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Em uma operação inédita, a polícia com o apoio das Forças Armadas ocupou na manhã
do último domingo (28 de novembro) o Complexo do Alemão, um conjunto de favelas
controladas por traficantes no Rio de Janeiro. Durante uma semana, a imprensa
internacional acompanhou a ofensiva do Estado para recuperar áreas dominadas pelo
crime organizado na cidade-sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
A invasão marcou uma nova estratégia do governo. Ela consiste em reaver os territórios
perdidos para as facções criminosas, depois de três décadas de descaso dos governantes.
A intenção, não assumida pelas autoridades, é deixar a cidade mais segura para receber
os megaeventos.
Os traficantes se instalaram há 30 anos nos morros cariocas. A partir dos anos 1960, o
crescimento urbano desordenado gerou condições favoráveis para o narcotráfico. A
própria topologia dos morros favorece os bandidos, pois dificulta acesso da polícia e dá
aos traficantes uma visão privilegiada dos principais acessos.
A ofensiva das forças policiais começou após uma série de atentados ocorridos desde 21
de novembro. A mando dos traficantes, vândalos queimaram 106 veículos em retaliação
contra a instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em 13 comunidades. As
UPPs foram criadas há dois anos. Elas consistem em postos permanentes da Polícia
Militar em favelas que antes eram domínios do narcotráfico e de milícias.
Tim Lopes
A prisão mais importante foi a do traficante Elizeu Felício de Souza, conhecido como
"Zeu", um dos homens condenados pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, da TV
Globo. Ele foi denunciado pelos próprios moradores. Tim Lopes foi sequestrado em 2
de junho de 2002 na Vila Cruzeiro por traficantes da quadrilha de Elias Pereira da Silva,
o Elias Maluco. O jornalista foi esquartejado e teve o corpo queimado em pneus.
Presos políticos
Fora das grades, os presos começaram a empregar as mesmas técnicas para promover
roubos a bancos e sequestros. Eles também instituíram uma “caixinha” que as
quadrilhas eram obrigadas a dar aos líderes, para financiar fugas e subornar carcereiros.
O próximo passo foi assumir o controle da venda de drogas nos morros. O Comando
Vermelho fez acordos com carteis colombianos para distribuir cocaína, acompanhando
o aumento do consumo da droga no país.
Milícias
Após a ocupação do morro, o governador Sérgio Cabral deu um prazo de sete meses
para a instalação de uma UPP e pediu ao Ministério da Defesa que os militares
permaneçam no local até outubro de 2011. O presidente Luis Inácio Lula da Silva
garantiu apoio.
O que o episódio deixou claro é que o Estado, apesar de ter deixado a população pobre
abandonada por décadas, pode desarticular o tráfico nos morros. Isso foi feito com a
retomada dos territórios, a transferência de detentos perigosos para presídios federais, a
prisão de familiares de traficantes e o bloqueio de suas contas bancárias.
Hoje, as milícias dominam 41,5% das 1.006 favelas cariocas, contra 55,9% do tráfico e
2,6% das UPPs, de acordo com levantamento do Nupevi (Núcleo de Pesquisas das
Violências) da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Na última semana, o
Rio mostrou que é possível mudar esta estatística.
Direto ao ponto
A polícia com o apoio das Forças Armadas ocupou na manhã do
último domingo (28 de novembro) o Complexo do Alemão, um conjunto
de favelas controladas por traficantes no Rio de Janeiro.
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