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Mauricio A. Vilches
PREFÁCIO
Mauricio A. Vilches
Rio de Janeiro
4
Conteúdo
1 Espaços Topológicos 7
1.1 Topologias e Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Conjuntos Fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.3.1 Subbases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4 Topologia Relativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.5 Pontos e Conjuntos Notáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.6 Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.6.1 Conjuntos Abertos e Fechados em Espaços Métricos . . . . . 31
1.7 Espaços Vetoriais Normados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.8 Espaços Vetoriais com Produto Interno . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3 Homeomeorfismos 49
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2 Exemplos de Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.2.1 Grupos de Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.3 Homeomorfismos Locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4 Topologia Quociente 65
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.2 Espaços Quocientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.2.1 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.3 Teoremas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.4 Ações de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.4.1 -espaços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
5
6 CONTEÚDO
4.4.2 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5 Compacidade 85
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
5.2 Compacidade em Espaços Métricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6 Axioma de Separação 93
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
6.2 Espaços de Fréchet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
6.3 Espaços de Hausdorff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
6.4 Topologia Quociente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
6.4.1 Homeomorfismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
6.4.2 Variedades Topológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
7 Conexidade 107
7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
7.2 Aplicacões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
7.3 Conexidade por caminhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Bibliografia 118
Capítulo 1
Espaços Topológicos
1.
.
7
8 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Exemplo 2. Seja
. Verifiquemos se as seguintes famílias de subconjuntos
de são uma topologia em .
1.
* 5 .
2.
, 5 - .
3.
5 - .
Claramente,
* e
são topologias para .
7, não é uma topologia em , pois:
-
7,-'
Exemplo 3. Seja
- . A topologia
1 é dita de Sierpinski.
onde
se, e somente se para todo existe um intervalo aberto tal que:
'
1. Claramente
.
2. Seja &
, então:
!
&
('
#"%$
De fato, seja
! & , então existe tal que &
; logo, existe
% #" $
e:
/ ! & '
#"%$
1.1. TOPOLOGIAS E CONJUNTOS ABERTOS 9
0. 1
Por indução: Se ) * )/, -' '-' )/.
, então 132 )
.
*
4. Esta topologia é chamada euclidiana ou usual e será denotada por .
Exemplo 5. Seja , e definamos a seguinte topologia:
,
onde
se, e somente se para todo existe um retângulo aberto
tal que:
'
De forma análoga ao exemplo anterior,
é uma topologia e é também chamada
euclidiana ou usual e será denotada por
.
. Não é difícil ver que esta topologia
pode ser estendida a .
,
Exemplo 6. Verifique que junto à família:
,
onde:
,
é um espaço topológico.
1.
,
, por definição.
tal que "
2. Seja
! :
(a) Se
! é limitado inferiormente, seja # $ &% ! , então:
! *)
'
%(" '
10 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
!
De fato, seja , então, existe ! tal que ,
%(" '
# ; logo,
isto é " ) e
! *)
'
%(" '
Seja
" ) , então, " # ; logo, existe "! tal que " ,
caso contrário
seria uma cota inferior de
! maior que # ; então:
) ! #'
%" '
(b) Se
! não é limitado inferiormente, então:
!
/ , '
% " '
,
, então, existe
!
; caso
7 .
De fato, seja tal que
contrário,
! seria limitado inferiormente por
, logo
3. Sejam
e considere * $ * , ; então, e:
'
Exercícios 1.
. / .7
onde:
.+ -' '-'
é uma topologia em .
é finito ou é '
é uma topologia para ?
1.1. TOPOLOGIAS E CONJUNTOS ABERTOS 11
1. Claramente,
e pertencem a .
2. Seja &
, então:
!
&
('
# "%$
De fato:
! 0
/
# " $ # " $
como é finito, a interseção é finita ou é todo .
, então:
3. Sejam ) * )&, '-'-' )/.
0. 1 !. 1
1 2 * ) 132 * )
a união é finita ou todo , pois cada conjunto é finito ou todo .
1. Seja com a topologia . O conjunto não é aberto nesta
topologia, pois seu complementar é e não é finito nem igual a .
Mas,
é aberto. Nesta topologia os abertos são da forma:
! . 1 1 '
132 *
2. Seja
com a topologia
.
. Se é finito, então não é aberto.
Analogamente em .
Exemplo 9.
1. e
são fechados em .
-
-'
(b) Por outro lado ,
e são fechados em
:
-'
Teorema 1. Seja 4
6 espaço topológico e a família de conjuntos fechados; então:
1.
.
* , -' '-' .
!. 1
132 *
é fechado em .
1.2. CONJUNTOS FECHADOS 13
#" $
Exemplo 11.
Em
,
a
é menos fina que a . De fato, seja
; então é finito; logo
&
é fechado em e é aberto em .
Observações 4.
2. Seja
com as topologias:
(* e
7, - .
então
* e
, não podem ser comparadas.
3. Para toda topologia
sobre temos:
1 .
1 '
4. No exemplo 1, temos:
1 .
*
1 '
Exercícios 3.
1.3 Bases
Muitas vezes para introduzir uma topologia num conjunto não é necessário des-
crever todos os conjuntos abertos da topologia mas apenas alguns conjuntos es-
peciais da topologia, os ditos abertos básicos da topologia.
Seja4 5
6 um espaço topológico e uma família de subconjuntos de tal que
.
Definição 4. é uma base para
se para todo
, temos que:
!
) '
"
Observações 5.
) )
4. Para todo existe tal que . De fato, seja ; como
e é uma base de , então:
!
)&
# "%$
onde )& . Logo, existe tal que:
)& '
) )+* )&,-'
16 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
! ! !
*
&, )/ ) 4 )& ) 6 '
+* 5/, , existe pelo menos um par de índices tal que ) *5) ;
Se
por 2 existe )
tal que:
) )& )
* & ,
logo, +* &, é aberto. O caso geral segue por indução.
Definição 5. Os conjuntos )
tal que ) são chamados vizinhanças do ponto
.
Exemplo 13.
2. Para
1. , a base é .
1
3. Para , a base é .
.
Verifique que é uma base para a topologia usual em .
4. Seja
. Verifique que não existe nenhuma topologia em
que tenha como base:
'
5. Seja
com a seguinte topologia:
'
Verifique que:
é uma base para .
6. Verifique que
é uma base para a topologia discreta
em .
18 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
1.3.1 Subbases
Seja 4 5
6 um espaço topológico e uma família de subconjuntos de tal que
.
Definição 6. é uma subbase de
se a coleção de interseções finitas de elementos de
é uma base de .
Proposição 1. Sejam um cojunto não vazio e uma família de elementos de tais
que para todo existe tal que . Seja
a coleção de interseções
finitas de elementos de . Então, a família formada por , e as uniões arbitrárias de
elementos de é uma topologia para e é a menor topologia que contém .
Prova :
Claramente
e toda união de elementos de pertence a . Mostraremos
)
)
que qualquer interseção finita de elementos de está em , ou melhor, provare-
mos que se , então :
Por outro lado & e ) são interseções finitas de elementos de , logo
) é uma interseção finita de elementos de e, )
.
3. Claramente
.
Observação 1.
Em geral não é uma base de , pois os elementos de
não podem ser escritos,
necessariamente, como uniões de elementos de .
Exemplo 15.
1.3. BASES 19
2.
&
é uma subbase para a topologia usual de
.
3.
é uma subbase para a topologia discreta
de .
4. Sejam 4
5
* 6 e 4
,6 espaços topológicos; então:
*
7,
é uma subbase para a topologia produto em
.
Topologia de Zariski
A topologia de Zariski é fundamental para o estudo de diferentes áreas da Álge-
bra, como por exemplo, Álgebra Comutativa e Geometria Algébrica.
ou
* , - ' '-' .
Seja . Consideremos a família dos polinômios de -variáveis em .
Isto é: 1 1 . Seja:
1 . 1 '
Exemplo 16.
Se
, , , então
*.
Observações 6.
e . Por outro lado:
1.
2. Sejam 1 e
. Denotemos 1
/
- '-' ' . tal que
e
. Afirmamos que 1
1
1
. * De, fato,
se 1
para
todo
e
, então:
+ 1
4 1
6 1
para todo
e
; logo 1 para todo ou
# para
todo
.
