará funcionando no mesmo local. "Na
verdade, o cinema depende mais do bar do que o contrário", afirma Adriana Gerlach. "Mas
teremos que mudar de nome. Talvez fique só 'Bar York'", conclui, rindo.

Longo trajeto

Concebido por Gilberto Gerlach, então estudante de Engenharia na UFSC, e fundado em


1968, o chamado Cineclube da Engenharia transformou-se em Clube de Cinema Nossa
Senhora do Desterro em 1972.

Em 1998, o idealizador do Clube arrisca mais um empreendimento em São José: o


Cine York, uma sala de cinema com decoração européia e inspirado no antigo Cine York,
bar que funcionava junto ao Theatro Municipal (hoje, Teatro Adolpho Mello), na região,

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entre 1925 e 1932. As fotos esbranquiçadas do Cine York original estão espalhadas pelas
paredes do local, e o logotipo do cinema dos Gerlach é o mesmo que o do antigo bar.

Um dos sócios fundadores do Clube e colega de Gerlach lamenta o fechamento do


Cine York. Osni Machado, que se define como "amigo de andanças" de Gilberto, acredita
que o cinema fechar as portas é "um desastre", apesar de não fazer mais parte da gerência
do local. Machado explica que, ao contrário do tempo que o Clube de Cinema foi fundado,
as pessoas hoje preferem alugar filmes nas locadoras ou baixar pela internet. "Os costumes
mudaram. Tá todo mundo acomodado, ninguém quer mais sair pra nada", critica.

Segundo Osni Machado, a decisão do fechamento da sala já havia sido decidida


pelos Gerlach há cerca de um ano, com a proximidade do fim do aluguel grátis da sala e a
procura cada vez menor pelo cinema. Entretanto, a notícia só foi divulgada pela imprensa
na semana passada, logo após a administração do Cine York confirmar os crescentes
boatos. A placa anunciando o fechamento só foi pendurada em frente ao Cine York hoje.

A paixão de Gilberto Gerlach pelo cinema alternativo pode ser observada até no
nome de seu filho: Gunnar Gerlach, inspirado no ator sueco Gunnar Björnstrand, falecido
em 1986. Quando abriu o Cine York, o filho de Gilberto tinha apenas 18 anos, mas foi
nomeado gerente do estabelecimento. "Nunca ficou muito explícito que eu seria gerente,
mas sempre foi assim", explica Gunnar. "Os primeiros cinco anos do cinema foram os mais
movimentados. Quando estreou Titanic, por exemplo, a fila dobrava o quarteirão. Tinha
gente que ia embora sem ver o filme, porque a sala lotava", relembra.

Gunnar explica que o Cine York ganhou destaque por ser um cinema de qualidade,
com um projetor de ótima qualidade e uma sala planejada especialmente para a atividade,
mas que, mesmo assim, não possui mais condições de se manter aberto. "As pessoas
passam aqui na frente e lamentam 'Pô, que pena que vai fechar'. Eu penso: 'pena por quê,
você nunca veio ver um filme'. É assim, a sala não consegue se pagar", lamenta.

"Vida nova ao CIC"

A sala de cinema do CIC, também administrada pela família Gerlach, é apoiada pela
Fundação Catarinense de Cultura (FCC). Gunnar explica que o Clube de Cinema paga o
aluguel da sala, que pertence à Fundação, mas que o valor é irrisório. Segundo a assessoria

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da FCC, o Cine York não pediu o apoio da Fundação. Entretanto, o gerente do cinema
afirmou que, hoje, o cinema do CIC é considerado "público", através de um antigo projeto
do governo estadual. Já o Cine York ainda é considerado um estabelecimento privado, o
que impede maiores apoios de fundações públicas.

O Cine York está passando, há alguns dias e até o dia do seu fechamento, o
filme Batman, que entrou nos cinemas da cidade há quase um mês e já saiu de cartaz das
salas dos principais shoppings da região. Por quê, então, não mudar o foco do Cine York?
"A região é muito careta", responde Gunnar. "Filmes cult não mantém uma sala dessas, em
um local desses. Já no CIC, que tem um público mais universitário e alternativo, passamos
os filmes mais 'estranhos' do mundo: chinês, romeno, tudo!", brinca.

As poltronas e o projetor do Cine York serão enviados para o cinema do Centro


Integrado de Cultura. O projetor, italiano, foi comprado por Gilberto de um cinema de
Chapecó e é considerado um dos melhores da região. Ele deverá substituir um antigo
aparelho alemão do CIC, que é menos funcional e apresenta mais problemas. Além disso,
segundo a FCC, a partir do ano que vem o cinema e a Fundação pretendem realizar sessões
gratuitas três vezes por semana: uma especialmente para crianças e outras duas para a
comunidade em geral. "Renova-se o ciclo, e dá-se vida nova ao CIC", afirma Gunnar,
demonstrando otimismo.

Prédio localizado no centro histórico da cidade abrigará agora apenas o bar

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