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Fernando Borges/Especial/Terra
No final da década de 1950, Wright Mills, um dos mais brilhantes cientistas sociais
norte-americanos da segunda metade do século XX, chamava à atenção, em uma obra
intitulada A imaginação sociológica, para o fato de que as pessoas tendem a reclamar dos
seus problemas cotidianos buscando causas explicativas no seu entorno imediato. Para
ele, a maioria das não consegue estabelecer relações causais entre os sofrimentos
vivenciados individualmente e as estruturas sociais mais amplas, expressas em tendências
econômicas, dinâmicas demográficas e relações de classes, dentre outras. Ao contrário do
que pensava o grande sociólogo não são apenas as "pessoas comuns" que agem assim.
Ultimamente tem sido essa também essa a reação de muitos dos que se pretendem
analistas do mundo social no Brasil. Em especial quando o objeto de análise diz respeito,
direta ou indiretamente, ao governo do agora ex-presidente Lula.
Houve quem chamasse a atenção para o "carisma" do ex-presidente. Mas este foi
definido como uma característica pessoal. Mesmo gente que citava Max Weber, autor de
célebre elaboração sobre a "dominação carismática", esquecia que, para o pensador
alemão do início do século, carisma, na vida política, é um fenômeno relacional, não uma
particularidade desse ou daquele indivíduo. Analisar os motivos e reações dos
"seguidores" do líder supostamente "carismático" é sempre o exercício mais importante.
Exatamente o que era apenas superficialmente tocado.
Novos atores entraram em cena. Tornaram-se visíveis. Mais do que isso, cidadãos.
E, em conseqüência, também consumidores. Abarrotaram as ruas de comércio popular,
mas também os shoppings e os aeroportos. Não poucos ficaram incomodados com essas
novas companhias nos seus espaços. Afinal, "praias" durante tanto tempo exclusivas
foram "invadidas".