Observações 7.
1. Os
1 são os fechados na topologia de Zariski.
2. Em , a topologia de Zariski é a topologia cofinita. De fato, todo subcon-
junto finito em é conjunto solução para algum polinômio de uma variável
real.
Por exemplo, se #* -, '-'-' . , então:
, ' '-' .
*
Seja um anel e denotemos por o conjunto de todos os ideais primos de
. Consideremos a seguinte família de subconjuntos:
onde
é um ideal de .
1.
e . Por outro lado:
0
4 6
#" $ #" $
2. Definimos sobre a topologia de Zariski, como a topologia que tem
como conjuntos fechados os .
3. Se denotamos por
os abertos da topologia de Zariski,
é possível provar que se
é um ideal principal, a base para a topologia de
Zariski é:
é um ideal principal '
1.4. TOPOLOGIA RELATIVA 21
Definição 8. O par 4
6
é dito subespaço topológico de 4 5
6 . Os elementos de
são ditos abertos relativos.
Exemplo 17.
1. Em geral, os abertos relativos não são abertos no espaço total. Por exemplo,
seja com a topologia usual e com a topologia relativa, então
é aberto em pois e não é aberto em
.
2. Seja com a topologia usual. e são subespacos topológicos tais
que a topologia relativa é a topologia discreta. De fato, se então:
4 6 '
3. Seja
com a topologia gerada por:
e
'
A topologia gerada por estes conjuntos é dita topologia estendida. Seja
com a topologia relativa; então é a topologia euclidiana.
Proposição 2. Seja 4
6 subespaço topológico de 4
6 .
1. Seja )
5 uma base de
; então
5 )
é uma base
para
.
Prova :
22 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
1. Imediata.
4 6 '
Reciprocamente, se , onde é fechado, então:
logo, é fechado em .
Exemplo 18.
* , , , ,
com a topologia relativa é dito círculo unitário. Os abertos relativos em *
são os arcos abertos de círculos.
'
O conjunto de todos os pontos interiores a é denotado por: .
.
'
2. é um ponto exterior a se é interior a
O conjunto de todos os pontos exteriores a é denotado por:
3.
é um ponto aderente a se para toda vizinhança de temos:
'
O conjunto de todos os pontos aderentes a é denotado por: . O conjunto é
dito fecho de A.
4.
é um ponto de acumulação de se para toda vizinhança de temos:
4 6 '
O conjunto de todos os pontos de acumulação a é denotado por: .
5.
é um ponto da fronteira de se é aderente a ea .
O conjunto de todos os pontos da fronteira de é denotado por: .
6.
é um ponto isolado de se é vizinhança de
'
Observações 8. Seja 4 5
6 e :
1. Se , então
& , onde as uniões são disjuntas.
24 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
2.
e .
3. e, por definição, é um conjunto aberto.
4. se, e somente se existe uma vizinhança de tal que , isto
é:
4 6 '
Logo, 4 6 4 6 e como , onde as uniões são
disjuntas, temos:
sendo a união disjunta.
9. 4 & 6
.
Exemplo 19. Sejam com a topologia usual e
; então:
1. .
2.
# .
3.
.
4. .
5. .
2.
e .
3. , pois nenhum intervalo aberto pode ser formado apenas por racio-
nais.
5. , isto é, é denso em .
De fato, suponha que , então existe . Como é aberto,
existe tal que:
'
, logo
Mas, todo intervalo contém números racionais, logo existe
o que é uma contradição.
tal que
6. .
Proposição 3. Sejam 4 5
6 e :
2. .
Prova :
3. anterior .
Teorema 3. Seja 4
76 e ; então é o menor conjunto fechado que contem ,
isto é:
0
'
e é fechado
26 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Prova :
4 6 que é aberto; logo, existe pelo
( ) Se , então
; como é aberto, existe vizinhança de tal que
; logo .
menos um tal que
, então
( ) é fechado e ; então .
Exemplo 21.
3. Seja
# com a seguinte topologia:
-
#
# ' e
-
# .
(b) Logo, o menor fechado que contém é
(c) Note que
é denso em .
Teorema 4. Sejam 4
5
76 e ; então é o maior conjunto aberto contido em ,
isto é:
!
'
e é aberto
Prova :
( ) é aberto e ; então .
.
Proposição 4. Sejam 4 5 76 e .
Prova :
1.5. PONTOS E CONJUNTOS NOTÁVEIS 27
1. Por definição
; por outro lado , então . Reciproca-
mente, seja
. Se
está provado. Se , então toda vizinhança
de é tal que 4 6
, isto é, .
2. Se , então e os conjuntos abertos são exatamente os
complementares dos conjuntos fechados tais que & . Pelo exercício
anterior:
!
e é aberto
!
e é fechado
0
e é fechado
4 6 '
Exemplo 22.
4 6 4 6 . Logo, .
1.5. PONTOS E CONJUNTOS NOTÁVEIS 29
Exercícios 4. Seja
e defina a seguinte topologia em :
'
Verifique que
é uma topologia e que é denso em .
Observação 2.
Seja subespaço de e denotemos por o conjunto como subconjunto de
; então:
1. .
2. .
3. .
Exemplo 25. Seja com a topologia usual e com a topologia
relativa.
Então:
'
2. ; logo é fechado em . Logo, .
30 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
1.
! é um espaço métrico com a métrica:
se
se '
é dita métrica discreta.
Exemplo 27.
! . é uma espaço métrico com:
.
%*
132 1 1 ,
*
.
,
1 1
132 *
1 1
* 1 .
onde * , -' ' ' . e * , '-'-' . . .
1.6. ESPAÇOS MÉTRICOS 31
*%
,
,
Verifique que * e , são métricas em 4
6 .
)
!
'
Exemplo 29. Seja
! , com
; então:
)
isto é, as bolas abertas são os intervalos abertos.
Exercícios 6.
1. Determine a topologia definida pela métrica discreta.
) )
'
De fato, seja
) ; como ; temos:
$
'
Observação 4. A topologia gerada por esta base é chamada topologia métrica gerada
pela distância , e será denotada por .
Exercícios 7. Seja ! um espaço métrico:
1. Seja e:
) !
'
Verifique que )
é um conjunto fechado.
2. Seja ! finito. Verifique que é fechado.
3. Sejam 4
! * 6 e 4 , 6 espaços métricos. Definamos em !
:
* * , , *% * , , * ,
"
onde * * , ,
! . Verifique que:
!
) , é uma bola aberta em
(a) é uma métrica em . Esta métrica é dita métrica produto.
*
(b) Se ) é uma bola aberta em
! e , então:
) * ) ,
é uma base para uma topologia em
! .
1. Se , então .
2.
.
3.
.
Observação 6.
O par
é chamado espaço vetorial normado.
Exemplo 32.
1.
. é uma espaço vetorial normado com:
.
*
132 1,
*
.
, 132
1
*
1
1
* .
* , ' '-' . . .
onde
2. )
! é um espaço vetorial, sendo:
"('
uma norma em )
! .
Observações 9.
1. Seja
um espaço vetorial normado. Definindo:
temos que
é um espaço métrico.
34 CAPÍTULO 1. ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
2.
é chamada métrica proveniente da norma .
Exercícios 8.
2
.
,
(a)
.
. *
(b)
.7
.
Definamos em e em , respectivamente:
*
.
.2*
. "
.
'
Verifique que 4
6 e4 6 são espaços vetoriais normados.
2. Sejam 4
* 6 e 4 , 6 espaços vetoriais normados. Definamos em :
* ,
onde
. Verifique que é uma norma em . Esta norma é dita
norma produto.
tal que, para todo
e , tem-se:
1. Se , então .
2.
/
.
3.
/ .
4.
/ .
1.8. ESPAÇOS VETORIAIS COM PRODUTO INTERNO 35
Observações 10.
temos que é um espaço vetorial normado.
2.
é chamada norma proveniente do produto interno .
Exercícios 9.
2. Verifique que 4
6 e4 6 são espaços vetoriais com produto interno.
3. Sejam * e , espaços vetoriais com produtos internos
* e , , respecti-
vamente. Definamos em *
,:
* * , , / * , * * , (,
1.
é contínua se a imagem inversa dos abertos de são abertos em .
4
7, 6
2. Uma função contínua não leva, necessariamente, abertos em abertos. Por
exemplo se é tal que
,
não é a topologia discreta, ou se tem mais
de dois elementos e
7,
não é a topologia indiscreta.
Exemplo 33.
4 5
* 6 4 5
7, 6
é contínua se, e somente se
7,/
* .
37
38 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
5. Sejam
4 , 6 espaços vetoriais normados de dimensão finita.
4 * 6 éelinear,
Se então é contínua.
De fato, se
, a continuidade de implica que *4 6 deve ser aberto
em ; logo qualquer topologia onde for contínua deve conter
.
2. Se
é contínua e é subespaço topológico, então:
é contínua.
3. Se
é contínua e
4 +6 é subespaço topológico, então:
4 6
é contínua.
Prova :
2.1. FUNÇÕES CONTÍNUAS 39
é
contínua.
3.
* 4 4 66 * 4 6 * 4 4 66 * 4 6 .
4. Para todo
e para toda vizinhança de
em , existe vizinhança de
em tal que:
4 &6 '
5.
4 6 4 6 , para todo .
6.
* 4 ) 6 * 4 ) 6 , para todo ) .
Prova :
De fato,
* 4 +6 * 4 6 , para todo .
Seja uma base da topologia de e )
; como é contínua, * 4 ) 6
, pode ser
é aberto em . A prova da recíproca segue de que todo aberto
escrito como:
! /)
#"%$
e que:
* 4 ! )/ 6 ! * 4 )& 6 '
#"%$ #"%$
* Como contínua e é aberto (vizinhança de
), consideramos
4 6 que é vizinhança de e:
4 6 '
40 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
Seja
e
; provaremos que
4 6
. Denotemos por
4 6
a vizinhança de tal que , onde é vizinhança de . Se ,
então ; logo:
4 6 4 6 4 &6 4 6
então
4 &6 .
Seja * 4 ) 6 ; então 4 6 4 6 4 * 4 ) 6 6 ) 4 6
Corolário 1. Seja 4
6 tal que ) , onde e ) são conjuntos fechados
e ) são funções contínuas tais que
para todo ) , então a função definida por:
(abertos) em . Se
se
se
)
é contínua.
Prova :
Seja fechado, então:
*4 6 * 4 4 ) 6
4 * 4 +6 &6 4 * 4 +6 ) 6
*4 6 *4 6'
Como
* 4 6 e * 4 6 são abertos, então contínua.
Observações 12.
2.
é dita contínua no ponto
se o item [4] do teorema anterior vale
para
.
implica em
4 ) * 6 )
, '
2.1. FUNÇÕES CONTÍNUAS 41
1. Se
, então:
* 4 % 6
'
2. Se
, então:
* 4 &6 '
3. Se
, então:
* 4 6 '
4. Nos três casos, os conjuntos
* 4 6 são abertos; logo
é contínua.
Proposição 8. Seja 4
6 . Então
&
é contínua se, e somente se para todo
ambos os conjuntos:
- e -
são abertos.
Prova : Seja 4
6
. Consideramos
e
% elementos da subbase da
topologia euclidiana; logo:
* 4 6
* 4 6 - '
Exemplo 35.
A condição que ambos os conjuntos sejam abertos não pode ser ignorada. Por
exemplo, a função característica de , não é contínua. De fato,
; então
não é aberto e todos
considere
* 4 6
7, '
é uma subbase para uma topologia
/
sobre que torna contínua.
Definição 14.
&
é dita topologia inicial para .
*
-,
as respectivas projeções canônicas, onde *
e -, .
* *4 6
*
, 4 6
* '
*
* 4 6 , 4 6
Note que:
* * 4 6 , * 4 6
*
7, e
*
,
são a subbase e a base que geram uma topologia sobre
, que torna as proje-
ções contínuas. Esta topologia é dita topologia produto.
todo
existe
, aberto em e aberto em
Esta é a menor topologia com esta propriedade. Isto é,
tal que
é aberto se para
.
2.2. TOPOLOGIA INICIAL 43
XxV V UxV
UxY
Observação 8.
Todos os argumentos nesta seção são válidos para uma quantidade finita de es-
paçõs topológicos.
Exemplo 36.
. '-'-'
1. tem a topologia produto induzida pela topologia de .
Se consideramos em a topologia usual, então a topologia em também
.
é a topologia euclidiana ou usual.
2. . . * . *
é um conjunto fechado. De fato, seja com topologia usual e
.
consideremos a função definida por:
* , -' '-' . . * ,* ,, '-'-' ., ., * #'
é contínua e . * 4 6 ; logo, é fechado.
3. O cilindro
* tem a topologia produto induzida pela topologia de
.
*
4. Seja com a topologia induzida de , então
, , * * com a topologia
produto, é dito toro.
T
S1
1
S
, . Então, é contínua se, e somente se * e , são contínuas.
por *%
5 / 4
6 4
6 , 4
6
Proposição 10. Sejam
espaços topológicos,
* 4
* 6 , 4 e ,
, 6 , 4
6 ,e definamos:
* ,
, * , . Se * e , são contínuas, então * , é contínua.
por *
um -espaço vetorial
normado. Como possui uma estrutura algébrica, dadas podemos
definir a nova função:
4 6 '
Se e são contínuas, então
é contínua.
Prova : Sejam
tal que e tal
* , ; a função é contínua. Então , é contínua.
que * ,
2.3. FUNÇÕES ABERTAS E FECHADAS 45
Observação 9.
1. A função identidade:
4 5
* 6 4 5
7, 6
é aberta (fechada) se, e somente se
(*
7, , mas não é contínua quando
*
7,
.
considere as projeções ,(
,
) e o conjunto:
3. As projeções não são fechadas. Por exemplo, seja com a topologia usual e
1
, '
46 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
é fechado em
, e 1 , que é aberto.
Observação 10.
Seja
bijetiva. Então é aberta se, e somente se
é fechada. De fato.
Seja aberto; logo
é fechado e
logo,
é fechada.
1.
é aberta.
2.
4 6 , para todo .
3.
leva abertos básicos de em abertos básicos de
4. Para todo
e toda vizinhança de , existe tal que:
'
Prova :
; por outro lado
; então é aberto e 4 6 éo
maior aberto contido em ; logo 4 6 .
2.3. FUNÇÕES ABERTAS E FECHADAS 47
4 6
logo,
é aberto básico.
Para cada , seja
. Considere . vizinhança de ; existe aberto básico tal que
!
"
então,
é aberta.
Proposição 14.
.
é fechada se, e somente se
, logo:
Prova : Se é fechada, então é fechado e
'
Reciprocamente, seja fechado, logo:
então,
e é fechado.
Exercícios 11.
1. Seja +
com a topologia induzida pela topologia usual de .
A função:
4
6
.
é contínua?
/ e
4
:* 6 , 4
, 6 e 4
6 espaços topológicos. Considere
2. Sejam
(a) Se e são abertas (fechadas), enão
é aberta (fechada).
(b) Se
é aberta (fechada) e é contínua e sobrejetiva, então é aberta (fecha-
da)?
48 CAPÍTULO 2. FUNÇÕES EM ESPAÇOS TOPOLÓGICOS
(c) Se
é aberta (fechada) e é contínua e injetiva, então
é aberta (fechada)?
(a)
é fechada.
(b) Se
* , então *
7, .
(c) Se é fechado, então
* é fechado em .
4
6 4
6 é fechada?
4. Toda função
5. Toda função 4
6 4
6 é aberta e fechada?
Capítulo 3
Homeomeorfismos
3.1 Introdução
Um dos problemas centrais em topologia é poder decidir se dois espaços são
. )
diferentes ou não. Por exemplo, não é trivial dizer que um cilindro é diferente de
uma esfera, se uma esfera é diferente de um toro ou se é diferente de , se
# . Neste capítulo começaremos com os primeiros conceitos que nos permitirão
responder a algumas destas questões.
Sejam e espaços topológicos.
Definição 16.
é um homeomorfismo se
é bijetiva, contínua e
* é
contínua.
Se e são homeomorfos utilizamos a seguinte notação:
'
Observações 13.
49
50 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
Exemplo 38.
1. Sejam * ,
e
com as respectivas topologias induzidas pelas
topologias usuais.
2. Definamos
* por
.
3.
é contínua e bijetiva.
. , logo
Seja , seja . e .
; para cada
. , pois o arco . é maior que a corda.
tn p
zn
Figura 3.1:
Então
* . . e
* . *
# , para todo
.
Logo,
é uma bijeção contínua que não é um homeomorfismo.
1. Seja
. definida por:
* -' ' ' . * 4 * '-'-' . * 6 '
*
.*
é bem definida e contínua.
3.1. INTRODUÇÃO 51
2. Definamos
. por:
, , ,
*
com topologia induzida pela topologia usual de . Então:
, * ('
1. Seja
, * definida por:
, ,
é bem definida, contínua e inversa de . Logo:
* '
Figura 3.3: e *
Teorema 6. Seja
bijetiva. São equivalentes as condições:
1.
homeomorfismo.
2.
é contínua e aberta.
3.
é contínua e fechada.
, para todo .
4.
Corolário 2. Seja
. O gráfico de é definido por:
'
Considere
e somente se
com a topologia
.
induzida pela topologia produto. Então é contínua se,
que é contínua,
Prova : De fato, definamos por
então
é bijetiva e contínua. Por outro lado, se é aberto:
4 6
que um aberto relativo. Reciprocamente, , .
Corolário 3. Seja
homeomorfismo e , então:
1.
.
2.
.
Exercícios 12.
1. Sejam
e . Verifique que para todo
e para todo
, temos:
e '
Em particular,
. . . * .
2. Verifique que 4
6 não é homeomorfo a 4
6.
!
!
3. Sejam 4 * 6 e 4 ! , 6 espaços métricos. Dizemos que as métricas * e , são
4 !
6 é um homeomorfismo. Verifique que se
equivalentes se 4
6
! . , então * , , e
definidas anteriormente são equivalentes.
54 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
é bijetiva e contínua e:
* &
'
é contínua. Logo:
2. definida por:
é bijetiva e contínua e:
*
.
é contínua. Logo:
3. Então, dos ítens anteriores :
'
*
B) Sejam e o quadrado
,
, em com a topologia
* '
induzida pela topologia usual de ; então:
u v
a b
z w
d c
Figura 3.4:
3.2. EXEMPLOS DE HOMEOMORFISMOS 55
Definamos
*
mandando o segmento em
, o segmento
em
,o
segmento em e o segmento em , istoé:
4 6 e * 4
# #
onde #
e
,
, ; claramente e * são contínuas; logo
é um homeomorfismo.
,. e .
, . .
C) Sejam ambos com a topologia usual. Então:
para todo
.
, onde . Por outro lado, . '-'-'
Se ,
, . -' '-' ( -vezes). Definamos: ( -vezes)
e
' '-' '-' '
* , '-'-' . * * , , '-' ' . . '
é, claramente, um homeomorfismo.
. . * . * com . * . Con-
. . Denotemos por:
D) Seja a topologia induzida pela topologia usual de
sideremos
.. .. ..
Os conjuntos
. e . são ditos hemisférios de . . Note que . . . e
. . . O conjunto é chamado equador de . ; é claro que:
. * '
Isto é, podemos considerar
. * como o equador de . .
Consideremos a projeção:
. .
'
. ) . '
De fato, a função:
) .
,
é bem definida, contínua com inversa contínua .
Figura 3.6: . , ) e .
. . * com a topologia induzida pela topo-
. * ' '-' , então:
E) Projeção Estereográfica : Seja
logia usual de e
. . '
De fato. Seja . . * . definida da seguinte
forma, seja
. ;
considere a semi-reta ; então , onde é a interseção de com
3.2. EXEMPLOS DE HOMEOMORFISMOS 57
Φ ( z)
Φ ( x)
é bijetiva e contínua e:
,
* *
.
, '-' ' , ,
* , e * é contínua.
F) Seja 4
6 um espaço vetorial normado; então:
1. As translações
definidas por
,
são homeo-
morfismos.
2. As homotetias
definidas por
,
são
homeomorfismos.
3.
) , para todo e todo
De fato:
58 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
3. Definimos o homeomorfismo
por:
logo,
é um homeomorfismo. Então:
) )
para todo
. Agora definamos ) por:
e
*
que é contínua e bijetiva;
; logo, é um homeomorfismo.
1. é claramente um isomorfismo de espaços vetoriais.
2. Via o isomorfismo)
! ) . 4 6
topológica de
.
, o espaço
.
herda toda a estrutura linear e
4. Dada 1
! . ) 4 6 , definamos:
. , *,
1
*
1 2
'
*
*
é uma norma em
! . ) 4 6 que o torna um espaço vetorial normado.
Logo, um espaço topológico.
9. A função
é multilinear, logo contínua.
Seja
!
o conjunto das matrizes invertíveis de ordem .
é aberto
em . 4 6 . De fato:
* '
&
onde é matriz identidade. Logo,
. é um
grupo, chamado ortogonal.
'
* *
'
4. é isomorfo a
. De fato:
'
é um isomorfismo de grupos.
"
* '
7. é isomorfo a * . De fato:
*
'
é um isomorfismo de grupos.
3.3. HOMEOMORFISMOS LOCAIS 61
Observação 11.
Sejam
aberto
,
abertos e
, temos que
um homeomorfismo; então para todo
é aberto em , logo é aberto em .
Proposição 15. Se
é um homeomorfismo local, então é aberta.
Prova : Seja aberto; para cada
existe vizinhança de tal que:
onde
. Seja . Pela observação anterior
é aberto em
. Como:
!
"
4 ! !
6
" "
Observação 12.
Exemplo 41. Seja com a topologia usual e * com a topologia induzida pela
topologia usual de . Então:
*
, 1
é um homeomorfismo local.
1. Denotemos por
* *5 * * , , * ,
e .
62 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
S1
S4
S3
S2
Figura 3.8:
3. Definamos: * *
por *% .
4. A função * é um homeomorfismo. De fato, * possui a seguinte inversa
, .
contínua *
5. Consideremos:
*
* '
, 1
, então 4 * 6 . Logo, pelas
Como
propiedades básicas de Trigonometria *
é um homeomorfismo:
1
1 1.5
-1
7. Definamos: , ,
por , .
3.3. HOMEOMORFISMOS LOCAIS 63
9. De forma análoga, ,
* 4 , 6 , , é um homeomorfismo e
,
* 4 , 6 é um homeomorfismo.
10. De forma análoga as anteriores, verifica-se que
e .
2. Em particular,
é uma função aberta (não fechada).
, *
, 1
e:
, * *
, 1
, 1
2. Seja
, com a topologia usual, os seguintes subespaços são homeomorfos?
(a) e
(b)
,
,
e .
(c)
,
, e , , .
64 CAPÍTULO 3. HOMEOMEORFISMOS
,
e , , .
(d)
3. Seja 4
5
* 6 um espaço topológico e denotemos por:
é homeomorfismo '
Verifique que:
(a)
é um grupo com a composta de funções,
(b) Se e com a topologia induzida pela usual de , defina:
4.
é abeliano? Caso contrário, quando é abeliano?
Capítulo 4
Topologia Quociente
4.1 Introdução
A topologia quociente é a fonte dos mais importantes exemplos de espaços to-
pologicos e serão a parte central desta notas. Neste capítulo introduziremos os
exemplos clássicos na Matemática, como a faixa de Möbius ou Moebius, os espa-
ços projetivos reais e complexos e a garrafa de Klein.
Sejam 4 5
76
, um conjunto não vazio e
sobrejetiva. Definamos em
a seguinte topologia:
*
'
Definição 18.
é dita topologia quociente em
induzida por .
Exemplo 43.
1. Seja
constante. Determine
.
Suponha que
para todo . Seja
. Se , então
* e se , então * . Isto é, qualquer
subconjunto de
é aberto, logo
é a topologia discreta sobre .
2. Seja
e com a topologia usual; definamos por:
se
se
se '
- -
Então,
por .
é a topologia quociente em induzida
65
66 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Exemplo 44.
1. Seja . . *
com a topologia induzida pela topologia usual de
. * .
Definamos o conjunto dos pares não ordenados:
. .
onde é o antipodal de . De forma natural temos a seguinte função
sobrejetiva:
. .
tal que
4 .
6 é dito espaço projetivo real de
. O par
dimensão .
2. Considere o cilindro
, ,
com a topologia
induzida por . Definamos o conjunto dos pares não ordenados:
! & '
De forma natural, temos a seguinte função sobrejetiva:
!
tal que
. O par 4!
6 é dito faixa de Moebius.
4.1. INTRODUÇÃO 67
é uma identificação.
Teorema 7. Propriedade universal da topologia quociente
Sejam , espaços topológicos e uma identificação. Então, para toda
é contínua se, e somente se é contínua.
~~
//
~~
~
~~ ~~~
é contínua.
Prova : Se
aberto; então 4 6 * é aberto em . Como
é contínua e
contínua, então
Observação 15.
A projeção canônica:
é naturalmente uma identifição. Note que
4 6 é aberto
* 4 6
é aberto em .
4.2.1 Exemplos
A seguir apresentaremos vários exemplos de homeomorfismos, a maioria bas-
tante intuitivos. Nos próximos parágrafos, teremos ferramentas suficientes para
provar estes homeomorfismos. Por enquanto, ficaremos apenas com a parte geo-
métrica.
Exemplo 46. Seja
com a topologia induzida pela topologia usual de .
Consideremos em a relação de equivalência:
ou '
4.2. ESPAÇOS QUOCIENTES 69
1 1
[0]=[1]
0
0
Figura 4.1:
Logo,
4
6 é uma identificação. Note que
é bijetiva salvo para
e e:
4 6 * '
Observação 16.
Nos seguintes exemplos, as setas indicam o sentido dos pontos que estão na mes-
ma classe de equivalência.
, , , . Consi-
Exemplo 47. Seja
, com a topologia induzida pela topologia usual de
deremos em a relação de equivalência:
4 , 6 * '
70 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Figura 4.2:
, , , . Consi-
,
Exemplo 48. Seja com a topologia induzida pela topologia usual de
deremos em a relação de equivalência:
(0,b)
(0,1-a)
(0,a)
(0,1-b)
Figura 4.3:
4.2. ESPAÇOS QUOCIENTES 71
, , , . Consi-
Exemplo 49. Seja
, com a topologia induzida pela topologia usual de
deremos em a relação de equivalência:
* * * * ou e
para todo
* * ,
, então e e se
, então .
1. Observe que se
2. Em particular, .
, 4 , 6 é uma identificação. Note que é bijetiva salvo
3. Então
para
, , e e
4 , 6 * * '
Figura 4.5:
72 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
, , , . Consi-
Exemplo 50. Seja
, com a topologia induzida pela topologia usual de
deremos em a seguinte relação de equivalência:
'
Observações 14.
I Xx I CX
Figura 4.7:
Observação 17.
Seja
contínua. Então tal que
é
contínua. De fato, basta considerar o diagrama comutativo:
onde
.
XxJ SX
-1
Figura 4.8:
74 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Observação 18.
Seja
contínua. Então tal que é
contínua.
4.3 Teoremas
Definição 21. Sejam
*
,
vamente. Dizemos que
, e relações de equivalência em e respecti-
* ,
preserva as relaçãoes se para todo tal que , * ,
então .
, e relações de equivalências em e respectivamente.
Lema 1. Sejam
Se é contínua e preserva as relações, então existe uma única , contínua que torna o
seguinte diagrama comutativo:
6 4
4 6
Alem disso, se
é uma identifição, então é uma identificação.
Prova : Definamos .
1. A função
* *
é bem definida. De fato, seja
* ; então
* , então
; logo , isto é * .
2. Pela definição,
* , .
tal que
, como *
3. Suponha que existe tal que o diagrama comuta. Existe pelo menos um
é sobrejetiva, existe pelo menos
um tal que
4 *6 4 , 6
. Isto é uma contradição, pois o
diagrama comuta.
4. Como
*, , e
são contínuas., pelo teorema [7], é contínua.
Teorema 8. Sejam e espaços topológicos e
é uma relação de equivalência definida em tal que:
contínua e sobrejetiva. Se
* *
então, existe 4 6 contínua e bijetiva.
4.3. TEOREMAS 75
Prova : Consideremos:
FF
FF
FF
FF
4 6
FF
##
//
1. Pelo lema [1], definimos . Logo, é contínua e sobrejetiva.
2. Se
* , então
& * , isto é *
1.
é uma identifição.
2. é um homeomorfismo.
* *
Prova : Pelo teorema [8], basta provar que é aberta. Observe que para todo
temos que
.
* *4 6
aberto é aberto em
é aberto em
é aberto em , pois tem a topologia quociente induzida por .
Corolário 5. Nas hipótese do teorema [8], se
é um homeomorfismo, então:
4 6 4 6'
Prova : Seja
6 4 6
4
3.
* é contínua, pois
*
* , * e *
é contínua.
76 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Exemplo 53.
Seja
e
. Consideremos com a topologia usual e com a
topologia induzida. Definamos:
* ,
* ,
existe
tal que *
. ,
7
existe tal que * -, '
Seja
tal que
;
é homeomorfismo. Por outro lado:
* , '
Pelo teorema:
4 6 4 +6 * '
Exercícios 15.
4 ( 6 4 6
,
1. Seja
- -
com a topologia induzida pela usual de
4 6
e relação de equivalência definida por e .
Considere com a topologia quociente, verifique que:
4 6 *
* com a topologia induzida pela usual de , .
2. Seja 4
6 , onde
é a topologia definida por:
se, e somente se .
Se relação de equivalência definida por
. Verifique que 4 6 com a
topologia quociente é homeomorfo a
com a topologia induzida por
.
3. Seja
. com a topologia de Zariski e relação de equivalência definida por
* ,
'-' ' . * ,
' '-' .
1 1
para todo
'-'-' . Verifique que 4 . 6
homeomorfo a
. * com a topologia de Zariski.
com a topologia quociente é
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 77
, . * * , ' '-' . * . * * , , , '-'-' . * , '
Definimos:
* , . * , . *
, 1
* , '-'-' . *
, 1 *
, 1 , '-'-'
, 1 . * ' Logo, , . *
*
onde é
um -conjunto.
8. Seja
. * . e o grupo ortogonal. Definamos:
. * . *
'
; logo está bem definida e . * é um -conjunto.
Proposição 18. Seja um -conjunto. Para todo
definamos:
"
5
, então é bijetiva.
por
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 79
e que para todo , temos *
Prova : Note que
e . Então
. Logo,
.
1. O estabilizador de
por:
"
'
é um subgrupo de
.
2. A órbita de
por:
*
, 1 & '
4.4.1 -espaços
Se é um
-conjunto, podemos definir sobre a seguinte relação de equivalên-
cia:
" '
Denotemos por
o conjunto das classes de equivalência desta relação. Se é
um -conjunto, temos a projeção canônica, que é sobrejetiva:
'
80 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
Logo, se
é um -conjunto que é espaço topológico, podemos dar a a
topologia quociente.
Espaço Projetivo Complexo
* ; então * com estrutura de grupo multiplicativo induzida por
, . *
Seja
. * . Definimos e denotamos o -espaço projetivo complexo, por:
e
. , . *
onde
se, e somente se , para algum * .
Exemplo 56.
se é contínua, para todo
.
Definição 24. Seja um espaço topológico que é um -conjunto, é dito -espaço
Exemplo 57.
1. . , é um , -espaço.
2. é um -espaço.
3.
, , é um , -espaço.
4. Seja
o grupo gerado pelos homeomorfismos , , definidos
por:
Observações 16.
1. Se é um
-espaço a função
é um homeomorfismo, para todo " .
2. Se é um
-espaço, então existe um homomorfismo de grupos:
#
'
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 81
Proposição 19. Se é um
-espaço a projeção canônica:
é aberta.
Prova : Seja
aberto, devemos provar que
*4 6
é aberto em , o que é
equivalente a provar que é aberto em . De fato:
* 4 6
para algum
para algum
e "
! para algum
! "
"
que é aberto, pois
é um homeomorfismo.
Exercícios 17.
1. Prove que se
é finito, então
é fechada.
2. Ache exemplos de
-espaços, onde
seja finito.
4.4.2 Exemplos
Agora estamos em condições de verificar alguns dos homeomorfismos vistos an-
teriormente.
A) Seja com a topologia usual e * com a topologia induzida pela usual de
; então:
* '
1. Seja
* tal que é definida por
, 1 . Veja o exemplo [41] .
2. Observemos que se consideramos como grupo aditivo e * como grupo
multiplicativo (multiplicação induzida por ). Então:
, 1
, 1
, 1
isto é,
é um homomorfismo de grupos com núcleo .
82 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
3. Para todo
,
.
4.
é um -espaço com a operação
.
. Logo, existe
tal que
5. Então,
é uma identificação, pelo corolário [4] temos:
{
//
{==
*
{{
{{
{{
B) Seja
com a topologia usual e * com a topologia induzida
pela usual de , então:
* 4 6
onde ou .
// *
zz==
zz
zz
zz
2. Logo é um homeomorfismo:
* 4 6 '
3. Então:
*
4 6'
4.4. AÇÕES DE GRUPOS 83
4 , 6 , , * * ,
, , com a topologia induzida pela topologia usual de , e para todo
* * , , consideremos a relação de equivalência:
onde
onde
e , .
O homeomorfismo:
4 , 6 ,
fica para os próximos capítulos.
Sejam um
-espaço e um -espaço, onde 4 6 e4 6
são tais que:
5 homeomorfismo
homeomorfismo
sobrejetiva e contínua
sobrejetiva e contínua '
Lema 2. Sejam um
-espaço e um -espaço. Então
é um
-espaço.
84 CAPÍTULO 4. TOPOLOGIA QUOCIENTE
e
4 6 4 6
'
Não é difícil provar que
é um 4 6 -espaço e
é um homeomorfismo.
44 6 4 6 6 4 6 4 56 '
Proposição 20. Com as notações anteriores:
Prova :
1. Definamos , isto é, * ,
:
//
l
lll
llll
ll
vv ll
l
* 4 * 4 6 6
* *
Compacidade
5.1 Introdução
Seja um espaço topológico e .
Definição 25.
85
86 CAPÍTULO 5. COMPACIDADE
Exemplo 61.
5. Para todo
/ ,
é compacto. Veja [EL1].
1. é compacto.
1 * 1 *
Prova :
Seja um recobrimento de ; então é uma
*
cobertura de ; como é compacto, existe subcobertura finita ,
onde é finito. Como , então
é uma subcobertura
finita de .
Corolário 6.
1. Se é compacto e é contínua e sobrejetiva, então
particular, se tem a topologia quociente induzida por , então
é compacto. Em
é compacto.
2. Se
, então é compacto se, e somente se é compacto.
Observação 19.
Nem todo subconjunto de um espaço compacto é compacto. não é
compacto.
88 CAPÍTULO 5. COMPACIDADE
Prova : Seja 1
uma cobertura de , onde cada é aberto em 1
; então
é uma cobertura de ; como compacto, possui um
subcobertura finita, que pode ser:
1 ou 1
onde é finito. Logo 1
é um subcobertura finita de .
Prova : Se
é compacto, como as projeções são contínuas, então e são
uma cobertura aberta de
compactos.
Reciprocamente, seja ; por
definição:
! 4
6
%"
onde
é aberto em
e
é aberto em , então:
é uma cobertura aberta de .
Por outro lado, para cada , temos que
; logo
é compacto;
, então admite um subcobrimento
1 1 -' ' '
como também é uma cobertura de
finito
, onde . Seja:
.0
132 1 '
*
# -' ' '
é uma cobertura aberta de ; como é compacto, admite uma subco-
bertura finita # ; então:
-' '-' # 1 -' '-'
'
Logo, existe subcobertura finita de , provando que
é compacto.
5.2. COMPACIDADE EM ESPAÇOS MÉTRICOS 89
*
Prova :
Como é contínua, para todo existe
,
tal que se
, en-
)
) 1 + '-'-'
tão . Seja ; é uma cobertura aberta
de ; por compacidade, admite um cobertura finita
'-' '
.
Denotemos por
, então dados tais
) 1
que
* % , temos ,
. Isto é, se para algum ,
1
%* e:
, $ , 1 , 1 '
Proposição 26. Seja 4 ! 6 um espaço métrico. Se ! é compacto, então é
fechado e limitado.
Prova : Provemos que é fechado. Se e , então para todo , existe
tal que
; logo possui uma cobertura )
) '-'-' )
; como
é compacto, existe uma cobertura finita
; então
)
! o :que é uma contradição, pois ; logo
. Por outro lado, para
todo
)+*%
)&,
)
'-'-'
!
132 )/.
*
logo, é limitado.
90 CAPÍTULO 5. COMPACIDADE
Observações 18.
1. . é compacta.
2. O toro
, é compacto.
3.
. é compacto.
*
para todo
.
Seja um conjunto limitado, definimos e denotamos o diâmetro de por:
'
1 '
O número de Lebesgue de uma cobertura pode não existir. De fato, considere a
de . Não é difícil ver que para todo
cobertura ,
se pode escolher
; tal que
e
não pertence a
Lema 3. (Lebesgue) Todo conjunto compacto num espaço métrico possui um número
de Lebesgue.
1
) 1
Prova : Sejam compacto, uma cobertura de e . Esco-
#
lhemos o número
tal que
para algum ; então
)
* , '-'-' . '
então, existe
) , temos que:
1 $ 1 1 1 '
Logo, )
) 1 1 #
, para algum
1 .
92 CAPÍTULO 5. COMPACIDADE
Capítulo 6
Axioma de Separação
6.1 Introdução
Consideremos 4
! 6 um espaço métrico com mais de dois elementos. Sempre
podemos escolher tal que
com ! e , então
)- )- . Esta propriedade natural dos espaços métricos, que nos per-
mite diferenciar os pontos dos espaços, não é válida, em geral, em espaços topo-
lógicos arbitrários. Neste parágrafo estudaremos que tipo de espaços possuem
esta propriedade, que por exemplo, é fundamental para provar a unicidade do
limite de uma sequência em espaços métricos. Veja [EL2].
Exemplo 65.
93
94 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
isto é, é aberto.
são fechados em
abertos,
Reciprocamente, se e
e
; logo é * .
; então e são
1. 4
6 é de Hausdorff
2. 4
1 6 e os espaços topológicos metrizavéis são de Hausdorff.
3. 4
1 . 6 não é de Hausdorff.
4. 4
6 não é de Hausdorff. De fato. Para todo
, temos
. Defato,
sejam
7* e , , onde * e , são
4 * , 6 ; como * , é finito, então ; logo
finitos; então
1. é de Hausdorff.
2. Se
, para todo
existe uma vizinhança de tal que
.
3. Para todo
temos que:
0
vizinhança de '
4. A diagonal é um conjunto fechado em
.
6.3. ESPAÇOS DE HAUSDORFF 95
Prova :
Dados
que
; logo
, existem e vizinhanças de e respectivamente, tais
.
Se existe uma vizinhança de tal que ; então:
0 vizinhança de '
2. Se é de Hausdorff e
é contínua e injetiva, então é de Hausdorff.
Prova :
4 6 '
Logo é fechado em e é de Hausdorff.
2. Como
é contínua e injetiva:
" * 4 6'
Logo é fechada em
e é de Hausdorff.
96 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
Observação 20.
A condição de ser de Hausdorff e de compacidade são essenciais no teorema
anterior. Vejamos os seguintes exemplos:
Exemplo 67.
&/ -
1. Considere com a seguinte topologia . Então
é compacto e
, logo não é fechado. Note que
não é de Hausdorff.
2. Seja
com a topologia dada no exercício [1], ítem 2. Seja ,
é compacto e
pois para todo aberto temos &. /. . Isto é,
para todo , e não é compacto. De fato:
!
.
."
onde
. . Logo, o fecho de um compacto pode não ser compacto.
6.3. ESPAÇOS DE HAUSDORFF 97
(*
7,
*/
7, . Se 4 5
* 6
4 5
, 6
Corolário 10. Sejam e topologias em tal que é de Haus-
dorff e é compact, então
*
, .
Prova : Seja
7, ; logo é fechado em
7, ; então é compacto em
, . Por outro lado, como
(*
, , todo recobrimento aberto de em 5
* é um
recobrimento aberto de em
, ; então é compacto em
* . Como 4
* 6 é de
Hausdorff, segue que é fechado em
(* ; logo
* e
,/
* .
Proposição 29. Sejam espaço topológico, espaço de Hausdorff e
contínuas. Então:
1. é fechado em .
2. Se é denso e
então
em .
3. O gráfico de
é fechado em
.
4. Se
é injetiva, então é de Hausdorff.
Prova :
Seja onde ; é contínua e:
*
e é fechado em
.
Segue, de imediato, pois . Como
é fechado e é denso, então:
'
Seja onde ; é contínua e:
*
e é fechado em
.
A função
* é uma bijeção fechada do espaço
que é de
Hausdorff.
Observações 19.
1. O ítem da proposição [29], não é válido sem a hipótese de ser de Haus-
dorff. Por exemplo, considere
e tal que
4
1 . 6 4
1. 6
ambas são contínuas e
, que não é fechado em
1
4
. 6 .
98 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
2. Note que as curvas contínuas e os planos são fechados em com a topolo-
gia usual.
Prova : Seja
implica
fechado; logo é compacto; então
é fechado em e fechada. é compacto, o que
1.
é um homeomorfismo.
2.
bijetiva.
Prova : Se é um homeomorfismo, então é bijetiva. Reciprocamente. Se
bijetiva, então é aberta e fechada; logo é um homeomorfismo.
é
Observação 21.
4
6 4
1 6
A condição de compaciade é essencial no corolário [11]. De fato, considere os
seguintes espaços topológicos , e a função identidade:
4
1 6 4
6
que é contínua, bijetiva e não é um homeomorfismo.
Exemplo 68. Seja com a topologia usual e definamos a seguinte relação de equivalên-
cia:
ou '
6.4. TOPOLOGIA QUOCIENTE 99
Consideremos 4 6 *
com a topologia quociente e a correspondente projeção
canônica. Se , então
, que não é fechado em ; logo
não é fechado em 4
, o qual implica em que 6 não pode ser 4 6
de Hausdorff.
Prova : Sejam * ,
tal que * , , então * * e * , são compactos
* * e & * , , então existem e abertos disjuntos
& & * , é uma cobertura de
disjuntos. Seja
. Por outro lado,
* , ; logo existe uma subcobertura finita ) , onde ) * , e )
tais que e
finito. Sejam:
0 !
e
"
"
* , . Por outro
e são abertos tais que
lado,
e
* * é uma cobertura de * * , logo existe uma subcobertura ,
finita
, onde * * e finito. Sejam:
! 0
e
" "
e são abertos disjuntos tais que * * e * , ; como é fechada,
então / e são fechados em . Denotemos por:
* 4 6 e , 4 6 '
* e , são abertos tais que *
* , pois * * e , * , pois * ,
. Se * , , então * e * ; logo * e
*
donde * e
* , .
Corolário 13. Seja compacto, de Hausdorff e fechado. Definamos em a
relação de equivalência:
ou '
Então 4 6 é compacto e de Hausdorff.
Prova :
Seja fechado e a projeção canônica. Se
, então . Se
* 4 6 '
Logo, é fechada.
É comum na literatura denotar-se por
.
100 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
Corolário 14. Se é um
-espaço compacto, de Hausdorff e
é finito, então é
compacto e de Hausdorff.
"
onde
*4 6
é a projeção canônica.
é fechado e
é um homeomorfismo, para todo
é fechado; logo é fechada.
; então
Proposição 31. Se é compacto,
então é uma identificação.
é de Hausdorff e contínua sobrejetiva,
Prova : Seja
fechado, então
é compacto em
, logo é compacto
em , como é de Hausdorff, é fechado em e
pela proposição [17], é uma identificação.
é uma função fechada e
Exemplo 69.
1. O toro
, é compacto e de Hausdorff.
2.
. e .
são compactos e de Hausdorff.
6.4.1 Homeomorfismos
Nas seguintes aplicações utilizaremos o seguinte corolário cuja prova segue dire-
tamente do parágrafo anterior e do corolário [11]:
A) Seja . * . * , então:
) 4 . * 6 4 . * 6 '
1. De fato, definamos
. * ) por .
, , ou * , e * , ,
2. Por outro lado * *
é contínua e sobrejetiva. Logo, por passagem ao quocientes, induz uma
bijeção contínua tal que .
6.4. TOPOLOGIA QUOCIENTE 101
. * //
r
88
)
rr
rr
rr
rrrr
2.
,
é parametrizado por:
onde
,. e
3. Seja e consideramos
, , com a topologia usual e a relação de
,
equivalência definida em por:
4. Consideremos 4
, 6 com a topologia quociente e definamos:
,
por
.
102 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
5.
definida,
é bem e sobrejetiva;
e contínua como
* é* .periódica, então como
ao quocientes, induz uma bijeção contínua tal que . Em outras
Logo, por passagem
,
// ,
yy<<
yy
, yy
yy
6. Como 4 ,
é compacto e 6 * , , * é ,de . Hausdorff, então é um homeomor-
fismo. Note que
-dimensional
. * * '-' ' *
7. Em geral, com argumentos análogos aos anteriores, se consideramos o toro
, ( vezes), temos que:
. . . '
existe
Seja 4 6 , então:
.'
1. Considere
. * . . * com a topologia induzida pela topologia usual de
.
2. Seja
. *
. definida por
, onde . . *
é a inclusão e
é a projeção canônica.
3.
é contínua e sobrejetiva. Logo, temos o seguinte diagrama comutativo:
. <<
// .
yy
yyy
y
yyy
4. Como . é compacta e
. é de Hausdorff, então é um homeomorfismo
.
6.4. TOPOLOGIA QUOCIENTE 103
* *
* * ,
5. È claro que é um ponto e . De fato, basta considerar a função
tal que , por argumentos análogos aos anteriores,
temos o seguinte diagrama comutativo:
* z
//
z==
*
zz
*
zzz
z
D) Seja
. * , isto é . * menos a origem, definamos em
a seguinte relação
de equivalência:
* , existe
tal que * , '
Seja 4 6 , então:
.'
, . * . * com a topologia induzida pela topologia usual de
. *
1. Considere
.
, . * definida por , onde
, . * é a inclusão
3.
é contínua e sobrejetiva. Logo, temos o seguinte diagrama comutativo:
, . * vv
//
v::
.
vv
vvv
vv
Exemplo 70.
Verifique que
é um ponto e * , .
F) Seja
! a faixa de Moebius, então:
!
104 CAPÍTULO 6. AXIOMA DE SEPARAÇÃO
onde é a superfície parametrizada em , por:
, ,
onde , .
1. Lembremos que
! 4 6 , onde , ,
.
2. Seja
e !
definida por:
, ,
3. A função é injetiva, contínua,
! compacto e !
de Hausdorff;
! ! '
logo
6.4.2 Variedades Topológicas
Seja um espaço topológico.
Definição 30. é uma variedade topológica de dimensão , se
todo ponto de possui uma vizinhança homeomorfa a uma aberto de
. é. de Hausdorff e
Observações 20.
1. Se
é uma variedade topológica de dimensão é equivalente a dizer que,
.
para todo , existe uma vizinhança e um homeomorfismo:
onde
. . é o disco unitário.
x U
Exercícios 3.
Conexidade
7.1 Introdução
Seja um espaço topológico.
Definição 31. )
é conexo se não existem e abertos disjuntos não vazios tais que
)
. Caso contrário é dito desconexo.
Observação 22.
é conexo, se é conexo como subespaço de .
Exemplo 71.
2. Em 4
1 . 6 , todo subconjunto é conexo.
3. Em 4
5
1 6 , os únicos conexos não vazios são os conjuntos de um elemen-
to.
4. Seja 4
6 ,
(a) é desconexo. De fato, basta considerar:
e )
'
107
108 CAPÍTULO 7. CONEXIDADE
Proposição 32. Seja com a topologia usual. Os únicos conjuntos conexos em com
mais de um ponto são os intervalos (abertos, fechados, etc).
%
Prova : Se é conexo, então é um intervalo. Suponha que não é um intervalo,
)
então existem e tal que . Sejam e
; logo
e não é conexo. )
Se é um intervalo, então é conexo. Se for desconexo, então existem e ) )
abertos disjuntos não vazios tais que
. Sejam e
tais que )
(caso contrário, mudamos os papéis de e ). Denotemos por:
'
Logo
; como é um intervalo, . Por outro lado, .
Como
) , então é aberto e fechado em ; logo e existe
tal que
, contradição, pois é um supremo.
Segue de imediato da proposição anterior:
1. conexo.
Prova :
Se é aberto, fechado e não vazio ou , então
, então
desconexo.
Suponha que 4 5
6 4
1 6 é contínua e sobrejetivaa, logo
* , como é aberto e fechado em 4
1 6 , então * é aberto e
fechado em .
Se ) onde e ) são abertos disjuntos não vazios, então e )
são fechados e a função 4
6 4
1 6 definida por:
se
se )
é contínua e sobrejetiva.
7.1. INTRODUÇÃO 109
Corolário 16.
1. Se é conexo e
é contínua, então
é conexo.
2. Seja
. Então, é conexo se, e somente se é conexo.
0
5
3. A união arbitrária de subconjuntos conexos de que tem pelo menos um ponto em
comum, é conexa. Isto é. Seja tal que , então:
!
-" $
é conexo.
Prova :
1. Note que
existe
é contínua e sobrejetivaa. Se
contínua e sobrejetiva; logo
for desconexo,
contínua e sobrejetiva, o que é uma contradição, pois é conexo.
2. É imediata.
4. Seja
contínua; como é conexo, então não é sobrejetiva.
Por outro lado, ) ) e pela continuidade de :
)
logo
não é sobrejetiva.
110 CAPÍTULO 7. CONEXIDADE
Exemplo 73.
1. * ,
, 1
com a topologia usual é conexo. De fato; seja
*
,
definida por
que é contínua e . Em particular:
*
pois,
é desconexo e * é ainda conexo.
2. O toro
, * * é conexo.
3.
. e
são conexos.
4. A faixa de Moebius, o plano projetivo real, o plano projetivo complexo e a
garrafa de Klein são conexos.
5. Sejam
e
'
O conjunto é conexo, pois é imagem de
por uma função contínua,
,
.
também é conexo; pelo corolário [16], é conexo. Note que em ,
-1
Figura 7.1: .
7.2. APLICACÕES 111
! * , ( , ,
,
é conexo.
7.2 Aplicacões
A primeira aplicação que estudaremos é a generalização do teorema do Valor
Intermediário do Cálculo.
* ,
Proposição 34. Sejam
* ,
conexo, com a topologia usual e
tal que contínua.
*
,
Sejam
, existe
tais que
tal que
.
. Então para todo
Prova : Se é contínua, então
é um intervalo. Se
* e , , então ; portanto,
é conexo, logo
existe
tal que .
para todo
Corolário 17.
1. Toda
contínua
admite, pelo menos menos um, ponto fixo. Isto é,
existe tal que .
Prova :
1. Seja 7 ; então
tal que . . Pelo teorema do valor inter-
mediário, existe
2. Utilizando coordenadas polares, denotemos os elementos de pelo ângulo
*
, em radianos. Logo, os pontos e são antípodas; consideremos
função
; então como e a,
pelo teorema do valor intermediário, existe *
tal que * .
Exercícios 21. Seja
* se * e * . Definamos a topologia em que tem como subbase
um conjunto ordenado, com a relação de ordem . Denotemos
por
, onde:
e '
Note que se , então o intervalo
. A topologia gerada por esta
subbase é chamada topologia da ordem e
é dito espaço odenado. Verifique que o
teorema do valor intermediário, pode ser estendido a espaços ordenados.
Proposição 35. Seja e . , . é conexo.
enumerável. Então
Prova : Sem perda de generalidade, podemos supor que a origem (caso
. . Provaremos que
contrário, por translação, movemos a origem). Seja
. e pelo corolário
. será conexo.
a origem e cada , estão contidos num conjunto conexo de
[16],
Denotemos por a semi-reta que liga a origem à e por uma reta qualquer
que intersecte em único ponto diferente de e .
, seja . Pelo corolário [16] cada é conexo e
Para todo
.
x
Lz
z
A
Figura 7.3:
7.2. APLICACÕES 113
.
Pelo menos um ; caso contrário se , para todo
ponto de interseção, necessariamente, deve ser diferente para diferentes
,o
.
Logo, teríamos uma correspondência biunívoca entre e , o que é impossível,
pois é enumerável.
Corolário 18.
. , não são homeomorfos.
e
. ; então 4 . 6 4 6 . Como .
seria conexo. Portanto não podem ser homeomorfos.
Prova : Suponha que
é conexo,
Observação 23.
. )
Provar que se
# é, surpreendentemente, muito complicado. Este
ciado é: se
.
resultado segue do ) teorema chamado da invariância da dimensão, cujo enun-
, então
# . A prova deste teorema envolve delicados
conceitos topológicos que ficam fora do contexto destas notas.
1. *.
2.
* . se .
Definição 32. Seja
,. A componente conexa de é a união de todos os conjun-
tos conexos que contém a .
Observações 21.
3. Se é conexo, então
, para todo .
Proposição 36. é fechado em .
Prova : Sabemos que , para todo
e que é conexo. Como
é o maior conexo que contém , então .
Exemplo 74.
. . * , com a topologia usual, é conexo.
Observações 22.
* e ,
* e , ,
definidos por
são dois caminhos ligando e .
* ,
Definição 34. é dito conexo por caminhos ou conexo por arcos, se para todo
, existe caminho ligando a . * ,
Exemplo 75.
1.
.
é conexo por caminhos. Em geral, todo espaço vetorial é conexo por
caminhos.
2. O grupo não é conexo por caminhos. De fato, se consideramos du-
as matrizes em , tais que uma tenha determinante positivo e a outra
determinante negativo, qualquer caminho contínuo ligando estas matrizes,
necessariamente deverá passar pela matriz nula.
Observações 23.
7.3. CONEXIDADE POR CAMINHOS 115
* , * , 0
,
Prova : Sejam tais que e . Se , existem
,
e caminhos com *
e *
, ligando a e a , respectivamente.
Basta considerar o caminho , que liga a . * ,
Proposição 39. Se e são conexos por caminhos, então
é conexo por caminhos.
e
o conjunto é conexo, mas não é conexo por caminhos.
Provaremos que não existe caminho tal que e . /
Suponha que tal caminho existe. Sem perda de generalidade, podemos supor
que . Seja ; pela continuidade de , existe tal que
se .
Figura 7.4:
Note que ,
é conexo. Denotemos por
*
e
#*
4 * 6
a primeira projeção de ; então e contínua e o conjunto
é conexo com , pois ); também .
*
*
*
Por outro lado, é um intervalo e contém ; logo para todo
, existe
tal que
. Em particular, se #
, para
#
grande, temos que se
-
*
# , então *
*
e
;
logo o ponto # , para algum
, ou seja, o ponto #
-
está a uma distância menor que 1/2 do ponto . Istoe é uma contradição, pois
# esta a uma distância de pelo menos 2 do ponto .
lado, é conexo por caminhos, (pois é homeomorfo a ); logo, todo ponto de
.
pode ser ligado a por um caminho em . Por tanto, todo ponto de pode ser
ligado a por um caminho em . Isto é,
e á aberto.
Afirmamos que é fechado. De fato, seja )
; logo é o conjunto de todos)
os pontos de que não podem ser ligados a por um caminho em . Por um
)
argumento análogo ao anterior é possível verificar que é aberto e por tanto é
fechado. Logo, é não vazio, aberto e fechado, como é conexo, então .
Exercícios 23.
1. Verifique que todo espaço com a topologia indiscreta é conexo por caminhos.
119